Governo quer dar 25 canais de TV para Igrejas evangélicas
Depois do escândalo de pastores intermediando verbas no Ministério da Educação e da criação de uma categoria de Arte Sacra na Lei Rouanet, Jair Bolsonaro decidiu apoiar a aprovação de um Projeto de Lei que visa liberação de diversos sinais de TV aberta para Igrejas evangélicas. Segundo apurou o site NaTelinha, a ideia é liberar 25 novos canais de TV aberta para diferentes agremiações evangélicas, que estão pressionando por mais espaço na televisão. Como se trata de uma concessão pública, pastores conversaram pessoalmente com o presidente para tentar apressar a aprovação do Projeto. O projeto de lei deve ser votada nos próximos dias e, se aprovada, pode virar lei ainda no mês de março. Para isso, Bolsonaro conta com o apoio do presidente do Congresso, o deputado federal Arthur Lira. Mas para a boiada passar, também precisa de aprovação do Senado. O PL foi sugerido por um deputado evangélico ligado à Assembleia de Deus, uma das maiores igrejas do país, que reúne cerca de 3 milhões de membros. Do início do governo Bolsonaro até o ano passado, 67 concessões de TV aberta digital contemplaram entidades ligadas a grupos religiosos. Somados, canais católicos e evangélicos obtiveram 40% de todas as 166 outorgas e consignações digitais autorizadas. A lista é encabeçada pela TV Canção Nova, que conseguiu 24 autorizações, a Fundação João Paulo II com 22, a Rede Viva com 17, a Televisão Independente de São José do Rio Preto Ltda com 5, a TV Aparecida com 4, e ainda há concessões para canais da Igreja Batista da Lagoinha, TV Novo Tempo, Assembleia de Deus Amazonas e Rede Mundial, entre outras.
Clipe de rapper porto-riquenho critica Bolsonaro e política do continente
O rapper porto-riquenho Residente lançou o clipe do ano, “This is Not America”, no qual faz duras críticas às políticas levadas adiante nas Américas. Lembrando que a América não é só os EUA, que se apropriaram do nome do continente para batizar seu país (Estados Unidos da América) e povo (americanos), o vídeo aborda o histórico de sangue e violência cometidos na América Latina e no Caribe desde a colonização europeia, culminando no apoio da Casa Branca a governos abusivos de extrema direita e no fortalecimento do narcotráfico pela chamada Guerra às Drogas. A iconografia forte inclui desde pequenos indígenas maias até assassinatos de dissidentes nos estádios do Chile, sem esquecer guerrilheiros e paramilitares de diversos países sul-americanos. O Brasil tem destaque especial na produção, com referências à exploração política da seleção brasileira, a ascensão do tráfico nas favelas e de um presidente que se lambuza e lava a boca na bandeira do país, enquanto um indiozinho observa ao fundo sem poder fazer nada. Em entrevista ao jornal O Globo, René Perez Joglar, o Residente, confirmou que o político representado no vídeo “claramente é Bolsonaro”. “Na América Latina, em geral, há muitos presidentes que fazem o mesmo que ele faz, que é limpar a boca com as bandeiras dos seus países. Para mim, isso não é uma questão de atacar a direita ou a esquerda, é a de que existem governantes que não se importam com seus países, e isso tem que ser denunciado. Isso é o que acontece na Nicarágua, em Cuba e na Venezuela, algo que não apoio. São vários presidentes, mas como não podíamos botar todos no clipe, escolhemos o campeão”, ele explicou. A música tem participação vocal da dupla franco-cubana Ibeyi, e impacta tanto pelo discurso relevante quanto pela brutalidade das imagens mostradas. Há cabeças furadas por tiros à queima-roupa e várias execuções, com cadáveres empilhados para formar a palavra América na cena final. O clipe pode ser considerado uma resposta ao “This is America”, de Childish Gambino, que se notabilizou por apontar problemas sistêmicos, como racismo e violência policial, mas sem levar em conta que os EUA não são toda a América. “This is Not America” tem direção do francês Gregory Ohrel, que anteriormente tinha dirigido Residente num vídeo bem diferente: “Bellacoso”, parceria com Bad Bunny repleta de danças, lançado em 2019.
STF desbloqueia Telegram no Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), revogou neste domingo (20/3) o bloqueio do Telegram no Brasil, após o aplicativo atender aos pedidos da Justiça brasileira. “Considerado o atendimento integral das decisões proferidas em 17/3/2022 e 19/3/2022, revogo a decisão de completa e integral suspensão do funcionamento do Telegram no Brasil, proferida em 17/3/2022”, determinou o ministro. O bloqueio fez com que o Telegram finalmente respondesse às intimações do STF. Até então, o serviço de mensagens aproveitava-se do fato de não ter sede nem representação no país para ignorar as tentativas de contato. Mas bastou a ordem de bloqueio para o próprio fundador do aplicativo, o russo Pavel Durov, justificar seu silêncio, dizendo que problemas de e-mail o impediram de responder às demandas anteriores. Ele afirmou que, a partir de agora, atenderia ao STF. Para comprovar seu comprometimento, o Telegram cumpriu todas as ordens emitidas pelo STF, chegando a apagar uma mensagem controversa de Jair Bolsonaro contendo links para um inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a invasão por um hacker dos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A retirada da postagem era uma das exigências de Moraes, já que expunha para hackers o funcionamento eletrônico do STE. No lugar da postagem, agora aparece a informação de que a publicação não pode ser apresentada porque violou leis locais. Além disso, a plataforma indicou um representante no Brasil, Alan Campos Elias Thomaz, conforme havia sido determinado. Como parte da ação, o Telegram ainda pontuou sete medidas que adotará para combater a desinformação na plataforma. São elas o monitoramento manual diário dos 100 canais mais populares do Brasil, acompanhamento manual diário de todas as principais mídias brasileiras, marcar postagens específicas em canais como imprecisas, restringir postagem pública para usuários banidos por espalhar desinformação, atualizar os Termos de Serviço, fazer análise legal e de melhores práticas e promover informações verificadas. “Essa medida nos permite diminuir o risco de repetidas violações, e já a aplicamos aos autores de canais que foram previamente identificados pela Justiça como ilegais no Brasil (como o de Allan dos Santos)”, afirmou o Telegram em mensagem reproduzida na decisão de desbloqueio emitida por Alexandre de Moraes.
Estreia nos cinemas filme LGBTQIAP+ que Bolsonaro tentou “abortar”
Lançado nesta sexta (24/2) em circuito limitado nos cinemas, o documentário “Transversais” foi uma das obras atacadas por Jair Bolsonaro durante uma live de 2019, já dando mostras do que seria seu governo. Concebido inicialmente como uma série inspirada no curta “Aqueles Dois”, a produção buscou um edital voltado a produções com temática LGBTQIAP+ para a TV pública. No entanto, Bolsonaro anunciou antecipadamente sua interferência no concurso público, afirmando que “abortaria” a série documental. “Olha o tema: ‘sonhos e realizações de cinco pessoas transgêneros que moram no Ceará. O filme é isso daqui, conseguimos abortar essa missão”, ele afirmou à época. E, de fato, a produção não foi aprovada no edital da Ancine. Só que a tentativa de censura por “filtros” na liberação de incentivos é que acabou “abortada”. Com a aprovação da Lei Aldir Blanc pelo Congresso, passando por cima da “missão” de Bolsonaro, a série conseguiu verba para virar um filme — o primeiro longa-metragem do diretor Émerson Maranhão — e pôde ser rodado no início de 2021. “Transversais” foi lançado em grandes festivais de cinema, como a Mostra de São Paulo, Mix Brasil e Cine Ceará. A produção é simples e seu argumento segue o que Bolsonaro anunciou, acompanhando a vida de cinco transexuais de diferentes formações e classes sociais, em seus cotidianos afetivos e profissionais. Veja o trailer abaixo.
Bolsonaro diz que Globo terá “dificuldades” para continuar no ar
Jair Bolsonaro voltou a sugerir que não pretende renovar a concessão pública da TV Globo. Para ficar no ar, um canal tem que ter autorização federal, cuja duração é de 15 anos. A autorização de funcionamento da Globo vence em outubro deste ano e Bolsonaro tem dado sinais de que aguarda ansiosamente a data desde o começo de seu mandato presidencial. “A renovação da concessão da Globo é logo após o primeiro turno das eleições deste ano. E, da minha parte, para todo mundo, você tem que estar em dia”, ele afirmou em entrevista de rádio para o ex-governador Anthony Garotinho no sábado (12/2). “Não vamos perseguir ninguém, nós apenas faremos cumprir a legislação para essas renovações de concessões. Temos informações de que eles vão ter dificuldades”, acrescentou. Como não persegue ninguém, Bolsonaro citou, como em outras ocasiões, apenas e especificamente a Globo. Mas também vencem neste ano as concessões para exploração de canais abertos da Band, TV Cultura e Record, em São Paulo. Sobre as demais, Bolsonaro nada fala. Ele ainda acrescentou críticas à Globo, vitimizando-se como “perseguido” pelo jornalismo do canal. “Eu fui muito mais perseguido que você, Garotinho”, disse ao ex-governador, que é seu aliado político, na Rádio Tupi. “Com todo respeito, eu sou um herói nacional. Sempre disseram que ninguém resiste a dois meses de Globo. Eu estou resistindo.” Bolsonaro começou a ameaçar tirar a Globo do ar em outubro de 2019, numa live exibida logo após uma reportagem do “Jornal Nacional” vincular seu nome às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco. Em meio a várias ofensas, dirigiu-se à emissora em seu melhor estilo truncado: “Temos uma conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá. Porque o processo de renovação da concessão não vai ser perseguição. Nem pra vocês nem pra TV nem rádio nenhuma. Mas o processo tem que estar enxuto, tem que estar legal. Não vai ter jeitinho pra vocês, nem pra ninguém”. Em maio de 2020, irritado com a cobertura que a Globo vinha fazendo da pandemia do coronavírus, Bolsonaro voltou à carga. “Não vou dar dinheiro para vocês. Globo, não tem dinheiro para vocês. Em 2022… Não é ameaça não. Assim como faço para todo mundo, vai ter que estar direitinho a contabilidade, para que você [Globo] possa ter sua concessão renovada. Se não tiver tudo certo, não renovo a de vocês nem a de ninguém”. Ele retomou o tema em novembro de 2021, falando a apoiadores em seu cercadinho de Brasília: “A Globo tem encontro comigo ano que vem. Encontro com a verdade”. E voltou a repetir, bem ao seu estilo: “Não vou perseguir ninguém. Tem que estar com as certidões negativas em dia, um montão de coisas aí”. Fez ainda um paralelo com a vida militar. “Igual à parada matinal: tem que estar arrumadinho. Ela e qualquer outra empresa.” Apesar de insistir já quatro vezes naquilo que “não é ameaça não”, Bolsonaro precisa do Congresso para tirar a concessão de funcionamento da Globo. A decisão pela não-renovação tem de ser autorizada por dois quintos do Congresso em votação nominal. E isso ainda vai parar na Justiça. De todo modo, a insinuação serve de alerta para quem gosta das novelas e dos reality shows da Globo e ainda não decidiu em quem votar.
Bolsonaro defende podcaster americano acusado de negacionismo
Sem surpreender ninguém, Jair Bolsonaro resolveu defender Joe Rogan, podcaster americano rotulado como negacionista, que está motivando uma debandada de roqueiros do Spotify em protesto contra a falta de responsabilidade social da plataforma por abrigar fake news. No Twitter, Bolsonaro escreveu em inglês sobre “liberdade de expressão”. “Não sei o que o Joe Rogan acha de mim ou do meu governo, mas não importa. Se liberdade de expressão significa alguma coisa, significa que as pessoas devem ser livres para dizer o que elas pensam, não importa se elas concordam com discordam de nós. Fique firme. Abraços do Brasil”, disse Bolsonaro. Vale lembrar que este é o mesmo presidente que enquadrou na Lei de Segurança Nacional vários que acreditavam “ser livres para dizer o que pensam”, como um cartunista que fez uma charge crítica contra Bolsonaro e um professor universitário que teceu comentários sobre o desgoverno em sua coluna jornalística. Na verdade, a preocupação de Bolsonaro não é a “liberdade de expressão” nem um delírio sobre a importância de sua opinião para os americanos. Trata-se de ação preventiva por receio de a campanha contra os negacionistas se alastrar para o Brasil, uma vez que o Spotify nacional é o paraíso das fake news, que espalham desinformação perigosa com impunidade e nenhum controle. Os responsáveis por influenciar os ouvintes do Spotify com mentiras que podem levá-los a morte são conhecidos bolsonaristas. E a plataforma permite que digam as maiores barbaridades contra a vacinação sem sofrerem restrições. No domingo, o Spotify anunciou medidas paliativas para conter as críticas contra Rogan, mas elas continuaram diante da falta de comprometimento real da plataforma no combate às fake news. A falta de ação do Spotify em relação específica a Joe Rogan se deve ao fato de a empresa ter pago supostamente US$ 100 milhões em 2020 pelos direitos do programa “The Joe Rogan Experience” – o podcast mais popular do serviço, que teria um índice de downloads de quase 200 milhões por mês. Só que, desde o começo da polêmica, o valor de mercado do Spotify se desvalorizou em 25%, gerando perdas na casa dos bilhões de dólares. – I'm not sure what @joerogan thinks about me or about my government, but it doesn't matter. If freedom of speech means anything, it means that people should be free to say what they think, no matter if they agree or disagree with us. Stand your ground! Hugs from Brazil. 👍 — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 3, 2022
Lima Duarte pede para Regina Duarte “não acabar assim”
Lima Duarte publicou um vídeo em seu Instagram que viralizou nas redes sociais. Nele, o ator pede para Regina Duarte parar de fazer bolsonarices. “Capricha para não acabar assim”, ele apontou. A ex-atriz e ex-secretária de Cultura postou recentemente uma montagem em que Jesus parece amparar Jair Bolsonaro durante uma caminhada no hospital em que o presidente ficou internado por exagerar nas longas férias e comer camarão sem mastigar. Ela ainda escreveu que aquilo não era fake news, mas sim a verdade. “Deus, tira a mão daí, meu Pai. Tira a mão daí. Tanta sujeira na mão”, disse Lima Duarte, referindo-se à montagem. “Regina Duarte, minha querida Viúva Porcina, já disse muitas coisas a seu respeito”, continuou. “Trabalhamos 10 anos juntos, foste a paixão de Sinhozinho Malta e vivemos um momento tão glorioso para a televisão, para a interpretação e para as nossas vidas. (Você) não pode acabar assim, Regina. Capricha, capricha para não acabar assim”, concluiu o ator no vídeo. Ao lado do vídeo, ele ainda escreveu: “Trabalhamos por tanto tempo juntos e vivemos momentos tão gloriosos. São dessas lembranças boas que eu quero me recordar de você!” A dupla Lima e Regina Duarte protagonizou um dos casais mais emblemáticos da teledramaturgia brasileira, como Sinhozinha Malta e Viúva Porcina na novela “Roque Santeiro” (1985), da TV Globo. Isto não impediu o ator de criticar a passagem da ex-colega pelo governo Bolsonaro em entrevista a Pedro Bial. Na ocasião, o ator disse que ela “caiu quando entrou” na gestão federal e lhe dedicou uma fala em defesa da democracia. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Lima Duarte (@limaduarte)
Adam McKay afirma que Bolsonaro “diria para as pessoas não olharem para cima”
O ministro Ciro Nogueira tentou inverter a lógica do filme “Não Olhe para Cima” num artigo publicado no último domingo (16/1) no jornal O Globo. “Na eleição, olhe para cima: pense no dia seguinte”, escreveu o ministro comparando o PT ao cometa do filme. Mas acabou desmentido pelo próprio diretor do filme, que foi ao Twitter comentar o texto. “Só para deixar claro, Bolsanaro (sic) definitivamente diria para as pessoas não olharem para cima. Sem dúvida nenhuma’, escreveu o cineasta Adam McKay. No filme, Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence vivem dois cientistas que tentam alertar a humanidade sobre a chegada de um cometa que destruirá a Terra, mas os políticos negacionistas dizem que se trata de uma conspiração e pedem para o povo não olhar para cima e ignorar a ciência e a realidade. O consenso no Brasil é que o cometa representa o coronavírus e a reação da presidente vivida por Meryl Streep ecoa o presidente que disse que a pandemia era uma “gripezinha”. Situação que McKay acaba de confirmar. Just to be clear, Bolsanaro definitely would tell people not to look up. No question.#DontLookUp https://t.co/uKHhePsPrL — Adam McKay (@GhostPanther) January 16, 2022
Bolsonaro usa fake news para atacar Ivete Sangalo
Após ser hospitalizado pelos excessos das férias – o diagnóstico: não mastigou um camarão – , Jair Bolsonaro já voltou ao ritmo normal, divulgando suas primeiras fake news de 2022. Durante uma entrevista coletiva desta quarta (5/1), Bolsonaro aproveitou para atacar Ivete Sangalo, após a cantora puxar um coro contra ele durante um show recente, que viralizou nas redes sociais. “Estamos mexendo na Lei Rouanet. Nós queremos a Lei Rouanet para atender aquele artista que está começando a carreira e não para figurões ou figuronas como a querida Ivete Sangalo”, iniciou. “Ela está chateada, o José de Abreu está chateado, porque acabou aquela ‘teta’ deles gorda de pegar até R$ 10 milhões por ano da Lei Rouanet e defender o presidente de plantão. Eu não quero que me defenda, eu quero que fale a verdade a meu respeito”, completou Bolsonaro. O detalhe é que Ivete Sangalo não utiliza a Lei Rouanet. Desde a campanha de 2018, o presidente associa sem provas (fake news, a popular mentira grossa) a oposição que recebe da classe artística a uma suposta dependência dos recursos de incentivo para o setor cultural. Entretanto, os dados abertos de projetos inscritos em Leis de Incentivo à Cultura não registram nenhum projeto da cantora ou de empresas de que é sócia. Ao longo dos quase 30 anos de sua carreira, só dois projetos buscaram incentivo em nome de Ivete Sangalo. Em 2016, ela chegou a ser autorizada a captar até R$ 1,3 milhão para um show com a Orquestra Juvenil da Bahia, mas não levantou nenhum recurso. No ano seguinte, ela buscou desenvolver uma produção audiovisual, mas a captação não foi aprovada. A única captação da Lei Rouanet relacionada a Ivete aconteceu, ironicamente, durante o governo Bolsonaro. Em fevereiro de 2019, a produtora Madeirada Produções captou R$ 813 mil para fazer seis shows da cantora. Mas o projeto não foi iniciativa da artista ou de seus sócios. Da mesma forma, ela participou de vários eventos incentivados, como o Rock in Rio, sem ter buscado o inventivo – como também não buscaram os demais artistas deste e de outros festivais musicais do Brasil. Outra fake news identificada no discurso após as férias indigestas foi o propalado fim da tal “teta gorda”. Só no ano passado, 22 projetos de mais de R$ 10 milhões foram aprovados pela secretaria especial de Cultura do governo Bolsonaro. Juntos, só estes 22 projetos consumiram R$ 533 milhões do orçamento disponível. Além disso, 242 projetos de mais de R$ 1 milhão receberam aval da gestão de Mario Frias, comprometendo R$ 1,3 bilhão da Rouanet. É mais da metade do total aprovado para a lei em 2021. Ou seja, a teta continua gorda para defender o presidente de plantão. Bolsonaro quer que se fale a verdade a seu respeito. Aí está. – Lei Rouanet e seus limites.@mfriasoficial @andreporci @CulturaGovBr Via Telegram: @CarlosBolsonaro pic.twitter.com/m8brcOzI4A — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 5, 2022 Ivete Sangalo pedindo gritos de “Ei Bolsonaro vai tomar no cu” no show de ontem ahahaha amoo #ForaBolsonaro #BolsonaroVagabundo #BolsonaroGenocida pic.twitter.com/wFQSy5spCA — Ivt 🏳️🌈 (@sangalizando) December 30, 2021
“Medida Provisória” chega ao Festival do Rio sofrendo “operação padrão” da Ancine
A Ancine aproveitou a première nacional de “Medida Provisória”, primeiro longa de Lázaro Ramos, marcada para acontecer no Festival do Rio nesta quarta (15/12), para tentar se justificar em relação ao motivo que mantém o filme sem previsão de estreia comercial no Brasil. O entrave burocrático, que parece surgir apenas diante de determinados títulos, é o mesmo que fez “Marighella” demorar dois anos para ser lançado. Trata-se da retenção de verba do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) destinada a auxiliar a distribuição do filme. Não é verba pública, sempre é bom salientar. É dinheiro do próprio setor audiovisual, que paga uma taxa específica (Condecine) para investimento em conteúdo nacional. Esta verba é controlada pela Ancine, que desde o governo Bolsonaro tem um déficit de centenas de milhões – talvez bilhão – de reais que foram arrecadados e não direcionados para o audiovisual brasileiro – uma caixa preta para o próximo governo. O método adotado para manter o dinheiro distante de seu objetivo tem sido a burocracia. Reuniões específicas do FSA, que costumavam ser feitas no começo do ano fiscal durante os governos anteriores, agora acontecem no final do ano, engolindo-se assim 12 meses de verba sem destinação. E “filtros” pedidos publicamente por Bolsonaro tem encontrado alvos evidentes. Todos os filmes citados nominalmente pelo governo tem sofrido algum tipo de revés na Ancine, desde projetos LGBTQIAP+ que o presidente citou numa live e foram reprovados em edital, até a aplicação de “operação padrão” – nome dado à realização de um serviço seguindo os procedimentos operacionais padrão com rigor excessivo com o objetivo explícito de retardar ou dificultar – em produções que desagradam a chamada “ala ideológica” (extremistas radicais) do governo. Em sua nota oficial, a Ancine usou os argumentos de praxe para tentar transparecer que não há censura, mas trâmites burocráticos (isto é, operação padrão). “A Ancine informa que o filme “Medida Provisória” recebeu para a sua produção o valor total de R$ 2,7 milhões, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Atualmente o projeto encontra-se na fase de análise do pedido de investimento para a sua distribuição em salas de cinema. O investimento em distribuição é uma opção do Fundo para aumento da sua rentabilidade, a ser decidido após conclusão da análise técnica. O projeto, portanto, segue o trâmite normal no âmbito da Agência”, informou a agência. A orientação para usar burocracia como entrave encontra eco numa declaração do ex-PM que atualmente é secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciuncula. Em uma audiência da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), órgão independente da OEA (Organização dos Estados Americanos), ele confirma que aquilo que os críticos chamam de censura são na verdade “meras regras burocráticas”. De fato, é isto. A censura via burocracia voltou a ser denunciada pela Trigo Agência, responsável pela assessoria de imprensa do filme “Medida Provisória”, após a manifestação da Ancine. Em nota, a assessoria esclareceu que “a inscrição em opção de comercialização foi regularmente feita pela produtora dentro do prazo estabelecido para este procedimento”. “O que impede o lançamento da obra é, na verdade, a demora da Ancine em concluir os trâmites necessários para a troca de distribuidora do filme. Embora a Análise de Alteração Técnica realizada pela Coordenação de Análise Técnica e Seleção em 20/08/2021 não tenha encontrado óbices para aprovação da nova distribuidora, até o momento a Superintendência de Fomento não tomou as devidas providências. Com isso, a data de lançamento do filme já precisou ser alterada duas vezes”, segue o texto. “Esta situação gera profunda insegurança jurídica para as produtoras e distribuidoras envolvidas, pois a ausência de uma posição da Ancine impede que sejam tomadas as medidas necessárias para divulgação do filme e, consequentemente, para definição da data de lançamento comercial em cinemas no Brasil”, aponta a assessoria. Apesar da demora do seguimento das “meras regras burocráticas”, a Trigo Agência espera “muito em breve poder divulgar a data de lançamento do filme ‘Medida Provisória'”, conclui o texto. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Trigo Agência de Ideias 💡 (@trigopress)
Lázaro Ramos lança teaser de “Medida Provisória”, filme com estreia “travada” no Brasil
O ator Lázaro Ramos divulgou em suas redes sociais o primeiro teaser de “Medida Provisória”, filme que marcou sua estreia na direção e será exibido, em première nacional, na quarta-feira (15/12) no Festival do Rio Já exibido e premiado em festivais internacionais desde o ano passado, o filme que tem 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes atravessa o mesmo périplo de “dificuldades” que “Marighella” encontrou junto à Ancine para chegar aos cinemas brasileiros. No momento, ele segue sem previsão de lançamento comercial no próprio país. A assessoria responsável por sua divulgação informou que, ao longo de mais de um ano, os produtores trocaram dezenas de e-mails com a Ancine, que não teria dado retorno. “Questões burocráticas seguem sem retorno conclusivo da agência desde novembro de 2020”, explicou a assessoria Trigo Agência de Ideias, em nota. A coincidência que acompanha “Marighella” e “Medida Provisória” é que ambos são estrelados por atores negros, são politizados e contradizem a visão ufanista de extrema direita que o atual governo tenta implantar no país. Vale lembrar que o polêmico presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, vem pedindo boicote a “Medida Provisória”, que ele não viu, desde março do ano passado. Nos posts, ele justificou a iniciativa com uma fake news, método tradicional dos funcionários do desgoverno atual. Camargo disse que o filme que ele não viu “acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo”. Mentira sem vergonha, claro. “Medida Provisória” é uma adaptação da tragicomédia “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que Lázaro Ramos já tinha dirigido no teatro em 2011 – quando a presidente era Dilma Rousseff! Além disso, o filme foi inteiramente rodado antes da eleição de Bolsonaro. O ator principal, o inglês descendente de brasileiros Alfred Enoch, viajou ao Brasil para se aclimatar ao país para as filmagens no início de 2019, meses antes das eleições à presidência da República. Na época, nem os piores pesadelos apontavam uma possível vitória do pior candidato. A trama de “Medida Provisória” se passa num Brasil do futuro em que uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no governo federal, que promulga uma nova lei para deportar todos os brasileiros de “melanina acentuada” para o continente africano. A reação de Sérgio Camargo ajuda a comprovar como o cenário distópico da produção reflete o país criado após a eleição de Bolsonaro. Se o filme foi feito como ficção futurista, o tempo acabou por transformá-lo numa importante advertência sobre o tempo presente. Afinal, em julho do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito e pediu esclarecimentos a Sérgio Camargo sobre o fato de que ele “teria negado a existência do racismo, a importância da luta do povo negro pela sua liberdade e a importância do Movimento Negro em nosso país”. Como vocês pediram, segue o primeiro teaser do filme que tive a honra de dirigir, Medida Provisória.🎬 Ainda sem data de estreia nos cinemas, teremos uma exibição pontual dia 15/12 no @festivaldorio. Esperamos encontrá-los em breve.#MedidaProvisoria pic.twitter.com/OQ37Nn6J2W — Lázaro Ramos (@olazaroramos) December 13, 2021
Estreia de Lázaro Ramos na direção tem dificuldades para estrear no Brasil
Depois de “Marighella” enfrentar “problemas burocráticos” e demorar dois anos para ser lançado no Brasil, o filme “Medida Provisória”, primeiro longa de ficção dirigido por Lázaro Ramos, atravessa o mesmo périplo de “dificuldades” junto à Ancine para chegar aos cinemas brasileiros. Já exibido e premiado em festivais internacionais desde o ano passado, o filme que tem 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes ganhará sua primeira exibição no país na próxima semana, em 15 de dezembro, durante o Festival do Rio. No entanto, segue sem previsão de lançamento comercial em seu próprio país. A assessoria responsável por sua divulgação informou que, ao longo de mais de um ano, os produtores trocaram dezenas de e-mails com a Ancine, que não teria dado retorno. “Questões burocráticas seguem sem retorno conclusivo da agência desde novembro de 2020”, explicou a assessoria Trigo Agência de Ideias, em nota. A coincidência que acompanha “Marighella” e “Medida Provisória” é que ambos são estrelados por atores negros, são politizados e contradizem a visão ufanista de extrema direita que mal e porcamente o atual governo tenta implantar no país. Vale lembrar que o polêmico presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, pediu boicote ao “Medida Provisória”, que ele não viu, em postagens nas redes sociais de março do ano passado. Nos posts, ele justificou a iniciativa com uma fake news, método tradicional dos funcionários do desgoverno atual. Camargo disse que o filme que ele não viu “acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo”. Mentira deslavada, claro. “Medida Provisória” é uma adaptação da tragicomédia “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que Lázaro Ramos já tinha dirigido no teatro em 2011 – quando a presidente era Dilma Rousseff! Além disso, o filme foi inteiramente rodado antes da eleição de Bolsonaro. O ator principal, o inglês descendentes de brasileiros Alfred Enoch, viajou ao Brasil para se aclimatar ao país para as filmagens no início de 2019, meses antes das eleições à presidência da República. Na época, nem os piores pesadelos apontavam uma possível vitória do pior candidato. A trama de “Medida Provisória” se passa num Brasil do futuro em que uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no governo federal, que promulga uma nova lei para deportar todos os brasileiros de “melanina acentuada” para o continente africano. A reação de Sérgio Camargo só comprova como o cenário distópico da produção reflete o país criado após a eleição de Bolsonaro. Se o filme foi feito como ficção futurista, o tempo acabou por transformá-lo numa importante advertência sobre o tempo presente. Sinal disto é que, em julho do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito e pediu esclarecimentos a Sérgio Camargo sobre o fato de que ele “teria negado a existência do racismo, a importância da luta do povo negro pela sua liberdade e a importância do Movimento Negro em nosso país”.
Bolsonaro volta a falar da concessão para Globo continuar no ar
Jair Bolsonaro voltou a falar sobre seu possíveis dificuldades para a renovação da concessão da Rede Globo, que vence em outubro de 2022. A insinuação aconteceu num encontro com apoiadores no cercadinho do Palácio do Alvorada, na noite de segunda-feira (22/11). Usando tom de ameaça, Bolsonaro disse: “A Globo tem encontro comigo ano que vem. Encontro com a verdade”. E acrescentou, no seu jeito de fazer uma afirmação para afirmar o oposto em seguida: “Não vou perseguir ninguém. Tem que estar com as certidões negativas em dia, um montão de coisas aí”. Fez ainda um paralelo com a vida militar. “Igual à parada matinal: tem que estar arrumadinho. Ela e qualquer outra empresa.” Bolsonaro começou a ameaçar tirar a Globo do ar em outubro de 2019, numa live exibida logo após uma reportagem do “Jornal Nacional” vincular seu nome às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco. Em meio a várias ofensas, dirigiu-se à emissora em seu melhor estilo truncado: “Temos uma conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá. Porque o processo de renovação da concessão não vai ser perseguição. Nem pra vocês nem pra TV nem rádio nenhuma. Mas o processo tem que estar enxuto, tem que estar legal. Não vai ter jeitinho pra vocês, nem pra ninguém”. Em maio de 2020, irritado com a cobertura que a Globo vinha fazendo da pandemia do coronavírus, Bolsonaro voltou à carga. “Não vou dar dinheiro para vocês. Globo, não tem dinheiro para vocês. Em 2022… Não é ameaça não. Assim como faço para todo mundo, vai ter que estar direitinho a contabilidade, para que você [Globo] possa ter sua concessão renovada. Se não tiver tudo certo, não renovo a de vocês nem a de ninguém”. Apesar de insistir três vezes naquilo que “não é ameaça não”, Bolsonaro precisa do Congresso para tirar a concessão de funcionamento da Globo. A decisão pela não-renovação tem de ser autorizada por dois quintos do Congresso em votação nominal. E o contestado ainda pode recorrer na Justiça. De todo modo, a insinuação serve de alerta para quem gosta de novela da Globo e ainda não decidiu em quem votar.











