Jirí Menzel (1938 – 2020)

O cineasta tcheco Jirí Menzel, vencedor do Oscar e de vários festivais internacionais, morreu no sábado (5/9), aos 82 anos, após uma longa doença. A morte foi anunciada por sua esposa, Olga, […]

Divulgação/MediaPro Pictures

O cineasta tcheco Jirí Menzel, vencedor do Oscar e de vários festivais internacionais, morreu no sábado (5/9), aos 82 anos, após uma longa doença. A morte foi anunciada por sua esposa, Olga, que postou a notícia no Instagram e no Facebook na noite de domingo.

Ele conquistou o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira pela história agridoce da ocupação nazista de “Trens Estreitamente Vigiados” (1966), seu primeiro longa como diretor, após diversos curtas e papéis, como ator, em clássicos do cinema tcheco – entre eles, “O Acusado” e “Coragem para Todos os Dias” (ambos de 1964).

Menzel foi uma figura importante da new wave tcheca, ao lado de outros diretores que romperam fronteiras, como Milos Forman e Vera Chytilova, enfrentando o regime soviético com propostas estéticas e conteúdo ousados.

Seu filme seguinte, a comédia “Um Verão Caprichoso” (1968), venceu o Festival de Karlovy Vary, o mais importante festival de cinema do Leste Europeu, mas o terceiro, “Andorinhas por um Fio”(1969), foi banido pelo governo e só lançado em 1990, após a queda do regime comunista.

Passado no final dos anos 1940, “Andorinhas por um Fio” causou polêmica ao mostrar o tratamento dado a “elementos burgueses” suspeitos (artistas e professores), que eram forçados a trabalhar num ferro-velho como reabilitação. Ao finalmente ser exibido para o público e a crítica, 21 após sua filmagem original, venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim.

O filme era uma adaptação de um livro do romancista tcheco Bohumil Hrabal, também autor do livro em que “Trens Estreitamente Vigiados” tinha se baseado, e que ganhou uma terceira adaptação do diretor, “Shortcuts” (1981), agraciada com um prêmio especial do Festival de Veneza.

O cineasta era seguidamente premiado por sua capacidade de filmar interpretações irônicas da vida e satirizar figuras de autoridade.

Não por acaso, ainda voltou a ser indicado ao Oscar pela comédia de humor negro “My Sweet Little Village” (1985), foi premiado como Melhor Diretor no Festival de Montreal por “The End of Old Times” (1989) e ganhou consagração nacional por seu penúltimo filme, “I Served the King of England” (2006), que após láureas nos festivais de Berlim, Sofia e outros, venceu quatro Leões Tchecos (o Oscar da República Tcheca), incluindo Melhor Filme e Diretor.

Ao fim da vida, também ganhou o Leão Tcheco por sua contribuição artística, foi homenageado pela carreira em Karlovy Vary, recebeu a Medalha de Mérito, a Ordem Francesa das Artes e Literatura e vários outros prêmios internacionais.

O último filme que dirigiu, “Don Juans”, foi exibido em 2013, mas ele continuou ligado ao cinema até 2018, quando interpretou um papel em “O Intérprete” (2018). Em meio as filmagens, adoeceu, precisou sofrer uma cirurgia no cérebro e nunca mais se recuperou.

Além de dirigir clássicos indiscutíveis do cinema europeu, Jirí Menzel desempenhou cerca de 80 papéis no cinema e na televisão e, ao contrário de muitos compatriotas que foram para o exílio após a Primavera de Praga, manteve sua carreira baseada em seu país natal até o fim.