Academia divulga foto oficial dos indicados ao Oscar 2020
A Academia de Ciências e Artes Cinematográficas divulgou na noite de segunda-feira (27/1) o retrato oficial dos indicados ao Oscar 2020. O clique foi feito após o tradicional almoço de confraternização entre os candidatos, organizado antes da premiação. Na imagem, os indicados às 24 categorias aparecem enfileirados, incluindo o já potencial vencedor do Oscar de Melhor Direção Sam Mendes, além dos atores Brad Pitt, Joaquin Phoenix, Renée Zellweger e Laura Dern, favoritos às estatuetas, entre outros. Confira a lista completa de quem disputa a premiação neste link. A 92ª edição do Oscar será realizada em 9 de fevereiro no Teatro Dolby, em Los Angeles, com transmissão ao vivo no Brasil pelos canais Globo e TNT. Veja a imagem completa abaixo. Clique para ampliá-la.
Diretora de Democracia em Vertigem ataca “nazismo” de Bolsonaro no New York Times
A cineasta Petra Costa, que disputa o Oscar com seu documentário “Democracia em Vertigem”, assinou um artigo editorial publicado na sexta-feira (24/1) no jornal The New York Times, com duras críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro, acusado de promover uma “guerra cultural”, assumir atitudes nazistas e tentar impor um “fascismo tropical”. Petra Costa entrevistou Bolsonaro para seu filme, que faz parte de uma guerra de narrativas sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, ao apresentar o PT como vítima, não cúmplice da corrupção que sempre existiu, mas que tomou dimensões nunca antes vistas na História deste país durante os governos de Lula e Dilma. “Em 2016, eu entrevistei Bolsonaro sobre seus planos para o setor cultural e ele reclamou que nenhum filme brasileiro era bom o suficiente para ser premiado com uma indicação ao Oscar. Na semana passada, no entanto, ele desprezou nossa indicação dizendo ‘para quem gosta do que urubu come, é um bom filme’. Em seguida, ele admitiu não ter visto o filme, mas isso não impediu que a legião de trolls que o seguem nas redes sociais de papaguear a acusação de que o filme era fake news”, escreveu Petra. A cineasta lembrou que a campanha de Bolsonaro à Presidência da República foi marcada por fake news. “Mais de 98% dos seus eleitores foram expostos a uma ou mais manchetes falsas durante a campanha e quase 90% acreditavam que elas eram verdadeiras, segundo estudo da organização Avaaz. O seu governo dominou a arte de manipular a verdade”, afirmou. Em seguida, a diretora citou ataques ao Carnaval e tentativas de censura a livros escolares e projetos do audiovisual com temática LGBTQIA+ como exemplos da “guerra cultural” decretada por Bolsonaro. “O líder do governo caracterizou o Carnaval brasileiro, uma grande fonte de orgulho em nossa cultura, como uma festa degenerada. Alguns de nossos maiores artistas foram atacados, livros escolares estão sendo reescritos e recursos foram cortados para séries e projetos cinematográficos sobre temas LGBTQ. Mais de 30 obras de arte foram censuradas, autocensuradas ou canceladas”. Para Petra, essa agressão à Cultura “atingiu novos patamares em dezembro quando a produtora Porta dos Fundos foi atacada com coquetéis Molotov por conta de seu episódio satírico ‘A Primeira Tentação de Cristo’, que retrata Jesus como homossexual”. Segundo ela, a situação atual no Brasil remete aos “anos mais duros da ditadura militar”. Remete também ao nazismo, como evidenciado pela política cultural levada à cabo pelo ex-secretário da Cultura Roberto Alvim, demitido por plagiar discurso do ideólogo do nazismo Joseph Goebbels. “Creio que ele foi demitido não porque o governo condena suas opiniões e sim porque foi demasiado explícito sobre opiniões que ambos compartilham. Este é apenas um exemplo de como a democracia brasileira se aproxima do abismo”, opinou. Ela ainda encontrou outros paralelos entre Bolsonaro e a administração de Hitler na Alemanha nazista. “É interessante que Lügenpresse, ou ‘imprensa mentirosa’, foi um slogan amplamente usado na Alemanha durante o terceiro Reich para descreditar qualquer jornalista que discordasse da posição do governo”. Por fim, Petra Costa fala que não “há luz no fim do túnel desta guerra cultural que procura censurar os valores liberais e progressistas e desconstruir a verdade para impor um fascismo tropical”. “Como aponto em ‘Democracia em Vertigem’, a elite se cansou do jogo da democracia. A história do nazismo mostra que as elites que se calaram diante do avanço do autoritarismo acabaram sendo engolidas por ele. A extinção é o preço da omissão”, conclui a diretora.
Favorito ao Oscar, 1917 é a principal estreia de cinema da semana
O grande favorito ao Oscar 2020 finalmente estreia no Brasil. Vencedor do Globo de Ouro e do prêmio do Sindicato dos Produtores dos EUA, “1917” é o principal destaque da programação de cinema desta semana. Dirigido pelo inglês Sam Mendes (“007 Contra Spectre”), que vem vencendo todos os prêmios possíveis por seu trabalho, o longa conquistou 89% de aprovação no Rotten Tomatoes e disputa 10 Oscars, dominando as categorias técnicas pela destreza cinematográfica com que apresenta sua narrativa num plano contínuo – isto é, com a ilusão de que o filme não tem cortes. Este truque também faz com que a ação aconteça em tempo real, transportando o público para as trincheiras do front europeu da 1ª Guerra Mundial. Repleto de explosões, correrias, desabamentos, saltos impossíveis e coragem diante da morte certa, “1917” acompanha dois soldados britânicos encarregados de enfrentar bombas e o tiroteio inimigo para entregar uma mensagem que pode salvar milhares de vidas, inclusive a de um irmão deles. O elenco é encabeçado por George McKay (“Capitão Fantástico”) e Dean-Charles Chapman (“Game of Thrones”), como os dois soldados da sinopse. Seu comandante é vivido por Colin Firth (vencedor do Oscar por “O Discurso do Rei”) e ainda há participações de Benedict Cumberbatch (“Doutor Estranho”), Mark Strong (“Shazam!”) e Richard Madden (outro de “Game of Thrones”). Também indicado ao Oscar, “Um Lindo Dia na Vizinhança” tem como destaque a participação de Tom Hanks, que concorre como Melhor Ator Coadjuvante por sua interpretação de Fred Rogers, apresentador de programa infantil que durante décadas ensinou o público a ser mais otimista e feliz. O drama gira em torno de uma entrevista que um jornalista cínico (Matthew Rhys, de “The Americans”) precisa realizar com a famosa celebridade, no fim dos anos 1980, e tem 95% de aprovação no RT. O lançamento com maior distribuição, porém, não é nenhum dos dois, mas a animação “Um Espião Animal”, que vai chegar a mais de 500 cinemas sem seu principal atrativo: as vozes originais de Will Smith (“Esquadrão Suicida”) e Tom Holland (“Homem-Aranha: De Volta ao Lar”). A aposta é que crianças não se importam com a dublagem americana – embora o estúdio tenha pago uma fortuna por esse detalhe descartável. Ao transformar Will Smith num pombo, o estúdio Blue Sky – de “A Era do Gelo”, “Rio” e “Ferdinando” – ainda mantém sua tradição de lançar animações de animais falantes. A média é de 76% no RT. Há ainda outra opção que utiliza animação, “O Filme do Bruno Aleixo”, produção híbrida portuguesa, com passagens live-action e humor surreal. Bruno Aleixo é um personagem animado muito popular em Portugal, ativo na internet e na TV do país há cerca de 12 anos. O cachorro-urso de pelúcia resolve que, após ter seu programa de TV, deve estrelar seu próprio filme e decide consultar seus amigos sobre como transformar sua vida numa cinebiografia, o que serve de mote para a criação de esquetes engraçados. Como não foi lançado nos EUA, não tem cotação no RT, mas atingiu nota 8,2 do público no IMDb. O circuito limitado também traz o elogiadíssimo “Antologia da Cidade Fantasma”, considerado o melhor filme do canadense Denis Côté (“Vic+Flo Viram um Urso”). Apesar da premissa de terror sobrenatural, a história é apresentada como um drama. Numa cidadezinha em que nada acontece, um acidente de carro fatal inicia um ciclo de perturbações. Pessoas estranhas começam a aparecer ao redor da cidade, observando os moradores à distância, em cada vez maior número, e o tempo parece não passar como deveria. Altamente atmosférico, conquistou 95% de aprovação no Rotten Tomatoes. Quem preferir terror mais tradicional, pode ainda sofrer “A Maldição de Mary”, pior filme da carreira do ator Gary Oldman (vencedor do Oscar por “O Destino de Uma Nação”), com apenas 4% no RT. Três filmes nacionais completam a programação, com destaque para a inversão realizada em “A Divisão”. Na contramão da recente mania de transformar filmes em minisséries da Globo, com enxertos de cenas extras, “A Divisão” leva para o cinema a série homônima, disponibilizada em cinco episódios na Globo Play, cortando cerca de 1 hora de sua narrativa. Para completar, o documentário “Adoniran – Meu Nome é João Rubinato” foi o filme de abertura do festival É Tudo Verdade de dois anos atrás. Confira abaixo mais detalhes das estreias da semana com todos os títulos, suas sinopses e trailers. 1917 | EUA | Guerra Os cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) são jovens soldados britânicos durante a 1ª Guerra Mundial. Quando eles são encarregados de uma missão aparentemente impossível, os dois precisam atravessar território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar mais de 1300 colegas de batalhão. Um Lindo Dia na Vizinhança | EUA | Drama Fred Rogers (Tom Hanks) foi o criador do Mister Rogers’ Neighborhood, um programa infantil de TV muito popular que durou décadas, desde os anos 1960, nos Estados Unidos. Em 1998, Tom Junod (Matthew Rhys), até então um cínico jornalista investigativo, aceitou escrever o perfil de Rogers para a revista Esquire. Durante as entrevistas para a matéria, Junod mudou não só sua visão em relação ao seu entrevistado como também sua visão de mundo, iniciando uma inspiradora amizade com o apresentador. Um Espião Animal | EUA | Animação Quando um evento inesperado acontece, Lance Sterling (voz de Will Smith), o melhor espião do mundo, precisa unir forças com o inventor Walter (voz de Tom Holland) para salvar o dia. O Filme do Bruno Aleixo | Portugal | Comédia Bruno Aleixo é alguma coisa entre um cachorro e um urso de pelúcia. O personagem de animação português que ganhou fama por uma web-série de comédia chamada “Os Conselhos que Vos Deixo” ganha seu próprio filme. Na obra cômica, ao decidir criar a própria autobiografia, Bruno procura inspiração entre amigos para escrever o texto. Antologia da Cidade Fantasma | Canadá | Drama Em uma pequena e distante cidade do interior do Canadá, um homem morre em um acidente de carro sob circunstâncias misteriosas. Enquanto os poucos habitantes do local permanecem relutantes em debater as possíveis causas da tragédia, a família do falecido e o prefeito Smallwood começam a perceber estranhos e atípicos eventos que mudam suas concepções de realidade. A Possessão de Mary | EUA | Terror David (Gary Oldman) é um capitão de colarinho azul que luta para melhorar a vida de sua família. Estranhamente atraído por um navio abandonado que está em leilão, David impulsivamente compra o barco, acreditando que será o bilhete de sua família para a felicidade e a prosperidade. Mas logo depois que eles embarcam em sua jornada inaugural, eventos estranhos e assustadores começam a aterrorizar David e sua família, fazendo com que se voltem um contra o outro e duvidem de sua própria sanidade. A Divisão | Brasil | Drama No Rio de Janeiro da década de 1990, uma onda de sequestros assola a cidade maravilhosa. Quando o secretário de segurança e o chefe da polícia encarregam três policiais corruptos de tirar a cidade dessa situação, a Delegacia Antissequestro precisa entrar em ação para enfrentar o repetitivo número de casos envolvendo sequestros e mudar o cenário carioca. O Melhor Verão das Nossas Vidas | Brasil | Comédia Três melhores amigas são aprovadas para participar da final de um famoso festival de música. Porém, elas descobrem que estão de recuperação na escola e precisam arranjar uma maneira de comparecer ao festival em Guarujá sem que seus pais descubram. Adoniran – Meu Nome é João Rubinato | Brasil | Documentário Adoniran Barbosa, autor de sucessos como “Trem das Onze” e “Saudosa Maloca”, carrega o título de maior sambista paulista de todos os tempos. A cidade de São Paulo era a personagem principal de suas canções e radionovelas. Através de imagens de arquivos raras e nunca vistas antes, o compositor e cantor paulistano, que faleceu em 1982, é redescoberto pelo público.
Stephen King polemiza ao defender “qualidade” sobre diversidade no Oscar
O escritor Stephen King causou polêmica nas redes sociais ao decidir opinar sobre o que muitos chamam de “mimimi” da diversidade no Oscar 2020. Neste ano, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA voltou a sofrer críticas por indicar poucos atores de “cor” (negros, latinos, asiáticos, etc) e poucas mulheres em áreas de maior impacto criativo. “Como um escritor, eu posso ser indicado em apenas três categorias: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, e Melhor Roteiro Original. Para mim, o problema da diversidade – da forma que se aplica aos atores e diretores individualmente – não surgiu. Dito isto, eu nunca consideraria a diversidade quando o assunto é arte. Somente a qualidade. Para mim, fazer o contrário é errado”, ele escreveu. O post dividiu opiniões. Angie Thomas, autora do livro “O Ódio Que Você Semeia”, foi uma das milhares de questionou o colega de profissão. “E quem determina o que é qualidade?”, ela ponderou. Outra seguidora escreveu: “Com todo respeito, eu acho que isso é injusto. Quando filmes criados por pessoas de cor são constantemente ignorados por instituições que são predominantemente formadas por homens brancos, há uma parcialidade explícita.” “Como sua fã, é doloroso ler isso vindo de você. Isso implica que diversidade e qualidade não podem ser simultâneas. Estes não são conceitos separados. Qualidade está em todo lugar, mas a maioria das indústrias só acredita na qualidade de uma parcela da população”, questionou outra. A escritora brasileira Bel Rodrigues também se manifestou, obtendo quase 5 mil curtidas em sua mensagem: “É fácil considerar só a qualidade quando você consegue se ver em todos os trabalhos de arte que existem.” Diante da reação, King resolveu mudar a abordagem, esquecendo o posicionamento conservador anterior e partindo para uma visão de mundo liberal. “A coisa mais importante que podemos fazer como artistas e pessoas criativas é garantir que todos tenham as mesmas chances, independentemente de sexo, cor ou orientação sexual”, escreveu o autor. “Neste momento, estas pessoas estão muito mal representadas, e não apenas nas artes. Ninguém consegue ganhar prêmios se estiver excluído do jogo”, completou Stephen King, sem sugerir soluções. Uma dessas soluções, quem diria, é fazer exatamente aquilo que ele considerava “errado” no tuíte anterior: chamar atenção para a injustiça social de indicações que priorizam obras de homens brancos aos trabalhos artísticos dos demais segmentos da sociedade, tão bons quanto e muitas vezes melhores que os das classes privilegiadas. Conservadores não gostam disso, porque afeta os privilégios de que usufruem, como homens e/ou brancos. Neste ano, Lupita Nyong’o (em “Nós”) e Awkwafina (“A Despedida”) deram shows de interpretações e foram totalmente ignoradas pela Academia, assim como os diretores de seus filmes, respectivamente Jordan Peele e Lulu Wang, porque não têm a cor da qualidade. Já Martin Scorsese fez um longa que, mesmo com 3h30 e a ambição de cobrir décadas da história dos EUA, dá voz apenas a homens brancos. Com essa visão preconceituosa de mundo, “O Irlandês” recebeu 10 indicações ao Oscar!
Oscar 2020 consagra conservadorismo com histórias masculinas, heterossexuais e brancas
As indicações ao Oscar 2020, reveladas na manhã desta segunda (13/1), representaram, em muitas formas, um retrocesso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, ao privilegiar majoritariamente histórias de homens brancos heterossexuais. Isto aconteceu um ano após o esforço de diversificação da organização ter rendido um número recorde de mulheres premiadas e grande representatividade temática. Vale comparar. Na lista de concorrentes de Melhor Filme no Oscar 2019 estavam “Pantera Negra”, “Infiltrado na Klan”, “A Favorita”, “Roma”, “Nasce Uma Estrela”, “Bohemian Rhapsody”, “Vice” e “Green Book”. Apenas um desses filmes representava uma história de homem branco heterossexual: “Vice”, apropriadamente sobre um político de direita dos EUA. Neste ano, as tramas sobre brancos heterossexuais totalizaram seis títulos, de um total de nove indicados ao Oscar de Melhor Filme: “Ford x Ferrari”, “O Irlandês”, “Jojo Rabbit”, “Coringa”, “1917” e “Era uma Vez em Hollywood”. Extremamente masculinos, filmes como “O Irlandês” e “1917” chegam a relegar mulheres a papéis de figuração. “1917” tem uma desculpa narrativa, já que mulheres não lutaram no front da 1ª Guerra Mundial. Mas “O Irlandês”, que projeta décadas de desenvolvimento de personagens, não tem qualquer justificativa para dar a sua principal atriz menos de uma página de diálogos. Apenas uma obra indicada ao Oscar de Melhor Filme é focada em personagens femininas: “Adoráveis Mulheres”, como deixa claro o título. E apenas uma tem personagens racialmente diferentes: “Parasita”, que é estrangeiro, realizado na Coreia do Sul. Por que o Emmmy consagra séries como “Fleabag”, “A Maravilhosa Sra. Meisel” e “Killing Eve” e o Oscar não consegue reconhecer tramas femininas? Como é possível ignorar que alguns dos melhores filmes recentes são histórias de mulheres e de pessoas “de cor”. Quem, afinal, consegue explicar porque, em vez de incentivar filmes que promovem uma visão de mundo sectária, a Academia não incluiu “A Despedida” (The Farewell), de Lulu Wang, ou “Nós”, de Jordan Peele, em seu Top 10 possível? Com a decisão estúpida (e isto precisa ser salientado: estúpida) de indicar apenas nove filmes, podendo, por suas próprias regras, nomear até dez, a Academia contribui efetivamente para diminuir as possibilidades de diversificação do prêmio. Para contrabalançar o fato de que prevaleceram histórias de homens, um comunicado dos organizadores buscou inverter a perspectiva ao destacar que 62 mulheres foram indicadas, compondo quase um terço dos candidatos ao Oscar deste ano. Nenhuma cineasta, porém, vai disputar o prêmio 100% masculino de Melhor Diretor. Greta Gerwig, que comandou “Adoráveis Mulheres”, era a principal favorita, mas foi lembrada apenas na vaga de Melhor Roteiro Adaptado. Com a atitude esnobe em relação a “A Despedida”, o Oscar perdeu a chance de reconhecer também a diretora Lulu Wang e principalmente a atriz Awkwafina (vencedora do Globo de Ouro 2020). O mesmo em relação a “Nós”, de Jordan Peele e da espetacular interpretação de Lupita Nyong’o (indicada ao SAG Awards 2020, prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA). O impacto dessas ausências é muito claro – literalmente – na seleção de atores. A premiação de intérpretes deste ano é 95% branca. Em meio às cabeleiras loiras, que compõem o visual da maioria dos 20 astros indicados, há apenas uma presença destoante. A exceção que impede o Branco Total é Cynthia Erivo, na disputa por “Harriet”. O incrível é que tanto Lupita quanto Awkwafina desempenharam melhor seus papéis, em obras de maior repercussão e avaliação mais positiva. Com 74% de aprovação, “Harriet” é um dos filmes do Oscar com nota mais baixa no Rotten Tomatoes. Até o elenco de “Luta por Justiça”, com Michael B. Jordan e Jamie Foxx, estava mais bem-cotado. Houve quem lembrasse também de Jennifer Lopez, por “As Golpistas”. Mas, neste caso, trata-se mais de elogio incentivado pelo estúdio que desempenho real. Por falar em estúdios, a ausência de “A Despedida” também eliminou o cinema indie americano da disputa. Desde a vitória de “Moonlight”, em 2017, a rede ABC pressiona a Academia para que privilegie lançamentos amplos e comerciais, visando alavancar a audiência da transmissão televisiva da cerimônia. A vitória de “Moonlight” foi a manifestação de um verdadeiro pesadelo para a ABC – e conservadores em geral – , um filme com atores negros, dirigido por um cineasta negro, produzido de forma independente, com distribuição limitada e ainda por cima de temática explicitamente homossexual. Foi também um marco da diversidade em Hollywood, o que alimentou uma visível reação conservadora. Diante da pressão, a Academia até chegou a discutir um tal de Oscar de Melhor Filme Popular, ideia que acabou descartada, mas cujo espírito se manifesta no fim das indicações para o cinema independente. Em 2020, o filme com mais indicações é uma adaptação de quadrinhos que superou US$ 1 bilhão de arrecadação mundial. E não é o único blockbuster na disputa. Outros filmes de grande orçamento, como “Ford x Ferrari” e “1917”, também passaram pelo topo das bilheterias, e “Era uma Vez em Hollywood”, que fetichiza o cinema antigo, consagrou-se como um dos maiores sucessos da carreira de Quentin Tarantino. Em contraste a esse contra-ataque dos grandes estúdios e do cinemão à moda antiga, acaba resultando ousado o destaque conquistado por “Parasita”, um filme estrangeiro, exibido com legendas no cinema americano. Do mesmo modo, também é significativo o avanço obtido pela Netflix, grande vencedora da contagem geral, com 24 indicações para seus vários títulos, superando os estúdios tradicionais de Hollywood pela primeira vez. Mas a aceitação dos filmes da Netflix realmente representa ruptura? Certamente de modelo econômico, mas não de conteúdo, já que “O Irlandês” provou-se o filme mais convencionalmente macho, branco e heterossexual do Oscar, o símbolo perfeito do que há de mais antiquado e conservador na imaginação dos membros da Academia. Retrucando uma falsa polêmica, Martin Scorsese poderia aprender muito sobre a importância da inclusão social no cinema se visse os filmes da Marvel. Inovador, diferente, surpreendente? Só “Parasita”, de Bong Joon Ho. Veja a lista completa dos indicados neste link.
Oscar 2020: Coringa lidera a lista de indicados à premiação de cinema dos EUA
1A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos anunciou, na manhã desta segunda-feira (13/1), a lista dos indicados ao Oscar 2020. A 92ª cerimônia da premiação de cinema será realizada no dia 9 de fevereiro, no Teatro Dolby, em Los Angeles. Pela primeira vez, uma adaptação de quadrinhos foi o filme com o maior número de indicações. “Coringa” liderou a lista, indicado em 11 categorias, incluindo Melhor Filme, Direção (Todd Philips) e Ator (Joaquin Phoenix). “Era uma vez em Hollywood”, “1917” e “O Irlandês” chegaram perto, empatando com 10 indicações cada. Mas a surpresa foi “Parasita”, primeiro longa sul-coreano indicado ao Oscar, que somou seis indicações, inclusive para Melhor Filme, tornando-se o 11º longa estrangeiro nomeado na categoria principal. O cinema brasileiro também foi contemplado na premiação, por meio de “Democracia em Vertigem”, da diretora Petra Costa, que concorre como Melhor Documentário, ao apresentar o processo de Impeachment de Dilma Rousseff de forma pessoal. “Dois Papas”, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, também obteve indicações – três, ao todo – , mas o cineasta brasileiro não foi contemplado. A lista ainda apresenta algumas curiosidades. Ao concorrer a dois prêmios de interpretação, como Melhor Atriz por “História de um Casamento” e Atriz Coadjuvante por “Jojo Rabbit”, Scarlett Johansson se junta a 11 atores indicados no mesmo ano em duas categorias. A mais recente foi Cate Blanchett, em 2008. O Oscar 2020 também pode premiar um casal. Greta Gerwig foi indicada pelo Roteiro Adaptado por “Adoráveis Mulheres” e seu parceiro, Noah Baumbach, pelo Roteiro Original de “História de um Casamento”. E, novamente, nenhuma mulher foi indicada na categoria de Melhor Direção. Para completar, John Williams, nomeado pela Trilha de “Star Wars: A Ascensão Skywalker”, bateu seu próprio recorde como a pessoa viva com mais indicações ao Oscar: 52, ao todo. Walt Disney, falecido em 1966, detém a liderança histórica, indicado 59 vezes. Confira abaixo a lista completa de indicados. Melhor Filme Melhor Filme “Ford vs Ferrari” “O Irlandês” “Jojo Rabbit” “Coringa” “Adoráveis Mulheres” “História De Um Casamento” “1917” “Era Uma Vez Em Hollywood” “Parasita” Melhor Direção Bong Joon Ho – “Parasita” Sam Mendes – “1917” Martin Scorsese – “O Irlandês” Quentin Tarantino – “Era Uma Vez Em Hollywood” Todd Phillips – “Coringa” Melhor Atriz Cynthia Erivo – “Harriet” Scarlett Johansson – “História De Um Casamento” Saoirse Ronan – “Adoráveis Mulheres” Charlize Theron – “O Escândalo” Renée Zellweger – “Judy” Melhor Ator Antonio Banderas – “Dor e Glória” Adam Driver – “História De Um Casamento” Joaquin Phoenix – “Coringa” Jonathan Pryce – “Dois Papas” Leonardo DiCaprio – “Era Uma Vez Em Hollywood” Melhor Atriz Coadjuvante Margot Robbie – “O Escândalo” Kathy Bates – “O Caso Richard Jewell” Laura Dern – “História De Um Casamento” Scarlett Johansson – “Jojo Rabbit” Florence Pugh – “Adoráveis Mulheres” Melhor Ator Coadjuvante Tom Hanks – “Um Lindo Dia na Vizinhança” Al Pacino – “O Irlandês” Joe Pesci – “O Irlandês” Brad Pitt – “Era Uma Vez Em Hollywood” Anthony Hopkins – “Dois Papas” Melhor Roteiro Adaptado Greta Gerwig – “Adoráveis Mulheres” Anthony McCarten – “Dois Papas” Todd Phillips & Scott Silver – “Coringa” Taika Waititi – “Jojo Rabbit” Steven Zaillian – “O Irlandês” Melhor Roteiro Original Noah Baumbach – “História De Um Casamento” Rian Johnson – “Entre Facas e Segredos” Bong Joon Ho e Han Jin Won – “Parasita” Quentin Tarantino – “Era Uma Vez Em Hollywood” Sam Mendes & Kristy Wilson-Cairns – “1917” Melhor Fotografia Jarin Blaschke – “O Farol” Roger Deakins – “1917” Rodrigo Pietro – “O Irlandês” Robert Richardson – “Era Uma Vez Em Hollywood” Lawrence Sher – “Coringa” Melhor Figurino Jacqueline Durran – “Adoráveis Mulheres” Arianne Phillips – “Era Uma Vez Em Hollywood” Sandy Powell e Christopher Peterson – “O Irlandês” Mayes C. Rubeo – “Jojo Rabbit” Mark Bridges – “Coringa” Melhor Edição Andrew Buckland e Michael McCusker – “Ford vs Ferrari” Yang Jinmo – “Parasita” Thelma Schoonmaker – “O Irlandês” Tom Eagles – “Jojo Rabbit” Jeff Groth – “Coringa” Melhor Maquiagem e Cabelo “O Escândalo” “Coringa” “Judy” “Malévola: Dona do Mal” “1917” Melhor Trilha Sonora Alexandre Desplat – “Adoráveis Mulheres” Hildur Guðnadóttir – “Coringa” Randy Newman – “História de um Casamento” Thomas Newman – “1917” John Williams – “Star Wars: A Ascensão Skywalker” Melhor Canção Original (I’m Gonna) Love Me Again – “Rocketman” I’m Standing With You – “Superação: O Milagre da Fé” Into the Unknown – “Frozen 2” Stand Up – “Harriet” I Can’t Let You Throw Yourself Away – “Toy Story 4” Melhor Design de Produção “1917” “Parasita” “Era Uma Vez Em Hollywood” “O Irlandês” “Jojo Rabbit” Melhor Edição de Som “Era Uma Vez Em Hollywood” “Coringa” “Ford vs. Ferrari” “1917” “Star Wars: A Ascensão Skywalker” Melhor Mixagem de Som “Ford vs Ferrari” “Coringa” “Era Uma Vez Em Hollywood” “Ad Astra” “1917” Melhores Efeitos Visuais “Vingadores: Ultimato” “O Irlandês” “O Rei Leão” “1917” “Star Wars: A Ascensão Skywalker” Melhor Animação “Como Treinar o seu Dragão 3” “Perdi Meu Corpo” “Link Perdido” “Toy Story 4” “Klaus” Melhor Documentário “Indústria Americana” “The Cave” “Democracia em Vertigem” “For Sama” “Honeyland” Melhor Filme Internacional “Les Misérables” (França) “Dor e Glória” (Espanha) “Parasita” (Coreia do Sul) “Corpus Christi” (Polônia) “Honeyland” (Macedônia) Melhor Curta Animado “Dcera (Daughter)” “Hair Love” “Kitbull” “Memorable” “Sister” Melhor Curta Documentário “In the Absence” “Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl)” “Life Overtakes Me” “St. Louis Superman” “Walk Run Cha-Cha” Melhor Curta Live-Action “Brotherhood” “Nefta Football Club” “The Neighbors’ Window” “Saria” “A Sister” Louise Alves @louisemtm
Retrospectiva: Os Melhores Filmes de 2019
Listas de fim de ano são uma tradição no exercício da frustração. Elas sempre deixam de fora algum título esquecido pela crítica ou favorito do público. Na tentativa de remediar os “esquecimentos”, neste ano a Pipoca Moderna, por meio de seu editor, reuniu uma coleção de listas para vários gostos e inclinações. Além do Top 10, foram relacionados diversos Top 5 em diferentes categorias – que abrangem desde as divisões tradicionais de gênero até um “mapa” da produção cinematográfica mundial, sem esquecer algumas peculiaridades do mercado, como o crescimento do streaming e as deficiências do circuito nacional. À exceção de duas listas específicas, foram considerados apenas filmes lançados no Brasil em 2019, tanto na programação de cinema – em alguns casos, apenas em São Paulo – quanto em streaming – filmes da Netflix, Amazon ou oferecidos para locação via Video On Demand no YouTube, Google Play, iTunes, etc. Melhor filme de 2019, o vencedor do Festival de Cannes “Parasita”, de Bong Joon Ho, também liderou mais duas listas: de melhor filme de suspense e de produção asiática. Vale observar que os títulos do Oriente Médio foram computados juntos do cinema africano, pois ambos são sub-representados no mercado nacional, e que faltaram produções da Oceania para somar um Top 5. A seleção também reflete a falsa polêmica de Martin Scorsese, que acusou os filmes da Marvel de não serem cinema. “Vingadores: Ultimato” entrou no Top 10, assim como outras adaptações de quadrinhos, como “Coringa” e “Homem-Aranha no Aranhaverso”. Mas “O Irlandês”, incensado drama de 3h30 de streaming do diretor americano, não. A Netflix, entretanto, está bem defendida na seleção pelo melhor drama americano de 2019: “História de um Casamento”, de Noah Baumbach – além de aparecer com outras produções. Indicado para representar o Brasil no Oscar, “Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, é o top nacional, seguido por “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Ambos os filmes foram premiados no mesmo Festival de Cannes que consagrou “Parasita”, e encabeçam uma lista especialmente indicada para quem, como Jair Bolsonaro, não conhece o cinema de qualidade feito no país. A análise de todos os lançamentos de 2019 também deixou evidente que a maioria dos filmes distribuídos no mercado brasileiro é muito fraca. E como Bolsonaro vetou incentivos para ampliar o parque exibidor, isso deve se perpetuar, negando espaço nas telas para filmes premiados e cultuadíssimos. O fato de a comédia de terror “Ready or Not” sair direto em streaming em VOD, quando representou um dos maiores sucessos do gênero nos EUA, também diz muito sobre as decisões tomadas pelos estúdios nacionais. Pior que isso é constatar a qualidade dos títulos que nem sequer têm previsão de lançamento em qualquer tela do país. Não há maior incentivo à pirataria que a “curadoria” mesquinha do mercado e um governo que trabalha para travar todo o setor. Confira abaixo as listas de cinema com os melhores títulos de 2019. 10 MELHORES FILMES DE 2019 1. Parasita | Cine 2. História de um Casamento | Netflix 3. Coringa | Cine 4. Dor e Glória | Cine 5. Amor Até as Cinzas | Cine 6. Homem-Aranha no Aranhaverso | Cine 7. Vingadores: Ultimato | Cine 8. Entre Facas e Segredos | Cine 9. Guerra Fria | Cine 10. Era uma Vez em Hollywood | Cine 5 MELHORES FILMES BRASILEIROS DE 2019 1. Bacurau | Cine 2. A Vida Invisível | Cine 3. Deslembro | Cine 4. Temporada | Cine 5. Divino Amor | Cine 5 MELHORES FILMES DE DRAMA DE 2019 1. História de um Casamento | Netflix 2. Dor e Glória | Cine 3. Amor Até as Cinzas | Cine 4. Guerra Fria | Cine 5. Oitava Série | VOD 5 MELHORES FILMES DE COMÉDIA DE 2019 1. Entre Facas e Segredos | Cine 2. Fora de Série | Cine 3. Meu Nome É Dolemite | Netflix 4. A Maratona de Brittany | Cine 5. Meu Eterno Talvez | Netflix 5 MELHORES FILMES DE AÇÃO E AVENTURA DE 2019 1. Os Aeronautas | Amazon 2. John Wick 3: Parabellum | Cine 3. Vingança a Sangue Frio | Cine 4. Operação Fronteira | Netflix 5. Implacável | VOD 5 MELHORES FILMES DE SCI-FI DE 2019 1. Ad Astra | Cine 2. High Life | Cine 3. I Am Mother | Netflix 4. Code 8 | VOD 5. A Gente Se Vê Ontem | Netflix 5 MELHORES FILMES DE SUSPENSE DE 2019 1. Parasita | Cine 2. Entre Facas e Segredos | Cine 3. Predadores Assassinos | Cine 4. O Professor Substituto | Cine 5. Em Trânsito | Cine 5 MELHORES FILMES DE TERROR DE 2019 1. Nós | Cine 2. Climax | Cine 3. Border | Cine 4. Ready or Not | VOD 5. Midsommar | Cine 5 MELHORES FILMES DE ANIMAÇÃO DE 2019 1. Homem-Aranha no Aranhaverso | Cine 2. Perdi Meu Corpo | Netflix 3. Link Perdido | Cine 4. Toy Story 4 | Cine 5. Como Treinar seu Dragão 3 | Cine 5 MELHORES FILMES DE QUADRINHOS DE 2019 1. Coringa | Cine 2. Homem-Aranha no Aranhaverso | Cine 3. Vingadores: Ultimato | Cine 4. Homem-Aranha: Longe de Casa | Cine 5. Shazam! | Cine 5 MELHORES FILMES DE ROCK DE 2019 1. Rocketman | Cine 2. Yesterday | Cine 3. A Música da Minha Vida | Cine 4. The Dirt | Netflix 5. As Loucuras de Rose | Cine 5 MELHORES DOCUMENTÁRIOS INTERNACIONAIS DE 2019 1. O Silêncio dos Outros | Cine 2. Fyre Festival | Netflix 3. Indústria Americana | Netflix 4. One Child Nation | Amazon 5. Apollo 11 | VOD 5 MELHORES DOCUMENTÁRIOS BRASILEIROS DE 2019 1. Bixa Travesty | Cine 2. Estou me Guardando pra Quando o Carnaval Chegar | Cine 3. O Barato de Iacanga | Cine 4. Torre das Donzelas | Cine 5. Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos | Cine 5 MELHORES FILMES LATINO-AMERICANOS DE 2019 1. Pássaros de Verão | Cine 2. A Camareira | Cine 3. A Odisseia dos Tontos | Cine 4. Vermelho Sol | Cine 5. Tarde para Morrer Jovem | Cine 5 MELHORES FILMES EUROPEUS DE 2019 1. Dor e Glória | Cine 2. Guerra Fria | Cine 3. Uma Mulher Alta | Cine 4. Climax | Cine 5. O Professor Substituto | Cine 5 MELHORES FILMES AFRICANOS E ÁRABES DE 2019 1. Cafarnaum | Cine 2. O Paraíso Deve ser Aqui | Cine 3. Atlantique | Netflix 4. Adam | Cine 5. Rafiki | Cine 5 MELHORES FILMES ASIÁTICOS DE 2019 1. Parasita | Cine 2. Amor Até as Cinzas | Cine 3. Assunto de Família | Cine 4. O Fim da Viagem, o Começo de Tudo | Cine 5. Longa Jornada Noite Adentro | Cine 5 MELHORES FILMES DE STREAMING DE 2019 1. Uma História de Casamento | Netflix 2. Os Aeronautas | Amazon 3. Oitava Série | VOD 4. Fé Corrompida | VOD 5. Meu Nome É Dolemite | Netflix 5 MELHORES FILMES DE 2019 QUE ESTREIAM ATÉ O OSCAR 1. 1917 | Cine 2. Jóias Brutas | Netflix 3. Jojo Rabbit | Cine 4. Retrato de uma Jovem em Chamas | Cine 5. Adoráveis Mulheres | Cine 5 MELHORES FILMES DE 2019 SEM PREVISÃO PARA O BRASIL 1. One Cut of the Dead (Japão) 2. The Last Black Man in San Francisco (EUA) 3. The Standoff at Sparrow Creek (EUA) 4. The Nightingale (Austrália) 5. Extreme Job (Coreia do Sul)
Série documental resgata polêmicas do comediante Kevin Hart
A Netflix divulgou o trailer de sua série documental sobre o comediante Kevin Hart (“Jumanji: Próxima Fase”), e a prévia aborda diversas polêmicas, desde sua recusa em se desculpar por comentários homofóbicos até a reação de sua esposa para a notícia de sua traição conjugal. A produção intitulada “Kevin Hart: Don’t F**k This Up” não esconde que tenta passar uma imagem de bom moço que foi vítima da mídia, mas a lembrança de que sua esposa, Eniko Parrish, estava na 31º semana de gravidez quando foi traída é um golpe duro nessa campanha de relações públicas em forma de série. No vídeo, Eniko aparece chorando ao falar sobre o caso. “Você me humilhou publicamente. Eu apenas ficava dizendo, ‘Como diabos você deixou isso acontecer?'”. Na época, Kevin foi chantageado por uma pessoa, que tentou conseguir dinheiro para não divulgar um vídeo que mostrava o comediante com outra mulher. Em vez de pagar, ele admitiu o caso num post no Instagram, incluindo um pedido de desculpas à Eniko. No trailer do documentário, o comediante fala sobre o momento. “Nosso casamento foi colocado em um teste. O teste mais difícil de todos. E, você sabe, às vezes esses testes vêm da estupidez. Mas é como você lida com isso e como decide avançar a partir dele”, destacou Kevin, no texto marketeiro. Sua outra grande polêmica diz respeito ao fato de ter preferido desistir de apresentar o Oscar 2019 a pedir desculpas a comunidade LGBTQIA+ por tuítes homofóbicos de seu passado, resgatados nas redes sociais após ele ser convidado para a função. Num dos tuítes antigos resgatados, ele relatou que não aceitaria um filho gay, dizendo que se o pegasse brincando com bonecas, quebraria o brinquedo na cabeça dele. Em outro, comparou a foto de um homem sensual a um “anúncio gay para a Aids”. E essas foram as “piadas” mais leves. Hart afirmou que as mensagens eram de quase uma década atrás e que ele amadureceu desde então. Mas não quis se desculpar. “Escolhi descartar a desculpa. A razão pela qual faço isto é porque já falei sobre isto diversas vezes”, disse Hart, entre vários posts, argumentando que se desculpar seria alimentar os trolls. E com essa reação, apenas alimentou sua própria fama de homofóbico. No trailer do documentário, ele tem a mesma atitude, interrompendo pergunta sobre o tema, para avisar que o entrevistador não o conhece. E é aí que os editores enfiam vídeos caseiros com a historinha da sua vida. Veja abaixo. A série estreia em 27 de dezembro em streaming.
Disney domina lista de pré-selecionados ao Oscar de Melhor Canção
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos divulgou nesta segunda (16/12) diversas listas de filmes pré-selecionados em algumas categorias do Oscar 2020. Além de Filme Internacional, Documentário e Efeitos Visuais, também foram divulgados os 15 candidatos que estão na disputa por vagas ao prêmio de Melhor Canção Original. Assim como aconteceu na categoria de Efeitos Visuais, as produções da Disney dominam a competição musical. Foram listadas cinco canções de filmes infantis do estúdio, que representam 33,3% do total. “O Rei Leão” lidera com duas faixas, mas a música que detém o favoritismo da premiação pertence ao desenho “Frozen 2” (“Into the Unknown”, também conhecida como “Minha Intuição” no Brasil). Canções de “Aladdin” e “Toy Story 4” também entraram. Em contraste com o domínio da Disney, a seleção inclui faixas de dois documentários musicais independentes (“Toni Morrison: The Pieces I Am” e “The Bronx, USA”) e de duas produções estrangeiras (o filme sul-coreano “Parasita” e o britânico “A Loucura de Rose”). A lista também sugere as estrelas que podem aparecer no Oscar para interpretar os finalistas, com destaque para Beyoncé (por “O Rei Leão”), Elton John (“Rocketman”) e Thom Yorke (“Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe”). Mas não Taylor Swift (“Cats”). Os finalistas de todas as categorias serão anunciados no dia 13 de janeiro e os vencedores conhecidos em 9 de fevereiro, em cerimônia transmitida ao vivo para o Brasil pelos canais TNT e Globo. Confira abaixo a lista das 15 faixas pré-selecionados para o Oscar 2020 de Melhor Canção Original. “Speechless” (Aladdin) “Letter To My Godfather” (The Black Godfather) “I’m Standing With You” (Superação: O Milagre da Fé) “Da Bronx” (The Bronx, USA) “Into The Unknown” (Frozen 2) “Stand Up” (Harriet) “Catchy Song” (Uma Aventura Lego 2) “Never Too Late” (O Rei Leão) “Spirit” (O Rei Leão) “Daily Battles” (Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe) “A Glass of Soju” (Parasita) “(I’m Gonna) Love Me Again” (Rocketman) “High Above The Water” (Toni Morrison: The Pieces I Am) “I Can’t Let You Throw Yourself Away” (Toy Story 4) “Glasgow” (As Loucuras de Rose)
Brasileiro Democracia em Vertigem segue na disputa do Oscar 2020
O documentário brasileiro “Democracia em Vertigem”, da diretora Petra Costa, avançou na disputa pelo Oscar 2020. O filme distribuído pela Netflix apareceu entre os 15 pré-selecionados ao prêmio, numa lista divulgada nesta segunda (16/12) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. Com o corte sofrido por “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, de uma lista similar na categoria de Filmes Internacionais, “Democracia em Vertigem” se tornou o último candidato em potencial do Brasil à premiação do cinema americano. A obra de Petra Costa foi eleita um dos 10 Melhores Filmes de 2019 pelo jornal The New York Times, o que ajudou em sua repercussão. Mas seu principal cabo eleitoral é o presidente Jair Bolsonaro. O documentário recorda acontecimentos políticos dos últimos anos no país, com destaque para o Impeachment de Dilma Rousseff, culminando na eleição de Bolsonaro, apresentada como ameaça para a jovem democracia nacional. De fato, desde que foi eleito, Bolsonaro se tornou um dos políticos mais controvertidos do mundo, chegando a ser chamado de “menor e mais mesquinho” dos líderes globais pelo New York Times. O filme ajuda a explicar como o Brasil foi de Lula a Bolsonaro. “Democracia em Vertigem” vai disputar uma das cinco vagas na categoria de Melhor Documentário com alguns candidatos de peso, como “For Sama”, sobre a guerra na Síria, que foi premiado em Cannes e conquistou a maioria dos prêmios de documentários em 2019, e também “Honeyland”, produção da Macedônia do Norte que venceu o Festival de Sundance e também está na lista dos pré-selecionados na categoria de Melhor Filme Internacional. Os finalistas de todas as categorias serão anunciados no dia 13 de janeiro e os vencedores conhecidos em 9 de fevereiro, em cerimônia transmitida ao vivo para o Brasil pelos canais TNT e Globo. Confira abaixo a lista dos 15 documentários pré-selecionados para o Oscar 2020. “Democracia em vertigem” “Advocate” “American Factory” “The Apollo” “Apollo 11” “Aquarela” “The Biggest Little Farm” “The Cave” “For Sama” “The Great Hack” “Honeyland” “Knock Down the House” “Maiden” “Midnight Family” “One Child Nation”
Candidato russo ao Oscar, Uma Mulher Alta retrata traumas femininos de guerra
“Uma Mulher Alta” é um drama humano que remete a questões femininas, como a reprodução, num contexto de guerra, em que as mulheres estão mutiladas, abaladas psicologicamente, sofrendo as consequências do conflito que recém-terminou. A trama se passa em Leningrado (hoje, São Petersburgo) em 1945, ao final da 2ª Guerra Mundial, em que a cidade sofreu um dos piores cercos da história. O olhar do filme, inspirado no livro “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher”, de Svetlana Aleksiévitch, é justamente sobre as consequências que a guerra deixa na vida e no corpo das mulheres. Um enfoque de gênero muito apropriado, já que o que conhecemos mais é o efeito bélico que destrói os homens, sempre vistos como protagonistas, os principais atores da trama. No evento abordado em “Uma Mulher Alta” reconhece-se também uma situação que envolveu mais intensamente as mulheres no contexto de guerra na resistência russa. As personagens que representam essas mulheres são Iya (Viktoria Miroshnichenko), a grandona desajeitada que inspira o título brasileiro, e Masha (Vasilisa Perelygina). Figuras heroicas pelo que fizeram e continuam fazendo pelos mutilados e mutiladas de guerra, como elas próprias. Tentam reconstruir suas vidas, como todos, mas esbarram em barreiras pessoais que remetem de forma direta à guerra que tiveram de vivenciar. E, ao tentarem se desvencilhar ou contornar suas limitações, acabam por gerar novos dramas e problemas, ao invés de superá-los ou vencê-los. Tudo isso é mostrado numa narrativa que enfatiza os sentimentos, a frustração e o desespero, em especial, numa caracterização de época feita com muito cuidado e delicadeza. A paleta de cores em que dominam o verde e o ocre dá destaque a esse drama e o calor dos sentimentos. Os veículos e os objetos de cena são em grande parte autênticos da época, cedidos por museus russos, como o dos transportes. As recriações e o figurino procuram respeitar com fidelidade os ambientes e as pessoas, sem exagerar no sentido passadista. Há uma intenção de tomar aquele momento e situação passados como fontes de reflexão para o presente, em sintonia com uma visão feminista atual. Duas ótimas jovens atrizes protagonizam o trabalho, oferecendo força e consistência psicológica a suas personagens. Os homens e as outras mulheres com quem elas contracenam complementam e valorizam esse bom desempenho das estreantes Viktoria Miroshnichenko e Vasilisa Perelygina. O diretor Kantemir Balagov em seu segundo longa, após “Tesnota”, de 2017, realiza um trabalho com a câmera que produz envolvimento e tensão, enquadramentos que nos aproximam da personalidade daquelas mulheres e nos põem dentro do forte drama que elas vivem. “Uma Mulher Alta” é a indicação russa para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional, já passou por vários festivais internacionais, tendo alcançado premiações em Cannes (Melhor Direção e Prêmio da Crítica na mostra Um Certo Olhar) e também em Genebra, Montreal e Estocolmo.
Descubra três dramas que disputam indicações ao Oscar de Melhor Filme Internacional
Três filmes de passagem recente e meteórica pelo circuito comercial brasileiro representam indicações de seus países ao Oscar. Surpreendentemente, seguem em exibição, mas num só cinema ou num só horário. E são bons filmes, que mereceriam ser conhecidos. “Retablo” O filme é de 2017, foi exibido na Mostra de São Paulo do ano passado, mas é a indicação do Peru para o Oscar 2020, na categoria de Melhor filme internacional. Dirigido pelo cineasta e psicólogo Álvaro Delgado-Aparício, em seu primeiro longa, é um filme que lida com tradições, folclore, e um ambiente conservador, que torna tudo mais complicado e dramático. A trama aborda a tradição artística dos retablos – caixas artesanais portáteis, de madeira, com porta, que contém figuras de massa pintadas, que representam cenas religiosas ou cotidianas de famílias abastadas da elite local, como, por exemplo, dos políticos. É um belo trabalho que o reconhecido artesão Noé desenvolve e capacita seu filho adolescente de 14 anos, Segundo, para sucedê-lo. A narrativa se baseia na visão do adolescente. E foca na relação pai e filho. Essa bela arte tradicional será posta em xeque quando uma cena homoerótica é flagrada e não consegue ser assimilada pela sociedade conservadora e religiosa da localidade. Mais do que isso: é fortemente rejeitada e perseguida, sem abrir nenhuma possibilidade de assimilação. Como Segundo vai lidar com isso? Que caminho vai tomar? É por aí que o filme se coloca, questionando a visão conservadora, e explorando as manifestações artísticas e folclóricas que merecem ser preservadas. 101 min. “A Camareira” O drama de Lila Avilés, de 2018, é a indicação mexicana para concorrer ao Oscar de Filme Internacional. Sua narrativa concentra-se na vida penosa e frustrante de Eve, uma jovem mãe solteira que trabalha como camareira num hotel de luxo, na cidade do México, sem tempo para nada, nem mesmo para ver com regularidade seu bebê, cuidado por outra pessoa. Acompanhamos sua rotina e, como espectadores, vamos percebendo pouco a pouco o que a move, que expectativas tem, por onde passa seu desejo, que planos alimenta para o futuro e que ações toma, com base nisso. Vemos que o trabalho pesado e cansativo até promete, mas não cumpre. O que resulta disso é angustiante, especialmente quando uma esperança que parecia tão concreta não se realiza. Aí é que o filme ensaia caminhos e possibilidades, mas acaba não encontrando propriamente um rumo para a personagem. Ou prefere deixar em aberto, só sugerindo, esse rumo. As soluções individuais são mesmo muito complicadas, ou virtualmente inexistentes, quando um sistema explorador não oferece saídas reais, apenas doura a pílula, sendo até acolhedor ou afetivo sob alguns aspectos, mas sem resolver o cerne da questão. É como aquela história do gerente do banco que não resolve o que você precisa, mas o trata bem, oferece cafezinho e tal. De que adianta? “A Camareira” é um filme de clima, que nos põe no centro da vida de uma trabalhadora modesta, sem preparo, mas dedicada à função que ocupa, e que ousa ter esperança. Em certos contextos, no entanto, até sonhar é difícil. “Adam” Produção do Marrocos de 2018, dirigida por Maryam Touzani e indicada para concorrer pelo país ao Oscar de Filme Internacional, é um filme sobre mulheres desamparadas, cada qual à sua maneira. Põe em contato duas mulheres, uma, viúva com uma filha ainda pequena, que tenta sobreviver de forma estoica e a muito custo. Que se enrijece, endurece, mas não verga. É sua defesa, indispensável. Pelo menos até que encontra e acolhe uma jovem grávida, fora do casamento, o que é um problema moral no Marrocos, vagando pelas ruas sem casa ou trabalho. Do encontro das duas, vêm novas perspectivas. Uma modificará a outra, abrindo espaços para novas possibilidades e esperanças, num contexto muito difícil para ambas. Na verdade, para o trio, já que a menina que vive na casa, onde elas acabarão convivendo, servirá de elemento catalizador da relação, com a indispensável perspectiva do futuro que as crianças trazem. A maternidade está no centro dessa trama, em que as relações ocupam o lugar principal. A sempre possível perspectiva de mudança e o encontro consigo mesmo servem de elementos para uma história contada com sensibilidade e respeito pelos sentimentos, desejos e idiossincrasias de cada uma.
Trolls 2: Trailer dublado em português transforma roqueiros em vilões
A Universal divulgou o trailer dublado de “Trolls 2” (Trolls: World Tour), sequência da animação de 2016, que vai abordar uma guerra entre diferentes estilos musicais. No novo longa, a rainha Poppy e Branch fazem uma descoberta surpreendente: existem outros mundos de Troll além do deles, cada um definido por um gênero diferente de música. E o rock – denominação do som que no trailer é representado como heavy metal dos anos 1980 – é o vilão dessa história. Os roqueiros querem dominar o mundo Troll e acabar com os outros gêneros musicais. A ironia dessa premissa é que ela representa o oposto do que sempre aconteceu no mundo real, onde o pop foi criado no final dos anos 1950 para acabar com o rock. E finalmente conseguiu seu objetivo no século 21, após se mesclar com o R&B e fazer sumir qualquer vestígio de rock nas paradas de sucesso comercial. O pop basicamente dominou o mundo. Assim, “Trolls 2” é uma inversão completa do que realmente acontece no mundo da música, mostrando-se mais um ataque declarado do pop contra o rock, que pretende ensinar às crianças como roqueiros representam o mal. Em suma, o que o pastor Jimmy Lee Swaggart já fazia nos anos 1950, ao conclamar seguidores a queimar os discos de rock – música do diabo. A continuação bizarra traz Justin Timberlake e Anna Kendrick de volta aos papéis de Branch e Poppy, respectivamente. E entre as novidades no elenco estão Sam Rockwell (“Três Anúncios de um Crime”), Chance the Rapper (“Slice”), Anthony Ramos (“Nasce uma Estrela”), Karan Soni (“Deadpool”), Jamie Dornan (“Cinquenta Tons de Cinza”), Mary J. Blige (“The Umbrella Academy”) e até Ozzy Osbourne (“Um Diabo Diferente”). Nas cópias sem dublagem em português, ao menos. Os roteiristas são os mesmos do primeiro filme, Jonathan Aibel e Glenn Berger, e a direção está a cargo da dupla Walt Dohrn e David P. Smith, que estreiam em longa-metragem após comandarem episódios de séries animadas. A animação tem estreia marcada para 16 de abril no Brasil, um dia antes do lançamento nos Estados Unidos.











