Filme brasileiro A Nuvem Rosa é aclamado no Festival de Sundance
O filme brasileiro “A Nuvem Rosa”, primeiro longa da diretora Iuli Gerbase, está sendo aclamado pela crítica dos EUA após sua première mundial no Festival de Sundance. Acompanhada por elogios rasgados, que chamam a cineasta gaúcha de visionária por antecipar em detalhes precisos uma quarentena mundial numa obra concebida e realizada antes da pandemia de coronavírus – o roteiro é de 2017 e a filmagem de 2019 – , “A Nuvem Rosa” gerou frenesi na crítica americana e atingiu 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes, com a contabilização das primeiras resenhas publicadas após sua exibição na sexta-feira (29/1), na programação de Sundance. “A estreia refinada e bem-sucedida de Iuli Gerbase anuncia de antemão que foi escrita e filmada antes da pandemia, mas ainda é totalmente atual”, escreveu o crítico da badalada revista Variety, que se impressionou com a “precisão desconcertante” com que o filme “acerta pequenas especificidades da vida cotidiana desprovida de contato humano”. A respeitada revista Screen International foi além e publicou que a filha do diretor Carlos Gerbase e da produtora Luciana Tomasi “fez acidentalmente o que pode muito bem ser o manifesto definitivo sobre a experiência do lockdown da covid-19”. Vale lembrar que “The Pink Cloud”, como chamam os americanos, já tinha chamado atenção de outros dois críticos diferentes da Variety que cobriram o evento argentino Ventana Sur, dedicado ao mercado de negócios para filmes latinos em desenvolvimento ou em fase final de produção. No longa, um casal que acaba de se conhecer resolve ter uma noite de sexo, mas acorda no dia seguinte sob lockdown, quando uma misteriosa nuvem rosa passa a cobrir o mundo, matando quem entra em contato com ela nas ruas. Com a sorte de estar numa casa bem abastecida de alimentos, eles passam os dias, os meses e até os anos presos um com o outro, acompanhando os efeitos da quarentena mundial forçada pela TV, videoconferência e redes sociais. Renata de Lélis e Eduardo Mendonça interpretam os papéis principais. Os dois já tinham trabalhado juntos na série de terror gaúcha “Liberto”, exibida no canal pago Prime Box Brasil. “A Nuvem Rosa” ainda não tem previsão de lançamento comercial.
Documentário baiano vence Mostra de Tiradentes
O documentário “Açucena”, de Isaac Donato, foi o vencedor da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Exibido na seção Aurora, principal seleção competitiva do festival mineiro, o longa de estreia do diretor baiano acompanha uma mulher de 67 anos, que se recusa a envelhecer e todo ano celebra seu 7º aniversário com ajuda das amigas. A cerimônia de encerramento, transmitida pelo site do evento na noite de sábado (30/1), também premiou outro documentário com o Troféu Carlos Reichenbach, dado pelo Júri Jovem ao melhor longa da Mostra Olhos Livres: o longa “Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!”, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, realizado em Minas Gerais. Foi a segunda vez consecutiva que um filme da dupla de cineastas Maxakali foi premiado na seção – em 2020, o vencedor foi “Yamiyhex – As Mulheres-espírito”. O Prêmio Helena Ignez 2021, oferecido pelo Júri Oficial ao destaque feminino do festival, foi dado à diretora e roteirista Ana Johann, responsável pelo filme paranaense “A Mesma Parte de um Homem”. Entre os curtas, o Júri Oficial escolheu o sergipano “Abjetas 288”, com direção de Júlia da Costa e Renata Mourão, enquanto o Prêmio Canal Brasil de Curtas, que tem júri formado pelo próprio canal, foi para o mineiro “4 Bilhões de Infinitos”, de Marco Antônio Pereira. Veja abaixo o vídeo do encerramento do evento, com todas as premiações e discursos.
Festival de Cannes é adiado para julho
O Festival de Cannes confirmou seu adiamento para julho, devido à pandemia de Covid-19. Em comunicado, os organizadores do mais importante festival de cinema da Europa informaram nesta quarta-feira (27/1) que edição de 2021 está marcada para acontecer entre os dias 6 e 17 de julho. “Como anunciado no último outono, o Festival de Cannes se reservava o direito de mudar suas datas dependendo do avanço da situação de saúde global”, resumiu a organização em comunicado. Antes, as datas previstas eram de 11 a 22 de maio. De todo modo, trata-se de um adiamento bastante otimista, repetindo o que aconteceu no ano passado, quando os organizadores também adiaram a realização para julho. Só que a França manteve os cinemas fechados e o espaço principal do festival foi transformado em centro de atendimento a desabrigados durante a pandemia. O evento acabou cancelado e os organizadores se contentaram em listar os filmes que participariam. Após a reabertura dos cinemas e a realização do Festival de Veneza, Cannes anunciou um mini-festival em outubro, mas com outros filmes, a maioria curtas, e nenhuma repercussão. Não foi o Festival de Cannes, mas uma mostrinha. Detalhe: o final desta versão enxuta coincidiu com um novo lockdown na França. Com mais um adiamento, Cannes demonstra outra vez sua relutância em realizar uma versão virtual de sua programação. A questão é polêmica porque o festival chegou a banir os filmes da Netflix de sua competição, após pressão dos proprietários de cinemas da França, e a realização de uma versão do festival em streaming representaria uma reviravolta completa em sua posição original. Caso isso aconteça, Cannes perderá argumentos para continuar barrando produções da Netflix e de outras plataformas digitais em sua competição. E aparentemente os organizadores preferem não fazer o festival a permitir essa brecha. Vale observar que outro importante evento do cinema europeu, o Festival de Berlim, já anunciou o cancelamento de suas sessões presenciais, planejando um evento totalmente online em março.
MyFrenchFilmFestival exibe filmes franceses de graça
O MyFrenchFilmFestival, primeiro festival online do cinema francês, chega à sua 11ª edição mundial nesta quinta (15/1) com novos parceiros no Brasil. Disponibilizado na plataforma Spcine Play no ano passado, o festival amplia agora sua distribuição nacional para as plataformas Belas Artes à la Carte e Supo Mungam Plus. Mas o Spcine Play continua a ser a forma mais rápida e acessível de chegar aos filmes (direto na homepage: https://www.spcineplay.com.br/) A programação inclui em torno de 30 filmes, entre longas e curtas-metragens, além de obras de realidade virtual, legendadas em 10 idiomas e disponíveis de forma totalmente gratuita de 15 de janeiro a 15 de fevereiro. A seleção de 2021 destaca a diversidade e a vitalidade do cinema falado em francês e foi dividida por temas. O detalhe é que há quase mais temas que filmes, então nem percam tempo com isso. Basta ir direto nos títulos, como, por sinal, sugere a organização dos filmes na plataforma da Spcine. Entre 11 longas selecionados, destacam-se a comédia “Enorme”, sobre gravidez, que entrou no Top 10 da conceituada revista Cahiers du Cinema, a cinebiografia “Camille”, sobre a fotojornalista Camille Lepage, que rendeu indicação ao César de Melhor Atriz para Nina Meurisse, e o desenho animado “Josep”, Melhor Animação de 2020 na premiação da Academia Europeia de Cinema. A programação também inclui a exibição de dois clássicos: o cultuadíssimo longa “Orfeu” (1950), de Jean Cocteau, e o curta pouco conhecido “A Vida dos Mortos” (1991), estreia do provocador Arnaud Desplechin na direção. Confira abaixo o trailer e o pôster do evento digital.
Globo de Ouro gera polêmica por classificar Minari como Filme Estrangeiro
A Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, responsável pelo Globo de Ouro, tornou-se alvo de protestos de vários integrantes da indústria do cinema dos EUA ao classificar o filme americano “Minari”, vencedor do Festival de Sundance deste ano, na disputa de Melhor Filme Estrangeiro. O longa de Lee Isaac Chung estrelado por Steven Yeun (“The Walking Dead”) é uma produção americana, filmada nos EUA por um cineasta americano, que acompanha a luta de uma família de imigrantes sul-coreanos para atingir o sonho americano. “’Minari’ é o melhor filme e o filme mais americano que vi este ano”, tuitou Phil Yu, do popular site Angry Asian Man, puxando o protesto. “Isso é uma besteira completa.” Yu foi um dos primeiros a manifestar sua indignação após a seleção dos filmes estrangeiros do Globo de Ouro ser divulgada. Outra foi a cineasta Lulu Wang, que enfrentou o mesmo problema no ano passado quando seu filme “A Despedida” (The Farewell) foi classificado como Filme Estrangeiro no Globo de Ouro. “Eu não vi um filme mais americano do que ‘Minari’ este ano”, tuitou Wang. “É uma história sobre uma família de imigrantes, NA América, perseguindo o sonho americano. Nós realmente precisamos mudar essas regras antiquadas que caracterizam os americanos apenas como base em porcentagem de diálogos em inglês.” As regras de elegibilidade do Globo de Ouro declaram que qualquer filme com pelo menos 50% de diálogos em outros idiomas entra na categoria Língua Estrangeira. Grande parte de “Minari” é falado em coreano, mas há muitos diálogos em inglês, numa história completamente americana. Outros filmes com menos diálogos em inglês já foram considerados americanos anteriormente pelo Globo de Ouro, o que levou alguns comentários a sugerir racismo da parte dos organizadores do evento. Harry Shum Jr (“Caçadores de Sombras”), por exemplo, reparou que “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino, teve apenas 30% de diálogos em inglês, comparados aos textos em alemão e francês e italiano da produção, e não foi considerado Estrangeiro pelo Globo de Ouro. “’Minari’ é um filme americano”, concluiu ele, na comparação. Além disso, “Babel”, de Alejandro Iñárritu , que incluía cinco idiomas diferentes, também foi considerado americano pelo Globo de Ouro em 2007. E não se pode esquecer que o recente “Me Chame pelo Seu Nome” inclui uma quantia considerável de conversas italianas, foi filmado na Itália e tem diretor italiano, mas também foi considerado americano pelo Globo de Ouro em 2018. O roteirista-produtor Phil Lord (“Anjos da Lei”) foi direto ao ponto no Twitter: “A questão, em relação a ‘Minari’ e o Globo de Ouro, não é um descuido. É uma escolha. As regras poderiam e deveriam ter mudado depois do ano passado [por causa de ‘A Despedida’]. Este ano, muitas pessoas argumentaram que ‘Minari’ é um filme americano. Esta é uma decisão cuidadosamente considerada, deliberada e preconceituosa”. Ele acrescentou: “Eu simplesmente não consigo ver porque QUALQUER filme em qualquer idioma seria desqualificado de competir nas categorias de melhor filme. Qual é a razão? ” Daniel Dae Kim (“Hawaii Cinco-0”) escreveu que colocar ‘Minari’ na categoria de Melhor Filme Estrangeiro era o “equivalente, em cinema, a ser xingado ‘volte para seu país’, quando esse país é na verdade os EUA”. Ming Na Wen (“The Mandalorian”) também não ficou feliz. “Isso me irrita em muitos níveis. PAREM COM ESTA ESTUPIDEZ!!”, ela escreveu. “Um filme como ‘Minari’ é o mais americano possível!!! Corrija isso, Globo de Ouro. Especialmente em 2020.” “Só para constar, ‘Minari’ é um filme americano escrito e dirigido por um cineasta americano que se passa na América com um ator principal americano e produzido por uma produtora americana”, tuitou Simu Liu, intérprete de Shang Chi, o Mestre do Kung Fu da Marvel. “… E sem dar spoiler, é uma BELA história de uma família de imigrantes tentando construir uma vida a partir do zero. O que poderia ser mais americano do que isso?” Andrew Phung (“Kim Convenience”) tuitou: “Um lembrete triste e decepcionante de que um filme sobre o sonho americano, ambientado na América, estrelado por um americano, dirigido por um americano e produzido por uma empresa americana, é de alguma forma estrangeiro”. Min Jin Lee, autor de Pachinko, que atualmente está sendo desenvolvido como uma série da Apple, acresentou: “’Minari’ é um filme americano sobre novos americanos. Todos na América, exceto os indígenas, vieram de outro lugar por escolha ou força. A língua inglesa não é uma língua nativa. Chega dessa bobagem sobre os asiático-americanos serem permanentemente estrangeiros. Terminei.” A Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood ainda não se manifestou sobre a polêmica. Veja abaixo o trailer de “Minari”.
Carro Rei: Filme brasileiro é selecionado pelo Festival de Roterdã
“Carro Rei”, da diretora Renata Pinheiro (“Amor, Plástico e Barulho”), foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Roterdã, onde fará sua premiére mundial. O filme brasileiro combina fantasia e realismo para contar a história de Uno (o novato Luciano Pedro Jr), que tem esse nome em referência ao carro em que nasceu, a caminho da maternidade. O automóvel é considerado como um melhor amigo pelo jovem, e quando uma nova lei proíbe a circulação de carros antigos, Uno busca uma solução com seu tio, um mecânico com ideias mirabolantes, vivido por Matheus Nachtergaele (“Trinta”). Juntos, os dois transformam o antigo automóvel no Carro Rei, que interage com humanos, comunicando-se e demonstrando sentimentos. O Festival de Roterdã de 2021 vai acontecer entre os dias 1º a 7 de fevereiro, com abertura da comédia dinamarquesa “Riders of Justice”, estrelada por Mads Mikkelsen (“Hannibal”). Veja abaixo uma cena de “Carro Rei” divulgada no YouTube do festival holandês.
Festival de Brasília premia documentário de Roraima
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) anunciou os vencedores do 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O prêmio de Melhor Filme foi para “Por Onde Anda Makunaíma?”, de Rodrigo Séllos. Primeira produção de Roraima a participar da competição, o documentário entrelaça as figuras de Macunaíma, personagem literário de Mario de Andrade, e de Makunaima, mito consolidado entre indígenas, para resgatar a história e denunciar o risco de extinção dos povos originários do Brasil. Sua vitória também ressalta o predomínio de documentários na programação. Dos seis filmes em competição, cinco eram documentários. Sintomaticamente, o prêmio do Júri Popular (o Prêmio do Público) elegeu a única ficção selecionada para a competição: “Longe do Paraíso”, do baiano Orlando Senna. Pela falta de concorrentes de ficção, não houve premiações para categorias de atuações, além de reconhecimentos em diversas áreas técnicas. O festival, que geralmente distribui 12 troféus Candangos (do júri) para a competição oficial de longas, este ano ofertou apenas três. Além do prêmio de Melhor Filme, houve ainda um Prêmio Especial para o documentário carioca “Ivan, o TerrirVel”, de Mario Abbade, e o Prêmio Especial de Montagem para Marta Luz, pelo documentário “A Luz de Mário Carneiro”. A disputa de Melhor Curta ainda rendeu um troféu para “República”, segundo trabalho de direção da atriz Grace Passô (“Temporada”), que retrata conflitos éticos e sociais em meio à pandemia de covid-19. Neste ano, em que Brasília completa 60 anos, o festival também ganhou uma categoria para prestigiar a capital. O documentário “Candango: Memórias do Festival”, de Lino Meireles, que conta a história do evento, foi destaque na modalidade pela escolha do júri e do público. A edição deste ano ocorreu de forma virtual, com exibição dos filmes pela televisão, no Canal Brasil, e na plataforma de streaming Canais Globo. A premiação foi transmitida pelo Canal no Youtube da Secec. Ainda de forma atípica, todos os filmes que participaram do festival deste ano foram premiados em dinheiro. A Secec distribuiu o total de R$ 400 mil para 30 obras selecionadas. Na Mostra Oficial, longas receberam R$ 30 mil e os curtas, R$ 15 mil. Já a Mostra Brasília, pagou R$ 15 mil aos longas e R$ 5 mil aos curtas.
Festival de Berlim confirma edição virtual em março
O Festival de Cinema de Berlim confirmou os planos que vazaram na quarta-feira (16/12), incluindo o cancelamento de seu evento físico em fevereiro. Os organizadores vão exibir a mostra competitiva de forma virtual, entre 1 e 5 de março, mas pretendem realizar uma segunda etapa do evento, com a projeção dos selecionados para o público no cinema em junho. Além da competição, o European Film Market (EFM), evento de negócios da indústria cinematográfica que ocorre paralelamente à Berlinale, também seguirá o modelo online. “Como resposta aos tempos em que vivemos, decidimos dividir a nossa oferta em dois eventos distintos, mas relacionados, e assim cumprir a missão da Berlinale. Enquanto em março a indústria cinematográfica estará reunida (online) e poderá apoiar e iluminar nossa seleção, no verão – como um recomeço, 70 anos após a primeira edição – nosso público poderá celebrar os cineastas e suas equipes, nos cinemas e a céu aberto. Isto dá a oportunidade de vivenciar as diferentes secções e perfis do festival, de assistir aos filmes da Mostra Internacional e de festejar com os vencedores dos Ursos de Ouro e de Prata num ambiente alegre”, disse o diretor artístico do festival, Carlo Chatrian, em comunicado. A diretora executiva da Berlinale, Mariette Rissenbeek, acrescentou que a situação atual “não permite um festival físico em fevereiro”. “Ao mesmo tempo, é importante oferecer um mercado à indústria cinematográfica ainda no primeiro trimestre do ano. Com a mudança do formato do festival em 2021, teremos a oportunidade de proteger a saúde de todos os convidados e apoiar a indústria do cinema. Com o evento de verão, queremos celebrar um festival de cinema e oferecer ao público da Berlinale a tão esperada experiência comunitária de cinema e cultura”, explicou Rissenbeek. Como a disparada das taxas de infecção de covid-19 na Alemanha nas últimas semanas, o governo decretou um novo lockdown, com o fechamento de escolas e todo comércio não essencial, incluindo cinemas. Com isso, o festival, que estava programado para acontecer de 11 a 21 de fevereiro, tornou-se inviável. Agora, a Berlinale está em negociações com os seus parceiros e com o Ministro de Estado da Cultura e dos Meios de Comunicação (BKM) da Alemanha para ampliar o orçamento do festival. O BKM já confirmou um apoio extra aos organizadores com fundos do seu programa especial para a Cultura.
Festival de Berlim será totalmente online em 2021
O Festival de Berlim esperava repetir o milagre do Festival de Veneza e seguir como um evento presencial em fevereiro, mas a segunda onda de covid-19 na Europa jogou por terra essa esperança. Segundo os sites Variety e The Hollywood Reporter, os organizadores do festival alemão devem anunciar nesta semana o adiamento de sua 71ª edição, originalmente marcada para acontecer entre 11 a 21 de fevereiro de 2021, e a transformação de sua programação num evento exclusivamente online. Como a disparada das taxas de infecção de covid-19 na Alemanha nas últimas semanas, seguidas pelo fechamento generalizado dos cinemas do país, já havia fortes especulações de que a programação seria afetada. A situação tornou-se incontornável após esta quarta-feira (16/12), quando a Alemanha entrou em completo lockdown, fechando escolas e todo comércio não essencial. Fontes do THR indicam que o Festival de Berlim tinha planos de adiar sua edição para abril na expectativa de poder contar com público, mas o governo alemão não estava disposto a se comprometer com a data. Assim, os organizadores optaram por adiar o evento em apenas duas semanas, para o início de março, e eliminar as sessões presenciais. Refletindo os planos para as exibições de filmes, o European Film Market (EFM), evento de negócios da indústria cinematográfica que ocorre paralelamente à Berlinale, também deve seguir o mesmo modelo online. O EFM já havia anunciado planos para incorporar eventos de mercado online em sua edição de 2021, mas ainda esperava ter alguma forma de presença física. Isso agora parece improvável. O Festival de Cannes também deverá ser afetado pela expansão da pandemia, pelo segundo ano consecutivo. Provisoriamente agendado para maio, o evento francês já tem planos de se mudar para o final de junho ou início de julho se as condições de contágio da covid-19 continuarem desfavoráveis.
Favorito ao Oscar, Nomadland ganha trailer legendado
A 20th Century Studios (ex-Fox) divulgou um novo pôster e o trailer legendado de “Nomadland”. O vídeo explora a sensibilidade do longa, que já conquistou o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o prêmio principal do Festival de Toronto, tornando-se favorito disparado ao Oscar 2021. Road movie com influência de documentários, “Nomadland” é estrelado por Frances McDormand, que já tem dois Oscars na prateleira, por “Fargo” (1996) e “Três Anúncios para um Crime” (2017), como uma viúva sem rumo, viajando pelos EUA numa van durante a implosão financeira de sua cidade, estado e país. O elenco também inclui David Strathairn (“The Expanse”) e vários atores amadores que são nômades reais – alguns, inclusive, vistos no documentário “Without Bound – Perspectives on Mobile Living” (2014). Terceiro e último longa indie da diretora Chloé Zhao, vencedora do Gotham Award por “Domando o Destino” (2017), “Nomadland” encerra um ciclo na carreira da cineasta. Enteada da atriz chinesa Song Dandan (“O Clã das Adagas Voadoras”) e radicada nos EUA desde a adolescência, Zhao começa, depois deste filme, sua trajetória nos grandes estúdios de Hollywood com a superprodução da Marvel “Eternos”. O filme ganhou distribuição limitada em 4 de dezembro na América do Norte e o plano do estúdio é estender sua exibição até fevereiro, quando pretende lançá-lo em circuito mais amplo e no mercado internacional, inclusive no Brasil.
Veja o trailer emocionante de drama premiado da diretora de Mamma Mia!
A Amazon divulgou o pôster e o trailer do drama “Herself”, novo filme de Phyllida Lloyd, diretora de “Mamma Mia!” (2008) e “A Dama de Ferro” (2011). A produção britânica conta uma história de superação e empoderamento, ao acompanhar uma mãe que luta contra a pobreza e o ex-marido para construir – literalmente – um lar para morar com suas filhas. As dificuldades que ela encontra em sua jornada, vislumbradas na prévia, são de encher os olhos de lágrimas. A história foi escrita pela atriz principal, Clara Dunne, que tem diante das câmeras seu primeiro papel de protagonista após aparecer quase como figurante em “Homem-Aranha: Longe de Casa” (2019). Ela também canta duas músicas da trilha sonora. Exibido no Festival de Sundance sob críticas elogiosas, algumas incluídas no trailer, o filme atingiu 91% de aprovação no Rotten Tomatoes e ainda venceu dois troféus no Festival de Dublin, inclusive o de Revelação para Dunne. A estreia está marcada para 30 de dezembro em circuito limitado nos EUA, e 8 de janeiro em streaming mundial.
Festival do Rio cancela sua edição de 2020
O Festival do Rio não terá edição neste ano. O evento, que já tinha sido adiado para dezembro, foi cancelado nesta quinta-feira (3/12). No anúncio, os organizadores explicaram que a pandemia e dificuldades financeiras – decorrentes também da política cultural do governo Bolsonaro – comprometeram os planos para a realização do festival. Ao mesmo tempo, esperam organizar uma versão alternativa no segundo trimestre de 2021, combinando eventos híbridos – presenciais e virtuais – , mas ainda não há uma clara definição. Aparentemente, este evento será centrado na Mostra Première Brasil, dedicada ao lançamento de novos filmes brasileiros. Em nota enviada aos produtores inscritos na Première Brasil, a direção do festival reafirmou seu “compromisso firme e inabalável com a indústria audiovisual, com a cidade do Rio de Janeiro, com o país e com o cinema brasileiro. O que nos levou a decidir prosseguir com uma seleção oficial da Première Brasil”. O festival recebeu cerca de 700 inscrições de curtas e longas de ficção e documentário para a Première Brasil deste ano. Os títulos selecionados serão revelados em 21 de dezembro e serão destaque das ações que venham a ser realizadas entre março e junho do próximo ano. “O Festival do Rio está trabalhando ao lado de seus patrocinadores e parceiros. A cidade precisa do Festival. Mas, sobretudo, os produtores nacionais precisam de uma vitrine como a Première Brasil. A ideia é realizar projeções especiais ao longo do primeiro semestre de 2021 como forma de manter viva a relação do público com a Première Brasil e com o Festival”, afirmou Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio. Paralelamente, a edição regular de 2021 do Festival do Rio continua programada para os meses de outubro e novembro do ano que vem.
Festival de Sundance anuncia exibições em drive-in e online
A organização do Festival de Sundance anunciou nesta quarta-feira (2/12) os planos para sua edição de 2021. Refletindo a tendência de adaptação dos eventos de cinema para exibições online, o tradicional festival de filmes independentes confirmou uma versão digital, mas também pretende se espalhar por drive-ins e cinemas de arte nos Estados Unidos, como alternativa às restrições trazidas pela pandemia de covid-19. Cofundado pelo astro Robert Redford há cerca de quatro décadas e conhecido por lançar a carreira dos principais diretores dos EUA desde então, de Quentin Tarantino a Damien Chazelle, o festival vai acontecer de 28 de janeiro a 3 de fevereiro, mas sua programação, que geralmente inclui mais de 70 filmes, ainda não foi anunciada. O detalhe é que, pela primeira vez, Sundance não será o primeiro festival de cinema da temporada, mas o último, considerando que a premiação do Oscar foi adiada para abril. Com isso, o período de elegibilidade para candidatos ao prêmio da Academia – que começou em 1º de janeiro e expiraria em 31 de dezembro de 2020 – foi estendido para 28 de fevereiro de 2021, bem depois da data do festival indie. A Academia também anunciou que consideraria exibições em drive-in como válidas para qualificar candidatos a prêmios, espaço que Sundance pretende adotar. O Sundance Institute planeja utilizar a tradicional cidade do festival, Park City, em Utah, para exibir alguns filmes do evento, mas leva em conta a necessidade de autorização do estado, que aumentou as restrições devido à pandemia. Por isso, também planeja alternativas, como dois cines drive-ins em Los Angeles e Nova York, simultaneamente à estreias online, e transformar as sessões de perguntas e respostas com equipe dos filmes em evento virtual ao vivo. “Mesmo sob essas circunstâncias impossíveis, os artistas ainda encontram caminhos para fazer um trabalho ousado e vital de todas as maneiras que podem”, disse a diretora do festival Tabitha Jackson, em comunicado. Segundo ela, as exibições online e estreias socialmente distantes da Califórnia a Nova York “nos dão a oportunidade de alcançar novos públicos, com segurança, onde eles estão”. Este ano, os principais festivais de verão e outono – com exceção de Veneza – cortaram a maioria de seus eventos presenciais ou, no caso de Cannes e Telluride, foram totalmente cancelados. Já o Festival de Toronto – o maior evento de cinema da América do Norte – aconteceu principalmente online, assim como a Mostra de Cinema de São Paulo, no Brasil.












