Proibido na ditadura, “Onda Nova” retorna restaurado aos cinemas com temática feminista e elenco estrelado
Barrado em 1983 pelo regime militar, longa de José Antonio Garcia e Francisco Martins volta em cópia 4K após exibição em festivais internacionais
Veja o teaser de “Regra 34”, filme brasileiro que venceu o Festival de Locarno
Vencedor do Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, o drama “Regra 34”, da diretora Julia Murat (“Histórias que Só Existem Quando Lembradas”), teve seu teaser disponibilizado pela Imovision no YouTube. O nome “Regra 34” refere-se à “34ª regra da Internet, que afirma que qualquer objeto, personagem ou franquia de mídia imaginável tem pornografia associada a ele”. A trama gira em torno de Simone, uma jovem negra formada em Direito, que pagou a faculdade com a venda de performances sexuais online. Aprovada num concurso para a Defensoria Pública, ela pretende atuar em favor de mulheres vítimas de violência doméstica, enquanto seus próprios interesses sexuais a levam à práticas de violência e erotismo. O papel principal marca a estreia no cinema da atriz e dramaturga Sol Miranda, idealizadora do premiado espetáculo “Mercedes” (sobre Mercedes Baptista, primeira bailarina negra a dançar no Theatro Municipal). O elenco também destaca Lucas Andrade (“Corpo Elétrico”), Lorena Comparato (“Rensga Hits!”) e a estreante Isabella Mariotto. A produção brasileira superou 17 obras internacionais na competição da 75ª edição do prestigioso festival europeu, encerrado neste sábado (13/8) na Suíça, consagrando Murat, que já havia sido premiada pela crítica no Festival de Berlim em 2017 por seu longa anterior, “Pendular”.
Filme de Julia Murat vence o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno
O drama “Regra 34”, novo filme da diretora Julia Murat (“Histórias que Só Existem Quando Lembradas”), venceu o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, um dos mais respeitados do mundo cinematográfico. A produção brasileira superou 17 obras internacionais na competição da 75ª edição do evento encerrado neste sábado (13/8) na Suíça, consagrando a filha de também cineasta Lucia Murat, que já havia sido premiada pela crítica no Festival de Berlim em 2017 por seu longa anterior, “Pendular”. O nome “Regra 34” refere-se à “34ª regra da Internet, que afirma que qualquer objeto, personagem ou franquia de mídia imaginável tem pornografia associada a ele”. A trama gira em torno de Simone, uma jovem negra formada em Direito, que pagou a faculdade com a venda de performances sexuais online. Aprovada num concurso para a Defensoria Pública, ela pretende atuar em favor de mulheres vítimas de violência doméstica, enquanto seus próprios interesses sexuais a levam à práticas de violência e erotismo. O papel principal marca a estreia no cinema da atriz e dramaturga Sol Miranda, idealizadora do premiado espetáculo “Mercedes” (sobre Mercedes Baptista, primeira bailarina negra a dançar no Theatro Municipal). O detalhe é que a conquista de “Regra 34” não foi a única obra nacional celebrada no evento suíço. Todos os três filmes brasileiros incluídos na programação do 75º Festival de Locarno foram premiados. O curta “Big Bang”, de Carlos Segundo, ganhou o Leopardo de Ouro de sua categoria – Melhor Curta Autoral. Estrelado por Giovanni Venturini, que tem nanismo, a obra mostra como ele sobrevive, desprezado pela sociedade, consertando fornos em Uberlândia. Além disso, o primeiro longa de Ana Vaz (do curta premiado “Apiyemiyekî?”), “É Noite na América”, exibido na seção paralela Cineasti Del Presente, recebeu Menção Honrosa do júri do festival. O filme segue animais que fogem da extinção em Brasília. Todos os três filmes também são coproduções com a França. “É Noite na América” inclui também participação italiana em sua realização. Para completar, Wara, cineasta de nacionalidade brasileira, levou o Leopardo de Ouro de Melhor Curta Internacional pela produção cubana “Soberane”. As vitórias enaltecem a participação do país em Locarno, depois de dois anos de ausência de filmes brasileiros no festival. Em 2019, o cinema nacional também fez bonito com “A Febre”, de Maya Da-Rin, que venceu o Prêmio da Crítica e rendeu a Regis Myrupu o troféu de Melhor Ator. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Locarno Film Festival (@filmfestlocarno)
Novo filme de Julia Murat vai disputar Leopardo de Ouro no Festival de Locarno
Após ausência de dois anos, o Brasil voltará a ter um representante na competição oficial do Festival de Locarno, na Suíça. O novo filme de Julia Murat (“Pendular”) foi selecionado para disputar o Leopardo de Ouro em um dos festivais mais respeitados do mundo cinematográfico. Intitulado “Regra 34”, o longa também marca a estreia no cinema da atriz e dramaturga Sol Miranda, idealizadora do premiado espetáculo “Mercedes” (sobre Mercedes Baptista, primeira bailarina negra a dançar no Theatro Municipal). Na trama, Miranda interpreta uma jovem advogada que treina kung fu com aspirações feministas, ao mesmo tempo em que é apresentada ao universo do BDSM (o sexo com práticas sadomasoquistas) e passa por uma transformação ao enfrentar ranços sexistas. Embora o título não tenha sido explicado pela produção, a Regra 34 é conhecida na internet como uma referência à pornografia: “Se alguma coisa existe, há também uma versão pornô dela. Sem exceções”. Em sua última participação em Locarno, o Brasil fez bonito com “A Febre”, de Maya Da-Rin, que venceu o Prêmio da Crítica e rendeu a Regis Myrupu o troféu de Melhor Ator. O evento deste ano vai acontecer de 3 a 13 de agosto, e o Brasil ainda participa da seção paralela Cineasti Del Presente com “É Noite na América”, primeiro longa de Ana Vaz (do curta premiado “Apiyemiyekî?”).
Dois festivais europeus anunciam boicote ao cinema russo
Dois festivais internacionais de cinema da Europa atenderam ao apelo da Academia Ucraniana de Cinema e baniram filmes russos de suas programações. O Festival de Glasgow anunciou a retirada de dois filmes russos que tinha sido anunciados em sua seleção, em protesto contra a invasão da Ucrânia pelas tropas de Vladimir Putin. “No Looking Back”, de Kirill Sokolov, e “The Execution”, de Lado Kvataniya, não participarão mais do evento que acontece entre os dias 2 e 13 de março, na Escócia. “(A decisão) não reflete as visões e opiniões dos realizadores dos títulos. Apenas acreditamos que seria inapropriado seguir com estas exibições nas atuais circunstâncias”, disse um comunicado oficial do evento. O Festival de Estocolmo também anunciou um boicote, afirmando que não exibirá nenhum filme que recebeu financiamento estatal da Rússia. “É uma decisão lamentável, mas um posicionamento necessário em um momento como o atual. As ações da Rússia são inaceitáveis”, destacou Beatrice Karlsson, coordenadora de programação do evento, que só vai acontecer em novembro na Suécia. Nas redes sociais, a organização sueca ainda festejou o cinema ucraniano. “Por vários anos, a Ucrânia teve grande sucesso no cinema. O vencedor do ano passado do troféu de Melhor Filme no Festival de Cinema de Estocolmo foi o diretor ucraniano Oleg Sentsov com ‘Rhino’, que descreve o submundo da Ucrânia nos anos 1990. Sentsov, que não pôde vir por motivos de covid no ano passado, está agora convidado para o festival deste ano. Atualmente, ele é um dos cineastas que largou as câmeras e pegou em armas para defender seu país”, diz o texto publicado no Instagram do Festival de Estocolmo. Já o Festival de Locarno adiantou que não pretende seguir essa tendência. Em comunicado, a mostra da Suiça, que vai acontecer entre 3 e 13 de agosto, disse defender “a liberdade de expressão e a arte cinematográfica em todas as suas formas”. No Brasil, a Mostra de São Paulo e o Festival do Rio, que têm maior alcance em suas programações internacionais, ainda não se manifestaram sobre a atual situação, mas nos próximos dias outros festivais de cinema devem tornar suas posições conhecidas. O boicote ao cinema russo foi uma um pedido feito no final de semana pela Academia de Cinema da Ucrânia, que publicou uma petição online para que produtores deixem de lançar filmes na Rússia, distribuidores não negociem com produtoras russas e que festivais internacionais não selecionem obras do país. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Stockholms filmfestival (@sthlmfilmfest)
Curta brasileiro vence Leopardo de Ouro no Festival de Locarno
O curta brasileiro “Fantasma Neon”, dirigido por Leonardo Martinelli, recebeu o Leopardo de Ouro de melhor curta-metragem internacional neste sábado (14/8), durante a cerimônia de encerramento da 74ª edição do Festival de Locarno, na Suíça. Trata-se de um dos festivais de maior prestígio da Europa. Sexto curta de Martinelli, “Fantasma Neon” é um musical, rodado no Rio de Janeiro e embalado na moda do Passinho, sobre entregadores de comida durante a pandemia. A trama tem elementos documentais e gira em torno de um ciclista (o estreante Dennis Pinheiro) que, entre entregas de lanches, o sonho de comprar uma moto e o desejo de se aproximar de um colega (Silvero Pereira, de “Bacurau”), é atropelado pela violência social. “Ainda processando tudo isso”, escreveu Martinelli no Instagram, ao lado de uma foto com o prêmio nas mãos. “Tudo ainda parece um sonho”. O evento ainda entregou o Leopardo de Ouro de melhor longa para “Vengeance Is Mine, All Others Pay Cash”, do cineasta indonésio Edwin (com apenas um nome, como Madonna), além de homenagear “A New Old Play”, primeiro longa de ficção do chinês Qiu Jiongjiong, com o Prêmio Especial do Júri, e entregar ao americano Abel Ferrara o troféu de Melhor Direção por “Zeros and Ones”. Veja a premiação de “Fantasma Neon” no vídeo abaixo, que também inclui cenas do filme. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Leonardo Martinelli (@lrmartinelli)
John David Washington vive suspense tenso no trailer de “Becket”
A Netflix divulgou o trailer legendado de “Becket”, suspense estrelado por John David Washington (“Tenet”). Ao estilo dos thrillers clássicos de Alfred Hitchcock, Washington vive um turista americano que se envolve, sem querer, em uma conspiração criminosa nos cenários deslumbrantes da Grécia. Tudo começa com um passeio inocente com a namorada (Alicia Vikander, de “Tomb Raider”), seguido por um acidente de carro, o sumiço dela e uma perseguição por assassinos, que o levam a tentar chegar à embaixada americana, sem saber porque querem matá-lo e quem mais está envolvido. Roteiro e direção são de Ferdinando Cito Filomarino (“Antonia”), a produção é de outro cineasta italiano, Luca Guadagnino (“Me Chame pelo Seu Nome”), e o elenco ainda inclui Boyd Holbrook (“Logan”) e Vicky Krieps (“Trama Fantasma”). “Becket” vai abrir o Festival de Locarno, na Suíça, e estreia em 13 de agosto em streaming.
A Febre: Filme brasileiro vence Festival de Lima
O longa brasileiro “A Febre” venceu o prêmio de Melhor Filme do Festival de Cinema de Lima, no Peru, que no domingo (30/8) encerrou sua 24ª edição – a primeira virtual, devido à pandemia de covid-19. Exibido pela primeira vez há um ano, no Festival Internacional de Locarno, na Suíça, quando Regis Myrupu conquistou o prêmio de Melhor Ator, “A Febre” é o longa de estreia da jovem cineasta Maya Da-Rin e já também tinha sido premiado nos festivais de Biarritz (França), Brasília e Punta del Este (Uruguai). O filme narra a história de Justino (Myrupu), um indígena do povo Desana que trabalha como vigia em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da sua esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Com a expectativa de ficar sozinho, Justino é tomado por uma febre forte. Durante a noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. Em sua primeira edição online, o Festival de Lima recebeu 170 mil visitantes virtuais ao longo de nove dias de atividades, entre exibições de filmes e debates. Curiosamente, este foi o segundo ano consecutivo que um filme brasileiro venceu a premiação do evento. Em 2019, o vencedor foi “Bacurau”, dirigido por Kleber Mendonca Filho e Juliano Dornelles.
Festivais de Karlovy Vary e Locarno anunciam cancelamento de suas edições em 2020
Os tradicionais festivais de cinema de Karlovy Vary, na República Tcheca, e de Locarno, na Suíça, são os mais recentes eventos internacionais a anunciar que não realizarão suas edições neste ano. A 55ª edição de Karlovy Vary estava programada para acontecer de 3 a 11 de julho, enquanto o 73º Festival de Locarno deveria acontecer entre 5 e 15 de agosto. Eles seguem outros cancelamentos/adiamentos similares, que afetaram os festivais SXSW, nos EUA, de Cannes, na França, e Edimburgo, na Escócia. Karlovy Vary remarcou sua próxima edição para 2021. Mas o Festival de Locarno busca formas alternativas de exibir filmes ainda em 2020. “O festival está temporariamente se reinventando com o lançamento do Locarno 2020”, escreveu o perfil da mostra suíça no Instagram, anunciando apoio a novas plataformas e sem detalhar como pretende materializar essa iniciativa. Os cancelamentos das mostras tcheca e suíça foram consequência da ampliação da medida que restringe a realização de eventos com grande público na Europa, o que afeta diretamente os festivais. Outros festivais europeus de cinema ainda estão em compasso de espera para decidir como farão para realizar suas mostras neste ano. Entre eles, encontra-se o Festival de Sarajevo, na Bósnia, também marcado para agosto, e a mostra de Veneza, na Itália, programada para setembro. No Brasil, o próximo grande festival de cinema é o Cine-PE, que segue agendado para 25 de maio, enquanto o mais tradicional de todos, o Festival de Gramado, mantém sua previsão para o dia 14 de agosto, no rigor do inverno gaúcho. Ver essa foto no Instagram In view of the Czech government’s ongoing coronavirus measures and the complicated worldwide situation today, the KVIFF organizers have come to the extremely difficult decision not to hold the 55th annual Karlovy Vary International Film Festival this year.⠀ .⠀ ▷▷ Instead, the 55th KVIFF will take place July 2-10, 2021.◁◁⠀ .⠀ ▷ “We strongly believe that seeing a movie with other people in a theater is a powerful and irreplaceable experience,” says Jiří Bartoška, president of the Karlovy Vary IFF. ⠀ .⠀ ▷ “And because the Karlovy Vary International Film Festival is one of the most important cultural events in the Czech Republic, we have decided that holding an alternative version would go against the festival’s main mission: to bring together audiences, filmmakers, and people from different walks of life in order to collectively enjoy works of cinema.”⠀ .⠀ .⠀ 🇨🇿 S ohledem na přetrvávající opatření vlády v souvislosti s koronavirovou krizí a kvůli jejím mezinárodním dopadům a celosvětově komplikované situaci jsme pečlivě zvážili všechny okolnosti a rozhodli jsme se 55. ročník MFF Karlovy Vary v letošním roce neuskutečnit.⠀ .⠀ ▷▷ 55. ročník MFF KV proto proběhne ve dnech 2.- 10. července 2021.◁◁⠀ .⠀ ▷ „Mezinárodní filmový festival Karlovy Vary je jednou z nejvýznamnějších kulturních událostí u nás a jako organizátoři jsme nakonec dospěli k názoru, že hledání redukovaných nebo alternativních variant by šlo proti jeho hlavnímu smyslu, a tím je vzájemné setkávání diváků, filmových tvůrců, lidí z různých oblastí života a jejich kolektivní vnímaní filmových děl. Věřím, že síla společného prožitku při projekcích v sálech a jeho sdílení jsou nenahraditelné,“ uvádí prezident MFF Karlovy Vary Jiří Bartoška.⠀ .⠀ ▷ „Dovolte mi poděkovat Ministerstvu kultury České republiky, městu Karlovy Vary, Karlovarskému kraji a všem našim partnerům a spolupracovníkům za jejich podporu. Věřím, že se v červenci 2021 setkáme v Karlových Varech při 55. ročníku festivalu,“ dodává prezident Jiří Bartoška.⠀ .⠀ .⠀ .⠀ #officialstatement #kviff2020 #kviff55 #jiribartoska #bartak #kviff2021 #filmfestival #film #cinema #hotelthermal Uma publicação compartilhada por Karlovy Vary IFF (@kviff) em 28 de Abr, 2020 às 3:17 PDT Ver essa foto no Instagram The Locarno Leopard and the shape of cinema to come. With Locarno73 cancelled, the Festival is temporarily reinventing itself by launching Locarno 2020 – For the Future of Films. #Locarno2020 . . Read the latest news through our link in bio. Uma publicação compartilhada por Locarno Film Festival (@filmfestlocarno) em 29 de Abr, 2020 às 7:13 PDT
Festival de Brasília premia minorias, filmes de temáticas ambiental e LGBTQIA+
Filmes passados na Amazônia, de temática LGBTQIA+ e dirigidos por mulheres dominaram a premiação do 52º Festival de Brasília, que se encerrou na noite de sábado (30/11) na capital brasileira. O principal vencedor do evento, “A Febre”, da carioca Maya Da-Rin, venceu cinco troféus: Melhor Filme, Direção, Ator, Fotografia e Som. A obra narra a história de Justino (o premiado Regis Myrupu), um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da sua esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Tomado por uma febre misteriosa, ele passa a ser perseguido por uma criatura enigmática durante todas as noites, e a lutar para se manter acordado no trabalho. De forma convincente, Regis Myrupu, que realmente tem descendência indígena, já tinha sido premiado como Melhor Ator no 72º Festival de Locarno, na Suíça, por seu desempenho. Tanto o ator quanto a diretora Maya Da-Rin são estreantes em longas de ficção – mas a cineasta tem dois documentários sobre a Amazônia no currículo. Além de “A Febre”, o filme vencedor do Prêmio do Público, “O Tempo que Resta”, também trouxe uma história passada na Amazônia com direção de cineasta feminina, Thaís Borges. Documentário de estreia da diretora brasiliense, acompanha duas mulheres marcadas para morrer, por lutar pela causa de pequenos agricultores e ribeirinhos contra grupos de mineradoras e madeireiros ilegais na floresta tropical. Thaís Borges também foi premiada pelo Roteiro. Assim, Brasília premiou uma diretora e uma roteirista mulheres, e dois filmes sobre os problemas da Amazônia. Mas a forte mensagem política do festival não ficou nisso. Anne Celestino se tornou a primeira atriz transexual premiada no evento, pelo papel-título em “Alice Júnior”, de Gil Baroni. A comédia sobre uma youtuber transexual que precisa lidar com o conservadorismo na escola levou ao todo quatro Candangos — além de Melhor Atriz, Atriz Coadjuvante (Thais Schier), Trilha Sonora e Edição. O evento ainda destacou “Piedade”, do pernambucano Claudio Assis, com três troféus. Igualmente focado em temas LGBTQIA+ e questões ambientais, o drama refletiu os problemas causados pela construção de um porto, que interferiu no habitat de tubarões, gerando ataques em praias turísticas da região de Recife. Cauã Reymond, que vive o dono de um cinema pornô e cenas de sexo com o colega Matheus Nachtergaele, levou o Calango de Melhor Ator Coadjuvante. Os demais troféus do longa foram o Prêmio Especial do Júri e Direção de Arte. Paradoxalmente, em contraste com este resultado, a organização do festival enfrentou denúncias de censura – um ator local foi impedido de ler uma carta de protesto contra a interrupção das políticas públicas para o audiovisual – e agressão contra mulheres – durante a apresentação do filme de Thaís Borges, um diretor do evento gritou contra as mulheres no palco para que começassem logo o filme e ainda xingou outras realizadoras que tentaram alertar para o horror da situação. Confira abaixo a lista completa dos premiados. Mostra Competitiva de Longas Melhor Longa-Metragem “A Febre” Melhor Direção Maya Da-Rin (“A Febre”) Melhor Ator Regis Myrupu (“A Febre”) Melhor Atriz Anne Celestino (“Alice Júnior”) Melhor Ator Coadjuvante Cauã Reymond (“Piedade”) Melhor Atriz Coadjuvante Thaís Schier (“Alice Júnior”) Melhor Roteiro Thaís Borges (“O Tempo que Resta”) Prêmio Especial do Júri “Piedade”, de Claudio Assis Prêmio do Júri Popular “O Tempo que Resta” Melhor Fotografia Bárbara Alvarez (“A Febre”) Melhor Edição Pedro Giongo (“Alice Júnior”) Melhor Direção de Arte Carla Sarmento (“Piedade”) Melhor Som Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel Croset (“A Febre”) Melhor Trilha Sonora Vinícius Nisi (“Alice Júnior”) Mostra Competitiva de Curtas Melhor Curta-Metragem “Rã”, de Júlia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti Melhor Direção Sabrina Fidalgo (“Alfazema”) Melhor Ator Severino Dadá (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Atriz Teuda Bara (“Angela”) Melhor Roteiro Camila Kater e Ana Julia Carvalheiro (“Carne”) Prêmio do Júri Popular “Carne”, de Camila Kater Melhor Fotografia João Castelo Branco (“Parabéns a Você”) Melhor Edição André Sampaio (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Direção de Arte Isabelle Bittencourt (“Parabéns a Você”) Melhor Som Guma Farias e Bernardo Gebara (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Trilha Sonora Vivian Caccuri (“Alfazema”)
Indígena brasileiro é premiado como Melhor Ator no Festival de Locarno, na Suiça
O intérprete brasileiro Regis Myrupu, de descendência indígena, foi premiado como Melhor Ator no 72º Festival de Locarno, na Suíça, por seu papel no filme “A Febre”. Tanto o ator quanto a diretora brasileira Maya Da-Rin são estreantes em longas de ficção. Coprodução entre Brasil, França e Alemanha, o filme foi considerado pelo site Cineuropa “uma extraordinária oportunidade de observar a riqueza e complexidade de uma cultura”, enquanto o periódico italiano Cinque Quotidiano o aclamou como “extraordinário”. A repercussão decorre de Locarno ser um dos principais festivais de cinema da Europa. “Estou muito emocionado com esse prêmio. Nós, povos indígenas, estamos vivendo um momento muito difícil. Não só nós, mas também a nossa casa, a floresta, está sendo destruída”, disse o ator, em comunicado para a imprensa sobre a premiação. “Então, um indígena recebendo um prêmio como esse, mostra a nossa força e capacidade de atuarmos na sociedade não indígena, seja participando de um filme, seja como médicos ou advogados, sem que isso signifique a perda das nossas origens ou o esquecimento da nossa cultura.” “A Febre” narra a história de Justino, um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da sua esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Com o passar dos dias, Justino é tomado por uma febre forte. Durante a noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. O longa participará a seguir do Festival de Toronto, na mostra Wavelengths (dedicada a filmes de linguagem mais arrojada), que acontece entre os dias 5 e 15 de setembro no Canadá. Ainda sem data de estreia marcada, o filme será distribuído no Brasil pela Vitrine Filmes.
Festival de Locarno exibirá quatro produções brasileiras
O Festival de Locarno 2018 anunciou sua seleção oficial, que conta com a participação de quatro produções brasileiras – duas delas em coprodução com outros países. O Brasil estará representado em três das cinco mostras competitivas do festival suíço. Na mostra principal, “Competição Internacional”, desponta “Tarde para Morir Joven”, coprodução com Chile, Argentina, Holanda e Catar dirigida pela chilena Dominga Sotomayor. Na mostra “Cineastas do Presente”, que reúne realizações de novos diretores com até dois filmes no currículo, estreia o inédito “Temporada”, de André Novais Oliveira, e a coprodução “Familia Sumergida”, da argentina María Alché. Na seção “Sinais de Vida”, dedicada à experimentação de linguagem, o destaque é “Sedução da Carne”, do veterano Júlio Bressane, com Mariana Lima. Vale lembrar que, no ano passado, o festival premiou o terror brasileiro “As Boas Maneiras”, de Juliana Rojas e Marco Dutra. A 71ª edição do Festival de Locarno vai acontecer de 1º a 11 de agosto, com uma homenagem especial ao astro americano Ethan Hawke, que receberá o Prêmio de Excelência pela carreira e exibirá seu mais recente filme como diretor, “Blaze”.











