Oscar 2021 será evento presencial com indicados e apresentadores
Após revelar os indicados ao Oscar 2021, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou os primeiros detalhes da cerimônia de premiação. Em um comunicado dirigido aos membros da Academia, obtido pela imprensa americana, a entidade demonstrou que o evento deve refletir uma tendência já vista neste fim de semana no Grammy, com uma participação presencial limitada, restrita aos indicados, seus “plus one” e aos apresentadores das categorias – que ainda não foram anunciados. O presidente da Academia, Dan Ruby, confirmou também o cancelamento de todos os eventos pré-Oscar, como o almoço dos indicados e o coquetel em homenagem aos filmes internacionais. Confira o comunicado completo abaixo. “Caros membros da Academia, me junto a vocês para parabenizar todos os indicados ao Oscar. Agora estamos a menos de dois meses de uma cerimônia do Oscar nos icônicos monumentos de Los Angeles Union Station e Dolby Theater. Uma cerimônia que com certeza será única e memorável. Embora tenhamos acreditado que a pandemia estaria no nosso retrovisor em abril, a saúde e a segurança dos nossos caros membros e indicados é nossa prioridade, então precisamos tomar algumas decisões em relação aos nossos aguardados eventos de semana do Oscar. Este ano, irão pessoalmente ao evento os indicados, seus convidados e os apresentadores – junto a um público de milhões de pessoas do mundo todo. Por isso, não poderemos realizar nosso sorteio de ingressos para membros. Também não teremos nenhum evento presencial, incluindo exibição dos filmes, o almoço dos indicados e outros eventos da nossa adorada semana do Oscar, como o coquetel de recepção aos filmes internacionais e a programação dos indicados a melhor curta, melhor documentário, melhor filme animado, melhor longa internacional e melhor cabelo e maquiagem. Também não sediaremos nosso baile pós-Oscar, ou as watch parties em Londres e Nova York. Em um ano cheio de incertezas, uma coisa é certa: convocamos o trio ideal de produtores – Jesse Collins, Stacey Sher e Steven Soderbergh – para criar um Oscar único para homenagear os filmes extraordinários, performances memoráveis e façanhas cinematográficas do ano passado. Agradecemos seu apoio e estamos animados para uma grande cerimônia no dia 25 de abril”
Diretor celebra indicação ao Oscar de Vanessa Kirby com foto de Missão: Impossível 7
O diretor Christopher McQuarrie celebrou a indicação de Vanessa Kirby ao Oscar 2021, por sua performance em “Pieces of a Woman”, com a divulgação de uma imagem inédita da atriz nos bastidores de “Missão: Impossível 7”. “Vanessa, os mais sinceros parabéns da sua família de ‘Missão’ por sua merecida indicação”, escreveu o cineasta como legenda da foto. A atriz entrou na franquia no filme passado, “Missão Impossível: Efeito Fallout”, e vai repetir seu papel como a vilã “Viúva Branca” na continuação. Além dela, também retornam Tom Cruise, Rebecca Ferguson, Simon Pegg, Angela Bassett, Ving Rhames e até Henry Czerny, sumido desde o primeiro filme de 1996. A produção ainda acrescentou ao elenco os atores Hayley Atwell (“Agent Carter”), Pom Klementieff (“Guardiões da Galáxia Vol. 2”), Shea Whigham (“Agent Carter”), Esai Morales (“Titãs”), Cary Elwes (“Jogos Mortais”), Indira Varma (“Game of Thrones”), Rob Delaney (“Catastrophe”), Charles Parnell (“The Last Ship”) e Mark Gatiss (“Sherlock”). Ainda sem título oficial, “Missão: Impossível 7” tem previsão de lançamento para 19 de novembro de 2021 e deve concluir sua pós-produção a tempo – uma façanha notável, considerando os desafios que enfrentou, com várias paralisações por contaminação de covid-19 e acidente de dublês. O filme será seguido por uma continuação já agendada: “Missão: Impossível 8”, com lançamento marcado para 4 de novembro de 2022. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Christopher McQuarrie (@christophermcquarrie)
Glenn Close vai disputar prêmios de Melhor e Pior Atriz Coadjuvante do ano
Com a revelação da lista de indicados ao Oscar 2021, Glenn Close entrou para um seleto grupo de atores indicados simultaneamente aos prêmios de melhor e pior interpretação do ano pelo mesmo papel. Glenn Close disputa o Oscar e o Framboesa de Ouro como Melhor e Pior Atriz Coadjuvante por “Era Uma Vez um Sonho”. Trata-se da oitava indicação da estrela, que nunca levou a estatueta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Além de Atriz Coadjuvante, “Era Uma Vez um Sonho” disputa um Oscar de Melhor Maquiagem. Já no Framboesa de Ouro, o filme também emplacou nas categorias de Pior Direção, com Ron Howard, e Pior Roteiro, com Vanessa Taylor. Anteriormente, apenas dois outros atores receberam as indicações simultâneas de sinais trocados. Ambos nos anos 1980. James Coco foi o pioneiro em 1982, com “O Doce Sabor de um Sorriso”, e Amy Irving ficou no fogo cruzado em 1984 por “Yentl”, musical dirigido por Barbra Streisand. Nenhum deles foi premiado. Vale lembrar que Sandra Bullock passou por situação similar, mas não exatamente igual em 2010, quando foi duplamente consagrada. Um dia antes de receber o Oscar por “Um Sonho Possível”, ela demonstrou bom humor ao comparecer ao Framboesa de Ouro para receber pessoalmente o troféu de Pior Atriz por “Maluca Paixão”.
Com streaming e diversidade, Oscar 2021 é o mais diferente de todos
A relação de indicados ao Oscar 2021 é um retrato da situação do mercado cinematográfico atual, impactado pela pandemia de coronavírus, em que faltam blockbusters e cada vez mais filmes são lançados diretamente em streaming. O título com mais indicações, “Mank”, é da Netflix. E dos oito que disputam a categoria principal, apenas um foi produzido por um grande estúdio tradicional, “Judas e o Messias Negro”, da Warner. A retração causada pela covid-19 sepultou todos os argumentos contra o streaming, que tinha um detrator declarado em Steven Spielberg. O famoso cineasta chegou a esboçar um movimento para barrar produções do gênero no Oscar. Mas a natureza agiu de forma inesperada, mudando o destino da humanidade e da Academia. A pandemia também precipitou um grande aumento na compra de Smart TVs de tamanho família, diminuindo as diferenças entre as telas grandes do cinema e as da sala de estar. A questão de se o Oscar estaria pronto para aceitar o streaming foi superada com as 35 indicações conquistadas pela Netflix, um total não visto desde a “era de ouro” da Miramax de Harvey Weinstein, que acumulou 40 em 2003. Além disso, só o streaming tem apostado no mais cinematográfico de todos os formatos: o filme em preto e branco. Após produzir dessa forma o premiado “Roma”, de Alfonso Cuarón, a Netflix emplacou “Mank”, de David Fincher, na disputa de Melhor Filme. Antes da Netflix, o último filme em preto e branco a disputar – e vencer – o Oscar foi “O Artista” em 2012, uma produção francesa. O último longa americano tinha sido “A Lista de Schindler” em 1994 – dirigido adivinhe por quem? – , de Steven Spielberg. A falta de blockbusters também resgatou a participação do cinema independente na premiação da Academia. Desde a consagração de “Moonlight”, em 2017, os indicados vinham privilegiando produções de distribuição ampla e grandes bilheterias. A vitória de “Parasita”, no ano passado, foi notável não apenas por destacar um filme estrangeiro, mas por destoar do sucesso comercial de todos os demais concorrentes, a começar pelo longa com mais indicações, “Coringa” (US$ 1 bilhão nas bilheterias). A guinada pós-“Moonlight” se deu por pressão da rede ABC, que exibe o Oscar na TV americana, em reação à queda da audiência da cerimônia. Por conta disso, a Academia chegou até a cogitar, brevemente, a inclusão de uma categoria de Oscar de Filme Popular, mas abandonou as discussões após o tema se provar controverso entre seus membros. Com a relação dos indicados em 2021, a ABC pode precisar fazer grande esforço de marketing para impedir um recorde negativo. Mas se a audiência tende a ser baixa com filmes pouco vistos (pois o público só torce pelo que conhece), o streaming também pode ser um fator para mudar as expectativas. Com muitos candidatos disponíveis na Netflix, Amazon, Disney Plus e em VOD, qualquer um pode fazer um “festival” com os indicados no conforto do lar. O fato de o streaming e o cinema indie voltarem a ser temas principais das discussões acerta do Oscar ainda demonstra como a premiação se distanciou das críticas do #OscarSoWhite. Os questionamentos raciais ficaram para outros prêmios, enquanto a Academia avança cada vez mais em sua política de inclusão. O Oscar 2021 marca muitos avanços. Pela primeira vez, um longa com uma equipe de produtores totalmente negra, “Judas e o Messias Negro”, está sendo recebida na competição de Melhor Filme. Pela primeira vez, um intérprete de descendência asiática, Steven Yeun (“Minari”), vai concorrer ao prêmio de Melhor Ator. E pela primeira vez duas mulheres, Chloé Zhao (“Nomadland”) e Emerald Fennell (“Bela Vingança”), disputarão o Oscar de Melhor Direção – prêmio até hoje vencido apenas por uma cineasta, Kathryn Bigelow por “Guerra ao Terror” em 2010. Chloé Zhao, a diretora de “Nomadland”, ainda entrou na lista seleta de cineastas com quatro indicações individuais num único ano – número inferior apenas à façanha do fenômeno Walt Disney, indicado seis vezes em 1954. Para aumentar a representatividade, Chloé Zhao é chinesa. E pelo segundo ano consecutivo (depois de “Parasita” no ano passado), um filme com um elenco central composto por atores de ascendência coreana, “Minari”, vai disputar a categoria principal. De fato, o impulso por maior diversidade não se limitou a raça, gênero e até idade, seguindo ainda a inclinação recente da Academia para se tornar um órgão mais internacional. Isto pode ser visto na inclusão do grande cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg na disputa de Melhor Direção por “Druk – Mais uma Rodada” (que também foi nomeado como Melhor Filme Internacional), no lugar de nomes como Aaron Sorkin, por “Os Sete de Chicago”, ou Regina King, por “Uma Noite em Miami”. Neste contexto, vale reparar que “Colectiv”, de Alexander Nanau, vencedor da Competição Internacional do É Tudo Verdade 2020, tornou-se não só o primeiro longa romeno a disputar o prêmio de Melhor Filme Internacional, mas também o segundo título já nomeado simultaneamente para esta categoria e Melhor Documentário, depois do turco-macedônio “Honeyland” no ano passado. Entre os intérpretes, o falecido Chadwick Boseman é favoritíssimo a vencer um Oscar póstumo de Melhor Ator por seu desempenho no último papel de sua carreira, em “A Voz Suprema do Blues”. O fato dele levar vantagem numa categoria que ainda inclui Riz Ahmed (“O Som do Silêncio”) e Steven Yeun (“Minari”), além de reconhecer os veteranos Anthony Hopkins (“Meu Pai”) e Gary Oldman (“Mank”), serve de resumo para o tamanho da inclusão e diversidade atingidos pelos Oscar 2021. Também chamou atenção a seleção de Daniel Kaluuya e LaKeith Stanfield na disputa de Coadjuvante, uma vez que ambos atuam no mesmo filme, “Judas e o Messias Negro”. O ponto mais polêmico da relação, por sinal, ficou nas categorias de interpretação, em que Glenn Close emplacou uma indicação após ser ridicularizada com sua inclusão no Framboesa de Ouro de Pior Atriz Coadjuvante do ano. Seu filme, “Era uma Vez um Sonho”, também é considerado um dos piores de 2020. Mas ela é uma das grandes atrizes que nunca venceu o Oscar… Seja qual for o resultado da premiação, em 25 de abril, o Oscar 2021 já é diferente de todos os que o antecederam.
Conheça os indicados ao Oscar 2021
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA revelou nesta segunda (15/3) a lista dos indicados ao Oscar 2021, a maior premiação do cinema americano. O filme “Mank”, de David Fincher, lançado pela Netflix, foi o mais nomeado com um total de 10 indicações, seguido por nada menos que seis filmes empatados com seis indicações cada um: “Nomadland”, “Judas e o Messias Negro”, “Bela Vingança”, “O Som do Silêncio”, “Meu Pai” e “Os 7 de Chicago”. Além destes citados, a disputa do Melhor Filme também inclui “Minari”. Pela primeira vez, a categoria de Melhor Direção destaca duas mulheres na disputa: Chloé Zhao (“Nomadland”) e Emerald Fennell (“Bela Vingança”) concorrem à estatueta. A lista também destaca a inclusão Chadwick Boseman, que disputa o Oscar de Melhor Ator com uma indicação póstuma por “A Voz Suprema do Blues”. Conhecido pelo papel-título de “Pantera Negra”, o ator morreu no ano passado, aos 43 anos, após batalha contra o câncer. Outra curiosidade é que este ano a relação de indicados é menor. As categorias de Mixagem e Edição de Som foram mescladas e agora os profissionais da área disputam apenas o Melhor Som. Normalmente realizado em fevereiro ou março, o Oscar vai acontecer este ano no dia 25 de abril, com transmissão ao vivo no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira abaixo a lista completa dos indicados ao Oscar 2021. Melhor Filme “Meu Pai” “Judas e o Messias Negro” “Mank” “Minari” “Nomadland” “Bela Vingança” “O Som do Silêncio” “Os 7 de Chicago” Melhor Direção Thomas Vinterberg, por “Druk – Mais uma Rodada” David Fincher, por “Mank” Lee Isaac Chung, por “Minari” Chloé Zhao, por “Nomadland” Emerald Fennell, por “Bela Vingança” Melhor Ator Riz Ahmed, por “O Som do Silêncio” Chadwick Boseman, por “A Voz Suprema do Blues” Anthony Hopkins, por “Meu Pai” Gary Oldman, por “Mank” Steven Yeun, por “Minari” Melhor Atriz Viola Davis, por “A Voz Suprema do Blues” Andra Day, por “Os Estados Unidos vs. Billie Holiday” Vanessa Kirby, por “Pieces of a Woman” Frances McDormand, por “Nomadland” Carey Mulligan, por “Bela Vingança” Melhor Ator Coadjuvante Sacha Baron Cohen, por “Os 7 de Chicago” Daniel Kaluuya, por “Judas e o Messias Negro” Leslie Odom Jr., por “Uma Noite em Miami” Paul Raci, por “O Som do Silêncio” LaKeith Stanfield, por “Judas e o Messias Negro” Melhor Atriz Coadjuvante Maria Bakalova, por “Borat: Fita de Cinema Seguinte” Glenn Close, por “Era Uma Vez um Sonho” Olivia Colman, por “Meu Pai” Amanda Seyfried, por “Mank” Yuh-jung Youn, por “Minari” Melhor Roteiro Original Will Berson & Chaka King, por “Judas e o Messias Negro” Lee Isaac Chung, por “Minari” Emerald Fennell, por “Bela Vingança” Darius Marder & Abraham Marder, por “O Som do Silêncio” Aaron Sorkin, por “Os 7 de Chicago” Melhor Roteiro Adaptado Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Baynham, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman & Lee Kern, por “Borat: Fita de Cinema Seguinte” Christopher Hampton & Florian Zeller, por “Meu Pai” Chloé Zhao, por “Nomadland” Kemp Powers, por “Uma Noite em Miami” Ramin Bahrani, por “O Tigre Branco” Melhor Fotografia Sean Bobbitt, por “Judas e o Messias Negro” Erik Messerschmidt, por “Mank” Dariusz Wolski, por “Relatos do Mundo” Joshua James Richards, por “Nomadland” Phedon Papamichael, por “Os 7 de Chicago” Melhor Figurino Alexandra Byrne, por “Emma.” Ann Roth, por “A Voz Suprema do Blues” Trish Summerville, por “Mank” Bina Daigeler, por “Mulan” Massimo Cantini Parrini, por “Pinóquio” Melhor Trilha Sonora Terence Blanchard, por “Destacamento Blood” Trent Reznor & Atticus Ross, por “Mank” Emile Mosseri, por “Minari” James Newton Howard, por “Relatos do Mundo” Jon Batiste, Trent Reznor & Atticus Ross, por “Soul” Melhor Canção Original “Fight for You” – H.E.R. (“Judas e o Messias Negro”) “Hear My Voice” – Celeste (“Os 7 de Chicago”) “Husavik” – Fire Saga (“Festival Eurovision da Canção”) “Io Si (Seen)” – Laura Pausini (“Rosa & Momo”) “Speak Now” – Leslie Odom Jr. (“Uma Noite em Miami”) Melhor Design de Produção Peter Francis, por “Meu Pai” Mark Ricker, por “A Voz Suprema do Blues” Donald Graham Burt, por “Mank” David Crank, por “Relatos do Mundo” Nathan Crowley, por “Tenet” Melhor Edição Yorgos Lamprinos, por “Meu Pai” Chloé Zhao, por “Nomadland” Frédéric Thoraval, por “Bela Vingança” Mikkel E.G. Nielsen, por “O Som do Silêncio” Alan Baumgarten, por “Os 7 de Chicago” Melhores Efeitos Visuais “Love and Monsters” “O Céu da Meia-Noite” “Mulan” “O Grande Ivan” “Tenet” Melhor Cabelo & Maquiagem “Emma.” “Era uma Vez um Sonho” “A Voz Suprema do Blues” “Mank” “Pinóquio” Melhor Som “Greyhound” “Mank” “Relatos do Mundo” “Soul” “O Som do Silêncio” Melhor Documentário “Collective” “Crip Camp: Revolução Pela Inclusão” “The Mole Agent” “My Octopus Teacher” “Time” Melhor Filme Internacional “Druk – Mais uma Rodada” (Dinamarca) “Better Days” (Hong Kong) “Collective” (Romênia) “O Homem que Vendeu sua Pele” (Tunísia) “Quo Vadis, Aida?” (Bósnia) Melhor Animação “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” “Over the Moon” “Shaun, o Carneiro: O Filme – A Fazenda Contra-Ataca” “Soul” “Wolfwalkers” Melhor Dcumentário em Curta-metragem “Colette” “A Concerto is a Conversation” “Do Not Split” “Hunger Ward” “A Love Song for Latasha” Melhor Curta-metragem de Animação “Burrow” “Genius Loci” “Se Algo Acontecer… Te Amo” “Opera” “Yes-People” Melhor Curta-metragem “Feeling Through” “The Letter Room” “The Present” “Two Distant Strangers” “White Eye”
Elle Fanning viverá Ali MacGraw em filme sobre bastidores de O Poderoso Chefão
A atriz Elle Fanning (“Malévola”) entrou no filme “Francis and The Godfather”, longa-metragem sobre os bastidores da produção de “O Poderoso Chefão” (1972). Ela vai interpretar a atriz Ali MacGraw, estrela dos blockbusters “Love Story” (1970) e “Comboio” (1978), que foi casada com o produtor Robert Evans, ex-chefe da Paramount. Fanning se junta a um elenco grandioso. Anteriormente, Jake Gyllenhaal (“Homem-Aranha: Longe de Casa”) foi confirmado como o intérprete de Evans, Oscar Isaac (“Star Wars: A Ascensão Skywalker”) como Francis Ford Coppola e Elisabeth Moss (“O Homem-Invisível”) no papel de sua esposa, Eleanor Coppola. O filme tem direção do veterano Barry Levinson (“Rainman”) e é baseado no roteiro do estreante Andrew Farotte, que se destacou na Lista Negra (os melhores roteiros não filmados de Hollywood) e foi reescrito com Levinson. O longa vai contar as batalhas entre Coppola, que tinha 31 anos na época, e Evans, que brigaram pela escalação de Marlon Brando, que não fazia sucesso há anos, e pelo pouco conhecido Al Pacino no papel principal. “Em meio à loucura da produção, e contra todas as probabilidades, um filme clássico aconteceu”, resumiu Levinson, em comunicado sobre o projeto. Coppola, por sua vez, comentou a produção de forma mais modesta. “Qualquer filme que Barry Levinson fizer sobre qualquer coisa, será interessante e vale a pena!” Quando o projeto foi originalmente anunciado há quatro anos, havia menção de produção da HBO, mas os últimos comunicados afirmam que a Endeavour Content e a FilmNation ainda negociam os direitos de exibição mundial. Além deste projeto, a plataforma Paramount+ também desenvolve uma série sobre os bastidores de “O Poderoso Chefão”. Intitulada “The Offer”, a produção seriada narra a realização do filme de 1972 através dos olhos de seu produtor, Al Ruddy, que se empenhou para tirar o projeto do papel ao lado do diretor Francis Ford Coppola. O projeto perdeu recentemente seu ator principal. Ruddy seria interpretado por Armie Hammer, que se afastou da produção em meio à polêmica sobre mensagens de conteúdo violento que supostamente enviou a várias mulheres nas redes sociais.
Eleitores do Oscar se recusam a ver “Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre”
Em 2005, o Oscar elegeu o fraquíssimo “Crash” como Melhor Filme, porque muitos eleitores se recusaram a assistir o principal candidato, “O Segredo de Brokeback Mountain”, por ser um romance gay. A história volta se repetir em 2021, com muitos votantes se recusando a assistir “Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre”, por retratar o aborto adolescente. A diretora do filme, Eliza Hittman, conseguiu acesso a um email de um dos eleitores da Academia, enviado a uma relações públicas, onde fica claro que “não vi e não gostei” ainda vigora forte entre os autodenominados cristãos que votam no Oscar. Ela postou a carta em seu Instagram, identificando o autor como o cineasta Kieth Merrill, vencedor de um Oscar em 1973 pelo documentário “The Great American Cowboy” e indicado em 1997 pelo curta “Amazon”. “Recebi o filme, mas como cristão, pai de 8 filhos, avô de 39 netos e ativista pró-vida, eu tenho ZERO interesse em assistir a uma mulher cruzando fronteiras para alguém assassinar seu filho”, diz o texto. “75 milhões de nós enxergamos o aborto como a atrocidade que é. Não tem nada heroico sobre uma mãe se esforçando tanto para matar seu filho. Pense nisso!” Apesar desta atitude, Hittman acrescentou: “Recebi este e-mail ontem à noite e foi um lembrete duro de que a Academia ainda é infelizmente monopolizada por uma guarda velha, branca e puritana. Me pergunto quantos outros jurados não vão assistir ao filme”. Depois, a diretora deletou a postagem. Em comunicado enviado à revista Variety, a Academia lembrou que os membros não precisam assistir a todos os pré-selecionados para votarem no Melhor Filme. A carta de Merrill também ajuda a explicar porque o impactante drama romeno “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias”, de Cristian Mungiu, não foi indicado ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira em 2008, após vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes. “Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre” ganhou o Grande Prêmio do Festival de Berlim e está indicado em sete categorias do Film Independent Spirit Awards (o Oscar indie). O filme já está disponível para locação digital no Brasil.
Jean-Claude Carrière (1931 – 2021)
O roteirista e intelectual francês Jean-Claude Carrière, de “A Bela da Tarde”, “A Insustentável Leveza do Ser”, “Danton” e “Esse Obscuro Objeto do Desejo”, morreu na segunda-feira (8/2), aos 89 anos, de causas naturais em sua casa em Paris. Carriere teve uma carreira de mais de meio século como escritor, roteirista, ator e diretor, e recebeu uma série de prêmios e reconhecimentos ao longo da vida. As incursões cinematográficas começaram depois de publicar seu primeiro romance em 1957 e conhecer Pierre Etaix (“Rir é o Melhor Remédio”), com quem colaborou em vários projetos, incluindo “Feliz Aniversário” (1962), vencedor do Oscar de Melhor Curta, que os dois escreveram e dirigiram juntos, e os longas “O Pretendente” (1962), “Yoyo” (1965), “Rir é o Melhor Remédio” (1966) e “Esse Louco, Louco Amor” (1969). Entre seus colaboradores frequentes também se destacou o cineasta mexicano-espanhol Luis Buñuel. Carriere e o mestre do surrealismo cinematográfico começaram a relação artística com a adaptação de “O Diário de uma Camareira” (1964), na qual o escritor também estreou como ator, e a parceria se estendeu até o último filme do diretor. Juntos, eles criaram vários clássicos, inclusive o célebre “A Bela da Tarde” (1967), com Catherine Deneuve, “Via Lactea” (1969), “O Fantasma da Liberdade” (1974) e as obras que lhes renderam duas indicações ao Oscar, “O Discreto Charme da Burguesia” (1972) e “Esse Obscuro Objeto do Desejo” (1977). Com mais de uma centena de roteiros escritos, entre textos originais e adaptações, Carriere teve muitos outros parceiros famosos. Na verdade, sua filmografia é quase um compêndio do cinema europeu, repleto de títulos icônicos como “Viva Maria!” e “O Ladrão Aventureiro” (1967), ambos dirigidos por Louis Malle, “A Piscina” (1969) e “Borsalino” (1970), de Jacques Deray, “Procura Insaciável” (1971) e “Valmont – Uma História de Seduções” (1989), de Milos Forman, “Liza” (1972), de Marco Ferreri, “O Tambor” (1979) e “O Ocaso de um Povo” (1981), de Volker Schlöndorff, “Salve-se Quem Puder (A Vida)” (1980) e “Paixão” (1982), de Jean-Luc Godard, “O Retorno de Martin Guerre” (1982), de Daniel Vigne, “Danton – O Processo da Revolução” (1983), de Andrzej Wajda, “A Insustentável Leveza do Ser” (1988), de Philip Kaufman, e muitos outros. Ele também trabalhou com o mestre japonês Nagisa Ôshima, em “Max, Meu Amor” (1986), e com nosso argentino-brasileiro Hector Babenco, em “Brincando nos Campos do Senhor” (1991). Sem parar de escrever, Carriere seguiu produzindo roteiros até a morte. Entre os filmes mais recentes que projetaram suas páginas nas telas estão “À Sombra de Duas Mulheres” (2015), “Amante por um Dia” (2017) e “Le Sel des Larmes” (2020), todos de Philippe Garrel, “Um Mergulho no Passado” (2015), de Luca Guadagnino, “No Portal da Eternidade” (2018), de Julian Schnabel, e “Um Homem Fiel” (2018), de Louis (filho de Philippe) Garrel. Além disso, ele deixou três textos inéditos, atualmente em produção, um deles também dirigido pelo Garrel mais jovem (“La Croisade”). Bibliófilo, apaixonado por desenhos, astrofísica, vinhos, praticante de Tai-Chi-Chuan (arte marcial), disseminador do budismo e amigo do Dalai Lama, Carriere fez mais em sua vida que a maioria das pessoas do mundo, incluindo escrever cerca de 80 livros (entre contos, ensaios, traduções, ficção, roteiros e entrevistas) e várias peças de teatro. No cinema, ainda atuou em mais de 30 filmes e dirigiu quatro curtas, entre eles “La Pince à Ongles” (1969), que foi premiado no Festival de Cannes. Em 2015, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA lhe homenageou com um Oscar honorário por todas as suas realizações.
Giuseppe Rotunno (1923 – 2021)
Giuseppe Rotunno, o diretor de fotografia que deu imagens para alguns dos filmes mais importantes de Luchino Visconti e os mais delirantes de Federico Fellini, morreu em sua casa em Roma, no domingo (7/2), aos 97 anos. Rottuno começou sua carreira como fotógrafo antes de ser convocado a servir como cinegrafista no exército italiano. Ele virou operador de câmera durante a 2ª Guerra Mundial, estreando no cinema num filme do mestre do neorealismo Roberto Rossellini, “O Homem da Cruz”, em 1943. Ele também operou a câmera dos clássicos “Umberto D.” (1952), de Vittorio de Sica, e “Sedução da Carne” (1954), de Luchino Visconti, antes de estrear como diretor de fotografia na comédia de Dino Risi “Pão, Amor e…” (1955), estrelada por Sophia Loren. A carreira de cinegrafista o levou a novas parcerias com Visconti, em “Noites Brancas” (1957), nas antologias “Boccaccio ’70” (1962) e “As Bruxas” (1967) e nos célebres “Rocco e Seus Irmãos” (1960), “O Leopardo” (1963) e “O Estrangeiro” (1967). Filmou ainda os clássicos “A Grande Guerra” (1959) e “Os Companheiros” (1963), de Mario Monicelli, “Ontem, Hoje e Amanhã” (1963) e “Os Girassóis da Rússia” (1970), de Vittorio de Sica, e “Amor e Anarquia” (1973) e “Dois Perdidos numa Noite de Chuva (1978), de Lina Wertmüller, entre dezenas de outros filmes obrigatórios do cinema italiano. A força de suas imagens lhe abriu as portas em Hollywood, com trabalhos em “A Maja Desnuda” (1958), de Henry Koster, “A Hora Final” (1959), de Stanley Kramer, “Candy” (1968), de Christian Marquand, “Ânsia de Amar” (1971), de Mike Nichols, e “O Homem de la Mancha” (1972), de Arthur Hiller, o que fez com que se tornasse o primeiro membro estrangeiro admitido na American Society of Cinematographers (ASC), o Sindicato dos Diretores de Fotografia dos EUA. A ligação indissolúvel com o cinema de Fellini começou em 1969 com o filme que transformou o nome do diretor em adjetivo, “Satyricon” (1969), marco da estética “felliniana”. Foram sete parcerias ao todo, abrangendo ainda “Roma” (1972), “Amarcord” (1973), “Casanova” (1976), “Ensaio de Orquestra” (1978), “Cidade das Mulheres” (1980) e “E La Nave Va” (1983), que lhe rendeu o prêmio David di Donatello (o Oscar italiano). Em 1979, ele filmou “O Show Deve Continuar”, musical de Bob Fosse que venceu a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado a nove Oscars, incluindo Melhor Fotografia. Foi o único reconhecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA ao seu trabalho. Hollywood bateu em peso em sua porta e ele passou os anos seguintes, até meados dos 1990, trabalhando com cineastas como Alan J. Pakula, Fred Zinnemann, Richard Fleischer, Robert Altman, Mike Nichols, Sydney Pollack e Terry Gilliam. Entre suas obras americanas mais famosas incluem-se a adaptação de “Popeye” (1980), de Altman, e a fantasia “As Aventuras do Barão de Munchausen”, de Gilliam. Ao final da carreira, ele voltou para a Itália, onde fotografou seu primeiro terror italiano, “Síndrome Mortal” (1996), de Dario Argento, encerrando a carreira em 1997 com um documentário sobre o amigo que muitas vezes filmou, Marcello Mastroianni. Mesmo após deixar os sets, ele continuou envolvido com as câmeras de cinema, ao ministrar um curso de Direção de Fotografia na Escola Nacional de Cinema da Itália.
Robert C. Jones (1936 – 2021)
O editor e roteirista Robert C. Jones, vencedor do Oscar pela história de “Amargo Regresso” (1978), morreu na segunda-feira (1/2) em sua casa após uma longa doença, aos 84 anos. Ele começou a carreira durante o período em que serviu como recruta no Exército dos EUA, trabalhando de 1958 a 1960 como editor de filmes de treinamentos e documentários militares no Centro de Cinema do Exército (Army Pictorial Center). Ao voltar à vida civil, a experiência lhe rendeu emprego com o editor veterano Gene Fowler Jr. Os dois trabalharam juntos em 1963 nas montagens do drama “Minha Esperança é Você”, de John Cassavetes, e da comédia ambiciosa “Deu a Louca no Mundo”, de Stanley Kramer. E acabaram indicados ao Oscar pelo segundo filme. Um ano depois, Jones montou sozinho seu primeiro longa-metragem: o western “Convite a Um Pistoleiro” (1964), estrelado por Yul Brynner. E logo se tornou bastante requisitado. Quem trabalhava com ele, sempre queria reprisar a parceria. O primeiro desses grandes parceiros foi o próprio Stanley Kramer, com quem Jones trabalhou em mais dois filmes importantes, o drama “A Nau dos Insensatos” (1965) e a comédia “Adivinhe Quem vem para Jantar” (1967). Ele voltou a concorrer ao Oscar de Melhor Edição pelo lançamento de 1967. Depois foi a vez de Arthur Hiller, para quem editou nada menos que sete filmes, entre eles a aventura de guerra “Tubruk” (1967), o fenômeno “Love Story: Uma História de Amor” (1970) e a comédia “Cegos, Surdos e Loucos” (1989). Hal Ashby tornou-se cativado por seus talentos editoriais a partir de “A Última Missão” (1973), estrelado por Jack Nicholson, e repetiu a dose mais quatro vezes, incluindo na comédia “Shampoo” (1975), com Warren Beatty, e no drama “Esta Terra é Minha Terra” (1976), que rendeu a terceira indicação de Jones ao prêmio da Academia. Não por acaso, quando Warren Beatty resolveu ir para trás das câmeras, soube exatamente quem chamar para montar seu filmes. Jones editou a estreia do astro na direção, “O Céu pode Esperar”, e também um trabalho mais recente do ator-diretor, “Politicamente Incorreto” (1998). Apesar dessa vasta experiência, ele nunca venceu o Oscar por sua função principal. Entretanto, foi premiado ao estrear em nova atividade, como roteirista de “Amargo Regresso” (1978), dirigido pelo velho amigo Hal Ashby. Jones se inspirou em sua experiência no Exército para ajudar a contar a história de um soldado que volta inválido da guerra do Vietnã, envolvendo-se num triângulo amoroso com a esposa de um militar distante. O filme estrelado por Jane Fonda e Jon Voight venceu três Oscars em 1979. Fonda ganhou como Melhor Atriz, Voight como Melhor Ator e Jones dividiu o prêmio de Melhor Roteiro Original com Nancy Dowd e Waldo Salt. Depois desta consagração, ele voltou a editar filmes, incluindo “Dias de Trovão” (1990), com Tom Cruise e Nicole Kidman, até se aposentar com “Amor a Toda Prova” (2002), de P.J. Hogan. Mesmo distante dos estúdios, Jones continuou ligado ao cinema, como professor na Escola de Artes Cinematográficas (SCA) da Universidade do Sul da Califórnia (USC), onde ensinou edição para uma nova geração de Hollywood.
Christopher Plummer (1929 – 2021)
O ator Christopher Plummer, intérprete de papéis icônicos desde “A Noviça Rebelde” nos anos 1960 ao recente “Entre Facas e Segredos”, morreu nesta sexta (5/2) de causas naturais e cercado pela família aos 91 anos. Natural de Toronto e bisneto do ex-primeiro-ministro canadense John Abbott, Plummer começou sua trajetória pelos palcos e televisão de seu país natal. Mas sua voz estrondosa perfeita para o teatro o motivou a mudar-se para Nova York e tentar entrar na Broadway. Acabou se destacando na TV, em teleteatros gravados ao vivo, e fez sua estreia cinematográfica em 1958, no filme “Quando o Espetáculo Termina”, de Sidney Lumet, no papel de um dramaturgo. Sua carreira só foi deslanchar mesmo em meados dos anos 1960. Ele começou a chamar atenção como o vilão Commodus no épico “A Queda do Império Romano” (1964), de Anthony Mann – o mesmo antagonista que Joaquin Phoenix interpretou em “Gladiador” (2000). E em seguida deu vida a um de seus personagens mais famosos, o Capitão Von Trapp, viúvo que contrata a jovem Maria (Julie Andrews) como babá de seus filhos em “A Noviça Rebelde” (1965). O musical se tornou um dos maiores sucessos de Hollywood, catapultando o ator ao estrelato. Colhendo os louros de “A Noviça Rebelde”, Plummer assumiu uma coleção variadíssima de papéis, como o Marechal Rommel no suspense de guerra “A Noite dos Generais” (1967), o personagem-título da tragédia grega “Édipo Rei” (1968), o imperador inca Atahualpa em “Real Caçador do Sol” (1969), o Duque de Wellington em “Waterloo” (1970), o escritor Rudyard Kipling em “O Homem que Queria ser Rei” (1975) e até o detetive Sherlock Holmes em “Assassinato Por Decreto” (1979). A voz poderosa, o rosto sério e a postura enérgica lhe renderam uma filmografia repleta de figuras de autoridades. Ele parecia sisudo até na hora de fazer rir, como um aristocrata em “A Volta da Pantera Cor-de-Rosa” (1975), a comédia mais engraçada da franquia de Blake Edwards. Mas após o sucesso da ficção científica romântica “Em Algum Lugar do Passado” (1980), sua carreira deu uma guinada rumo ao cinema B, com suspenses, thrillers de ação e até filmes de terror, entre eles o cultuado “Morte nos Sonhos” (1984), passando uma década com mais destaque na TV, onde estrelou o mega hit “Os Pássaros Feridos” (1983) e telefilmes que lhe renderam prêmios da Academia da Televisão. Plummer venceu dois Emmys, como Melhor Ator por “Arthur Hailey’s the Moneychangers” (1976) e Melhor Dublagem pela animação “As Novas Aventuras de Madeline” (1994). Ele retomou as produções cinematográficas de prestígio com uma pequena aparição em “Malcolm X” (1992), de Spike Lee, que foi seguida por desempenhos em “Lobo” (1994), de Mike Nichols, e “Eclipse Total” (1995), de Taylor Hackford. A lista segue com o papel de pai de Brad Pitt na influente sci-fi “Os 12 Macacos” (1995), de Terry Gilliam, de avô de Nicolas Cage em “A Lenda do Tesouro Perdido” (2004), além de um klingon em “Jornada nas Estrelas VI: A Terra Desconhecida” (1991), Van Helsing em “Drácula 2000” (2000) e Aristóteles em “Alexandre” (2004). Também teve participações destacadas em “O Informante” (1999), de Michael Mann, indicado ao Oscar de Melhor Filme, “Uma Mente Brilhante” (2001), de Ron Howard, vencedor do Oscar de Melhor Filme, e “Syriana – A Indústria do Petróleo” (2005), que rendeu um Oscar para George Clooney. Mas ele próprio teve reconhecimento tardio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, sendo indicado ao Oscar pela primeira vez apenas aos 80 anos de idade, por “A Última Estação” (2009), em que viveu o escritor russo Tolstoi. Curiosamente, após a indicação, não demorou a comemorar sua vitória, conquistando o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2012 por “Toda Forma de Amar” (2010), drama indie de Mike Mills, onde interpretou um viúvo que se assumia gay para o filho (Ewan McGregor). Na ocasião, aos 82 anos de idade, Plummer se tornou o ator mais velho a vencer um Oscar. “Você é só dois anos mais velha que eu, querida. Onde esteve minha vida toda?”, disse ele ao subir no palco e receber a estatueta, arrancando gargalhadas e aplausos da plateia de estrelas. Plummer ainda recebeu uma última nomeação por “Todo o Dinheiro do Mundo” (2017), de Ridley Scott, após substituir Kevin Spacey em refilmagens emergenciais, como o milionário pão-duro John Paul Getty. E com isso registrou um novo recorde em Hollywood. Aos 88 anos, se tornou o ator mais velho a ser indicado ao Oscar. Entre seus últimos desempenhos marcantes estão os papéis-títulos de “O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus” (2009) e “Barrymore” (2011, cinebiografia do ator John Barrymore), de Júlio César em “César e Cleópatra” (2009), do kaiser Guilherme II em “A Exceção” (2016), do velho Scrooge em “O Homem Que Inventou o Natal” (2017), sem esquecer o desempenho como empresário de Al Pacino em “Não Olhe para Trás” (2015), como par de Shirley Maclaine em dois romances de terceira idade, “Um Amor para Toda a Vida” (2007) e “Elsa & Fred: Um Amor de Paixão” (2014), e os dois milionários excêntricos que dão início às tramas de “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (2011) e “Entre Facas e Segredos” (2019). Com a vasta carreira e reconhecimento artístico, a morte do ator repercutiu em Hollywood, trazendo à tona muitas memórias compartilhadas por atores e diretores que trabalharam com ele. Ellen Mirren foi uma das estrelas a celebrar o colega: “Tive a grande honra de trabalhar com Chris Plummer em seu papel indicado ao Oscar, Tolstoi [no filme ‘A Última Estação’]. Ele era uma força poderosa tanto como homem quanto como ator. Ele era um ator no significado da palavra no século 19 – seu compromisso com sua profissão. A sua arte era total, sendo o teatro uma constante e a parte mais importante da totalidade da sua vontade de se envolver com a narrativa. Ele era destemido, enérgico, corajoso, experiente, profissional e um monumento ao que um ator pode ser. Um Grande Ator no sentido mais verdadeiro. ” “Uma lenda viva que amava seu ofício e era um cavalheiro absoluto”, definou Rian Johnson, que o dirigiu em “Entre Facas e Segredos”. “Tive a sorte de ter compartilhado um set com ele”. “Que sorte eu tive de ter você ao meu lado naquela que foi uma das melhores experiências da minha carreira”, acrescentou Ana de Armas, também sobre “Entre Facas e Segredos”. “Obrigada para sempre por suas risadas, seu calor, seu talento, suas histórias sobre Marilyn, as vitaminas quando adoeci, sua paciência, sua parceria e sua dedicação. Sempre pensarei em você com amor e admiração”, completou. Christopher Plummer era casado com a atriz Elaine Taylor (“Cassino Royale”) desde 1970, com quem teve uma filha famosa, a também atriz Amanda Plummer, conhecida por “Pulp Fiction” (1994) e “Jogos Vorazes: Em Chamas” (2013).
Cicely Tyson (1924 – 2021)
A pioneira Cicely Tyson, primeira atriz negra a receber um Oscar honorário, morreu aos 96 anos de idade de causas não reveladas. Conhecida por papéis populares, como a cozinheira de “Tomates Verdes Fritos” (1991) e a mãe de Viola Davis na série “Como Defender um Assassino” (How to Get Away with Murder), ela também teve desempenhos aclamados em drama históricos, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1973, venceu dois Emmys e quebrou muitas barreiras raciais ao longo de suas sete décadas de carreira. Com uma trajetória repleta de sucessos no cinema, teatro e televisão, Cicely Louise Tyson fez suas primeiros trabalhos artísticos para revistas de moda. Ela começou como modelo, brilhando nas páginas da Ebony, antes de estrear nas telas em 1951, na série “Fronteiras da Fé” (Frontiers of Faith). Após várias participações em séries e figurações em filmes, conseguiu seu primeiro papel fixo em 1963, na produção dramática “East Side/West Side”, como secretária de George C. Scott (o “Patton”), o que acabou sendo um feito histórico não apenas para sua carreira. Foi a primeira vez que uma atriz negra teve destaque e papel contínuo em uma série da TV americana. Depois disso, participou de “Os Farsantes” (1967), com Elizabeth Taylor, e “Por que Tem de Ser Assim?” (1968), com Alan Arkin, antes de emocionar a Academia com “Lágrimas de Esperança” (Sounder, 1972). No drama do diretor Martin Ritt, Tyson viveu a matriarca de uma família empobrecida do Sul dos EUA, que além da miséria precisava enfrentar o racismo da era da Depressão e manter a família unida após seu marido ser preso por roubar comida. Ela perdeu o troféu de Melhor Atriz para Liza Minnelli, em “Cabaret”, mas seu desempenho neste e em outros filmes finalmente foi reconhecido pela Academia em 2019, quando foi homenageada com um Oscar pela carreira. Apesar disso, sua trajetória foi muito mais marcante na televisão. A indicação ao Oscar (e ao Globo de Ouro) foi seguida por seu desempenho mais impactante, no telefilme “The Autobiography of Miss Jane Pittman” (1974), sobre uma mulher que nasceu escrava e viveu para acompanhar as lutas pelos direitos civis dos anos 1960. A Academia da Televisão se apaixonou pelo filme e pela protagonista, dando à produção nada menos que nove prêmios Emmy, incluindo o de Melhor Atriz para Tyson. O reconhecimento lhe rendeu convite para participar da célebre minissérie “Raízes” (Roots, 1977), primeira obra televisiva dedicada à diáspora africana. Seu desempenho como Binta, a mãe do protagonista Kunta Kinte, voltou a encantar a crítica, rendendo nova indicação ao Emmy. O mesmo aconteceu em relação à seu trabalho na minissérie “King” (1978), em que viveu Coretta Scott King, esposa de Martin Luther King, e na minissérie “The Marva Collins Story” (1981), como uma professora que enfrentou o sistema. Paralelamente às minisséries de prestígio, ela também participou de produções comerciais de cinema, como “Aeroporto 79: O Concorde” (1979), a comédia “Rompendo Correntes” (1981), com Richard Pryor, e “Tomates Verdes Fritos” (1991), drama multigeracional que marcou época. Ela voltou à escravidão na minissérie “Tempos de Guerra” (1994), pela qual ganhou seu segundo e último Emmy, embora tenha conseguido mais nove indicações nos anos seguintes, incluindo por seu último papel em “How to Get Away with Murder”. Cicely Tyson também colocou um Tony (o Oscar do teatro) na estante, pela montagem de “The Trip to Bountiful”, em 2013. Entre seus filmes mais recentes, estão “Histórias Cruzadas” (2011), “A Sombra do Inimigo” (2012), “Evocando Espíritos 2” (2013), “A Melhor Escolha” (2017) e “O Limite da Traição” (2020). E, além da série criminal de Viola Davis, ela também integrava o elenco de “Cherish the Day”, atração criada no ano passado pela cineasta Ava DuVernay. Nenhum desses muitos papéis citados incluiu prostitutas, criminosas ou drogadas, porque ela os considerava degradantes para mulheres negras e queria retratar apenas bons exemplos. “Em sua longa e extraordinária carreira, Cicely Tyson não apenas se superou como atriz, ela moldou o curso da história”, disse o então presidente dos EUA Barack Obama durante a cerimônia de 2016 em que entrou à estrela a Medalha Presidencial da Liberdade. “Cicely tomou uma decisão consciente não apenas de ter uma voz, mas de falar abertamente. As convicções e a graça de Cicely nos ajudaram a ver a dignidade de cada lindo membro da família americana – e ela é simplesmente linda.”
Cloris Leachman (1926 – 2021)
A veterana atriz Cloris Leachman, que venceu oito Emmys e um Oscar ao longo de uma carreira de sete décadas, morreu na terça-feira (26/1) de causas naturais em sua casa em Encinitas, na Califórnia, aos 94 anos. Nascida em 30 de abril de 1926, em Des Moines, Leachman começou sua carreira no showbiz ao participar do concurso de beleza Miss America de 1946, o que lhe deu projeção e a levou a aparecer em algumas das primeiras séries da televisão americana, como “The Ford Theater”, “Studio One”, “Suspense”, “Danger” e “Actor’s Studio”. Paralelamente, ela passou a chamar atenção na Broadway, onde começou no pós-guerra. Depois de alguns pequenos papéis, foi escalada como substituta da atriz principal de “South Pacific” e precisou ter que se apresentar no palco durante um imprevisto da intérprete original. Acabou roubando a cena, virando a estrela principal e protagonizando nada menos que oito outros shows da Broadway depois disso, só nos anos 1950. Este sucesso explica porque ela demorou um pouco para emplacar nas telas. Um de seus primeiros papéis recorrentes foi na série da cachorrinha “Lassie” (1957-1958), mas sua presença geralmente se restringia a um episódio por série, incluindo inúmeros trabalhos em séries clássicas dos anos 1960, como “Além da Imaginação” (The Twilight Zone), “Gunsmoke”, “Couro Cru” (Rawhide), “Os Intocáveis” (The Untouchables), “Rota 66” (Route 66), “Alfred Hitchcock Apresenta” (Alfred Hitchcock Presents), “77 Sunset Strip”, “Os Defensores”, “Têmpera de Aço”, “Lancer”, “Mannix”, “Perry Mason” e “Dr. Kildare”, onde voltou a aparecer em vários capítulos. Ao mesmo tempo, Leachman começou a investir na carreira cinematográfica. Seu primeiro papel no cinema foi uma pequena participação no clássico noir “A Morte num Beijo” (1955), de Robert Aldritch, seguido pelo drama de guerra “Deus é Meu Juiz” (1956), com Paul Newman. Seu sucesso na Broadway a manteve distante das telas grandes por mais de uma década, mas permitiu um reencontro com Newman em seu retorno, no clássico blockbuster “Butch Cassidy” (1968). No início dos anos 1970, Leachman finalmente se concentrou nos filmes. E foi reconhecida pela Academia por um de seus papéis mais marcantes, como Ruth Popper, a solitária esposa de meia-idade de um treinador de futebol americano, gay e enrustido, no cultuado drama em preto e branco “A Última Sessão de Cinema” (1971), de Peter Bogdanovich. Seu desempenho poderoso lhe rendeu um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Em seguida, co-estrelou “Dillinger” (1973), de John Milius, voltou a trabalhar com Bogdanovich em “Daisy Miller” (1974) e quase matou o público de rir numa das comédias mais engraçadas de todos os tempos, “O Jovem Frankenstein” (1974), de Mel Brooks, como Frau Blücher, cujo nome dito em voz alta fazia até cavalos relincharem com apreensão. Brooks, por sinal, voltou a escalá-la como uma enfermeira suspeita em sua segunda melhor comédia, “Alta Ansiedade” (1977). Nesta época, ela também assumiu seu papel mais famoso da TV, como Phyllis Lindstrom, a vizinha metida da série “Mary Tyler Moore” (1970–1977). Ela foi indicada ao primeiro Emmy da carreira pelo papel em 1972. E finalmente venceu como Melhor Coadjuvante em 1974 e 1975. Após o segundo Emmy, sua personagem ganhou atração própria, “Phyllis”, que durou duas temporada (até 1977), além de aparecer em crossovers com a série original e outra derivada, “Rhoda” – e lhe rendeu um Globo de Ouro de Melhor Atriz. Mesmo com a agenda lotada, Leachman ainda conseguiu viver a Rainha Hipólita na série da “Mulher-Maravilha”, em 1975. Ela continuou a acumular créditos no cinema e na TV ao longo dos anos 1970 e 1980 antes de voltar a ter um papel fixo, o que aconteceu na série “Vivendo e Aprendendo” (The Facts of Life). A atriz assumiu o protagonismo das duas últimas temporadas da atração (que durou nove anos) como substituta da estrela original, Charlotte Rae, interpretando Beverly Ann Sickle, a irmã tagarela da personagem de Rae, entre 1986 e 1988. Mais recentemente, ela ganhou dois Emmys e quatro outras indicações por seu papel na sitcom “Malcolm” (Malcolm in the Middle), como a mãe malvada de Jane Kaczmarek (de 2001 a 2006), além de ter rebido nova indicação ao Emmy por interpretar Maw Maw, a bisavó da personagem-título da sitcom “Raising Hope”, entre 2010 e 2014 na mesma rede. Leachman também foi a mãe agitada de Ellen DeGeneres na sitcom “The Ellen Show”, que foi ao ar em 2001-02, e uma paciente de terapia de Helen Hunt no revival de “Louco por Você” (Mad About You), exibido em 2019, quando já estava com 93 anos. A atriz ainda desenvolveu uma carreira robusta como dubladora, a partir da participação da versão “Disney” do anime clássico “O Castelo no Céu” (1986), de Hayao Miyazaki. Ela voltou a trabalhar em outra dublagem de Miyazaki em 2008, em “Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar”, fez parte do elenco do cultuado “O Gigante de Ferro” (1999) e teve um papel de voz breve, mas memorável no filme “Beavis e Butt-Head Detonam a América”, de 1996, como uma mulher idosa que encontra os meninos na estrada várias vezes, chamando-os de “Travis e Bob”. Entre seus últimos trabalhos, estão dublagens de personagens recorrentes das séries animadas da Disney “Phineas e Ferb” e “Elena de Avalor”. E ela ainda pode ser ouvida atualmente nos cinemas dos EUA em seu último papel, como Gran, a velha sogra do protagonista Grug (Nicolas Cage) em “Os Croods 2: Uma Nova Era”, após ser responsável pelas melhores piadas do primeiro filme, de 2013. Atrasado devido à pandemia, “Os Croods 2” só vai estrear no Brasil em março.












