Marcius Melhem volta à justiça contra Felipe Castanhari após perder para Danilo Gentili
Os processos de Marcius Melhem contra comediantes que o atacaram após a revista Piauí publicar uma reportagem-denúncia com acusações de assédio sexual tem rendido desdobramentos. Enquanto Danilo Gentili escapou de punição e ainda tripudiou com piada, Felipe Castanhari recebeu uma segunda advertência no caso. O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) determinou que Castanhari retire do ar uma nova publicação em que acusa Melhem de promover “censura e intimidação”. A postagem foi feita após ele ser condenado a apagar um primeiro post, em que chamava Melhem de “criminoso”, “escroto” e “assediador”, sob pena de pagar R$ 10 mil por dia. Mas, após obedecer a determinação, Castanhari voltou a repetir o termo “assediador” em novo ataque, comparando a decisão de Melhem de ir Justiça a assédio. “A imposição do silêncio é uma das principais armas de um assediador”, ele escreveu. “Sendo verossímeis as alegações de que o conteúdo exposto na rede social é ofensivo e capaz de abalar a honra do autor, e, considerando que a publicação mencionada imputa ao autor crime pelo qual sequer foi indiciado até o momento, defiro a tutela de urgência pleiteada”, diz a decisão, assinada pela juíza Ana Luiza Madeiro Cruz Eserian. O apresentador do programa “Mundo Mistério”, da Netflix, recebeu um prazo de 24 horas para apagar o post, tempo que já foi superado sem que o texto saísse do ar. Por ser reincidente, a multa agora é de R$ 20 mil por dia. Já Danilo Gentili escapou da mesma punição pelo entendimento de outra juíza, Carolina de Figueiredo Dorlhiac Nogueira, da 38ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, que considerou as manifestações do apresentador do programa “The Noite” como piadas e não ofensas à honra. De fato, Gentili não fez afirmações diretas como Castanhari, valendo-se de humor para agredir Melhem. “Em breve, Marcius Melhem estreará seu novo programa: Porra total”, escreveu o comediante do SBT. “Eu sempre achei que o Marcus Melhem forçava. Mas eu achava que era só no humor”, continuou. “Uma coisa não podemos negar. O Marcius Melhem foi um grande líder na Globo. Daqueles que não tem medo de botar o pau na mesa”, acrescentou. Melhem considerou os conteúdos “ofensivos e depreciativos”, mas a magistrada entendeu que o caso ainda precisa ser plenamente esclarecido e que atender a demanda de Melhem poderia caracterizar a violação de princípios democráticos e censura. Como resultado, Gentili emplacou mais uma piada às custas de Melhem. Ele publicou um “pedido formal e público de desculpas ao sr. Melhem”, dando como justificativa o fato de ter sido “injusto com ele em determinada afirmação. Certa vez eu disse que não conseguia rir de nada que esse senhor fazia, porém dessa vez eu tô rindo muito”. Além dos dois comediantes citados, Marcius Melhem também abriu processos contra Rafinha Bastos, Marcos Veras, Dani Calabresa e a revista Piauí.
Justiça determina que Rafinha Bastos apague ofensa contra Marcius Melhem
Depois de Felipe Castanhari, Rafinha Bastos também foi intimado a apagar um post ofensivo contra o ex-diretor da Globo Marcius Melhem. Melhem foi denunciado por atrizes da Globo por assédio sexual e moral. Elas levaram a queixa ao departamento competente da emissora e, após uma investigação interna, o comediante se afastou das funções de chefia do Humor da rede, tendo seu contrato encerrado com a empresa. Desde então, as queixas se tornaram públicas, mas mantiveram o anonimato. Rafinha Bastos se envolveu na história com a edição de um vídeo, publicado três vezes (duas no Twitter e uma no Instagram), em que debocha de uma declaração de Melhem sobre o caso (“foi muito doloroso para mim”). “Doloroso pra ti? Oi?”, disse Bastos na gravação, substituindo o áudio da entrevista do comediante por frases gravadas em sua voz: “Eu matei 48 pessoas, matei várias vezes, isso foi muito doloroso pra mim”; “Roubei oito bancos, roubei várias vezes, isso foi muito doloroso pra mim”, “Dei crack pra criança, e dei crack várias vezes, isso foi muito doloroso pra mim”. Sob pena de multa diária de R$ 500, podendo chegar ao máximo de R$ 50 mil, a juíza Tonia Yuka Koroku, da 13ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou que Bastos “exclua de suas redes sociais os vídeos”, que foram considerados ofensivos à honra de Melhem. Na análise da magistrada, a exclusão “se justifica pelo conteúdo ofensivo que ultrapassa o mero exercício da livre expressão do pensamento”. “Os direitos fundamentais não são absolutos”, diz ela. “O limite está nos direitos fundamentais das outras pessoas que podem ser atingidas, como é o caso dos autos.” O vídeo teve quase 80 mil visualizações e ainda estão no ar. Veja a versão do Instagram abaixo (quando não puder ver, ele finalmente terá saído do ar). A ação de Melhem pede ainda retratação pública e R$ 50 mil de indenização por danos morais, mesma quantia pedida a Felipe Castanhari, que igualmente recebeu ordem judicial para tirar de suas redes sociais as acusações feitas a Melhem, chamado por ele de “assediador” e “escroto”. No caso de Castanhari, a decisão foi de outra juíza, Ana Luíza Madeiro Cruz, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Além dos dois, postagens de Danilo Gentili e Marcos Veras também foram alvo de reclamação judicial. Por enquanto, a Justiça atendeu apenas aos pedidos de tutela antecipada para a retirada dos posts. Já as retratações e indenizações por danos morais serão julgadas mais adiante. O ex-diretor da Globo também move uma ação contra a revista Piauí, que publicou uma reportagem com detalhes de supostos assédios, e Dani Calabresa, que se recusou a desmentir fatos polêmicos e contestados por Melhem na citada publicação. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Rafinha Bastos (@rafinhabastos)
Justiça determina que Felipe Castanhari apague ofensa contra Marcius Melhem
A Justiça determinou que Felipe Castanhari, apresentador do “Mundo Mistério”, da Netflix, apague um texto de seu perfil no Twitter em que chama o ex-diretor da TV Globo Marcius Melhem de “criminoso”, “escroto” e “assediador”. A decisão é assinada pela juíza Ana Luiza Madeiro Cruz, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que deferiu tutela antecipada de urgência pleiteada pela defesa de Melhem. Nesta segunda (18/1), ela deu um prazo de 24 horas para que Castanhari apague a mensagem, sob pena de multa de R$ 10 mil. Em sua decisão, Ana Luiza Madeiro Cruz afirma que “não se pode admitir que alguém, a pretexto de estar manifestando o seu livre pensamento, impute a outro, peremptoriamente, a prática de crime pelo qual, conforme consta nos autos, não foi sequer indiciado, ao menos até o momento”. Melhem foi denunciado por atrizes da TV Globo por assédio sexual e moral. Elas levaram a queixa ao departamento competente da emissora e, após uma investigação interna, o comediante se afastou das funções de chefia do Humor da rede, tendo seu contrato encerrado com a empresa. Mas a separação foi amigável, com elogios a Melhem, o que fez com que as denúncias começassem a se tornar públicas, primeiro como vazamentos anônimos, depois por entrevistas de uma advogada das atrizes que não se identificam e, por fim, numa reportagem polêmica da revista Piauí, cheia de detalhes contestados e acusações graves de fontes desconhecidas. Apenas no mês passado, após Melhem iniciar um processo legal contra as supostas fontes das acusações – que até o momento não assumiram publicamente as denúncias – , as advogadas que representam as funcionárias da Globo entraram no Ministério Público Federal (MPF) com pedido de investigação contra ele. Duas atrizes que fizeram denúncias prestaram depoimento à Ouvidoria das Mulheres no Conselho Nacional do Ministério Público na véspera do Natal. Entretanto, ainda não existe uma ação na Justiça contra Melhem. A juíza que acolheu a ação do comediante contra Castanhari reconheceu o mérito da reclamação, afirmando que são “verossímeis as alegações de que o conteúdo exposto na rede social é ofensivo e capaz de abalar a honra do autor [Melhem]”. Segundo os documentos, a postagem de Castanhari que originou o processo foi feita no dia 5 de dezembro e dizia: “Não caiam nesse discursinho de merda do Marcius Melhem. Esse cara é um criminoso, um escroto, um assediador que merece cadeia por todo o sofrimento que causou”. O texto já não estaria mais no ar. Além de Castanhari, Melhem também processa os humoristas Rafinha Bastos, Danilo Gentili e Marcos Veras por declarações similares, bem como a atriz Dani Calabresa, uma das citadas pela Piauí como vítima de suposto assédio sexual, que não teria contestado a reportagem.
Marcius Melhem processa Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Marcos Veras, Felipe Catanhari e revista Piauí
A atriz Dani Calabresa não é a única pessoa que o ex-diretor do núcleo humorístico da TV Globo Marcius Melhem está processando devido à acusações que recebeu de assédio moral e sexual. De acordo com o colunista Leo Dias, ele também abriu ações contra os comediantes Rafinha Bastos, Danilo Gentili, Marcos Veras e o youtuber Felipe Catanhari, além da revista Piauí, que publicou uma reportagem polêmica com fontes anônimas detalhando vários dos supostos casos de assédio cometidos por Melhem. Os advogados de Melhem afirmam que as opiniões expressas pelos comediantes vão além da liberdade de expressão e ofendem a honra, a intimidade e a imagem pública de seu cliente. Melhem pretende receber R$ 200 mil por danos morais da revista Piauí e promete doar o valor total ao Retiro dos Artistas. Já nos processos contra os comediantes, ele pede R$ 50 mil de cada um por calúnia e difamação. Para não ter que pagar, eles precisarão provar que Melhem fez o que acusaram – ou, ao menos, que não lhe ofenderam. Além do dinheiro, os advogados de Melhem pedem que a Justiça exija uma retratação publica em relação ao conteúdo contestado – no caso dos comediantes, tanto em suas respectivas redes sociais quanto em entrevistas concedidas à imprensa. As ações foram protocoladas na última sexta-feira (15/1) nas Varas Cível de São Paulo e do Rio de Janeiro. Melhem ainda move um processo de R$ 200 mil contra Dani Calabresa, valor que promete doar, caso vença, à Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Ele também pede o ressarcimento do custo dos tratamentos psiquiátrico e psicoterápico que fez entre fevereiro e dezembro do ano passado, quando surgiram as fofocas de assédio, no valor de R$ 46,4 mil.
Marcius Melhem processa Dani Calabresa por danos morais
O comediante e ex-diretor da Globo Marcius Melhem protocolou uma ação por danos morais e materiais contra Dani Calabresa nesta quinta-feira (14/1), na Vara Civil de São Paulo. Ele pede uma indenização de R$ 200 mil, que promete doar à Associação de Assistência a Criança Deficiente (AACD). Além disso, Melhem quer o ressarcimento do custo de todo o tratamento psiquiátrico/psicoterápico que fez entre fevereiro e dezembro de 2020, no valor de R$ 46,4 mil, bem como uma retratação pública de Calabresa, após o nome da atriz ser associado a acusações de assédio e violência sexual supostamente cometidos por ele. Melhem nega o assédio, que foi detalhado em reportagem da revista Piauí e trazido à imprensa por uma advogada que representa Calabresa e outras atrizes supostamente assediadas pelo humorista. No documento, Marcius Melhem apresenta mensagens de áudio e texto para tentar comprovar a intimidade que existia entre ele e Calabresa do período de 2017, quando teria acontecido o assédio, até 2019. A ação tenta demonstrar que o tratamento de Calabresa a Melhem “é absolutamente incompatível com aquele esperado de uma sedizente vítima de assédio”, segundo o documento disponível no site do Tribunal de Justiça de São Paulo. “A gravidade da falsa imputação do crime/delito de assédio divulgada perante diversas mídias e corroborada pela Ré [Calabresa] tem repercussão nacional, impondo dano incomensurável à reputação e honra do Autor [Melhem]“, alega a defesa de Marcius. “Além de ter sua vida profissional maculada de forma potencialmente irremediável, ganha relevo o reflexo da reprovabilidade pública de condutas delitivas/criminosas, como aquelas imputadas ao Autor, no âmbito familiar e social”, acrescentam os advogados do comediante. De acordo com o processo, as acusações teriam partido de Dani após um projeto que ela comandaria (“Fora de Hora”) ter sido remanejado sem ela. O documento protocolado pela equipe jurídica de Melhem afirma que, após isto, um desentendimento profissional aconteceu entre os dois. Este não é o único processo aberto sobre o caso. Em 17 de dezembro, as advogadas que representam Calabresa e outras funcionárias da Globo entraram com pedido de investigação de Melhem no Ministério Público. Elas prometeram entrar também com um processo criminal contra o ator pelo fato de ele ter divulgado áudios de uma conversa com Calabresa à imprensa – como o ex-Ministro Sergio Moro em relação ao presidente Jair Bolsonaro – e um pedido de indenização por danos morais à atriz.
Duas atrizes que acusam Marcius Melhem de assédio prestam depoimento na Justiça
Duas atrizes que acusam o humorista Marcius Melhem de assedia-las sexualmente prestaram depoimento à Ouvidoria das Mulheres no Conselho Nacional do Ministério Público nesta terça-feira (22/12). Segundo a coluna de Monica Bergamo do jornal Folha de S. Paulo, elas foram ouvidas pela promotora Gabriela Manssur sobre as denúncias de crimes sexuais feitas contra o ex-diretor do núcleo de humor da TV Globo. As notícias sobre os supostos assédios vieram à tona em dezembro passado. Mais recentemente, em outubro, após a Globo encerrar o contrato com o humorista, a advogada Mayra Cotta, representante de seis mulheres que se dizem vítimas de Melhem, acusou o ator frontalmente na coluna da Folha. “Melhem atuou de forma violenta com várias atrizes”, afirmou a advogada na ocasião. Após este episódio, a revista Piauí publicou uma reportagem detalhando vários abusos que Melhem teria cometido durante o período em que foi chefe do Humor da Globo, citando, entre outras, duas situações explícitas de assédio contra a humorista Dani Calabresa. O ator nega as acusações, divulgou algumas mensagens trocadas com a atriz Dani Calabresa, que contrariam a narrativa da revista, e deu entrada numa interpelação judicial para a atriz confirmar ou negar o conteúdo da reportagem. A ação foi o primeiro passo para deflagrar um processo por danos morais. Ele também entrou na justiça contra a advogada Mayra Cotta, que até então não tinha levado a queixa de assédio além do debate na mídia. “Não existe uma advogada que só fala na TV, no jornal, na internet. Nós já entramos com uma representação contra ela e interpelamos a Dani para que ela confirme ou negue o teor da reportagem da Piauí, que nós dois sabemos que não é verdade”, disse Melhem no fim de semana, em entrevista a Roberto Cabrini no programa “Domingo Espetacular”, reforçando que quer o caso na Justiça. “Eu sou o único acusado que está pedindo pra ser réu”.
Marcius Melhem se defende e revela mensagens de Dani Calabresa
O ator e ex-diretor da Globo Marcius Melhem deu uma entrevista a Roberto Cabrini, no “Domingo Espetacular” desse final de semana (20/12), como parte de sua estratégia de defesa contra as acusações de assédio sexual reveladas por uma reportagem da revista Piauí. Em um depoimento contundente e sem evitar nenhuma pergunta, ele divulgou algumas mensagens trocadas com a atriz Dani Calabresa, que contrariam esta narrativa, e disse que precisou entrar na Justiça, porque passou a ser acusado de assédio e a receber ameaças de morte, sem que exista um processo contra ele. Por conta própria, ele resolveu entrar com interpelação contra Dani Calabresa e a advogada Mayra Cotta, para tentar provar, na Justiça, que é vítima de mentiras motivadas por vingança profissional. Segundo seu relato, ele e Calabresa mantinham uma relação íntima e amigável entre os anos de 2017 e 2019, época em que a teria assediado moral e sexualmente, na descrição detalhista da Piauí. Na entrevista, ele chamou o relato da revista de mentira. “Esta narrativa é totalmente mentirosa. Ela não é fantasiosa, ela é mentirosa”, acusou Melhem. E quando Cabrini apontou que existiriam testemunhas, ele replicou: “Testemunhas que não aparecem, porque ninguém assume essa narrativa. Se as pessoas aparecerem, estarão mentindo, porque tem muitas outras testemunhas que viram exatamente o que aconteceu naquela festa”. A tal festa citada foi uma confraternização do programa “Zorra”, em 2017, na qual, de acordo com a revista Piauí, Melhem teria tentado agarrar Dani Calabresa à força na saída do banheiro, inclusive colocando seu pênis para fora. Sem entrar em mais detalhes, o ator avisou que só falaria sobre o que aconteceu entre ele e Calabresa naquele evento na Justiça. “Não vou expor ninguém”, disse. Ele já tinha sido acusado anteriormente pela advogada Mayra Cotta de expor Calabresa ao incluir as mensagens de voz no processo. “Eu nunca imobilizei ninguém na vida, essa descrição é nojenta, é o que está me causando problemas. Essa descrição é um delírio, é de alguém que quer muito me prejudicar”, acrescentou. Melhem também atacou a credibilidade de outra acusação da revista, que alega que ele teria ido aos estúdios durante uma gravação para ver Dani Calabresa de maiô, dizendo “Vim aqui dar uma conferida”. “Esta frase, esse dia, isso tudo, nada disso aconteceu”. A cena em que Calabresa gravou de maiô não aconteceu no estúdio, e sim na praia de Grumari, na zona oeste do Rio de Janeiro, e sem a presença de Melhem. “Eu nunca fui numa externa do ‘Zorra’ e, quando vai gravar externa, é um ônibus-camarim, onde fica todo mundo. Ela nunca taria sozinha”, relatou. “Toda cena de praia no ‘Zorra’ é gravada na praia. Ela nunca ficou de maiô nos estúdios. Esta [descrição da] cena é completamente falsa”. Ele aponta que essa situação já foi desacreditada, mas mesmo assim as pessoas insistem que o resto é verdadeiro. Ele questiona: “Agora, porque [se aceita] que esta [descrição de] cena é falsa e a do banheiro é verdadeira?”. “Como é que um jornalista ouve 43 pessoas, como ele diz que ouviu na matéria, erra até o dia da festa e narra com detalhes, como se ele tivesse visto a cena… o sentimento da Dani, ela abrir a porta, o constrangimento… Ele narra toda uma cena que jamais aconteceu”. Entre as mensagens fornecidas por Melhem e reproduzidas pelo programa, está uma gravação de voz enviada por Calabresa no dia 12 de novembro de 2017, oito dias depois da festa de confraternização. Na data, dia de seu aniversário, Calabresa agradecia uma postagem que o ator fez no grupo de WhatsApp do programa “Zorra”, em que a felicitava. No áudio, ela se define como fã do chefe, diz “eu te amo” e até propõe uma viagem à Disney com as filhas do ator. “Chefe, estou mandando este áudio para agradecer a mensagem linda que você mandou no grupo. Todas as mensagens que você manda sempre de apoio e de carinho. Nossa, você não tem ideia como fico feliz de saber que você me acha talentosa. Eu sou sua fã para caralho”, afirma Calabresa na mensagem. Na mensagem de voz, Calabresa ainda agradece se descreve extremamente feliz. “Estou muito feliz de verdade. Te amo muito. Um beijo para as suas filhinhas lindas. Vamos para a Disney juntos”. Para atestar a veracidade dos diálogos, Melhem contratou ainda uma empresa especializada que realizou procedimentos forenses de coleta e guarda das mensagens, o que comprovaria a integridade dessas informações. Melhem afirma que toda a correspondência posterior entre eles também evidencia que a relação pessoal e profissional dos dois se manteve harmoniosa, com a mesma afetuosidade, nos meses e anos seguintes à festa, até maio de 2019. Ele divulgou trechos de mensagens posteriores, de até um ano depois daquela festa, em que Calabresa demonstra muita intimidade e descreve que adora trabalhar em qualquer projeto dele. O tom só mudou a partir do ano passado, após uma desavença que supostamente teria criado a crise entre Calabresa e Melhem. A briga não teria componente sexual. O rompimento aconteceu na noite de 3 de maio de 2019, durante a leitura do piloto do que viria a ser o programa “Fora de Hora”. Escalada como âncora de um telejornal satírico em que contracenaria com o ator Paulo Vieira, Calabresa se queixou do texto reservado a ela e pediu para mudar tudo, dizendo que preferiria contracenar com Bento Ribeiro, seu colega no antigo programa “Furo”, da MTV, na bancada do telejornal, e com sua própria equipe de roteiristas. Calabresa teria sido cortada do projeto após dar piti e chorar na reunião, diante de toda a equipe. Melhem garantiu que a saída da comediante da atração não teria sido sua decisão apenas, mas sim uma decisão coletiva dos demais envolvidos. “Eu quero chegar na Justiça porque isso que Dani está fazendo comigo é um processo de vingança. Nós tivemos um desentendimento profissional em 2019, durante numa leitura do que viria a ser o programa ‘Fora de Hora’. Ela, diante de todos os presentes, disse que o texto estava mal escrito, queria os autores dela e que não queria fazer o programa com o Paulo Vieira. Ela queria fazer o programa com o Bento Ribeiro, que trabalhou com ela na MTV”, acusou o artista. “Ela chorou, eu fiquei duas horas consolando ela. Pessoas ficaram constrangidas. Mas ela estava irredutível e nós da equipe decidimos que seria melhor ela não participar do projeto. Foi uma decisão coletiva, não minha”, reforçou. Teria sido a partir daí, na visão de Melhem, que Calabresa passou a ter “ódio” dele e fazer ilações: “Naquele momento eu passo a ser a pior pessoa do mundo e sou acusado por coisas que eu nunca fiz”. Durante a entrevista, ele e disse arrependido de ter traído a ex-mulher, Joana Rosenfeld, e por manter o que chamou de relações consensuais com mulheres que trabalharam com ele nos bastidores da Globo, algumas por mais de um ano. “Nunca fiz um ato de violência com quem quer que seja. Que eu saiba não. Que eu entenda, não. Eu tive relações consensuais com pessoas que trabalhavam comigo. Relações muitas vezes longas, de um ano ou dois, mas elas não ganharam nada por causa disso”, ressaltou. “Entendo que isso possa ser uma zona cinzenta, pode ser que pessoas tenham tido relações comigo, esperando ganhar alguma coisa, mas nunca foi algo explícito”, argumentou. “Eu nunca usei o meu poder para me relacionar com qualquer pessoa que seja, nem nunca troquei favores. Nem coagi ninguém”. Ao final da conversa, Melhem salientou porque decidiu entrar com processo contra a advogada que representa Calabresa e outras atrizes que teriam sido assediadas por ele, mas cuja identidade estão sendo mantidas em segredo. “Não existe uma advogada que só fala na TV, no jornal, na internet. Nós já entramos com uma representação contra ela e interpelamos a Dani para que ela confirme ou negue o teor da reportagem da Piauí, que nós dois sabemos que não é verdade”, explicou, reforçando que quer o caso na Justiça. “Eu sou o único acusado que está pedindo pra ser réu”, encerrou. Veja abaixo trechos da entrevista. Exclusivo! Veja a entrevista de Roberto Cabrini com o humorista Marcius Melhem #DomingoEspetacular pic.twitter.com/3Z5e6aanox — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Marcius Melhem diz que hoje virou sinônimo de assediador e que espera que o caso vá parar na justiça #DomingoEspetacular pic.twitter.com/SujflArl9Y — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Marcius Melhem diz traiu a ex-mulher várias vezes #DomingoEspetacular pic.twitter.com/QCNMTduwov — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Marcius Melhem diz que tinha relação de amizade com Dani Calabresa #DomingoEspetacular pic.twitter.com/InPPlPxrsh — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Marcius Melhem diz que não atacou Dani Calabresa em festa e que o relato publicado em revista é mentiroso #DomingoEspetacular pic.twitter.com/JoHkNnFdmQ — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 O Domingo Espetacular tem acesso a mensagens trocadas entre Marcius Melhem e Dani Calabresa #DomingoEspetacular pic.twitter.com/JH5Ps7f3e8 — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Humorista conta que não procurou Dani Calabresa para vê-la de biquíni durante uma gravação #DomingoEspetacular pic.twitter.com/sprx6HIwjf — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Marcius Melhem revela mensagens de áudio que teria recebido de Dani Calabresa #DomingoEspetacular pic.twitter.com/AtTehJIiOW — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Marcius Melhem diz que recebe apoio de amigos e que irá provar sua inocência #DomingoEspetacular pic.twitter.com/nG9SM0biq4 — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020 Marcius Melhem diz que teve relações sexuais com subordinadas, mas que tudo teria sido consensual #DomingoEspetacular pic.twitter.com/kIuDDWglEK — Domingo Espetacular (@DomEspetacular) December 21, 2020
Advogada entra com processo no MPF contra Marcius Melhem
As advogadas que representam Dani Calabresa e outras funcionárias da Globo entraram no Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta (17/12) com pedido de investigação do ator e ex-diretor da Globo Marcius Melhem e também pretendem deflagrar um processo criminal pelo fato dele ter divulgado áudios de uma conversa com Calabresa, com um pedido de indenização por danos morais à atriz. Daniela Calabresa e outras funcionárias da Globo acusam Marcius Melhem de assédio sexual. O caso foi detalhado pela revista Piauí no começo do mês. Melhem disse que processaria Dani Calabresa, a advogada Mayra Cotta e a revista. A defesa de Melhem enviou uma notificação extrajudicial para Calabresa, assinada pelos advogados José Luis Oliveira Lima e Ana Carolina Pivoesana, como medida preparatória para fundamentar o futuro processo. O documento legal reproduz mensagens de voz enviadas pela atriz. A Folha de S. Paulo publicou o conteúdo do documento na terça (15/12), acompanhado por uma entrevista com Melhem. Após esta ação, a advogada criminalista Soraia Mendes juntou-se a Mayra Cotta na representação midiática das acusadoras. Em entrevista à colunista Nina Lemos, ela afirmou ter enviado pedido de investigação a Melhem por crimes sexuais junto à Ouvidoria da Mulher no Ministério Público Federal e não descarta processo por estupro. “Não estamos excluindo a possibilidade de crimes mais graves que o assédio sexual. Temos relatos de situações que incluem violência e que poderiam ser caracterizadas como tentativa de estupro, mas isso vai depender de como o Ministério Público vai entender e do que será decidido”, disse. A advogada disse esperar que Melhem seja responsabilizado criminalmente pelos crimes de assédio praticados. Ela também afirmou que as divulgações de conversas foram tentativas de macular a imagem das vítimas e isso será levado à Justiça. “São diálogos particulares. Isso constitui crime. Vamos representar contra isso sempre que acontecer. O que ele fez mostra uma vontade macular a imagem das vítimas. No caso, isso está acontecendo com a Dani por ela ser a única que está exposta”, diz. Segundo ela, essa é uma estratégia comum em casos de assédio sexual. Melhem, por sinal, reclamou por não poder se defender na mesma esfera de opinião pública onde suas acusadores tem agido sem sofrer pressão, e onde as advogadas também tem atuado livremente, dando entrevistas acusatórias sem que haja contraditório. “Estou numa encruzilhada por parte da opinião pública. Se mostro alguma coisa, estou expondo as vítimas. Se vou para a Justiça, estou intimidando a advogada”, disse ele à Folha de S. Paulo. “Me defendo onde?” Ele acabou optando por ir à Justiça (antes das acusadoras, que passaram meses apenas no tribunal da mídia) e utilizar as provas que dispunha, áudios de conversas que contradizem as acusações de assédio. No Brasil, recentemente, áudios foram usados de forma pública como contraditórios de narrativa pelo ex-Ministro da Justiça Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro. Abriu-se um processo para investigar atitudes denunciadas pelo diálogo e não sobre a divulgação do diálogo. O site Intercept também publicou várias mensagens privadas do próprio Sergio Moro e a divulgação foi defendida com base na liberdade de imprensa, embora tenha sido originada de fato criminoso, atividade de hacker. De forma similar, quem divulgou o áudio de Melhem foi um veículo de imprensa, o jornal Folha de S. Paulo.
Marcius Melhem revela mensagens de Dani Calabresa e detalhes de briga
O ator e ex-diretor da Globo Marcius Melhem revelou algumas das mensagens trocadas com a atriz Dani Calabresa. Ele pretende provar, na Justiça, que os dois mantinham uma relação íntima e amigável entre os anos de 2017 e 2019, época em que, segundo uma reportagem recente publicada na revista Piauí, ele a teria assediado moral e sexualmente. A defesa Melhem enviou uma notificação extrajudicial para Calabresa, assinada pelos advogados José Luis Oliveira Lima e Ana Carolina Pivoesana, como medida preparatória para fundamentar um futuro processo contra a revista Piauí e a atriz. Entre as sete conversas reproduzidas no documento, está uma mensagem de voz enviada por Calabresa no dia 12 de novembro de 2017, oito dias depois da confraternização, em que, segundo a reportagem-denúncia, ela teria sofrido assédio sexual de Melhem. Na data, dia de seu aniversário, Calabresa enviou mensagem a Melhem agradecendo a ele por uma postagem que fez no grupo de WhatsApp do programa “Zorra”, da TV Globo, em que ele a felicitava. No áudio ela teria se definido como fã de Melhem, dito “eu te amo” e até proposto uma viagem à Disney com as filhas do ator, que então ocupava o cargo de redator final do núcleo de humor da TV Globo — ele foi demitido em agosto deste ano, depois de 17 anos de trabalho na emissora. “Chefe, estou mandando este áudio para agradecer a mensagem linda que você mandou no grupo. Todas as mensagens que você manda sempre de apoio e de carinho. Nossa, você não tem ideia como fico feliz de saber que você me acha talentosa. Eu sou sua fã para caralho”, afirma Calabresa na mensagem, citada pelo jornal Folha de S. Paulo. A Folha também afirma que, na mensagem de voz, Calabresa agradece a Melhem pelo que chamou de um “trabalho tão legal”. “Estou muito feliz de verdade. Te amo muito. Um beijo para as suas filhinhas lindas. Vamos para a Disney juntos”. Procurada pelo jornal, Calabresa se manifestou por meio da advogada Mayra Cotta. Em nota, ela diz que a “interpelação repete estratégia comum a casos similares”. “Objetiva intimidar não apenas uma vítima específica mas outras que ainda permanecem protegidas sob sigilo e até mesmo testemunhas, como se isso fosse capaz de apagar os graves fatos narrados e cuidadosamente checados com dezenas de pessoas citadas pelas matérias.” Melhem, por sua vez, disse estar se defendendo do que chamou de “narrativa falsa” sobre a qual Calabresa ainda não se manifestou. “Estou numa encruzilhada por parte da opinião pública. Se mostro alguma coisa, estou expondo as vítimas. Se vou para a Justiça, estou intimidando a advogada”, disse ele. “Me defendo onde?” Sobre a revelação de trechos de suas conversas com Calabresa, o ator afirma estar mostrando um trecho minúsculo, que não expõe a atriz. “Estou mostrando coisas que expõem a relação amistosa que temos. Não é expor uma suposta vítima. Estou mostrando que eu e a suposta vítima tínhamos uma relação no período que a revista diz que ela estava traumatizada comigo”, diz. “É só para contrapor uma narrativa falsa.” Para atestar a veracidade dos diálogos, Melhem contratou ainda uma empresa especializada que realizou procedimentos forenses de coleta e guarda das mensagens, o que comprovaria a integridade dessas informações. Na notificação, a defesa de Melhem afirma que toda a correspondência posterior entre eles também evidencia que a relação pessoal e profissional dos dois “se manteve harmoniosa, com a mesma afetuosidade, nos meses e nos anos seguintes à festa” que foi relatada pela revista Piauí. Como exemplo, foi reproduzido um trecho de uma mensagem enviada em novembro de 2018, um ano depois daquela festa. “Ai, te ‘aminho’, muito, muitas saudades, pena que a gente se encontra pouco, mas eu sinto uma intimidade que, assim, eu posso mandar áudio, eu posso mandar mensagem a qualquer hora.” A interpelação inclui ainda mensagens em que a atriz chama Melhem de “o mais profissional dedicado caprichoso ‘workaholiquinho’” e “ciborguinho”. A inclusão do trecho é uma tentativa de desqualificar a narrativa, atribuída a ex-subordinadas de Melhem, segundo a qual Calabresa teria ficado traumatizada depois de ser assediada por ele. “Não forcei Dani Calabresa a nada naquela noite”, disse Melhem à Folha, acrescentando que só revelará na Justiça sua versão do que aconteceu naquela noite, mas que “as comunicações apontam a existência de uma relação saudável, permeada por afeto e respeito profissional mútuo, que perdurou sem qualquer tipo de desavença até maio de 2019”. Ele também registrou uma mensagem da tarde de 5 de novembro de 2017, no grupo do “Zorra”, em que Calabresa cumprimentou os organizadores do evento da véspera definindo a noitada como “festa ‘bapho’”. Ao justificar sua decisão de interpelar a atriz, Melhem disse que Calabresa nunca tocou no seu nome, mas que “o modo com que vem se comportando nas redes sociais dá a entender que ela concorda” com as acusações. “Preciso saber se ela concorda. Se ela concordar, é totalmente inverídica, aí a gente tem que estudar que medidas tomar”, acrescentou o ator. A notificação reproduz uma postagem da própria Calabresa como indício de que a reportagem “apresentou informações falsas”. Em setembro de 2017, a atriz publicou uma imagem em que corre na praia durante a gravação de um quadro em que interpreta uma salva-vidas sensual. Segundo a revista Piauí, Melhem teria visitado Calabresa no camarim dos estúdios da Globo para ver seu corpo no maiô antes da gravação. Nada disso teria acontecido. As cenas foram gravadas na praia de Grumari, na zona oeste do Rio de Janeiro, e sem a presença de Melhem. Por isso, a defesa do ator confronta Calabresa para que ela se pronuncie sobre o episódio. A Folha inclui a informação de que integrantes do núcleo de humor da Globo testemunharam a desavença que supostamente teria criado a crise entre Calabresa e Melhem. Ela não teria componente sexual. Segundo relato publicado pelo jornal, a briga aconteceu na noite de 3 de maio do ano passado, durante a leitura do piloto do que viria a ser o programa “Fora de Hora”. Escalada como âncora de um telejornal satírico em que contracenaria com o ator Paulo Vieira, Calabresa, segundo testemunhas, assistiu à bem-sucedida performance do ex-marido, o humorista Marcelo Adnet, e se queixou do texto reservado a ela. Sentado entre ela e Melhem, Vieira, de acordo com relatos, ouviu Calabresa dizer que preferiria contracenar com Bento Ribeiro, seu colega no antigo programa “Furo”, da MTV, na bancada do telejornal. Em resposta, Melhem teria dito que Vieira, um artista em ascensão, já era o escolhido e que Ribeiro sofria resistência entre os autores e a direção artística do programa. Segundo participantes, Calabresa chorou, repetindo que aquele não era o “Furo”, programa que estrelara dez anos antes ao lado de Ribeiro, na MTV. Melhem respondeu que não reproduziria um humorístico exibido uma década atrás. A esta altura às lágrimas, segundo relatos, Calebresa perguntou se ao menos poderia levar autores de sua confiança para o programa. Melhem, de acordo com testemunhas, reagiu, exaltado, em defesa da equipe que redigiu o piloto, dizendo que naquele time estavam os melhores redatores do país e destacando o seu próprio talento como roteirista. O desentendimento precipitou o fim da reunião. Os participantes deixaram o apartamento de Melhem enquanto um grupo, incluindo ele, tentava tranquilizar a atriz. Dois redatores foram encarregados de se reunir com Calabresa na semana seguinte para a elaboração de um texto que a agradasse. Mas não houve acordo. Na terça-feira, dia 7 de maio, Melhem repreendeu a atriz e disse que repensava sua escalação para a bancada do programa. “Você chorar, reclamar que não tem seus autores, que tinha ator demais humilhou muita gente que chorou depois também”, ele escreveu, segundo a notificação extrajudicial encaminhada à atriz. Esta história já tinha circulado anteriormente. O colunista Mauricio Stycer apurou em março passado que o desentendimento tinha ocorrido no processo de criação do programa “Fora de Hora”, no primeiro semestre de 2019. Na época, Stycer escreveu que atriz queria que, em vez de um projeto novo, a emissora reeditasse o programa “Furo”, que ela apresentou em parceria com Bento Ribeiro na MTV, entre 2009 e 2012. Melhem jamais teria considerado a opção de reviver o “Furo” na Globo, mas Calabresa foi escalada para ser a apresentadora do “Fora de Hora”, ao lado de Paulo Vieira. Em seu texto, Stycer acrescentava a palavra “plágio” às acusações, trazendo à tona uma possível disputa pela autoria do projeto. Calabresa foi substituída. Com a aprovação do piloto quatro meses depois, ela passou a expressar críticas a Melhem, à época chefe do departamento de humor da TV Globo. Outras mulheres insatisfeitas com o comportamento de Melhem depois se uniram a Calabresa. Com a eclosão de denúncias de assédio moral e sexual, inclusive de Calabresa, ex-subordinadas de Melhem criaram um grupo de mensagens para encorajar, de forma incisiva, a adesão de outras mulheres. Temendo retaliações, integrantes da equipe pediram que não fossem identificados ao relatar disparos de telefonemas e mensagens para que engrossassem uma campanha contra o ator. Melhem diz que hoje faz sessões quase diárias de terapia e afirma ter cometido erros nas relações pessoais, como falta de empatia e sensibilidade, além de ter sido infiel em seu casamento.
Veja os primeiros minutos de Mulher-Maravilha 1984
A Warner divulgou um vídeo com os primeiros minutos de “Mulher-Maravilha 1984”. A prévia é narrada por Gal Gadot, que interpreta a personagem-título, mas acompanha a heroína em sua infância, durante um torneio das amazonas. A versão mirim da Mulher-Maravilha é vivida por Lilly Aspell, que já tinha interpretado a pequena Diana no primeiro filme. “Mulher-Maravilha 1984” é novamente dirigido por Patty Jenkins e ainda traz de volta Connie Nielsen como Hipólita e Robin Wright como a guerreira Antiope. As duas são vistas na abertura do filme. Além delas, Chris Pine também retorna como o Capitão Steve Trevor. Apesar de poucos detalhes sobre enredo terem sido revelados, Kristen Wiig (“Caça-Fantasmas”) e Pedro Pascal (“Narcos”) viverão os vilões da produção, nos papéis da Mulher-Leopardo e do milionário Maxwell “Max” Lord. Originalmente previsto para 4 de junho no Brasil, o filme foi adiado devido à pandemia do novo coronavírus e finalmente vai estrear nesta quinta (17/12), acompanhado de críticas elogiosas da imprensa internacional.
Mulher-Maravilha 1984 estreia com elogios da crítica internacional: “Um presente de Natal”
Depois de meses de adiamentos, a tão esperada continuação de “Mulher-Maravilha” finalmente chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (17/12). E as primeiras críticas publicadas nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá dizem que a demora é mais que compensada por um filme excelente. “Mulher-Maravilha 1984” recebeu uma resposta extremamente positiva da crítica internacional, mesmo dos que apontaram problemas no roteiro. Entre os elogios, o filme é descrito como “um presente de Natal” (Chicago Sun-Times) e “o tipo de escapismo que precisamos neste momento” (Financial Times). A maioria das críticas segue esse tom, destacando que o otimismo do longa, novamente estrelado por Gal Gadot e Chris Pine, e dirigido por Patty Jenkins, ressoa com particular importância em 2020, como distração e como mensagem para a humanidade, diante dos problemas do mundo atual. Kate Erbland, do site IndieWire, descreveu o lançamento como “algo alegre, maluco e profundamente agradável”. “E ainda está transbordando com a mesma maravilha e alegria do primeiro filme, um filme raro – de qualquer faixa – que não quer apenas acreditar na bondade das pessoas, mas está disposto a fazê-las realmente trabalhar para isso. Isso é super-heróico. ” Hoai-Tran Bui, do site Slash Film, ressalta que “os encantos otimistas de desenho animado de ‘Mulher-Maravilha 1984’ parecem uma crítica direta da paisagem política e cultural atual, de uma forma que é inquestionavelmente canastrona, mas é – tão banal quanto repetir esta frase repetida demais – um bálsamo muito necessário para 2020.” Brian Truitt, do jornal USA Today, acrescenta: “Grande parte de ‘1984’ é, para usar o vernáculo da época, radical. A química de Gadot e Pine foi um dos melhores aspectos do primeiro ‘Mulher-Maravilha’ e eles trazem muita vida para o novo, enquanto uma alegre Diana apresenta ao deslocado Steve as pochetes e calças paraquedas da época… Adicione uma trilha de Hans Zimmer e, juntos, os dois pombinhos dão ao filme uma vibração emocionante e séria que se materializa no projeto de super-herói recente da DC mais próximo do coração do ‘Superman’ original de Christopher Reeve.” Wendy Ide, do Financial Times, reflete que “com seu enredo emocionante e descrição otimista de uma humanidade que é capaz de aceitar sacrifícios pessoais para um bem maior, ‘Mulher-Maravilha 1984’ é exatamente o tipo de escapismo inebriante de que precisamos agora”. Richard Roeper, do jornal Chicago Sun-Times, concorda, escrevendo que o filme é “um presente de Natal, com partes emocionantes, cômicas, românticas e cheias de ação, e um tom que lembra os filmes do ‘Superman’ de Richard Donner e os filmes do ‘Homem-Aranha’ de 2000. Com certeza, temos um enredo clássico de filme de quadrinhos sobre um louco megalomaníaco com a intenção de dominar o mundo, mas muitas vezes há um tom relativamente leve durante todo essa abordagem. O resultado é um espetáculo de puro entretenimento pop à moda antiga.” Ben Travis, da revista Empire, elogia a atriz principal: “Como no último filme, o coração e a alma de ‘Mulher Maravilha 1984’ é Gadot. Sua Diana exala graça e bondade, e seu poder é exibido com uma feminilidade ousada que ainda soa reveladora em meio a uma paisagem repleta de heróis machos dilacerados”. Peter Debruge, da Variety, destaca a diretora: “Jenkins é uma cineasta extremamente talentosa em quem o estúdio arriscou – raramente questionada quando comparada a homens – e ela prova seu valor ao nunca permitir que o espetáculo abafe as performances… Assim como Wakanda representa uma terra livre das restrições da supremacia branca em ‘Pantera Negra’, sua Diana Prince representa o que qualquer mulher poderia alcançar, se elevada acima do patriarcado”. Alex Abad-Santos, do site Vox, acha que o filme é bem-sucedido, mas… “‘Mulher-Maravilha 1984’ são três filmes em um: é ao mesmo tempo um romance sobre o amor perdido; uma história sobre o ciúme em nossas amizades; e a história de um homem triste e destruído, desesperado para dominar o mundo. E são apenas os dois primeiros que realmente nos levam a algum lugar maravilhoso… Já vimos antes outros adultos tristes e infantilizados que querem dominar o mundo ou conduzi-lo ao apocalipse (Loki em ‘Vingadores’, Ultron em ‘Vingadores: Era de Ultron’, Luthor em ‘Batman vs Superman’). Essa história estereotipada é algo adequado para os outros caras. Quanto mais tempo se gasta nisso, menos tempo ‘Mulher-Maravilha 1984′ passa sendo maravilhoso.” Apesar dessa ressalva, Kevin Maher, do jornal The Times, insiste que tudo dá certo no final: “O roteiro de Jenkins e dos co-roteiristas Geoff Johns e Dave Callaham faz uma coisa notável – ele se desdobra na premissa e trata o material com a maior seriedade. E, de alguma forma, funciona”. Vale ressaltar que, apesar dos elogios, a maioria concorda que o filme tem falhas. “’Mulher Maravilha 1984’ é um filme com uma mensagem bem-intencionada, mas que não tem ideia de como colocar essa mensagem em uma história convincente. O filme é culpado por tentar fazer muito e se torna sobrecarregado por causa disso, e é culpado por fazer pouco com sua trama tênue e motivações confusas de personagens”, avalia Matt Goldberg, do site Collider. Segue Peter Debruge, da Variety: “Muitos dos efeitos são fracos. Alguns são absolutamente constrangedores (como quando a Mulher-Maravilha interrompe uma perseguição no deserto bem coreografada para resgatar duas crianças em perigo). E o grande final é um fracasso… pois Jenkins tenta espremer sua grande ideia em alguns minutos apressados de exibição”. Mas ele alerta que, mesmo assim, o filme é “inspirador”. “Jenkins disse que gostaria que o filme durasse 15 minutos a mais. Alguns espectadores talvez preferissem que fosse 15 minutos mais curto. Mas, na maior parte do tempo, eles ficarão felizes em estar na companhia da Mulher-Maravilha. À sua maneira antiquada e pouco cínica, ‘Mulher-Maravilha 1984’ é um dos melhores blockbusters feitos desde 1984”, conclui Nicholas Barber, da rede britânica BBC.
OAB Mulher repudia postura de Marcius Melhem contra advogada de assediadas
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou uma nota de repúdio ao ex-diretor do núcleo de Humor da Globo, Marcius Melhem, após declarações direcionadas à advogada Mayra Cotta, que defende um grupo que se apresenta como vítimas de assédio sexual e moral do comediante, entre elas, Dani Calabresa. Por meio de sua Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA), a entidade criticou o que considerou como “ataques” por parte de Melhem. “Estou processando a advogada, dra. Mayra Cotta. Desde ontem entrei com um processo contra ela para que prove o que ela diz sobre mim, sobre as condutas violentas que ela diz que eu tive”, anunciou o ator na noite de sexta-feira (4/12). “A pessoa que acusa não pode escolher a pena do acusado. A pessoa que me acusa de assédio sexual não pode escolher que a minha pena é a execração pública e pronto. Isso é o fim do estado democrático de direito, o descrédito completo da Justiça”, prosseguiu. Em nota, a OAB afirmou: “A atuação profissional de toda a advocacia sofre uma grave violação de suas prerrogativas quando a advogada de uma mulher que denuncia o crime de assédio sexual sofre constrangimento em razão de atos praticados no exercício de sua atividade profissional”. “Não se pode admitir que a advogada, representando vítimas de assédio sexual e no pleno exercício de sua profissão, venha a sofrer ameaças e constrangimento. O direito de defesa dos acusados não pode significar a supressão ou ameaça ao direito de defesa das vítimas”, conclui. O comunicado ainda inclui uma declaração de Felipe Santa Cruz, atual presidente da OAB Nacional: “É inadmissível que o acusado tente intimidar a advogada da outra parte. A advogada tem a prerrogativa de representar e falar pelas clientes.” A advogada Ana Carolina Piovesana, que assumiu a defesa de Marcius Melhem em eventuais processos, também se manifestou, respondendo ao comunicado da OAB com uma nota. “A decisão de Marcius Melhem de judicializar a denúncia feita pela imprensa (sem processo) contra ele é a demonstração clara do seu respeito às pessoas envolvidas e ao Estado Democrático de Direito. Judicializar o debate é exercer o direito de defesa, consagrado na Constituição Federal”.







