Festival de Veneza anuncia seleção com dois filmes brasileiros
Novas obras de Walter Salles e Petra Costa serão exibidas em setembro no evento italiano
Julianne Moore e Tilda Swinton vão estrelar primeiro longa de Pedro Almodóvar em inglês
Julianne Moore (“Segredos de um Escândalo”) e Tilda Swinton (“Asteroid City”) vão estrelar “The Room Next Door”, o primeiro longa-metragem em inglês do renomado cineasta espanhol Pedro Almodóvar (“Mães Paralelas”). A notícia foi divulgada pela produtora de Almodóvar, El Deseo, nas redes sociais, que também revelou a participação de John Turturro (“Batman”) como coadjuvante. Embora poucas informações sobre “The Room Next Door” tenham sido reveladas, a publicação no Instagram da El Deseo descreve o filme como um “drama entre mãe e filha”, com filmagens programadas para a primavera em Nova York e Madri. Não foram divulgados detalhes adicionais sobre o enredo ou sobre os papéis de Moore e Swinton. Antes desse projeto, Almodóvar dirigiu dois curtas em inglês, “A Voz Humana” (2020) e “Estranha Forma de Vida” (2023). Segundo o diretor, eles serviram como preparação para dirigir atores de língua inglesa. “A Voz Humana” também marcou a primeira vez em que trabalhou com Tilda Swinton, a primeira estrela inglesa de sua carreira. O diretor chegou a ensaiar a estreia em longa falado em inglês com o projeto “A Manual for Cleaning Women”, com Cate Blanchett na produção e no elenco principal, mas se afastou em 2022. “The Room Next Door” será o primeiro longa de Almodóvar desde “Mães Paralelas” de 2021, que estreou em Veneza e rendeu a Penélope Cruz a Copa Volpi de Melhor Atriz. Almodóvar já teve cinco filmes indicados ao Oscar e venceu dois troféus da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos: Melhor Filme Internacional por “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999) e Melhor Roteiro Original por “Fale com Ela” (2002).
A Noite das Bruxas: Novo mistério de Agatha Christie é principal estreia de cinema
O novo filme de mistério “A Noite das Bruxas” volta a trazer o detetive Hercule Poirot, vivido por Kenneth Brannagh, de volta aos cinemas. Com distribuição modesta em 600 salas, ele é lançamento mais amplo desta quinta (14/9) e terá a companhia da comédia brasileira “Tire 5 Cartas”, entre os principais lançamentos da semana, que também incluem o média metragem de Pedro Almodóver “Estranha Forma de Vida”, o relançamento comemorativo do cult sul-coreano “Old Boy”, o suspense intenso “Sem Ar”, a animação brasileira “A Ilha dos Ilus” e outros títulos. Confira detalhes e trailers abaixo. A NOITE DAS BRUXAS O terceiro filme recente de mistérios de Agatha Christie, dirigido e estrelado por Kenneth Brannagh como o detetive Hercule Poirot, adapta um dos últimos e menos conhecidos livros da escritora britânica, em contraste com as produções anteriores, “Assassinato no Expresso Oriente” (2017) e “Morte no Nilo” (2022), baseadas em obras populares. Isso permite ao roteirista Michael Green tomar muitas liberdades com a história, que encontra Poirot já aposentado em Veneza, onde é persuadido por sua amiga Ariadne Oliver (interpretada por Tina Fey, de “30 Rock”) a participar de uma sessão espírita. O objetivo é descobrir se a médium Joyce (Michelle Yeoh, vencedora do Oscar por “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”) é uma farsante. O evento ocorre no palazzo onde uma mulher chamada Alicia morreu sob circunstâncias misteriosas. Durante a sessão, um dos convidados morre, instigando Poirot a iniciar uma investigação para identificar o assassino entre os presentes. O filme conta com um elenco internacional, que inclui Kelly Reilly (“Yellowstone”) como Rowena Drake, Jamie Dornan e Jude Hill (ambos do premiado filme “Belfast” de Branagh), e se destaca por seu design de produção e atmosfera gótica. Diferentemente das outras obras, esta pende para o fantástico, incluindo elementos sobrenaturais, aproximando-se do terror, embora preserve a essência de um mistério de Poirot. TIRE 5 CARTAS O novo filme de Diego Freitas (“Depois do Universo”) é uma comédia de trambiqueiros com acenos sobrenaturais. A trama se concentra em Fátima, interpretada por Lilia Cabral (“Divã”), uma taróloga que engana seus clientes com a cumplicidade de seu marido Lindoval (Stepan Nercessian, de “Os Parças”), ex-cover de Sidney Magal. A reviravolta ocorre quando um anel valioso e roubado entra em cena. Fátima decide ficar com o anel e foge para São Luís do Maranhão, sua terra natal, desencadeando uma série de eventos. O filme se destaca por ser a maior produção cinematográfica inteiramente rodada em São Luís e não deixou de incluir talentos locais, como Áurea Maranhão e César Boaes. Além disso, o elenco conta com participações especiais dos cantores Alcione e Sidney Magal, e influenciadores digitais como Thaynara OG e Mathy Lemos. ESTRANHA FORMA DE VIDA O mini western queer de 31 minutos de Pedro Almodóvar se desenrola em torno dos personagens Jake e Silva, vividos por Ethan Hawke (“Cavaleiro da Lua”) e Pedro Pascal (“The Last of Us”). Ambos foram um casal secreto 25 anos atrás e agora têm ocupações conflitantes: Jake se tornou o xerife da cidade desértica de Bitter Creek, enquanto Silva reaparece em sua vida com objetivos inicialmente misteriosos. Silva busca reacender um antigo romance, mas Jake enfrenta um dilema moral ligado às suas responsabilidades como xerife. O filme examina temas de amor, responsabilidade e conflito interno. A produção abrange não apenas as tensões românticas, mas também dilemas éticos, já que ambos os personagens se encontram ligados a uma busca por um jovem fora da lei. Esta complexa teia de eventos leva a uma prova de lealdade entre Jake e Silva. A trama, mesmo que breve, apresenta um rico pano de fundo visual, com um design de produção patrocinado pela grife francesa Saint Laurent. A obra foi descrita por Almodóvar como sua resposta ao icônico filme “O Segredo de Brokeback Mountain”, e chama atenção por suas escolhas visuais audaciosas, humor e personagens multifacetados, que proporcionam uma nova abordagem ao gênero western, brincando com suas convenções enquanto as homenageia. OLD BOY O clássico de Park Chan-wook volta aos cinemas em comemoração aos 20 anos de seu lançamento. Divisor de águas, “Old Boy” chamou atenção mundial para o cinema sul-coreano ao vencer o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes. E se hoje é aclamado, na época da estreia dividiu opiniões por sua violência e reviravolta chocante. A produção é um thriller psicológico que narra a história de Oh Daesu (Choi Min-sik). Após uma noite de bebedeira, Daesu desaparece e acaba confinado em uma sala por 15 anos, sem saber o motivo ou o responsável por seu cárcere. A televisão se torna seu único contato com o mundo externo, e durante esse período ele descobre que se tornou suspeito de assassinato. Mas a prisão é apenas o começo da história, que deslancha quando Daesu é libertado, também sem motivo aparente, e busca se vingar. Ele tenta desvendar a identidade de seu captor e entender as razões por trás de seu encarceramento privado. O filme é conhecido por sua estrutura cuidadosamente elaborada e pela intensidade emocional, que não se limita apenas à violência física, mas se estende às complexidades dos personagens e suas motivações. O enredo se desenrola de forma a questionar não apenas “quem” é o responsável pelo encarceramento de Daesu, mas também “por que” ele foi aprisionado, tornando-se um estudo aprofundado da condição humana. O roteiro também introduz outros personagens importantes, como uma chef de sushi interpretada por Gang Hye-jung, que se torna uma aliada significativa para Daesu – e que choca o público ao ter seu papel na trama desvendado. Ao longo dos anos, a obra-prima de Park Chan-wook tem sido estudada em detalhes, rendendo diversas críticas e análises. Os elementos de vingança e fatalidade presentes na história costumam ser comparados a peças de vingança de Shakespeare, enquanto a violência foi alinhada ao cinema de Quentin Tarantino. Mas o filme não se destaca só por sua narrativa, mas também por sua realização técnica, incluindo uma cena de luta em que Daesu usa um martelo num corredor que se tornou icônica. Embora violento, “Old Boy” é muito mais pesado em seus aspectos psicológicos, que o tornam uma sessão de cinema realmente desconfortável. SEM AR Na linha dos thrillers de sobrevivência com garotas no fundo do mar, o longa de Maximilian Erlenwein (“Stereo”) é mais “Além das Profundezas” (2020) que “Medo Profundo” (2017). A produção alemã é, na verdade, um remake do filme norueguês, que troca a gélida paisagem nórdica por uma praia ensolarada na ilha de Malta. A trama acompanha duas irmãs, May (Louisa Krause) e Drew (Sophie Lowe), em uma situação desesperadora, quando um mergulho totalmente equipado termina com May presa por uma rocha no fundo do mar. A narrativa ganha urgência com a contagem regressiva do suprimento limitado de oxigênio das irmãs. A relação já tensa entre as duas é extrapolada pela necessidade iminente de sobrevivência, especialmente quando Drew tem que tomar decisões cruciais para salvar May num local sem suprimento ou outros habitantes que possam ajudá-la. O filme se destaca principalmente pela sua fotografia subaquática e pelas atuações de Krause e Lowe, que conseguem transmitir a tensão e o desespero da situação de forma convincente. Enquanto May é apresentada como a mais experiente e calma, Drew se revela uma personagem igualmente competente e engenhosa em situações críticas. A narrativa evita clichês comuns em filmes de suspense e sobrevivência, optando por um desenvolvimento mais realista dos eventos. A ÚLTIMA RAINHA Ambientado na Argélia do século 16, o épico histórico explora a aliança frágil entre o Rei Salim Toumi (Tahar Zaoui) e o pirata Aruj (Dali Benssalah) para derrotar os ocupantes espanhóis. Quando o rei é assassinado, o reino entra em caos. A Rainha Zaphira, interpretada por Adila Bendimerad, que também co-escreveu, co-dirigiu e co-produziu o filme, emerge como uma figura de resistência. A obra é a estreia na direção de longas de Damien Ounouri e Bendimerad, e teve trajetória em festivais, incluindo Veneza, onde encontrou receptividade, especialmente entre o público da diáspora argelina. A trama mergulha na história de Zaphira, inicialmente uma mulher politicamente ingênua que se transforma após a morte do rei. O enredo engloba a tensão sexual e a possível traição envolvendo Aruj, destacando principalmente cenas eletrizantes de diálogo entre Benssalah e Bendimerad. O filme também foi notado pelo seu vestuário opulento e sequências de ação ambiciosas, embora tenha como pontos negativos o excesso de didatismo para apresentar o pano de fundo histórico para o público internacional. A ILHA DOS ILUS O primeiro longa animado de Goiás a estrear no cinema acompanha Pocó, que está pronto para nascer e viver sua vida de cachorro. Porém, é enviado para uma família errada, o que o obriga a voltar para a Ilha dos Ilús, local mítico onde todos os animais “vivem” antes de nascerem. Inconformado, Pocó quer conhecer sua verdadeira família, mesmo que, para isso, precise descobrir a todo custo uma passagem secreta, que somente Rinco, o lider do clã dos animais rejeitados, sabe encontrar. Sua melhor amiga Oli o ajuda nessa jornada, só que ela é uma espiã da Gakra, uma réptil maligna que pretende invadir a ilha e abalar todo o reino animal. Voltado para crianças de 5 a 12 anos, o filme de Paulo G C Miranda venceu a categoria de Melhor Longa de Animação no Festival Infantil de Moscou (Rússia). PESSOAS HUMANAS Este suspense B panamenho-brasileiro de 2018 acompanha James, um imigrante colombiano que integra uma organização criminosa nos Estados Unidos, mas precisa voltar à sua terra natal, Medelín, com um único objetivo: conseguir um fígado e contrabandeá-lo de volta para os Estados Unidos. Nessa viagem, ele encontra outros criminosos, incluindo um brasileiro chamado João, e revive memórias de seu próprio passado violento. O papel de João é vivido por um brasileiro de verdade, o ator Roberto Birindelli (de “Dom”), mas o protagonista colombiano é interpretado pelo venezuelano Luis Fernandez, mais conhecido por novelas locais. AFTER: PARA SEMPRE O casal Tessa (Josephine Langford) e Hardin (Hero Fiennes Tiffin) vai tentar nova reconciliação, após quatro vexames de bilheteria e crítica. Com menos cenas quentes, o quinto filme pelo menos justifica porque a franquia se chama “After”. Uma dica: Hardin escreve um livro. Mas a dura verdade é que o romance do casal demonstrou não ter futuro desde o primeiro filme. Com míseros 17% de aprovação no site Rotten Tomatoes, o “After” inicial refletiu sua origem como fanfic ao materializar todos os clichês do gênero, com uma protagonista romântica recatada que encontra um rebelde bonitão e “perde a cabeça”. Mas o clima quentinho de “Cinquenta Tons de Cinza” sem perversões e para adolescentes empolgou muitas meninas. Assim, veio a continuação, “After: Depois da Verdade”, considerada ainda pior com apenas 14% de aprovação. E com faturamento de apenas US$ 2 milhões nas bilheterias dos EUA em 2020 – antes da pandemia! Finalmente, “After – Depois do Desencontro” (2021) conseguiu realizar a façanha que todos esperavam: atingiu 0% com a crítica, mantendo a bilheteria pingada de US$ 2 milhões no mercado doméstico. O desempenho crítico não piorou com “After: Depois da Promessa”, porque 0% é o limite, mas a bilheteria caiu para US$ 1 milhão no ano passado. Que expectativa se pode ter agora em relação ao quinto título? A direção destes últimos é de Castille Landon, que tem planos de fazer pelo menos mais dois longas. Seríssimo. MIRANTE O mirante é a janela de um apartamento em Porto Alegre em que o diretor Rodrigo John registra as mudanças do Brasil durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nas janelas no centro da cidade, o lado de fora e o de dentro se sobrepõem.
Faroeste queer de Pedro Almodóvar ganha trailer nacional
A plataforma MUBI divulgou o trailer nacional de “Estranha Forma de Vida”, dirigido por Pedro Almodóvar. O filme é um faroeste em média-metragem, protagonizado por Ethan Hawke (“Cavaleiro da Lua”) e Pedro Pascal (“The Last Of Us”). A trama acompanha o reencontra entre dois cowboys depois de 25 anos, que traz à tona segredos guardados e amores perdidos. Faroeste queer Para Almodóvar, este filme é uma realização profissional, pois ele foi cotado para dirigir “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005) mas acabou não pegando o trabalho. O fato é uma inspiração assumida para o clima queer da produção. “Este é um faroeste queer, no sentido de que existem dois homens e eles se amam, mas se comportam nessa situação de maneira oposta”, disse Almodóvar em um episódio de “Dua Lipa: At Your Service”. “O que posso dizer sobre o filme é que ele tem muitos elementos do faroeste. Tem o pistoleiro. Tem o rancho. Tem o xerife. Mas o filme tem o que a maioria dos faroestes não tem, é o tipo de diálogo, que eu acho que nenhum filme desse gênero capturou entre dois homens”. A produção de 30 minutos também destaca o ator espanhol Manu Ríos (“Elite”), trilha sonora de Alberto Iglesias (indicado quatro vezes ao Oscar, mais recentemente por “Mães Paralelas”) e figurinos da grife Saint Laurent, que também atua como produtora associado do projeto. “Estranha Forma de Vida” estreia em 14 de setembro nos cinemas brasileiros, em circuito limitado, antes de ganhar exibição em streaming.
Faroeste queer de Pedro Almodóvar ganha data de estreia no Brasil
O média-metragem “Estranha Forma de Vida”, dirigido por Pedro Almodóvar, que foi exibido no Festival de Cannes, será exibido nos cinemas brasileiros. A plataforma MUBI e a O2 Play Filmes anunciaram que o filme estará disponível a partir de 14 de setembro em circuito limitado. O filme é um faroeste protagonizado por Ethan Hawke (“Cavaleiro da Lua”) e Pedro Pascal (“The Last Of Us”). A trama acompanha o romance dos dois cowboys. Silva (Pascal) cavalga pelo deserto para visitar seu amigo, o xerife Jake (Hawke), depois de 25 anos sem se verem. Eles se encontram e, no dia seguinte, Jake revela que o motivo da viagem não é apenas para relembrar a amizade deles. Faroeste queer Para Almodóvar, este filme é uma realização profissional, pois ele foi cotado para dirigir “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005) mas acabou não pegando o trabalho. O fato é uma inspiração assumida para “Estranha Forma de Vida”. “Este é um faroeste queer, no sentido de que existem dois homens e eles se amam, mas se comportam nessa situação de maneira oposta”, disse Almodóvar em um episódio de “Dua Lipa: At Your Service”. “O que posso dizer sobre o filme é que ele tem muitos elementos do faroeste. Tem o pistoleiro. Tem o rancho. Tem o xerife. Mas o filme tem o que a maioria dos faroestes não tem, é o tipo de diálogo, que eu acho que nenhum filme desse gênero capturou entre dois homens”. A produção de 30 minutos também destaca o ator espanhol Manu Ríos (“Elite”), trilha sonora de Alberto Iglesias (indicado quatro vezes ao Oscar, mais recentemente por “Mães Paralelas”) e figurinos da grife Saint Laurent, que também atua como produtora associado do projeto. Veja abaixo o pôster nacional, com a data de estreia, e o trailer internacional.
Almodóvar “quebra o silêncio” com lançamento de faroeste gay no Festival de Cannes
O cineasta Pedro Almodóvar (“Mães Paralelas”) lançou seu curta “Estranha Forma de Vida” no Festival de Cannes nesta quarta (17/5), atraindo multidões à sessão concorrida. A exibição gerou tumulto e protestos na entrada, quando profissionais do mercado e jornalistas ficaram de fora, mesmo tendo ingressos, devido à superlotação da sala Debussy, a segunda maior e mais importante do evento. Durante o Rendez-Vouz (encontro tradicional em Cannes entre personalidades do cinema), o famoso diretor espanhol explicou porque decidiu fazer um faroeste gay como seu segundo curta falado em inglês. “Grande admirador” dos western, Almodóvar confessou que nunca imaginou que acabaria fazendo um filme do gênero até se ver diante da possibilidade. “Minha primeira intenção era dar voz a estes dois homens maduros e ‘queer’ que tradicionalmente são calados em um gênero como o western”, afirmou Almodóvar em um comunicado sobre a obra. “Fui atraído pela ideia de quebrar esse silêncio”, explicou. O filme de 31 minutos é estrelado por Ethan Hawk (“Cavaleiro da Lua”) e Pedro Pascal (“The Mandalorian”), e acompanha Silva (Pascal), que cavalga pelo deserto para visitar seu amigo Jake (Hawke), um xerife dilacerado por 25 anos de amor proibido, clemente por justiça. O que se segue é uma história de vingança, intriga e amor proibido. O desejo entre os dois personagens é demonstrado de forma franca e delicadamente erótica, em detalhes como uma conversa na saída do banho em que se supõe que os dois estão nus, além de toques e até mesmo a arrumação de uma cama depois da noite de sexo. “Nunca houve um faroeste que tratasse assim deste tema”, afirmou. “Há ‘Brokeback Mountain’, um grande filme, há também ‘First Cow’, da Kelly Reichardt, a sexualidade de ‘Ataque dos Cães’, de Jane Campion, Oscar de direção em 2022, mas abordam de outra forma o tema. E os personagens deste filme [‘Ataque dos Cães’] não falam nunca e não se beijam. Estamos em 2023 e não há um filme deste gênero que fala deste tema. É isso que me interessa, que eu queria fazer”, comentou. Sobre a escolha de não mostrar cenas de sexo mais explícitas, mas explorar o erotismo e o desejo nos detalhes, diálogos e no tom, Almodóvar arrancou palmas e risos da plateia. “Há cenas de sexo explícito em vários filmes meus, mas quanto mais passa o tempo tenho menos vontade, tenho preguiça. Quero tratar do sexo de forma diferente”, opinou. Presente na entrevista, Ethan Hawke falou sobre como o ato de apontar uma câmera para alguém é em si um ato de amor. “Você está dizendo que essas pessoas são importantes o suficiente para se importar. É sempre sobre amor, de alguma forma. Eu só gosto de ser desejado. E se acontecer de ser um homem extremamente atraente… eu só gosto disso”. Produzido pela Sony Pictures Classics, o filme será lançado em streaming na plataforma MUBI, ainda sem data de estreia marcada. Confira o trailer abaixo.
Festival de Cannes começa com polêmica, volta de brasileiros e recorde de cineastas femininas
O 76º Festival de Cannes inicia nesta terça-feira (16/5), em meio a críticas e mudanças. Após uma versão simbólica em 2020 e uma mais enxuta em 2021, o festival reconquista neste ano o seu posto como a maior e mais glamourosa plataforma da indústria no planeta. Saudado por sua importância na revelação de grandes obras, que pautarão o olhar cinematográfico pelo resto do ano, o evento francês também costuma enfrentar críticas por elencar personalidades envolvidas em escândalos. Neste ano, o evento abrirá com a exibição do drama histórico “Jeanne du Barry” (fora de competição), estrelado por Johnny Depp (“Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald”), que está recuperando sua imagem após ser acusado de agredir e violentar sua ex-esposa, Amber Heard. Em relação às críticas, o diretor do evento, Thierry Fremaux, afirmou não se importar com o julgamento do ator. “Não conheço a imagem de Johnny Depp nos Estados Unidos. Não sei o que é, Johnny Depp só me interessa como ator. Sou a pessoa menos indicada para falar de tudo isso, porque se há alguém que não se interessou por este mesmo julgamento midiático, sou eu”, declarou Frémaux. Esta não é a primeira vez que o evento é criticado por ignorar pautas femininas. O festival, que estendeu tapete vermelho para Woody Allen exibir “Meia-Noite em Paris” e “Café Society” (durante o auge do #MeToo), também “perdoou” o cineasta Lars von Trier (“Melancolia”), acusado pela cantora Björk de assédio sexual. Neste ano, porém, há uma pequena mudança: dentre os 19 filmes competindo pela Palma de Ouro (premiação máxima), seis deles são dirigidos por mulheres – um recorde para o festival. São eles: “Club Zero” de Jessica Hausner; “Les Filles D’Olfa” de Kaouther Ben Hania; “Anatomie D’une Chute” de Justine Triet; “La Chimera” de Alice Rohrwacher; “L’Ete Dernier” de Catherine Breillat e “Banel Et Adama” de Ramata-Toulaye Sy. O Festival de 2023 também bateu recorde de mulheres selecionadas fora da competição principal – ou seja, incluindo mostras alternativas como a Un Certain Regard e exibições especiais. São 14 títulos dirigidos por mulheres entre os 51 anunciados. Depois da ausência no ano passado, o cinema brasileiro também retorna em grande estilo em 2023. O país está sendo representado por quatro longas-metragens na programação: “A Flor do Buriti” , dirigido por João Salaviza (“Russa”) e Renée Nader Messora (“Chuva e Cantoria na Aldeia dos Mortos”), na mostra Um Certo Olhar; “Levante”, de Lillah Halla (“Menarca”), na Semana da Crítica; “Nelson Pereira dos Santos — Uma Vida de Cinema”, dirigido por Aída Marques (“Estação Aurora”) e Ivelise Ferreira (“A Música Segundo Tom Jobim”), na Cannes Classics; e “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho (“Bacurau”), nas Sessões Especiais. Para completar, o cineasta cearense Karim Aïnouz (“A Vida Invisível”) dirige a produção britânica “Firebrand”, que está competindo pela Palma de Ouro. Aïnouz comentou sobre a importância da exibição de longas brasileiros no festival. “É lindo ter essa presença brasileira em Cannes este ano. É importante estarmos de volta à arena cinematográfica internacional”, disse ao jornal O Globo. “Confesso que ficaria mais feliz ainda se ‘Firebrand’ fosse inteiramente brasileiro. Mas tudo bem, a alma dele é brasileira, tem muito calor, independentemente de falar sobre a família real inglesa do século XVI”, completou. O programa apresenta ainda uma seleção de destaque do cinema internacional, incluindo renomados diretores como Wim Wenders (“Papa Francisco: Um Homem de Palavra”), Wes Anderson (“A Crônica Francesa”), Ken Loach (“Eu, Daniel Blake”), Nuri Bilge Ceylan (“A Árvore dos Frutos Selvagens”), Todd Haynes (“Carol”), Nanni Moretti (“Habemus Papam”), Pedro Almodóvar (“Mães Paralelas”), Steve McQueen (“12 Anos de Escravidão”) e Marco Bellocchio (“O Traidor”), juntamente com jovens cineastas de diferentes origens. Além disso, duas aguardadas superproduções de Hollywood estão programadas para terem sua estreia na pequena cidade da Riviera Francesa: “Indiana Jones e a Relíquia do Destino”, o quinto e último capítulo da famosa franquia estrelada por Harrison Ford (“Falando a Real”), e “Assassinos da Lua das Flores”, dirigido por Martin Scorsese (“As Últimas Estrelas do Cinema”) e estrelado por Leonardo DiCaprio (“Não Olhe para Cima”). A recém-empossada presidente do festival Iris Knobloch comentou sobre o evento ao anunciar o programa. “Poderíamos falar de uma volta às origens, mas eu prefiro dizer que Cannes está de volta para o futuro. Cannes oferece uma fotografia do presente cinematográfico, e a seleção dá uma ideia do que agita o cinema neste momento. É um programa estética e geograficamente abrangente. Os filmes e o público estão de volta aos cinemas”, destacou. Confira abaixo a lista atualizada dos títulos em competição nas principais mostras do evento. Concorrentes à Palma de Ouro Club Zero – Jessica Hausner The Zone of Interest – Jonathan Glazer Fallen Leaves – Aki Kaurismaki Les Filles D’Olfa – Kaouther Ben Hania Asteroid City – Wes Anderson Anatomie d’Une Chute – Justine Triet Monster – Kore-Eda Hirokazu Il Sol dell’Avvenire – Nanni Moretti L’Été Dernier – Catherine Breillat Kuru Otlar Ustune – Nuri Bilge La Chimera – Alice Rohrwacher La Passion de Dodin Bouffant – Tran Anh Hun Rapito – Marco Bellocchio May December – Todd Haynes Jeunesse – Wang Bing The Old Oak – Ken Loach Banel e Adama – Ramata-Toulaye Sy Perfect Days – Wim Wenders Firebrand – Karim Aïnouz Filmes indicados ao prêmio Un Certain Regard Le Règne Animal – Thomas Cailley Los Delincuentes – Rodrigo Moreno How to Have Sex – Molly Manning Walker Goodbye Julia – Mohamed Kordofani Kadib Abyad – Asmae El Moudir Simple Comme Sylvain – Monia Chokri A Flor do Buriti – João Salaviza e Renée Nader Messora Los Colonos – Felipe Gálvez Augure – Baloji Tshiani The Breaking Ice – Anthony Chen Rosalie – Stéphanie Di Giusto The New Boy – Warwick Thornton If Only I Could Hibernate – Zoljargal Purevdash Hopeless – Kim Chang-hoon Terrestrial Verses – Ali Asgari e Alireza Khatami Rien à Perdre – Delphine Deloget Les Meutes – Kamal Lazraq Filmes que serão exibidos no Festival de Cannes 2023 Jeanne Du Barry – Maïwenn (abertura do festival) Indiana Jones e o Chamado do Destino – James Mangold (fora de competição) Cobweb – Kim Jee-woon (fora de competição) The Idol – Sam Levinson (fora de competição) Killers of the Flower Moon – Martin Scorsese (fora de competição) Kennedy – Anurag Kashyap (sessão da meia-noite) Omar la Fraise – Elias Belkeddar (sessão da meia-noite) Acide – Just Philippot (sessão da meia-noite) Kubi – Takeshi Kitano (Cannes Première) Bonnard, Pierre et Marthe – Martin Provost (Cannes Première) Cerrar Los Ojos – Victor Erice (Cannes Première) Le Temps d’Aimer – Katell Quillévéré (Cannes Première) Man in Black – Wang Bing (sessões especiais) Occupied City – Steve McQueen (sessões especiais) Anselm (Das Rauschen der Zeit) – Wim Wenders (sessões especiais) Retratos Fantasmas – Kleber Mendonça Filho (sessões especiais)
Pedro Pascal é confirmado em novo terror do diretor de “Noites Brutais”
O ator Pedro Pascal, conhecido por seus papéis em “The Mandalorian” e “The Last of Us”, será a estrela do próximo longa-metragem de Zach Cregger, diretor de “Noites Brutais” (2022). Intitulado “Weapons”, o longa foi descrito como um épico de horror com várias histórias multiconectadas, como uma versão macabra de “Magnólia” (1999), drama de Paul Thomas Anderson que aborda vícios, suicídio, incesto e homossexualidade. Recentemente, Zach Cregger foi aclamado pelo sucesso estrondoso de seu filme de estreia, “Noites Brutais”, em julho de 2022. O longa surpreendeu nas bilheterias, arrecadando dez vezes seu orçamento de US$ 4,5 milhões – um total de US$ 45 milhões em todo o mundo. A recepção da crítica também foi bastante positiva. Com uma aprovação de 93% no Rotten Tomatoes, o filme entrou para os destaques no gênero de terror do ano passado. O gênero vem renascendo no cinema com longas como “Não! Não Olhe!” (2022), “M3GAN” (2022), “Sorria” (2022) e “X – A Marca da Morte” (2022) aclamados pela crítica. Devido à essa recente renovação, atores consagrados vem se mostrando interessados em projetos do gênero, como é o caso de Pascal. O ator também foi confirmado na sequência de “Gladiador”, dirigida por Ridley Scott, e está ao lado de Ethan Hawke (“Cavaleiro da Lua”) no curta-metragem “Strange Way of Life”, de Pedro Almodóvar, que será exibido no Festival de Cannes neste mês. “Weapons” é uma produção da Vertigo com a BoulderLight Pictures. O longa ainda não tem previsão de estreia.
Pedro Pascal e Ethan Hawke vivem romance no trailer de faroeste de Almodóvar
A produtora Saint Laurent (sim, da grife) divulgou o trailer e o pôster de “Strange Way of Life”, um curta de Pedro Almodóvar (“A Pele Que Habito”). A prévia traz Pedro Pascal (“The Last of Us”) e Ethan Hawke (“Cavaleiro da Lua”) interpretando pistoleiros que vivem um romance em meio a perigos. A produção é o segundo projeto em inglês do diretor espanhol, depois de “The Human Voice” (2020), outro curta, estrelado por Tilda Swinton. A produção traz aspectos que lembram “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), ou como o filme seria no estilo Almodóvar. Quase duas décadas atrás, o cineasta teve a oportunidade de dirigir o filme de Jake Gyllenhaal e Heath Ledger, mas desistiu da oferta com medo de não ter liberdade criativa para fazer o filme como queria. A produção de 30 minutos segue Silva (Pascal), um cowboy que viaja a cavalo pelo deserto para encontrar um velho amigo, o xerife Jake (Hawke), que ele não vê há 25 anos. Logo, Silva descobre que sua viagem não foi feita para relembrar o passado. O trailer mostra os dois homens desvendando sua complicada história romântica. “Este é um faroeste queer, no sentido de que existem dois homens e eles se amam, mas se comportam nessa situação de maneira oposta”, disse Almodóvar em um episódio de “Dua Lipa: At Your Service”. “O que posso dizer sobre o filme é que ele tem muitos elementos do faroeste. Tem o pistoleiro. Tem o rancho. Tem o xerife. Mas o filme tem o que a maioria dos faroestes não tem, é o tipo de diálogo, que eu acho que nenhum filme desse gênero capturou entre dois homens”. Anthony Vaccarello, atual diretor criativo da Saint Laurent, é o figurinista e produtor do filme. Alberto Iglesias, músico espanhol e colaborador de Almodóvar, é também produtor e compositor da obra. O curta terá première mundial no Festival de Cannes, durante o mês de maio, e depois será exibido pela plataforma Mubi.
Pedro Almodóvar desiste de fazer primeiro longa em inglês
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar desistiu de filmar o que seria seu primeiro longa-metragem em inglês como diretor, a adaptação do livro de contos “A Manual for Cleaning Women” protagonizado por Cate Blanchett. “Pedro Almodóvar deixa o projeto ‘A manual for cleaning women’, que seguirá com Cate Blanchett”, postou Agustín Almodovar, irmão e sócio do cineasta na produtora espanhola El Deseo. A notícia já havia sido antecipada pelo site Deadline. “Foi uma decisão muito dolorosa”, disse Almodóvar ao site. “Sonhava há muito tempo trabalhar com Cate. (A produtora) Dirty Films foi muito generosa comigo o tempo todo e estava muito entusiasmado, mas lamentavelmente não me sinto capaz de fazer este filme”, acrescentou. Segundo a publicação, o cineasta de 72 anos concluiu que não estava preparado para comandar um projeto tão grande em inglês. Com sua saída, a produção do filme busca um novo diretor. “A Manual for Cleaning Women” é a adaptação do livro de contos da americana Lucia Berlin, publicado no Brasil como “Manual da Faxineira”. Além de estrelar, Cate Blanchett também é produtora com sua empresa Dirty Films. Almodóvar já dirigiu dois curtas em inglês, “The Human Voice” (2020), estrelado por Tilda Swinton, e o recente “Strange Way of Life”, com Ethan Hawke e Pedro Pascal, que será lançado em 2023. Mas nunca fez um longa-metragem que não fosse falado em espanhol.
Ethan Hawke compartilha foto com Pedro Almodóvar
O ator Ethan Hawke (“Cavaleiro da Lua”) compartilhou nas redes sociais a primeira foto de bastidores de “Strange Way of Life”, seu novo trabalho, em que é dirigido por Pedro Almodóvar (“Mães Paralelas”). Na imagem, ele aparece montado num cavalo ao lado do cineasta espanhol “Strange Way of Life” é um curta-metragem de western centrado no conflito entre uma dupla de pistoleiros de meia-idade. Na trama, Hawke contracena com Pedro Pascal (“The Mandalorian”), como um xerife e um pistoleiro que vivem em lados opostos de um deserto. Eles não se veem há 25 anos. “Então um deles viaja pelo deserto para encontrar o outro”, disse Almodóvar, ao anunciar a produção. “Haverá um confronto entre eles, mas realmente a história é muito íntima”. A produção está sendo rodada na região desértica de Almería, na Espanha, locação conhecida como cenário de diversos spaghetti western, inclusive o clássico “Três Homens em Conflito” (1966), de Sergio Leone, e segundo Almodóvar, vai abordar a masculinidade. “Pode ser minha resposta a ‘Brokeback Mountain'”, ele comparou. Vale lembrar que Almodóvar teve a oportunidade de dirigir “O Segredo de Brokeback Mountain”, antes mesmo do envolvimento de Ang Lee no filme que rendeu ao diretor taiwanês o Oscar de Melhor Direção em 2006. O título do curta é o mesmo do fado “Estranha Forma de Vida”, da cantora portuguesa Amália Rodrigues, que será utilizado na abertura do filme. O último filme lançado por Pedro Almodóvar foi “Mães Paralelas”, em 2021. Além de “Strange Way of Life”, o diretor trabalha na pré-produção de “A Manual for Cleaning Women”, seu primeiro longa-metragem em inglês, que será estrelado por Cate Blanchett (“O Beco do Pesadelo”). Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Ethan Hawke (@ethanhawke)
Pedro Almodóvar filma resposta a “Brokeback Mountain”
O diretor espanhol Pedro Almodóvar (“Fale Com Ela”) está preparando um curta-metragem de 30 minutos chamado “Extraña Forma de Vida” que, em suas palavras, será uma “resposta a ‘O Segredo de Brokeback Mountain'”. Estrelado por Ethan Hawke (“Cavaleiro da Lua”) e Pedro Pascal (“The Mandalorian”), “Extraña Forma de Vida” é um western centrado no conflito entre uma dupla de pistoleiros de meia-idade. Na trama, Hawke interpreta um xerife chamado Jake, enquanto Pascal será o pistoleiro Silva, e os personagens vivem em lados opostos de um deserto. Eles não se veem há 25 anos. “Então um deles viaja pelo deserto para encontrar o outro”, disse Almodóvar. “Haverá um confronto entre eles, mas realmente a história é muito íntima”. A produção começará em julho na região desértica de Almería, na Espanha. A locação é conhecida como cenário de diversos spaghetti western, inclusive o clássico “Três Homens em Conflito” (1966), de Sergio Leone. Apesar dessa referência, Almodóvar não vê a história como uma homenagem ao estilo. “Não estou conscientemente fazendo referência a esses filmes”, disse ele. “Não sei como será, exceto que será meu”. “A masculinidade é um dos temas”, ele acrescentou. “Pode ser minha resposta a ‘Brokeback Mountain'”. Vale lembrar que Almodóvar teve a oportunidade de dirigir “O Segredo de Brokeback Mountain”, antes mesmo do envolvimento de Ang Lee no filme que rendeu ao diretor taiwanês o Oscar de Melhor Direção em 2006. “Acho que Ang Lee fez um filme maravilhoso, mas nunca acreditei que eles me dariam total liberdade e independência para fazer o que eu queria”, disse Almodóvar. “Ninguém me disse isso – eles disseram: ‘Você pode fazer o que quiser’, mas eu sabia que havia uma limitação”. Ainda segundo o espanhol, o roteiro do filme de 2005 não tem o grau de luxúria imaginado por ele. “A relação entre esses dois caras é animalesca”, disse Almodóvar. “Era uma relação física. O soco do filme vem quando eles têm que se separar, e Heath Ledger descobre que não pode apenas ir embora. Essa é uma descoberta forte. Mas, até aquele momento, é animalesco, e para mim era impossível ter isso no filme porque era um filme de Hollywood. Você não poderia ter esses dois caras fod***do o tempo todo”. O título do curta é o mesmo do fado “Estranha Forma de Vida”, da cantora portuguesa Amália Rodrigues, que será utilizado na abertura do filme. “Essas músicas são todas muito tristes”, disse ele. “E é assim que esses dois personagens principais vivem”. O projeto em inglês é uma raridade na carreira do diretor, que faz questão de manter o controle artístico sobre as suas produções, tendo negado diversos convites para trabalhar no cinema norte-americano. Em “Extraña Forma de Vida” ele terá a produtora Saint Laurent como parceira, empresa que apoiou vários curtas e longas recentes de grandes cineastas, incluindo “Lux Aeterna”, de Gaspar Noé. “Sinto-me muito mais livre para fazer as coisas em inglês dessa maneira”, explicou o diretor. Ele contou ainda que viu desafios para seu trabalho nos EUA quando seu filme “Ata-Me” (1989) enfrentou pressão da MPA (Motion Picture Association of America), organização responsável pela classificação etária dos filmes, para que a cena fosse cortada, evitando-se uma proibição elevada. “Foi a primeira vez que tentei defender algo que era óbvio para mim, que é a liberdade do diretor”, disse. “E então descobri que não fazia parte das regras de lá.” A Miramax, que estava distribuindo o filme, processou a MPA e perdeu; o filme foi lançado sem classificação. “Descobri que a Miramax estava muito feliz com a situação porque para eles era como publicidade”, disse Almodóvar. “Eu me senti muito mal por causa disso”. O último filme lançado por Pedro Almodóvar foi “Mães Paralelas”, em 2021. Além de “Extraña Forma de Vida”, o diretor trabalha na pré-produção de “A Manual for Cleaning Women”, seu primeiro longa-metragem em inglês, que será estrelado por Cate Blanchett (“O Beco do Pesadelo”).











