“Xógum” é renovada para mais duas temporadas
Sucesso de público e crítica transforma minissérie baseada no romance de James Clavell em série com pelo menos três temporadas
Xógum | Minissérie ganha novo trailer épico
A plataforma Disney+ divulgou pôsteres e um novo trailer de “Xógum” (Shogun), adaptação do famoso romance de James Clavell, que já foi transformado numa minissérie premiada em 1980. A prévia revela cenas épicas de guerra, lutas e tensão no Japão feudal. O nome Xógum refere-se a um antigo título militar, conferido pelo Imperador do Japão aos comandantes de seus exércitos, mas que acabou se tornando uma reverência dada aos governantes de algumas regiões, com poderes de ditadores militares. Na trama, um marinheiro britânico chamado John Blackthorne sobrevive a um naufrágio na costa japonesa do século 17, é capturado, enfrenta provações, tenta se tornar um samurai e se envolve na complexa teia política do país, virando confidente de Lord Toronaga, um poderoso aristocrata que pretende ascender ao xogunato. Seu status no país, porém, é abalado pela presença de Lady Mariko, que faz Blackthorne balançar e reconsiderar suas prioridades, tendo que escolher entre o coração, a ambição, a coragem e a honra – assim como ela própria, uma espadachim exímia, cuja família caiu em desonra e a forçou a um casamento infeliz. Elenco e produção O elenco destaca Cosmo Jarvis (“Peaky Blinders”) como Blacktorne, a cantora Anna Sawai (integrante do grupo de J-Pop feminino FAKY) no papel de Mariko e Hiroyuki Sanada (“Mortal Kombat”) na pele de Toronaga. Vale lembrar que a série original consagrou o ator Richard Chamberlain (“Os Pássaros Feridos”) e incluía o icônico ator japonês Toshirô Mifune (“Os Sete Samurais”) como o Xógum. Já Lady Mariko foi vivida por Yôko Shimada (“Marcada para Morrer”) em 1980. A nova adaptação está a cargo dos roteiristas Justin Marks (“Mogli – O Menino Lobo”) e a estreante Rachel Kondo, que tiveram a missão de superar a atração original, vencedora do Emmy de Melhor Minissérie, e adequar o texto de Clavell, cheio de anacronismos e uma visão colonialista de homem branco sobre o Japão, para as sensibilidades mais exigentes dos dias de hoje. No Brasil, a minissérie ganhou o título completo de “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão”. Com dez episódios, a estreia vai acontecer em 27 de fevereiro.
Trailer épico apresenta nova versão da minissérie “Xógum”
A plataforma Star+ divulgou o pôster primeiro trailer de “Xógum” (Shogun), nova adaptação do romance homônimo de James Clavell, publicado em 1975 e transformado numa minissérie famosa de 1980. A prévia revela cenas épicas de guerra, lutas e tensão no Japão feudal. O nome Xógum refere-se a um antigo título militar, conferido pelo Imperador do Japão aos comandantes de seus exércitos, mas que acabou se tornando uma reverência dada aos governantes de algumas regiões, com poderes de ditadores militares. Na trama, um marinheiro britânico chamado John Blackthorne sobrevive a um naufrágio na costa japonesa do século 17, é capturado, enfrenta provações, tenta se tornar um samurai e se envolve na complexa teia política do país, virando confidente do Lord Toronaga, um poderoso aristocrata que pretende ascender ao xogunato. Seu status, porém, é abalado pela presença de Lady Mariko, que faz Blackthorne balançar e reconsiderar suas prioridades, tendo que escolher entre o coração, a ambição, a coragem e a honra – assim como ela própria, uma espadachim exímia, cuja família caiu em desonra e a forçou a um casamento infeliz. Elenco e produção O elenco destaca Cosmo Jarvis (“Peaky Blinders”) como Blacktorne, cantora Anna Sawai (integrante do grupo de J-Pop feminino FAKY) no papel de Mariko e Hiroyuki Sanada (“Mortal Kombat”) na pele de Toronaga. Vale lembrar que a série original consagrou o ator Richard Chamberlain (“Os Pássaros Feridos”) e incluía o icônico ator japonês Toshirô Mifune (“Os Sete Samurais”) como o Xógum. Já Lady Mariko foi vivida por Yôko Shimada (“Marcada para Morrer”) em 1980. A nova adaptação está a cargo dos roteiristas Justin Marks (“Mogli – O Menino Lobo”) e a estreante Rachel Kondo, que tiveram a missão de superar a atração original, vencedora do Emmy de Melhor Minissérie, e adequar o texto de Clavell, cheio de anacronismos e uma visão colonialista de homem branco sobre o Japão, para as sensibilidades mais exigentes dos dias de hoje. No Brasil, a minissérie ganhou o título completo de “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão”. Com dez episódios, a estreia vai acontecer em fevereiro de 2024.
Atriz de “Velozes e Furiosos 9” protagonizará remake de “Shogun”
A atriz e cantora Anna Sawai, integrante do grupo de J-Pop feminino FAKY, que teve uma pequena mas marcante participação em “Velozes e Furiosos 9”, foi escalada no papel de protagonista do remake de “Shogun”. Ela viverá Lady Mariko, uma samurai destemida, que tem muito a provar por vir de uma família desonrada. Baseada no romance homônimo de James Clavell, publicado em 1975 e transformado numa minissérie famosa de 1980, “Shogun” é uma história de ação e romance passada no Japão feudal. O nome Shogun refere-se a um antigo título militar, conferido pelo Imperador do Japão aos comandantes de seus exércitos, mas que acabou se tornando uma reverência dada aos governantes de algumas regiões, com poderes de ditadores militares. Na trama, um marinheiro britânico chamado John Blackthorne sobrevive a um naufrágio na costa do Japão no século 17, enfrenta provações para se tornar um samurai e se envolve na complexa teia política do país, virando confidente do Lord Toronaga, um poderoso aristocrata que pretende ascender ao shogunato. Seu status, porém, é abalado pela presença de Lady Mariko, que faz Blackthorne balançar e reconsiderar suas prioridades, tendo que escolher entre o coração, a ambição, a coragem e a honra. Os atores Hiroyuki Sanada (de “Mortal Kombat”) e Cosmo Jarvis (“Peaky Blinders”) tem os outros dois papéis principais. Jarvis viverá Blackthorne, que em 1980 foi interpretado por Richard Chamberlain (“Os Pássaros Feridos”), e Sanada será Toranaga, anteriormente vivido pelo icônico ator japonês Toshirô Mifune (“Os Sete Samurais”). Já Lady Mariko foi vivida por Yôko Shimada (“Marcada para Morrer”) em 1980. A atual adaptação está a cargo dos roteiristas Justin Marks (“Mogli – O Menino Lobo”) e a estreante Rachel Kondo, que também atuam como produtores. Eles terão a missão de superar a atração original, vencedora do Emmy de Melhor Minissérie, e adequar o texto de Clavell, cheio de anacronismos e uma visão colonialista de homem branco sobre o Japão, para as sensibilidades mais exigentes dos dias de hoje. Com dez episódios, o novo “Shogun” ainda não tem data de estreia, mas a expectativa é que vá ao ar em 2022. Veja abaixo o trailer da primeira adaptação.
Ator de “Mortal Kombat” vai estrelar remake de “Shogun”
Os atores Hiroyuki Sanada (de “Mortal Kombat”) e Cosmo Jarvis (“Peaky Blinders”) vão protagonizar o remake da minissérie clássica “Shogun” para o canal pago FX. Baseada no romance homônimo de James Clavell, publicado em 1975 e transformado numa minissérie famosa de 1980, “Shogun” é uma história de ação e romance passada no Japão feudal. O nome Shogun refere-se a um antigo título militar, conferido pelo Imperador do Japão aos comandantes de seus exércitos, mas que acabou se tornando uma reverência dada aos governantes de algumas regiões, com poderes de ditadores militares. Na trama, um marinheiro britânico chamado John Blackthorne sobrevive a um naufrágio na costa do Japão, no século 17, torna-se um samurai e se envolve na complexa teia política do país, virando confidente do Lord Toronaga, um poderoso aristocrata, cuja ascensão o levará ao shogunato. Outro elemento importante da narrativa é a presença de Lady Mariko, uma samurai destemida, que faz Blackthorne balançar e colocar seu status em risco. Jarvis viverá Blackthorne, que em 1980 foi interpretado por Richard Chamberlain (“Os Pássaros Feridos”), e Sanada será Toranaga, anteriormente vivido pelo icônico ator japonês Toshirô Mifune (“Os Sete Samurais”). Já a terceira personagem mais importante da história, Lady Mariko, ainda não foi escalada. Em 1980, ela foi vivida por Yôko Shimada (“Marcada para Morrer”). A nova adaptação está a cargo dos roteiristas Justin Marks (“Mogli – O Menino Lobo”) e a estreante Rachel Kondo, que também atuam como produtores. Eles terão a missão de superar a atração original, vencedora do Emmy de Melhor Minissérie, e adequar o texto de Clavell, cheio de anacronismos e uma visão colonialista de homem branco sobre o Japão, para as sensibilidades mais exigentes dos dias de hoje. “Shogun” ainda não tem data de estreia, mas a expectativa é que vá ao ar em 2022. Veja abaixo o trailer da primeira adaptação.
Yasuke: Anime sobre o primeiro samurai negro ganha novo trailer
A Netflix divulgou novos pôster e trailer de “Yasuke”, série animada sobre o primeiro samurai negro da História. De acordo com a sinopse oficial: “Ele veio da África para lutar ao lado de um poderoso senhor feudal no violento Japão do século 16 – e se tornou uma lenda”. Coprodução nipo-americana, o projeto foi desenvolvido por LeSean Thomas, diretor e animador da série “Black Dynamite”, e tem produção do estúdio Mappa, responsável por animes como “Dorohedoro” e a temporada final de “Ataque dos Titãs”. Já a dublagem original destaca o ator americano Lakeith Stanfield (indicado ao Oscar 2021 por “Judas e o Messias Negro”) como a voz do personagem-título. Vale lembrar que Yasuke também ganharia um filme, que seria estrelado por Chadwick Boseman (“Pantera Negra”), mas a morte do ator jogou o projeto no limbo. A estreia de série está marcada para quinta-feira (29/4) na Netflix. Veja abaixo o trailer dublado em português e a versão original com a voz de LaKeith Stanfield.
Yasuke: Anime sobre o primeiro samurai negro ganha trailer
A Netflix divulgou o trailer de “Yasuke”, série animada sobre o primeiro samurai negro da história. De acordo com a sinopse oficial: “Ele veio da África para lutar ao lado de um poderoso senhor feudal no violento Japão do século 16 – e se tornou uma lenda”. Coprodução nipo-americana, o projeto foi desenvolvido por LeSean Thomas, diretor e animador da série “Black Dynamite”, e tem produção do estúdio Mappa, responsável por animes como “Dorohedoro” e a temporada final de “Ataque dos Titãs”. Já a dublagem original destaca o ator americano Lakeith Stanfield (“Judas e o Messias Negro”) como a voz do personagem-título. Vale lembrar que Yasuke também ganharia um filme, que seria estrelado por Chadwick Boseman (“Pantera Negra”), mas a morte do ator jogou o projeto no limbo. Há dois anos, Boseman deixou claro seu interesse no papel: “A lenda de Yasuke é um dos maiores segredos da história e ele é a única pessoa não-asiática a virar um samurai. Não é apenas um filme de ação, é um evento cultural e estou animado para fazer parte disso”. A estreia de série está marcada para 29 de abril na Netflix. Veja abaixo o trailer dublado em português e a versão original com a voz de LaKeith Stanfield.
Game “Ghost of Tsushima” vai virar filme do diretor de John Wick
A Sony está desenvolvendo a adaptação cinematográfica do game “Ghost of Tsushima”, um dos maiores sucessos do PlayStation no ano passado, que vendeu mais de 6,5 milhões de cópias desde sua estreia em julho. O diretor Chad Stahelski, criador da franquia “John Wick”, está à frente do projeto, que gira em torno de um samurai do Japão feudal. No game repleto de ação e lutas de espadas, o protagonista é Jin Sakai, o último samurai de seu clã, que precisa abandonar as tradições para salvar o seu lar, a ilha de Tsushima, de invasores mongóis. Stahelski deve começar a trabalhar no projeto assim que finalizar as filmagens do quarto longa de “John Wick”, atualmente em produção para uma estreia prevista para 2022. Além de “Ghost of Tsushima”, a Sony Pictures e a recém-fundada PlayStation Productions estão atualmente trabalhando em outras duas adaptações de games populares: a aventura “Uncharted”, estrelada por Tom Holland, com lançamento previsto para 11 de fevereiro de 2022, e a série pós-apocalíptica “The Last of Us” com Pedro Pascal, ainda sem estreia marcada na HBO.
Minissérie clássica Shogun vai ganhar remake
O canal pago americano FX anunciou a produção de “Shogun”, nova minissérie baseada no romance homônimo de James Clavell. Lançado em 1975, o livro já foi levado com sucesso à TV numa minissérie famosa de 1980, estrelada pelo ator Richard Chamberlain (“Os Pássaros Feridos”). Esta atração entrou para a História como a primeira – e até agora única – produção da TV americana filmada inteiramente no Japão. Além de ter se tornado imensamente popular, a minissérie ainda venceu três Emmys e três Globos de Ouro. Shogun era um antigo título militar, conferido pelo Imperador do Japão aos comandantes de seus exércitos, e acabou se tornando uma reverência dada aos governantes de algumas regiões, com poderes de ditadores militares. A trama mostra como um marinheiro britânico chamado John Blackthorne, que sobrevive a um naufrágio na costa do Japão feudal, no século 17, torna-se um samurai e homem de confiança de um Shogun. Na trama, ele se envolve na complexa teia política do país, tornando-se confidente do Lord Toronaga (o grande Toshirô Mifune, na série de 1980), um poderoso aristocrata, cuja ascensão o levará ao shogunato. Outro elemento importante é a presença de Lady Mariko (Yôko Shimada), uma samurai destemida, que faz Blackthorne balançar e colocar seu status em risco. A nova adaptação está a cargo dos roteiristas Ronan Bennett (“Gunpowder”) e Rachel Bennette (“Bel Ami: O Sedutor”), enquanto a direção será comandada por Tim Van Patten (“Game of Thrones”). Eles terão a missão de trabalhar sob a lupa do século 21, onde as redes sociais despertam realizam uma espécie de controle de qualidade não oficial, para lidar com várias discrepâncias e anacronismos do romance original, escrito por um ocidental imaginando o Japão antigo. Ainda não há elenco definido nem previsão de estreia para a produção.
Adaptação do mangá A Lâmina do Imortal ganha trailer ultraviolento
A Magnet Releasing divulgou o trailer americano e ultraviolento de “Blade of the Immortal” (Mugen no jûnin), filme de número 100 da prolífica filmografia de Takashi Miike. Apesar de ser a adaptação de um mangá, lançado no Brasil como “A Lâmina do Imortal”, que inclusive rendeu série animada, a produção não é para crianças. Nisso, lembra o cultuado “Azumi” (2003). A versão de Miike exibe cada corte, jorro de sangue, amputação, decapitação e aleijamento resultante das lutas de espada. É quase um filme de terror, que não abre mão do humor negro desconsertante que os fãs do diretor aprenderam a apreciar. Na trama, baseada no mangá de Hiroaki Samura, Takuya Kimura (de “Patrulha Estelar”) vive Manji, um ás da espada amaldiçoado com a vida eterna, que por isso se torna imbatível em combate. Visando cumprir uma cota de mil mortes, ele atende ao apelo de uma jovem (Hanna Sugisaki, de “Bathroom Pieta”) para ajudá-la a se vingar do assassinato de sua família, iniciando com ela uma jornada sanguinária. “Blade of the Immortal” teve première mundial no Festival de Cannes deste ano, onde foi elogiadíssimo pela crítica internacional pela forma estilizada com que Miike orquestrou sua violência. O filme estreia em novembro nos Estados Unidos e não tem previsão para chegar ao Brasil.
Scorsese transcende e deixa o cinema mudo com Silêncio
Martin Scorsese sempre usou de forma deliberada o efeito do silêncio em seus filmes. Muito do que intriga até hoje em “Taxi Driver” (1976) são as cenas silenciosas de Robert De Niro dirigindo e observando Nova York. Famosos também são os silêncios de “Touro Indomável” (1980) – especialmente na cena em que um lutador adversário momentaneamente estuda Jake LaMotta antes de partir para cima dele e demoli-lo. Outra inesquecível acontece em “Os Infiltrados” (2006), no trecho em que Matt Damon descobre o número do celular de Leonardo DiCaprio e liga para checar se o outro se entrega pela voz. A cena dura uns 15 segundos, e ninguém fala ao telefone. Os dois ficam apenas sentindo a presença do outro, e esse pequeno branco na trilha ecoa por todo o filme. Scorsese é chegado nestas brincadeiras sensoriais, mas nunca trabalhou esse efeito de forma tão depurada como faz agora em “Silêncio”. Sequer há uma trilha sonora no filme. O protagonista, o padre Rodriguez (vivido por Andrew Garfield, de “Até o Último Homem”), é testemunha de tantas atrocidades em sua viagem clandestina para o Japão, que passa o filme inteiro pedindo a Deus um sinal de intervenção contra as barbaridades do mundo. E se tortura frente a falta de resposta. As três horas em que o personagem imerge neste conflito de dúvida e crise estão sendo vistas por muitos críticos como um calvário. Pode-se reclamar da autenticidade da cena, afinal os jesuítas portugueses falam o tempo todo em inglês, ou ainda da intolerância com que o Shogun no filme persegue os missionários, afinal a reação nipônica vai justamente contra o interesse europeu de usar os jesuítas para tentar colonizar o Japão. Mas não se trata de um filme com fronteiras bem definidas, a destacar as acusações de maniqueísmo (os japoneses sendo mostrados como algozes e os jesuítas como vítimas). Scorsese nunca trabalha personagens ou questões de forma redutora. É preciso quebrar a superfície das aparências para entender o que o diretor experimenta nesta adaptação do livro de Shusaku Endo. “Silêncio” é um filme de oposição. Evolui na direção exatamente inversa à da Hollywood contemporânea (não à toa, o filme foi ignorado na festa do Oscar). Por vezes, ele nos diz o quanto existe de crença em cada adulto. Outras, enfatiza o quanto pode haver de infantil na fé de cada um. E a medida que o filme evolui, e conforme Andrew Garfield se entrega de corpo e alma a esse estranho padre em que corpo e alma nunca coincidem, o filme passa a se particularizar. Vistos do alto, o bispo e dois jesuítas aparecem como três figuras diminutas, logo numa das primeiras cenas. Depois, o mesmo ocorre quando nos deparamos com os missionários dentro de um barco, sendo açoitados pelas águas do mar com um ponto de vista do céu. A pequenez humana instaura-se plenamente em dois cortes. O curioso é como Scorsese rompe essa estrutura nas cenas seguintes. Começa como uma ideia pequena, mas o diretor sugere que as mínimas dúvidas deste diminuto padre estão crescendo. E elas, de fato, aumentam até tomar um tamanho assombroso. Não são só dúvidas: o medo frente ao vazio e a morte abate o personagem de tal modo, que ele se acovarda e, à certa altura, deixa bem claro que está prestes a desistir da sua missão. É por isso que ele procura tão obsessivamente seu mestre desaparecido (vivido por Liam Neeson, de “Busca Implacável”) em Nagasaki. Em sua busca por uma resposta que não se materializa, nem pelo homem e nem por Deus, ele se afunda numa espécie de embriaguez, que cala cada vez mais fundo. Em estrutura, o filme lembra muito a viagem de Willard (Martin Sheen) na selva asiática de “Apocalypse Now” (1979), o que nos leva a deduzir que este talvez seja o “Coração das Trevas” de Scorsese. A ambição é grande, mas as semelhanças com a ópera de guerra de Francis Ford Coppola param por aí. Scorsese foge o tempo todo do espalhafatoso, da grandiloquência. Cada detalhe é depurado. O roteiro, a composição dos atores, a encenação. A forma como o diretor trabalha com os espaços intriga. Amplos, em princípio, gradativamente vão encolhendo no decorrer da projeção, até o personagem ficar encerrado numa cela diminuta. Há, aliás, os espaços físicos e, também, os psicológicos. De repente, o espectador precisa lidar com diversos ambientes ulteriores: espaços que repercutem em outros espaços; situações que invadem outras e mudam nossas percepções, situações anteriores e comportamentos que acreditávamos já entender ou conhecer por completo. De certo, olhando de longe há carrascos e vítimas em cena, mas aproximando-se um pouco mais, existe uma questão filosófica um pouco mais sutil sobre a dimensão do que é visto e do que transcende essa condição. É antes de tudo o mistério do ser e do crer que Scorsese consegue com êxito captar na sua complexidade. Cada um porta em si uma parte indefinível de luz e de sombra, a exemplo do personagem encarnado por um Andrew Garfield magistral: sua inocência, seu sofrimento, sua estupidez o tornam demasiado humano. Curioso também como as diferenças entre a cultura ocidental e oriental, que antes são mostradas como imensas, a certa altura se unem e quase parecem indistinguíveis. Antes de morrer, um velho japonês diz ao jesuíta que soube lhe estender a mão: “Eu estou em ti, tu estás em mim… Nós estamos juntos…” Em essência, no filme, a terra fica cada vez mais escura, o céu mais sombrio e os ditames políticos parecem cada vez mais opressivos, mas alguma coisa misteriosa, no íntimo, continua a ser partilhada por todos. Alguns podem enxergar consolo religioso nisso. Claro que não vou contar o que acontece, mas penso que Scorsese transcende a religião. O espectador fica a vontade para decidir e discutir.
Após fracassar nos EUA, novo filme de Martin Scorsese tem lançamento adiado no Brasil
O fracasso de “Silêncio”, o novo filme de Martin Scorsese, ecoou no Brasil. Após o filme emplacar apenas uma indicação ao Oscar 2017 (Melhor Fotografia) e implodir nas bilheterias norte-americanas, sua estreia foi adiada em um mês pela Imagem Filmes no Brasil. Previsto para ser lançado no dia 9 de fevereiro, a produção somente chegará às telas nacionais em 9 de março. Confira aqui o trailer da produção. Na dança das cadeiras, quem se deu bem foi “Toni Erdmann”. A comédia alemã, que é favorita a vencer o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira teve a estreia antecipada pela Sony e ocupará a data original de “Silêncio”, com uma estreia nos cinemas brasileiros no dia 9 de fevereiro. Veja o trailer deste filme aqui.











