Chatô – O Rei do Brasil e Socorro Virei uma Garota são premiados em festival de cinema da Rússia
O filme “Chatô – O Rei do Brasil”, dirigido por Guilherme Fontes, venceu o Prêmio de Ouro do Festival de Cinema Echo Brics, na Rússia, voltado a produções cinematográficas do bloco conhecido como Brics – sigla de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (em inglês, South Africa). O longa brasileiro dividiu o prêmio máximo do festival com o russo “The Victory will be My Gift to You”, de Arsen Agadzhanyan. Mas não foi o único representante nacional premiado. A comédia “Socorro Virei uma Garota”, de Leandro Neri, ficou com o Prêmio de Prata, o segundo lugar da premiação, também empatado com outro título, o drama indiano “The Last Color”, do estreante Vikas Khanna. Nenhum dos concorrentes era exatamente novo, devido ao critério de inscrição, que permite a participação de títulos lançados nos últimos cinco anos. Também há limites para a quantidade de títulos que podem concorrer por cada país. Afinal, os filmes dos demais Brics raramente chegam na Rússia, tornando o evento uma espécie de première russa dos candidatos. Embora a maioria dos inscritos tivesse sido lançada no ano passado, “Chatô – O Rei do Brasil” era justamente o longa mais antigo, com estreia oficial em 2015, mas com uma trajetória de duas décadas de produção. A cinebiografia de Assis Chateaubriand quase virou lenda na história do cinema nacional por ter demorado 20 anos para ser concluída, desde que Guilherme Fontes começou a produzir o projeto, em 1995. O diretor foi acusado de irregularidade no uso de dinheiro público pela demora em concluir o filme, que a certa altura parecia não existir, chegando a ser multado em R$ 66,2 milhões. Mas a estreia no fim de 2015 mudou tudo. Elogiado pela crítica, isentado pelo Tribunal de Contas da União e bastante premiado, “Chatô” conseguiu um epílogo digno da mitologia que cerca sua produção. Diante da covid-19, o evento deste ano não foi aberto ao público em Moscou e os integrantes do júri assistiram aos longas-metragens concorrentes cada um em sua casa, para depois votar naqueles que consideravam os melhores.
Coprodução brasileira, O Traidor vence o “Oscar italiano”
A coprodução brasileira “O Traidor” (Il Traditore), que conta com a atriz Maria Fernanda Cândido em seu elenco, venceu o troféu David di Donatello, considerado o “Oscar do cinema italiano”, em cerimônia realizada na noite de sexta-feira (8/5). Dirigido pelo veterano Marco Bellocchio, o filme narra a história do mafioso Tommaso Buscetta, primeiro grande delator da máfia e que teve sua vida intimamente ligada ao Brasil, de onde foi extraditado duas vezes. “O Traidor” teve cenas filmadas no Rio, que foram produzidas pela empresa brasileira de cinema Gullane. Além do troféu de Melhor Filme, “O Traidor” venceu mais cinco prêmios, entre eles o de Melhor Direção, Melhor Ator para Pierfrancesco Favino (o intérprete de Buscetta) e melhor Ator Coadjuvante para Luigi Lo Cascio. Já o prêmio de Melhor Atriz ficou com Jasmine Trinca, pela atuação em “La Dea Fortuna”, de Ferzan Ozpetek. Os prêmios foram anunciados – mas não entregues fisicamente – durante uma cerimônia sem frescuras, realizada no horário nobre da emissora italiana RAI pelo apresentador Carlo Conti, em um estúdio vazio, com participações de artistas via videoconferência ao vivo. Até o presidente da Itália, Sergio Mattarella, enviou uma mensagem para o evento em que afirmou que “o cinema, como muitos grandes mestres italianos nos ensinaram, é a arte do sonho”. E que, “para reconstruir nosso país após a dramática epidemia, será necessário recuperar inspirações e, portanto, voltar a sonhar e fazer as pessoas sonharem”. A premiação serviu como um ritual de renascimento coletivo justamente quando as restrições locais de circulação, para contar a pandemia de coronavírus, começaram a ser eliminadas lentamente. “Meu desejo é que a comunidade cinematográfica italiana comece a trabalhar novamente”, disse Bellocchio, falando de sua casa. “Tenho 80 anos e também espero fazer mais alguns filmes”, acrescentou.
Globo de Ouro muda regras para premiação de filmes estrangeiros
Assim como aconteceu com o Oscar, a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) também anunciou alterações temporárias nas regras para o Globo de Ouro de 2021, devido à pandemia do novo coronavírus. As mudanças se concentram na categoria dos filmes de língua estrangeira. A alteração abrange desde o período até o formato em que os filmes podem ser lançados. Agora, poderão concorrer ao prêmio filmes lançados a partir do dia 15 de março até a data que a HFPA determinar – definida a partir da reabertura dos cinemas no país de origem do filme – que forem lançados em qualquer país, sem ser necessariamente o de origem, e em qualquer formato — como em streaming, canal pago e transmissão de televisão. As novas regras temporárias exigem que: “Os filmes em língua estrangeira que tiveram exibição cinematográfica planejada para começar em seu país de origem durante o período de 15 de março até uma data a ser determinada pelo HFPA quando os cinemas naquele país geralmente reabrirem, em vez disso, podem ser lançado em qualquer país, em qualquer formato (VOD, televisão, streaming de assinatura, canal pago, etc.) e serem elegíveis para os prêmios de cinema em língua estrangeira do Globo de Ouro”. Os filmes também não precisarão ser exibidos para os membros do comitê da HFPA em uma sala de projeção como feito anteriormente. Nas novas regras, os distribuidores de filmes precisam entrar em contato com a HFPA e fornecer ao comitê de nomeações um link de exibição ou cópia em DVD do filme para que os membros vejam em casa. A data da premiação do 93º Globo de Ouro ainda não foi anunciada, mas as comediantes Tina Fey e Amy Poehler já estão confirmadas como apresentadoras da cerimônia.
Academia da Televisão muda regras para impedir que indicados ao Oscar concorram ao Emmy
Após a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas relaxar suas regras para permitir que alguns filmes lançados direto em streaming possam concorrer ao Oscar, a Academia da Televisão dos EUA estabeleceram um limite, avisando que nenhuma produção indicada ao Oscar poderá disputar o Emmy. A mudança no Emmy começa a valer em 2021 — e, ao contrário da que ocorreu nas regras do Oscar, deve ser permanente. A decisão deve ter efeito maior nas categorias de documentário, que antes mesmo da flexibilidade do Oscar já vinha produzindo nomeações duplas. A produção “O.J.: Made in America”, por exemplo, foi lançada originalmente no canal ESPN como uma série documental em sete episódios. Por isso, foi indicado a seis Emmys, incluindo na categoria de Melhor Série Documental, levando dois prêmios técnicos. Depois, a emissora reeditou o material para lançar “O.J.: Made in America” nos cinemas, como um filme de quase 8 horas de duração. Neste formato, ele disputou e venceu o Oscar de Melhor Documentário. Situações de duplas nomeações ainda ocorreram com “Ícaro” (2017), que também venceu o Oscar, além de “A 13ª Emenda” (2016), “What Happened, Miss Simone?” (2015) e “The Square” (2014), todos da Netflix. Em nota, a Academia da Televisão (antigamente chamada de Academia de Artes e Ciências Televisivas) deixou claro que apóia a decisão dos organizadores do Oscar, mas precisou estabelecer uma separação entre as duas áreas, numa mudança de regra complementar. A entidade ainda destacou que a mudança estava sendo discutida desde março, antes do agravamento da pandemia. Entretanto, como o Emmy e o Oscar acontecem em datas distantes, a possibilidade de dupla indicação ainda existe, se ela aparecer primeiro no Emmy, e depois no Oscar, como aconteceu com “O.J.: Made in America”. Neste caso, a responsabilidade de premiar um produto televisivo ficará por conta exclusiva da Academia Cinematográfica.
Premiada com o Emmy, Malhação: Viva a Diferença ganha reprise na Globo
A temporada mais famosa de “Malhação”, intitulada “Viva a Diferença”, vai voltar ao ar em versão especial compacta, nesta segunda-feira (6/4) na rede Globo. Vencedora do prêmio Emmy Kids Internacional de 2018, a fase fez tanto sucesso que deu origem até a uma série derivada, “As Five”, produzida para a plataforma Globoplay. Exibida originalmente entre 2017 e 2018, “Malhação: Viva a Diferença” foi, como sugere seu título, a mais diferente das versões da novelinha eterna da Globo. Para começar, foi a primeira temporada ambientada em São Paulo. Mais importante que isso, a primeira a valorizar a amizade feminina, em vez de namorinhos, e a integrar personagem LGBTQIA+ entre as protagonistas, retratada não como alívio cômico ou vítima de preconceito, mas ao estilo gente como a gente. Outro fato inovador aconteceu após sua exibição, quando se tornou a primeira fase de “Malhação” a ganhar spin-off. Na trama, tudo começa durante uma pane no metrô paulista, em que Lica (Manoela Aliperti), Ellen (Heslaine Vieira), Benê (Daphne Bozaski) e Tina (Ana Hikari) se veem presas no mesmo vagão em que Keyla (Gabriela Medvedovski) entra em trabalho de parto. O nascimento da criança se torna uma experiência impactante na vida das cinco garotas, que apesar de origens e personalidades distintas, tornam-se ligadas para sempre. Escrita pelo recém-falecido Bruno Lima Penido e pelo cineasta Cao Hamburger (de “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” e “Xingu”), a produção rompeu com o padrão dos draminhas românticos que vinham se alternando em “Malhação” para abordar cinco histórias paralelas, que, além de ilustrar diferentes estilos de vida, formaram um panorama multicultural capaz de refletir a amplitude do universo jovem paulistano. Os temas se aprofundaram, da gravidez na adolescência à rejeição sofrida por jovens LGBTQIA+, passando pelo preconceito racial e de doença (autismo), sem esquecer do empoderamento feminino. Isto teve impacto na audiência e reconhecimento da crítica. “Malhação” se tornou programa maduro, sem perder seu foco original no público jovem. A volta de “Malhação: Viva a Diferença” à televisão é consequência da suspensão das gravações de novos programas do núcleo de dramaturgia da Globo, como forma de prevenção contra o avanço da pandemia de coronavírus no Brasil. A emissora estava preparando a estreia de uma nova temporada, “Malhação: Transformação”, quando suspendeu a produção geral de seus trabalhos. Mas a opção pela reprise da temporada premiada também funciona como esforço de sinergia, já que antecede o lançamento da continuação da história, “As Five”. Ainda sem data oficial de estreia, “As Five” tinha previsão de lançamento no segundo semestre na Globoplay, mas a crise sanitária pode ter mudado esses planos. A trama pretende mostrar o reencontro das cinco amigas, “três anos, seis meses e dois dias” depois dos acontecimentos de “Malhação: Viva a Diferença”. Algumas mudaram de cidade, outras se casaram e o até o bebê que as juntou cresceu, mas o motivo do reencontro, segundo tem sido divulgado, será um enterro – de Mitsuko (Lina Agifu), mãe de Tina. Tina continua morando em São Paulo e virou uma produtora musical ao lado do namorado, Anderson (Juan Paiva). Quando a notícia da morte de sua mãe chega nas amigas, ela recebe apoio das quatro para superar o momento difícil. Mas logo vai ficar claro que cada uma delas também atravessa uma crise particular e cada uma vai tentar ajudar a outra. Veja abaixo uma apresentação da história original de “Malhação: Viva a Diferença”.
Documentário brasileiro sobre menstruação vence o Emmy Kids Internacional
O documentário “Nosso Sangue, Nosso Corpo”, da cineasta paulistana Mariana Cobra, venceu o Emmy Kids Internacional, na categoria “factual”, em cerimônia transmitida pelas redes sociais diretamente de Cannes, na França. Para comemorar a conquista internacional, a diretora improvisou um tapete vermelho no sítio no interior de Minas Gerais onde está há duas semanas em quarentena. “Me arrumei, tomei champanhe e celebrei muito”, contou, por mensagem de WhatsApp, ao jornal O Globo. “Nosso Sangue, Nosso Corpo” reúne entrevistas de jovens entre 13 e 19 anos do Brasil, Argentina, Índia e África do Sul, falando sobre a menarca, primeiro fluxo menstrual. A diretora conta que sua personagem da África do Sul “não tinha dinheiro para comprar absorventes e, quando estava menstruada, faltava aula”, que a menina da Índia “era proibida de rezar com a família durante o período”, enquanto a argentina, única representante LGBTQIA+ da selação, “teve conflitos intensos com o próprio corpo, a ponto de desenvolver uma anorexia”, e a brasileira “escondeu o fato da família por quase um dia inteiro, envergonhada”. “Como mulher, foi muito importante dirigir um projeto que trata de um tema tão significativo e presente na rotina de corpos femininos de distintas gerações. Muito bom saber que trabalhos com assuntos tão pouco abordados estão sendo prestigiados. Isso é um sinal positivo e mostra que mudanças estão acontecendo na sociedade. Minha expectativa é que nós e as próximas gerações possam de verdade falar sobre o tema, que a menarca seja um momento conhecido e respeitado”, declarou. Especialista em trabalhos sobre o universo feminino, Mariana Cobra já filmou o curta “Remorsos” (2015), sobre violência de gênero, realizou o projeto fotográfico “Divinas”, que busca retratar a real beleza da mulher latino-americana, trabalhou na série “A Garota da Moto” e fez a websérie “Zodíaca”, com Mariana Ximenes, Fabiula Nascimento e Maria Flor, entre outras atrizes, interpretando seus respectivos signos. Seu próximo projeto será um longa sobre as pressões da maternidade. O Brasil também concorria ao Emmy Kids Internacional com a série teen “Malhação”, o reality “The Voice Kids”, ambos da Globo, e a animação “Irmão do Jorel”, do Cartoon Network, mas apenas o trabalho de Mariana Cobra, coproduzido pela Fox, foi premiado. Veja abaixo o belíssimo trailer de “Nosso Sangue, Nosso Corpo”.
Rick and Morty: Trailer revela data de estreia dos novos episódios
O Adult Swim divulgou o trailer dos novos episódios de “Rick and Morty”. Além das lutas com alienígenas típicas da série animada, a prévia anuncia a data de retorno da atração, que vai acontecer em 3 de maio nos EUA. Os novos episódios representam a segunda parte da 4ª temporada da animação. Os capítulos iniciais foram disponibilizados no Brasil pela Netflix em dezembro passado. Criada por Justin Roiland e Dan Harmon (criador também de “Community”), a série acompanha o cientista louco Rick e seu neto Morty em aventuras pelo tempo, espaço e outras dimensões, que acabam tendo grande impacto na realidade de sua família – e também na cultura pop. A temporada anterior venceu o Emmy de Melhor Série Animada dos Estados Unidos. Graças ao sucesso e reconhecimento da crítica, o Adult Swim encomendou 70 episódios novos da série em 2018, dos quais apenas 5 foram lançados até agora e os próximos 5 chegam em maio.
Globo de Ouro muda regras para incluir filmes não lançados nos cinemas na premiação
A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), que organiza a premiação do Globo de Ouro, anunciou nesta quinta (26/3) que as regras para sua cerimônia de 2021 serão mudadas em decorrência da pandemia do novo coronavírus. A determinação é que, para concorrer aos prêmios, os estúdios não precisarão lançar os longas primeiro nos cinemas, podendo liberá-los inicialmente em um “formato televisivo” (serviço de streaming, canal de TV aberta ou fechada, etc.) e, mesmo assim, competir nas categorias cinematográficas. Por enquanto, a nova regra tem valor “temporário”, aplicando-se apenas a lançamentos realizados no período em que os cinemas permanecerem fechados devido à pandemia. A Associação também revogou a regra que obrigava estúdios a promover exibições especiais de filmes para os seus (por volta de 90) membros. Em vez disso, os produtores poderão enviar DVDs ou links através dos quais os membros poderão assistir às obras candidatas à premiação. O Globo de Ouro de 2021 ainda não tem data definida, mas já definiu as comediantes Tina Fey e Amy Poehler como apresentadoras. Enquanto a HFPA tomou uma decisão rapidamente, os diretores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (responsável pelo Oscar) ainda estão deliberando sobre possíveis mudanças nas regras para 2021. A Academia, claro, é um entidade muito maior, com mais de 8 mil membros.
A Vida Invisível e Democracia em Vertigem são indicados ao Prêmio Platino
Mesmo com o cancelamento da cerimônia deste ano, o Prêmio Platino, premiação do cinema Ibero-Americano, manteve o anúncio de seus indicados a melhores artistas e filmes do ano passado, destacando produções espanholas. A 7ª edição da premiação valorizou “La Trinchera Infinita”, do trio Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga, como candidato ao maior número de prêmios, concorrendo em oito categorias. Ele é seguido por “Dor e Glória”, de Pedro Almodóvar, e “Mientras Dure la Guerra”, de Alejandro Amenábar, que disputam sete troféus. Dois longas de diretores brasileiros, “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, e “Monos”, de Alejandro Landes, que é radicado na Colômbia, disputam o prêmio de Melhor Filme com “La Trinchera Infinita” e “Dor e Glória”. A seleção nacional também inclui Carol Duarte, indicada ao prêmio de Melhor Atriz por “A Vida Invisível”, o longa “A Cidade dos Piratas”, de Otto Guerra, como Melhor Animação, e “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, como Melhor Documentário. De acordo com os organizadores da premiação, os indicados aforam escolhidos por um júri internacional composto por 12 personalidades da indústria audiovisual ibero-americana. Mas apesar da divulgação da lista, ainda não há previsão para a realização do evento. A cerimônia estava marcada para 3 de maio no Barceló Maya Convention Center, em Riviera Maya (México). Porém, na semana passada, a Entidade de Gestão dos Direitos dos Produtores Audiovisuais (Egeda) e a Federação Ibero-Americana de Produtores de Cinema e Audiovisual (Fipca), que organizam a premiação, anunciaram que ela não aconteceria neste ano. Os troféus só deverão ser entregues em 2021, devido à crise global desencadeada pela pandemia do novo coronavírus.
Spike Lee critica Trump por chamar coronavírus de “vírus chinês”
O diretor Spike Lee (“Infiltrado na Klan”) deu uma entrevista à revista Variety na condição de presidente do júri do Festival de Cannes, manifestando seu apoio à decisão dos organizadores de adiar o evento deste ano, que aconteceria em maio na França. Ele também aproveitou a oportunidade para manifestar seu descontentamento com a forma como o presidente dos EUA, Donald Trump, tem se referido à covid-19. “Eu queria que Trump parasse de dizer ‘o vírus chinês’. O presidente dos Estados Unidos precisa parar de chamar o coronavírus de ‘vírus chinês’. Ele está colocando os descendentes de asiáticos desse país em perigo. Será que não tem ninguém perto dele para dizer que ele não pode mais falar isso? Isso não ajuda nem um pouco”, disse o diretor. Ele também ressaltou as dificuldades que serão enfrentadas pelos trabalhadores, que precisam de resposta do governo. “Pessoas estão sendo dispensadas. Pessoas estão sendo demitidas. Pessoas não sabem de onde vai vir o dinheiro para pagar a próxima conta, como vão ver seus filhos. Quando as escolas fecharem, quem vai cuidar dos filhos deles? Isso é uma merda, uma loucura.” Spike Lee disse que iniciativas, como cancelamento de eventos, são inevitáveis diante do estado de calamidade mundial. “As coisas que nós amamos têm de ficar em segundo plano: filmes, TV, esportes, a NBA é um esporte mundial, o beisebol. Tantas coisas têm sido adiadas e eu concordo com essa decisão”. A mesma coisa vale para Cannes. “Não vamos esquecer que esse é o maior festival de cinema do mundo e eu serei o primeiro presidente negro do júri. Então veja, eu não posso fingir que sei o que vai acontecer amanhã. Todos têm de ajoelhar e rezar para que a gente saia dessa, que achemos uma vacina, que nos rearranjemos fisicamente, emocionalmente e financeiramente ao redor do mundo. Isso não é piada. Não é coisa de filme. As pessoas estão morrendo”, concluiu.
Cerimônia anual do Prêmio Platino é cancelada no México
O Prêmio Platino, mais importante evento anual de premiação de cinema e TV da Ibero-América, adiou indefinidamente sua 7ª edição, citando preocupações com a pandemia de coronavírus. Programado para 3 de maio, no México, a premiação também pretendia realizar um evento para o mercado, que tinha expectativa de reunir cerca de 300 produtores e 700 profissionais da indústria, com o objetivo de promover alianças e projetos na comunidade audiovisual ibero-americana. “Por respeito e solidariedade à nossa sociedade, e para apoiar e contribuir com as ações de prevenção e regulação da saúde recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os organizadores do Prêmio Platin, a Entidade de Gerenciamento de Direitos dos Produtores Audiovisuais da Espanha (EGEDA) e a Federação Ibero-Americana de Produtores de Cinema e Fotografia (FIPCA) anunciam que a 7ª edição dos prêmios foi adiada, sem nova data”, diz o comunicado oficial. No entanto, a votação online do público, com base nas indicações, foi mantida e os vencedores serão anunciados posteriormente.
Kids’ Choice Awards é adiado por conta do coronavírus
A premiação Kids’ Choice Awards, dedica às atrações e artistas favoritos do público infantil, foi adiada pelo canal pago Nickelodeon em meio à crise global do coronavírus. “O Kids ‘Choice Awards, programado para 22 de março de 2020, em Los Angeles, está sendo adiado em consideração à segurança e bem-estar de todas as pessoas envolvidas no programa, que é nossa principal prioridade. Teremos mais informações sobre uma nova data no futuro”, divulgou a Nickelodeon em comunicado. A premiação seria apresentada pelo rapper vencedor do Grammy, Chance the Rapper. A notícias segue o cancelamento ou adiamento de diversos eventos importantes dos EUA, incluindo os festivais SXSW e Coachella, a convenção E3, o campeonato de basquete da NBA e outros, devido à alta capacidade de contágio do vírus covid-19.
Diretor vencedor do Festival de Berlim é condenado à prisão no Irã
O Irã resolveu comemorar a vitória de “There Is No Evil” no Festival de Berlim, no fim de semana passado, de forma característica dos regimes autoritários. O diretor Mohammad Rasoulof, premiado com o Urso de Ouro, recebeu ordem de prisão. Rasoulof estava proibido de filmar e com mobilidade restrita. Tanto que não pôde viajar a Berlim para participar do festival. Na premiação, foi representado por sua filha, Baran Rasoulof, que atua em “There Is No Evil”. O Urso de Ouro não foi sua primeira consagração internacional. Em 2011, ele foi considerado o Melhor Diretor do Festival de Cannes pelo filme “Goodbye”. Mas esta vitória lhe rendeu uma condenação de prisão domiciliar e a proibição de filmar por 20 anos por fazer “propaganda anti-regime”. A nova sentença da justiça iraniana é mais dura, pois troca sua prisão domiciliar por pena na cadeia. Ele foi condenado a um ano de prisão em regime fechado, segundo informaram seus advogados à imprensa internacional. Rasoulof não se entregará às autoridades e recorrerá da ordem, especialmente devido ao atual surto de coronavírus no Irã, disseram os advogados. As autoridades já enviaram 54 mil presos para casa temporariamente, em uma tentativa de impedir que o vírus se espalhasse pelo sistema penal do país. Até o momento, não houve nenhuma notificação oficial da mídia estatal sobre a condenação de Rasoulof, nem nenhum comentário das autoridades judiciais do país. Considerado um dos maiores diretores iranianos da atualidade, Rasoulof é também um dos mais censurados. Ele jamais teve seus filmes exibidos em seu país.












