Maria de Fátima usa a internet para atacar César e abalar Odete em “Vale Tudo”
Influencer declara nas redes que espera um filho do modelo e pressiona Odete Roitman em meio ao noivado
“Emilia Pérez” vence César de Melhor Filme
Filme superou expectativas e conquistou seis prêmios na cerimônia do "Oscar francês" nesta sexta
Michel Blanc, astro do cinema francês, morre aos 72 anos
Ator foi conhecido por papéis em "Les Bronzés" e "Um Homem Meio Esquisito" e colaborou com grandes nomes da comédia francesa
Morre Laurent Cantet, diretor francês de “Entre os Muros da Escola”
O cineasta venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes e era reconhecido por obras que privilegiavam o olhar humanista e social no cinema
Prêmio César: Thriller policial feminista triunfa no “Oscar” do cinema francês
O 46º Prêmio César, considerado o Oscar do cinema francês, divulgou a lista dos filmes e artistas vencedores de sua edição deste ano. Entregue no famoso Olympia, de Paris, na noite desta sexta (24/2), a principal premiação do cinema da França consagrou o thriller policial “La Nuit du 12” com o troféu de Melhor Filme. “La Nuit du 12” chegou a obter 10 indicações ao César foi o grande vencedor da noite e faturou 6 prêmios, entre eles de Melhor Diretor para Dominik Moll. A trama conta a história de dois policiais que investigam o assassinato de uma jovem queimada viva em plena rua. Obcecado pela investigação, um dos policiais vai, pouco a pouco, mudar sua visão sobre a profissão, mas também, e principalmente, dos homens e do sistema patriarcal. O longa, que foi apresentado na seleção oficial de Cannes, teve mais de meio milhão de espectadores na França, e é considerado o primeiro filme policial francês a falar diretamente de questões feministas. Feminicídio, cultura do estupro, violência doméstica, slut-shaming, caça às bruxas e sexismo são alguns dos temas do longa que marca o retorno de Dominik Moll ao César, mais de duas décadas depois de ter ganho o prêmio de Melhor Direção por “Harry Chegou para Ajudar” (2000). Outro grande favorito da noite era a comédia “L’Innocent”, do diretor Louis Garrel (“O Oficial e o Espião”), sobre um jovem que se desespera ao saber que sua mãe está noiva de um detento. A comédia, lançada em Cannes fora de competição, foi líder de indicações, concorreu em 11 categorias, mas só venceu os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Atriz Coadjuvante para Noémie Merlant (“Retrato de Uma Jovem em Chamas”). O diretor David Fincher (“A Rede Social”) recebeu uma homenagem pelo conjunto de sua obra na cerimônia e, em uma aparição surpresa, Brad Pitt (“Babilônia”) subiu ao palco para apresentar o prêmio honorário ao lado da vencedora de Melhor Atriz da noite, Virginie Efira – premiada pelo drama “Revoir Paris”. Outro fato que chamou a atenção na cerimônia foi sua interrupção por um protesto, depois que uma jovem militante climática apareceu repentinamente no palco, vestindo uma camiseta com o slogan “Temos 761 dias restantes”. A transmissão foi cortada por 30 segundos, tempo suficiente para que ela fosse retirada do cenário. Confira abaixo o trailer do Melhor Filme e a lista completa dos vencedores do César 2023. Melhor Filme “La Nuit du 12” Melhor Direção Dominik Moll, por “La Nuit du 12” Melhor Atriz Virginie Efira, por “Revoir Paris” Melhor Ator Benoit Magimel, por “Pacification” Melhor Ator Coadjuvante Bouli Lanners, por “La Nuit du 12” Melhor Atriz Coadjuvante Roschdy Zem, por “L’innocent” Melhor Revelação Feminina Nadia Tereszkiewicz, por “Les Amandiers” Melhor Revelação Masculina Bastien Bouillon, por “La Nuit du 12” Melhor Filme Estrangeiro “As Bestas” Melhor Filme de Estreia “Saint Omer” Melhor Roteiro Original “L’innocent” Melhor Roteiro Adaptado “La Nuit du 12” Melhor Cenografia “Simone: Le Voyage Du Siècle” Melhor Figurino “Simone: Le Voyage Du Siècle” Melhor Direção de Fotografia “Pacifiction” Melhor Edição “Contratempos” Melhor Trilha Sonora “Contratempos” Melhor Som “La Nuit du 12” Melhores Efeitos Visuais “Notre-Dame em Chamas” Melhor Animação “Ma Famille Afghane” Melhor Documentário “Retour à Reims (Fragments)”
César: Comédia de Louis Garrel lidera indicações ao “Oscar francês”
A organização do prêmio César, considerado o Oscar do cinema francês, divulgou a lista dos filmes e artistas indicados para a edição deste ano da premiação. E a comédia “L’innocent” (“O Inocente” em tradução literal), dirigida e estrelada por Louis Garrel (“O Oficial e o Espião”), foi o grande destaque, com 11 indicações, incluindo Melhor Filme, Direção e Ator. O filme conta a história de um sujeito que descobre que sua mãe está prestes a se casar com um presidiário. Então, ele conta com a ajuda do seu melhor amigo e coloca em prática um plano para protegê-la. Mas conhecer seu novo padrasto pode lhe oferecer uma nova perspectiva. A liderança da obra de Garrel foi uma surpresa, uma vez que ficou na frente do drama policial “La Nuit du 12”, sobre a investigação de um feminicídio, e era considerado o favorito da crítica. Com nove indicações, o filme marca o retorno do cineasta Dominik Moll ao César, mais de duas décadas depois de ter ganho o prêmio de Melhor Direção por “Harry Chegou para Ajudar” (2000). A lista dos indicados ao prêmio principal também conta com “O Próximo Passo”, de Cédric Klapisch, sobre uma dançarina clássica que precisa se recuperar de uma lesão; “Pacifiction”, de Albert Serra, que narra a história de um sujeito que vive entre a alta e a baixa sociedade; e “Les Amandiers”, de Valeria Bruni-Tedeschi, sobre a rotina de um grupo de alunos de teatro. Garrel concorre na categoria de Melhor Ator com Jean Dujardin (“Novembre”), Vincent Macaigne (“Diary Of A Fleeting Affair”), Benoit Magimel (“Pacification”) e Denis Ménochet (“Peter von Kant”). Já o troféu de Melhor Atriz está sendo disputado por uma galeria de divas: Fanny Ardant (“Os Jovens Amantes”), Juliette Binoche (“Entre Dois Mundos”), Laure Calamy (“Contratempos”), Virginie Efira (“Revoir Paris”) e Adele Exarchopoulos (“Bem-vindos a Bordo”). A 48ª cerimônia do prêmio César também homenageará com um troféu honorário o cineasta David Fincher (“Mank”). A cerimônia vai acontecer no dia 24 de fevereiro no famoso Olympia, o mais antigo salão de espetáculos de Paris. Confira abaixo a lista dos indicados. Melhor Filme “Les Amandiers” “O Próximo Passo” “L’innocent” “La Nuit du 12” “Pacification” Melhor Direção Cedric Klapisch, por “O Próximo Passo” Louis Garrel, por “L’innocent” Cedric Jimenez, por “Novembre” Dominik Moll, por “La Nuit du 12” Albert Serra, por “Pacification” Melhor Atriz Fanny Ardant, por “Os Jovens Amantes” Juliette Binoche, por “Entre Dois Mundos” Laure Calamy, por “Contratempos” Virginie Efira, por “Revoir Paris” Adele Exarchopoulos, por “Bem-vindos a Bordo” Melhor Ator Jean Dujardin, por “Novembre” Louis Garrel, por “L’innocent” Vincent Macaigne, por “Diary Of A Fleeting Affair” Benoit Magimel, por “Pacification” Denis Ménochet, por “Peter von Kant” Melhor Ator Coadjuvante Judith Chemla, por “Le Sixieme Enfant” Anais Demoustier, por “Novembre” Anouk Grinberg, por “L’innocent” Lyna Khoudri, por “Novembre” Noemie Merland, por “L’innocent” Melhor Atriz Coadjuvante François Civil, por “O Próximo Passo” Bouli Lanners, por “The La Nuit du 12” Micha Lescot, por “Les Amandiers” Pio Marmai, por “O Próximo Passo” Roschdy Zem, por “L’innocent” Melhor Revelação Feminina Marion Barbeau, por “O Próximo Passo” Guslagie Malanda, por “Saint Omer” Rebecca Marder, por “A Radiant Girl” Nadia Tereszkiewicz, por “Les Amandiers” Mallory Wanecque, por “The Worst Ones” Melhor Revelação Masculina Bastien Bouillon, por “La Nuit du 12” Stefan Crepon, por “Peter von Kant” Dimitri Dore, por “Bruno Reidal” Paul Kircher, por “Le Lycéen” Aliocha Reinert, por “Softie” Melhor Filme Estrangeiro “As Bestas” “Close” “Garoto dos Céus” “EO” “Triângulo da Tristeza” Melhor Filme de Estreia “Bruno Reidal, Confissões de um Assassino” “Falcon Lake” “Os Piores” “Saint Omer” “O Sexto Filho” Melhor Roteiro Original “Contratempos” “Les Amandiers” “O Próximo Passo” “L’innocent” “Saint Omer” Melhor Roteiro Adaptado “Final Cut” “Undercover” “La Nuit du 12” Melhor Cenografia “Les Amandiers” “Couleurs de l’incendie “La Nuit du 12” “Pacifiction” “Simone: Le Voyage Du Siècle” Melhor Figurino “Les Amandiers” “Couleurs de l’incendie” “Esperando Bojangles” “L’innocent” “Pacification” “Simone: Le Voyage Du Siècle” Melhor Direção de Fotografia “Les Amandiers” “O Próximo Passo” “La Nuit du 12” “Pacifiction” “Saint Omer” Melhor Edição “Contratempos” “O Próximo Passo” “L’innocent” “Novembre” “La Nuit du 12” Melhor Trilha Sonora “Contratempos” “Final Cut” “L’innocent” “La Nuit du 12” “Pacifiction” “Noites de Paris” Melhor Som “O Próximo Passo” “L’innocent” “Novembre” “La Nuit du 12” “Pacification” Melhores Efeitos Visuais “Les Cinq Diables” “Fumer Fait Tousser” “Notre-Dame em Chamas” “Novembre” “Pacifiction” Melhor Animação “Ernest & Célestine: A Viagem em Charabie” “Ma Famille Afghane” “Le Petit Nicolas: Qu’est-ce Qu’on Attend Pour Être Heureux ?” Melhor Documentário “Allons Enfants” “Annie Ernaux: Os Anos Super 8” “Le Chêne” “Jane por “Charlotte” “Retour à Reims (Fragments)” Melhor Curta-Metragem “Haut les Coeurs” “Partir un Jour” “Le Roi David” “Les Vertueuses” Melhor Curta Animado “Câline” “Noir-Soleil” “La Vie Sexuelle de Mamie” Melhor Curta Documentário “Churchill, Polar Bear Town” “Écoutez le Battement de Nos Images” “Maria Schneider”
César 2023: Oscar do cinema francês bane investigados por abuso sexual
A organização do César, prêmio considerado o Oscar do cinema francês, anunciou que pessoas indiciadas ou condenadas por assédio ou violência sexual não poderão comparecer à cerimônia anual. No entanto, essas pessoas ainda poderão ser indicadas e, inclusive, premiadas. Mas, mesmo se vencerem o prêmio, não poderão participar da cerimônia ou eleger representante para falar em seus nomes. A decisão foi tomado após um acúmulo de polêmicas, iniciado pela consagração de Roman Polanski, condenado por estupro de menor, com dois prêmios César em 2020, de Melhor Roteiro e Direção. Quando subiu ao palco para agradecer o troféu, Céline Sciamma e Adèle Haenel, diretora e estrela de “Retrato de uma Jovem em Chamas”, abandonaram cerimônia em meio a transmissão. Para completar, neste ano o ator Sofiane Bennacer apareceu como um dos pré-selecionados na categoria de melhor revelação. Destaque de “Les Amandiers”, de Valeria Bruni Tedeschi, o ator foi acusado de estupro e violência sexual por quatro mulheres. Além de instituir a nova norma, a Academia Francesa de Cinema também retirou o nome do ator da lista de possíveis indicados. A próxima edição do César será realizada no dia 24 de fevereiro, em Paris.
César 2022: “Ilusões Perdidas” vence o “Oscar francês”
O prêmio César, considerado o “Oscar francês”, realizou sua cerimônia na noite de sexta-feira (25/2), no L’Olympia, em Paris, reunindo várias estrelas do cinema internacional como Léa Seydoux, François Cluzet, Valérie Lemercier, Adam Driver, Emma Mackey e Cate Blanchett, homenageada do evento com o César de Honra pela carreira. O grande vencedor da noite foi “Ilusões Perdidas”, de Xavier Giannoli, que conquistou sete prêmios, inclusive o César de Melhor Filme do ano. Ainda inédito no Brasil, o longa é uma adaptação do clássico literário homônimo de Honoré de Balzac e chegou a competir no Festival de Veneza sem conquistar prêmios. A estreia nacional está marcada para 28 de abril. O segundo filme com mais troféus foi “Annette”. O musical estrelado por Adam Driver e Marion Cotillard foi o segundo maior vencedor da noite com cinco Césars, inclusive de Melhor Direção para Leos Carax. Já os prêmios de Melhor Ator e Atriz ficaram com Benoit Magimel, por “De Son Vivant”, e Valérie Lemercier, por “Aline”. A cerimônia ainda prestou homenagem a Gaspard Ulliel, falecido num acidente de ski em janeiro, com um emocionante discurso do cineasta Xavier Dolan, que dirigiu o ator em “É Apenas o Fim do Mundo” (2016). Ulliel venceu o César pelo desempenho naquele filme. Veja abaixo a lista dos vencedores. Melhor Filme “Ilusões Perdidas”, dirigido por Xavier Giannoli Melhor Direção Leos Carax por “Annette” Melhor Atriz Valérie Lemercier por “Aline” Melhor Ator Benoît Magimel por “De Son Vivant” Melhor Ator Coadjuvante Vincent Lacoste por “Ilusões Perdidas” Melhor Atriz Coadjuvante Aïssatou Diallo Sagna por “La Fracture” Melhor Revelação Feminina Anamaria Vartolomei por “L’événement” Melhor Revelação Masculina Benjamin Voisin por “Ilusões Perdidas” Melhor Filme Estrangeiro “O Pai”, dirigido por Florian Zeller Melhor Filme de Estreia “Les Magnétiques”, dirigido por Vincent Maël Cardona Melhor Roteiro Original Arthur Harari e Vincent Poymiro por “Onoda, 10 000 Nuits dans la Jungle” Melhor Roteiro Adaptado Xavier Giannoli e Jacques Fieschi por “Ilusões Perdidas” Melhor Cenografia Riton Dupire-Clément por “Ilusões Perdidas” Melhor Figurino Pierre-Jean Larroque por “Ilusões Perdidas” Melhor Direção de Fotografia Christophe Beaucarne por “Ilusões Perdidas” Melhor Edição Nelly Quettier por “Annette” Melhor Trilha Sonora Ron Mael e Russell Mael por Sparks por “Annette” Melhor Som Erwan Kerzanet, Katia Boutin, Maxence Dussère, Paul Heymans e Thomas Gauder por “Annette” Melhores Efeitos Visuais Guillaume Pondard por “Annette” Melhor Animação Patrick Imbert por “Viagem ao Topo da Terra” Melhor Documentário “La Panthère des Nneiges”, dirigido por Marie Amiguet e Vincent Munier Melhor Curta-Metragem “Les Mauvais Garçons”, dirigido por Elie Girard Melhor Curta Animado “Folie Douce, Folie Dure”, dirigido por Marine Laclotte Melhor Curta Documentário “Maalbeek”, dirigido por Ismaël Joffroy Chandoutis César de Honra Cate Blanchett
César 2022: Indicações ao Oscar francês destacam “Annette” e “Ilusões Perdidas”
O prêmio César Awards, considerado o Oscar da França, anunciou os indicados de sua edição 2022 nesta quarta-feira (26/1). Entre os destaques, estão alguns dos filmes franceses mais falados da temporada, como “Annette”, que teve indicações como Melhor Filme e Ator (para o americano Adam Driver), “Titane”, disputando o prêmio de Melhor Direção para Julia Ducournau, e “Benedetta”, com Virginie Efira na briga pelo prêmio de Melhor Atriz. O filme com mais indicações, porém, foi “Illusions Perdues”, de Xavier Giannoli (“Marguerite”). Ainda inédito no Brasil, o longa é uma adaptação do clássico literário “Ilusões Perdidas”, de Honoré de Balzac, e chegou a competir no Festival de Veneza sem conquistar prêmios. Disputa ao todo 14 Césars. Os musicais “Annette”, de Leos Carax, e “Aline”, de Valérie Lemercier, inspirado na vida da cantora Celine Dion, completam o pódio dos mais indicados, somando 11 e 10 nomeações, respectivamente. “Annette”, “Aline” e “Illusions Perdues” também estão na disputa de Melhor Filme Francês do Ano, junto a “BAC Nord: Sob Pressão”, de Cédric Jimenez, “L’événement”, de Audrey Diwan, “La Fracture”, de Catherine Corsini, e “Onoda, 10,000 Nuits Dans La Jungle”, de Arthur Harari. A cerimônia de premiação acontece em 25 de fevereiro, em Paris.
Bertrand Tavernier (1941 – 2021)
O icônico cineasta Bertrand Tavernier, de filmes clássicos como “Um Sonho de Domingo” (1984) e “Por Volta da Meia-Noite” (1986), morreu nesta quinta (25/3) aos 79 anos, anunciou o Instituto Lumière, que ele presidia. A causa da morte não foi informada. Filho do escritor e combatente da resistência René Tavernier, Bertrand foi um dos principais e mais premiados diretores do cinema francês após a nouvelle vague. Seu interesse pela sétima arte começou em seus dias de estudante universitário na Sorbonne, quando entrevistou o diretor Jean-Pierre Melville. Ele acabou conseguindo trabalho como relações públicas da empresa que produziu o filme de Melville de 1962, “Técnica de um Delator”, e posteriormente se associou a um amigo para se tornar assessor de imprensa independente, trabalhando nos filmes que lhe interessavam, entre eles “O Desprezo” (1963), de Jean-Luc Godard. O trabalho evoluiu para a função de assistente de direção, que ele começou a exercer na Itália, fazendo sua estreia no trash “Maciste, O Gladiador de Esparta” (1964). No mesmo ano, debutou como diretor nas antologias românticas “Os Beijos” (1964) e “A Chance e o Amor” (1964). Entretanto, seu primeiro longa individual só saiu uma década depois, o complexo filme de mistério “O Relojoeiro” (1974), que venceu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Berlim. Com os dois filmes seguintes, “Que a Festa Comece” (1975) e “O Juiz e o Assassino” (1976), chamou atenção da Academia Francesa de Cinema, vencendo consecutivamente dois prêmios César (o Oscar francês) como roteirista. Ao experimentar a ficção científica com “A Morte ao Vivo” (1980), antecipou em décadas a febre por reality shows que transformou o “Big Brother” num fenômeno. Cultuadíssimo, o filme também registrou um dos últimos papéis da estrela Romy Schneider, que morreu dois anos depois. O reconhecimento internacional veio com “A Lei de Quem Tem o Poder” (1981), indicado ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. No filme, Philippe Noiret vivia um chefe de polícia de uma pequena cidade que decide a despachar os cidadãos indignos do lugar com sua arma. Seus filmes mais famosos vieram logo em seguida. Com “Um Sonho de Domingo” (1984), ambientado em uma casa de campo em 1912, venceu o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes. E embora não tenha sido agraciado por seu trabalho em “Por Volta da Meia-Noite” (1986), sua ode definitiva ao jazz é considerada um dos melhores filmes já feitos sobre o gênero musical. A obra rendeu um Oscar ao jazzista Herbie Hancock pela Trilha Sonora, além de indicação de Melhor Ator ao mítico saxofonista Dexter Gordon. A filmografia de Tavernier seguiu produzindo filmes espetaculares, como “A Vida e Nada Mais” (1989), vencedor do BAFTA (o Oscar inglês), e “O Regresso” (1990), mas foi só com “L.627 – Corrupção Policial” (1992), um thriller com registro quase documental sobre as atividades do dia-a-dia de um pequeno e mal equipado braço do Esquadrão Antidrogas de Paris, que ele venceu o troféu principal da França, o César de Melhor Filme, além do César de Melhor Direção. O reconhecimento nacional o levou à sua primeira grande aventura de época, “A Filha de D’Artagnan” (1994), estrelada pela jovem Sophie Marceau no auge de sua popularidade. Mas após este breve desvio comercial, o cineasta voltou com tudo em “A Isca” (1995), sobre crimes de menores, que venceu o Festival de Berlim, e “Capitão Conan” (1996), drama de guerra que lhe rendeu outro César de Melhor Direção. Em “Quando Tudo Começa” (1999), Tavernier seguiu um ano na vida do diretor de uma escola em uma região economicamente falida da França e venceu o Prêmio da Crítica no Festival de Berlim e o Prêmio do Público no Festival de San Sebastian. Ele seguiu frequentando festivais no século 21, mas sem causar o mesmo frisson. Seus últimos longas de ficção foram “Passaporte para a Vida” (2002), “Holy Lola” (2004), escrito por sua filha, “Às Margens de um Crime” (2009), “A Princesa de Montpensier” (2010) e “O Palácio Francês” (2013). Pelo derradeiro, ainda voltou a vencer o César de Melhor Roteiro. Depois disso, assinou o documentário “Viagem Através do Cinema Francês”, lançado em 2016 e transformado em minissérie no ano seguinte, dedicando-se a contar a história do cinema de seu país. Cinéfilo assumido, Tavernier adorava falar da história ao cinema. Ele escreveu um guia sobre a história de Hollywood, cuja primeira edição foi chamada de “20 Anos de Cinema Americano”, mas acabou expandida em reedições para “30 Anos…” e até “50 Anos de Cinema Americano”. Ele também publico um livro de entrevistas, chamado “American Friends”, com conversas que teve com John Ford, Robert Altman, Roger Corman e “muitos outros que não haviam sido entrevistados antes”, e se dedicou à preservação de filmes clássicos, movido tanto pelo desejo de defender o cinema independente francês como pela paixão pelo cinema americano do século 20. Em 2015, foi homenageado com um Leão de Ouro especial do Festival de Veneza, pelo conjunto da obra. Tavernier foi casado com a roteirista Claudine (Colo) O’Hagen de 1965 a 1980 e deixa dois filhos cineastas, Nils Tavernier, diretor e ator, e Tiffany Tavernier, romancista, roteirista e assistente de direção.
Jean-Pierre Bacri (1951 – 2021)
O premiado ator e roteirista francês Jean-Pierre Bacri, conhecido por suas parcerias com a cineasta Agnès Jaoui, morreu na segunda (18/1) em Paris após uma batalha contra o câncer, aos 69 anos. Bacri começou a ter destaque nos palcos e na telas no final da década de 1970, e tornou-se conhecido internacionalmente após aparecer como “Batman” no bem-sucedido thriller “Subway”, que fez decolar a carreira do diretor Luc Besson em 1985. O papel lhe rendeu sua primeira indicação ao César (o Oscar francês) como Melhor Ator Coadjuvante. Foi nessa época também que ele conheceu a atriz Agnès Jaoui, que se tornaria sua esposa e parceira criativa. O casal contracenou nas telas pela primeira vez em “Cuisine et Dépendances” (1993), adaptação de uma peça de teatro escrita pelos dois (vencedora do troféu Molière), que também foi o primeiro filme concebido em conjunto pela dupla, com ambos assinando juntos o roteiro. Logo, a rotina de escrever tornou-se complementar ao trabalho de interpretação para ambos. Eles receberam um grande empurrão nesta direção ao colaboraram no texto de “Smoking e No Smoking” (1993), de Alain Resnais, que venceu cinco prêmios César (o Oscar francês), entre eles o primeiro troféu de Melhor Roteiro da dupla – além de ser considerado o Melhor Filme do ano. A parceria continuou com outra adaptação de peça do casal, “Odeio te Amar” (1996), e seguiu com o musical “Amores Parisienses” (1997), que acrescentaram mais dois Césars à estante da família por seus roteiros. O último ainda rendeu o César de Melhor Ator Coadjuvante a Bacri. O casamento criativo acompanhou a evolução da carreira de Jaoui, que virou diretora a partir de “O Gosto dos Outros” (2000). Um começo e tanto, pois, além de ser premiado com o quarto César de Melhor Roteiro da dupla, foi reconhecido como Melhor Roteiro da Europa pela Academia do Cinema Europeu e indicado ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. O trabalho de Bacri e Jaoui também rendeu aclamação no Festival de Cannes. Seu filme de 2004, “Questão de Imagem”, foi considerado o Melhor Roteiro do festival e ainda lhes deu o segundo troféu da categoria na premiação da Academia do Cinema Europeu. Os dois continuaram a trabalhar juntos, tanto na frente quanto atrás das câmeras, até “Praça Pública”, escrito e estrelado pelo casal e dirigido por Jaoui, em 2018. Depois disso, Bacri apareceu em apenas mais um filme, “Photo de Famille”, lançado no mesmo ano, antes da doença se manifestar. Um autêntico intelectual, Bacri também ficou conhecido por aparecer sempre mal-humorado na tela. Seus papéis eram geralmente personagens rudes, embora com um toque de humanidade. “Aos meus olhos, sempre desempenhei papéis diferentes. Mas não sou um cara sorridente e o que sou, como minha maneira de ver a vida, passa para a tela. Coisas alegres não me interessam, prefiro anti-heróis”, disse ele ao Le Parisien em uma entrevista de 2017. A morte do artista comoveu a França, rendendo várias homenagens, incluindo do presidente do país, Emmanuel Macron.
Tonie Marshall (1951 – 2020)
A diretora Tonie Marshall, única mulher a receber o prêmio César (o Oscar francês) na categoria de Melhor Direção – por “Instituto de Beleza Vênus” – , faleceu nesta quinta-feira (12/3), aos 68 anos, em “decorrência de uma longa doença”, informou sua agente. Filha da atriz francesa Micheline Presle e do ator e cineasta americano William Marshall, Tonie iniciou sua carreira como atriz em 1972 em “Um Homem em Estado… Interessante”, de Jacques Demy. Engajada, membro do coletivo 50/50 em favor da igualdade entre homens e mulheres no cinema, ela passou à direção em 1990 com “Pentimento”. Ao todo, assinou nove longas-metragens, incluindo o premiado “Instituto de Beleza Vênus”, estrelado por Audrey Tautou em 1999. Seus últimos filmes foram a comédia “Sexo, Amor e Terapia” (2014), com Sophie Marceau, e “A Número Um” (2017), com Emmanuelle Devos, em que examinou o machismo do mundo dos grandes negócios. “Tonie lutou e Tonie acaba de partir. Na vida, como em seus filmes, ela nos comoveu muitas vezes, nos fez sorrir lindamente, ela sempre nos seduziu. Tonie era forte e atenciosa, comprometida e delicada”, reagiu no Twitter o presidente do Festival de Cannes, Pierre Lescure. A secretária de Estado da França para a Igualdade de Gênero, Marlène Schiappa, também expressou sua “tristeza pelo anúncio da morte da talentosa e generosa Tonie Marshall”. Para a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, “Tonie Marshall nos deixa com um feminismo íntimo, cáustico e mais relevante do que nunca”.











