Jean-Claude Bernardet, referência da crítica de cinema, morre aos 88 anos
Intelectual belga naturalizado brasileiro marcou gerações como crítico, cineasta, escritor e professor, e teve legado reconhecido em obras e homenagens
R. F. Lucchetti, um dos mestres do terror brasileiro, morre aos 94 anos
O escritor publicou mais de mil livros, centenas de quadrinhos e roteirizou dezenas de filmes, inclusive do Zé do Caixão
Filme perdido do Zé do Caixão chega aos cinemas após décadas
A Elo Studios divulgou o trailer de “A Praga”, um filme perdido de José Mojica Marins, um dos mais importantes cineastas brasileiros que faleceu em fevereiro de 2020. Apesar do diretor não ter conseguido finalizar seu trabalho na obra, o longa de terror foi concluído pela Heco Produções. Com narração feita pelo próprio Zé do Caixão, personagem icônico interpretado por José Mojica Marins, “A Praga” conta a história de Juvenal (Felipe Von Rhein), um jovem que, ignorando os perigos, provoca uma velha senhora e acaba sendo amaldiçoado com uma fome insaciável por carne crua. A trama se desenrola com uma corrida desesperada para se livrar da praga e sobreviver aos horrores proferidos pela bruxa. O roteiro foi escrito pelo próprio Mojica, ao lado do parceiro de longa data, o roteirista Rubens Francisco Luchetti, conhecido por escrever os filmes mais populares do Ivan Cardoso, como “O Segredo da Múmia” (1982) e “As Sete Vampiras” (1986). Ele também ganhou destaque como autor de quadrinhos clássicos de terror. O elenco ainda conta com Sílvia Gless (“As Bellas da Billings”) e Wanda Kosmo (“Tereza Batista”), que faleceu em 2007. O filme começou a ser gravado na década de 1960 Ao longo do tempo, a produção passou por uma série de imprevistos. Inicialmente, a produção começou na década de 1960 como parte da antologia “Além, Muito Além do Além”, escrita por Luchetti e exibida pela TV Bandeirantes na época. Mas o material foi perdido em um incêndio na emissora. Apesar de Mojica ter tentado refilmar a obra na década de 1980, ele não conseguiu concluí-la. Nos últimos 15 anos, o diretor Eugenio Puppo se dedicou a encontrar os rolos originais do filme perdido. Com negativos restaurados em 4K, a trilha sonora foi remasterizada e as cores foram ajustadas. Em uma parceria da Heco Produções com a Elo Studios, o filme foi finalmente finalizado para chegar aos cinemas. “Nos empenhamos ao máximo na recuperação do filme para que ele não se perdesse na história. Fizemos todo o possível para manter a autenticidade e oferecer ao público algo muito próximo do que havíamos encontrado, com a veracidade de um autêntico filme de Mojica”, disse Puppo em comunicado. “Quando José Mojica Marins me contava sobre os diversos trabalhos que não conseguiu concluir, ele sempre mencionava ‘A Praga’. Agora, finalmente, o filme terá um lançamento à altura de sua importância”. Após ter a produção concluída, o longa rodou festivais ao redor do mundo antes de chegar aos cinemas brasileiros. Além disso, as sessões do filme vão exibir um curta documental intitulado “A Última Praga de Mojica”. O projeto oferece um vislumbre da produção que levou mais de 60 anos para ser concluída e a importância de Mojica para o cinema brasileiro. “A Praga” estreia nesta quinta (6/7).
Filha de José Mojica Marins denuncia médicos que cuidaram do pai
A curta-metragista Liz Marins, filha de José Mojica Marins (o Zé do Caixão), denunciou dois dos médicos que cuidaram de seu pai, morto em fevereiro de 2020 aos 83 anos por complicações de uma broncopneumonia. Os dois profissionais são da operadora de saúde Prevent Senior. Em entrevista à GloboNews, ela afirmou que um deles tirou Mojica da Unidade de Terapia Semi-Intensiva (semi-UTI) do Hospital Sancta Maggiore enquanto o quadro ainda era grave, e o outro não quis tratar dos sintomas dele, preferindo convencer a família a aceitar que o caso era irreversível. “A minha denúncia é contra dois médicos. Um médico que tirou ele da semi-uti quando ele estava estabilizado, grave, mas estabilizado, e mandou pro quarto e um médico que, vendo o meu pai com a saturação despencando no quarto, não deu o atendimento imediato e ficou tentando nos convencer a deixá-lo morrer”, afirmou Liz Marins. Ela relata, também, que a família tentou argumentar contra a transferência para o quarto dizendo a saturação (nível de oxigênio no sangue) dele deveria ser constantemente monitorada, o que só seria possível na semi-UTI — nos quartos, a equipe de enfermagem passaria só a cada seis horas. Entretanto, não lhe deram atenção. “Enquanto eu falava, já tinha pessoas retirando as coisas”. Em comunicado, a Prevent Senior afirmou que “todos os investimentos possíveis foram realizados”, e que o cineasta tinha “comorbidades que agravaram seu quadro de saúde ao longo dos anos”.
Elijah Wood vai ressuscitar Zé do Caixão no cinema
Zé do Caixão vai ressuscitar no cinema. O ator Elijah Wood, que viveu Frodo na trilogia “O Senhor dos Anéis”, vai produzir o primeiro longa americano do personagem criado e encarnado por José Mojica Marins. De acordo com um comunicado, o projeto da SpectreVision, produtora de Wood, pretende apresentar “uma versão mais popular, acessível e atualizada do antagonista. Fiel ao público que já conhece o Zé do Caixão, mas apresentando o personagem para um público novo e mais amplo”. Mas este não é o único filme em desenvolvimento. Zé do Caixão também será tema de um longa em espanhol, desenvolvendo pelo mexicano Lex Ortega (“México Barbaro”) e o espanhol Adrian Garcia Bogliano (“O ABC da Morte”). “Faz sentido criar novas histórias tanto nos EUA — onde os filmes de ‘Coffin Joe’ (nome que o personagem recebeu nos EUA) cativaram toda uma geração de fãs de terror desde os anos 1970 — quanto no México, onde analogias culturais podem ser extraídas do cenário original do personagem, mas criando uma nova abordagem”, disse Betina Goldman, diretora da One Eyed Films, companhia britânica que negocia os direitos do personagem. Considerado o maior diretor do terror brasileiro, José Mojica Marins morreu em fevereiro de 2020, aos 83 anos, mas a criatura que ele pariu em 1964 continua a viver na imaginação distorcida de novos cineastas.
Festival de Sitges vai homenagear José Mojica Marins
O Festival de Sitges, um dos eventos mais tradicionais dedicados ao cinema de terror e fantasia, que acontece anualmente desde 1968 na Espanha, vai prestar uma homenagem à carreira do cineasta José Mojica Marins, criador do personagem Zé do Caixão. Em sua edição de 2020, marcada para acontecer entre 8 a 18 de outubro, o festival projetará o primeiro longa de Zé do Caixão, “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”, lançado em 1964, além de exibir o documentário “Maldito – O Estranho Mundo de José Mojica Marins”, de André Barcinski e Ivan Finotti, e o curta “O Universo de Mojica Marins”, de Ivan Cardoso. Ator, diretor, roteirista e personagem de si mesmo, José Mojica Marins já foi premiado no festival espanhol. Ele venceu a competição de Stiges com “Encarnação do Demônio”, filme que encerrou a trilogia central do personagem Zé do Caixão. Marins morreu no dia 19 de fevereiro passado, aos 83 anos, devido a uma broncopneumonia.
Série Zé do Caixão é liberada na internet, em homenagem do canal Space
O canal pago Space disponibilizou em sua página no YouTube a minissérie “Zé do Caixão” na íntegra, em homenagem ao cineasta José Mojica Marins, falecido na quarta (19/2) em São Paulo, aos 83 anos de idade. Exibida na TV em 2015, a produção acompanha momentos marcantes da vida do diretor, que criou um dos maiores ícones do cinema nacional, o Zé do Caixão. Protagonizada por Matheus Nachtergaele, a trama foi inspirada na biografia “Maldito”, escrita em 1998 pelos jornalistas Ivan Finotti e André Barcinski. “Esta foi a primeira série de ficção do canal Space Brasil. Foi escolhida a dedo tendo com o objetivo de homenagear um dos maiores cineastas brasileiros, mostrando seu processo de criação e produção”, conta Silvia Fu, Diretora Sênior de Conteúdo da Turner Brasil. “Nada mais justo nesse momento do que disponibilizar essa homenagem para todo público. Matheus Nachtergaele teve uma interpretação irreparável, emocionando o próprio Mojica em uma visita ao set”, completa. Com seis episódios de 45 minutos cada, a série foca na figura de Mojica e sua carreira no cinema, mostrando as filmagens e dificuldades das produções do cineasta, além de contar paralelamente como era sua vida pessoal e a relação com elenco, produtores e equipe dos longas. Cada capítulo do programa é dedicado a um de seus filmes, incluindo “À Meia-Noite Levarei sua Alma”, que traz a primeira aparição do personagem Zé do Caixão. Veja a minissérie completa abaixo.
Festival de Berlim: Kleber Mendonça Filho diz que governo tenta destruir cinema brasileiro
O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho acabou concentrando a atenção da imprensa internacional durante a entrevista coletiva do júri do 70º Festival de Berlim, iniciado nesta quinta (20/2) na capital da Alemanha. Após pronunciamento do presidente do júri, o ator britânico Jeremy Irons (“Watchmen”), o cineasta pernambucano virou foco de perguntas de jornalistas estrangeiros perplexos com a situação política do Brasil, após a repercussão mundial do ataque do governo Bolsonaro à Petra Costa, diretora do documentário indicado ao Oscar “Democracia em Vertigem”, e as declarações disparatadas do presidente contra o ator Leonardo DiCaprio. Conhecido por filmes politizados, Kleber Mendonça Filho precisou responder se ainda era bem-vindo no Brasil. “Por sorte, sou bem-vindo em todos os lugares, inclusive aqui”, disse o diretor de “Bacurau” e “Aquarius”. “Vou continuar fazendo meus filmes, viajando com eles e falando o que penso. Nada vai mudar em termos de dizer o que penso”, acrescentou. Mendonça Filho também abordou o paradoxo atual do audiovisual brasileiro, representado pela presença recorde de 19 produções e coproduções brasileiras em Berlim no momento em que a produção de filmes se encontra paralisada no país – desde a posse de Bolsonaro, incentivos foram cortados e nenhuma verba foi liberada para novos projetos cinematográficos. “Estamos no melhor momento da história do cinema brasileiro e é exatamente o momento em que a indústria cinematográfica do país está sendo desmantelada dia a dia”, ele apontou. “Claro que estou preocupado. Temos cerca de 600 projetos entre cinema e televisão completamente congelados pela burocracia. O cinema brasileiro percorreu um longo caminho e tem uma história longa, é muito diverso. Foram mais de 20 anos de trabalho duro para construir isso. Temos uma lista muito diversa de cineastas do Brasil todo, não só do Sudeste, que economicamente e historicamente era onde o dinheiro estava concentrado. E é isso que está sendo destruído agora.” O cineasta contou que muitos cineastas jovens o procuram, preocupados com a perspectiva de conseguir seguir na carreira. “Eu digo que é uma época dura, mas também excelente para fazer filmes, porque a tecnologia ajuda e temos um país ainda mais cheio de contradições, conflitos e drama”, contou. Para completar, Mendonça Filho ainda comentou a morte de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. “Ele foi um dos maiores diretores brasileiros na minha opinião, mas muito incompreendido no passado por fazer cinema de gênero. Nas últimas décadas os filmes de gênero, que sempre foram importantes e maravilhosos, ganharam respeitabilidade. Para mim, o cinema de gênero é um dos exemplos mais extremos de fazer cinema, mas não significa que só considero filmes de gênero, porque o cinema é rico o suficiente para ser diversificado.” Os demais integrantes do júri – a atriz franco-argentina Bérenice Bejo (de “O Artista” e “O Passado”), a produtora alemã Bettina Brokemper (parceira dos filmes de Lars von Trier, de “Dogville” a “A Casa que Jack Construiu”), a diretora palestina Annemarie Jacir (“Wajib – Um Convite de Casamento”), o diretor e roteirista americano Kenneth Lonergan (“Manchester à Beira Mar”) e o ator italiano Luca Marinelli (“Entre Tempos”) – foram questionados apenas sobre o que esperam do festival e qual critério adotarão para escolher os melhores filmes. Jeremy Irons, que se manifestou sobre declarações polêmicas de seu passado, finalizou dizendo-se a favor de pautas progressistas, como direitos LGBTQIA+ e feminismo, e espera que alguns dos filmes da competição abordem esses assuntos e muitos outros problemas enfrentados no mundo. “Estou ansioso por assistir a longas que nos levem a questionar atitudes, preconceitos e mostrem percepções diferentes de mundo.”
José Mojica Marins (1936 – 2020)
O cineasta José Mojica Marins, mais conhecido como seu personagem Zé do Caixão, morreu nesta quarta (19/2) em São Paulo, aos 83 anos de idade. O cineasta estava internado desde o dia 28 de janeiro para tratar de uma broncopneumonia. A informação foi confirmada por Liz Marins, filha do diretor. Filho de espanhóis, o paulistano Mojica iniciou a carreira em 1949 com uma câmera de 8mm que ganhou de seu pai em seu aniversário de 12 anos, quando fez seu primeiro “filme”: “O Juízo Final”, curta sci-fi sobre uma invasão alienígena. Ele também dirigiu o primeiro longa-metragem em formato Cinemascope (a tela widescreen original) do Brasil: o faroeste “Sina de Aventureiro” (1957). Mas a façanha que mais costuma ser celebrada em sua carreira é o fato de ter virado o maior nome do terror nacional, conhecido mundialmente pela criação de Zé do Caixão – ou Coffin Joe, como chamam os americanos – , personagem icônico que lançou em 1964, no clássico “A Meia Noite Levarei a Sua Alma”. Vilão amoral, sádico e irredimível, Zé do Caixão era o dono de um funerária do interior que desafiava Deus e o diabo com sua única crença: a continuidade do sangue. Ele quer ser o pai de uma criança superior a partir do cruzamento com a “mulher perfeita”, alguém que ele considere intelectualmente à sua altura – isto é, que não se deixe aterrorizar por bobagens, como aranhas vivas caminhando sobre seu corpo, nem acredite em superstições, como a Bíblia. Na busca por esta mulher, ele se mostra sempre pronto a torturar candidatas e matar quem tentar impedir sua missão. O impacto do personagem, uma criação original, rendeu fama a Mojica, que acabou confundido com o próprio Zé do Caixão ao explorar o personagem em novas continuações – como “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1967) e “Encarnação do Demônio” (2008) – , derivados – como “O Mundo Estranho de Zé do Caixão” (1968) e “Exorcismo Negro” (1974) – , aparições na TV e até nos quadrinhos. Mojica contou que o monstro famoso de unhas compridas lhe apareceu num pesadelo, no início de 1963. Ele já tinha dois longas-metragens no currículo, o citado “Sina de Aventureiro” e o drama “Meu Destino em Suas Mãos” (1961), quando se viu arrastado para uma cova por um homem todo de preto, com seu rosto. Ao acordar, ele decidiu transformar o pesadelo em filme, dando origem ao coveiro Josefel Zanatas, que seus detratores em “A Meia Noite Levarei a Sua Alma” batizaram de Zé do Caixão. Seu último filme como Zé do Caixão foi “Encarnação do Demônio”, de 2008. Originalmente previsto para ser o desfecho da trilogia original, ele deveria ter sido rodado em 1967, mas foi interrompido por problemas com a censura federal. A ditadura militar passou a considerar os filmes de Mojica muito perturbadores e passou a proibir a exibição de novos filmes de terror do diretor, como “Ritual dos Sádicos” (1969), também chamado de “O Despertar da Besta”, e “Finis Hominis” (1971). Mas Mojica se manteve na ativa, dirigindo filme eróticos na Boca do Lixo durante os anos 1970 e 1980 – de títulos sugestivos como “Quinta Dimensão do Sexo”, “48 Horas de Sexo Alucinante”, “Dr. Frank na Clínica das Taras” e “24 Horas de Sexo Explícito”. Um destes filmes, “A Virgem e o Machão”, tornou-se um de seus maiores sucessos comerciais, visto por 1,3 milhão de brasileiros. De vez em quando, porém, voltava ao terror, em alguns curtas e lançamentos em vídeo, até ressurgir com impacto em “Encarnação do Demônio”, seu primeiro filme de grande orçamento, que venceu o Festival de Paulínia. Mas apesar de elogios rasgados da crítica, o filme implodiu nas bilheterias. O diretor conquistou maior público e notoriedade ao expandir a presença de Zé do Caixão para outras mídias, apresentando programas que marcaram quatro décadas de telespectadores, como “Além, Muito Além do Além” (1967-68), na Bandeirantes, “Show do Outro Mundo” (1981), na Record, “Cine Trash” (1996), de novo na Band, e “O Estranho Mundo do Zé do Caixão” (2008), um talk show que durou sete temporadas no Canal Brasil. A presença televisiva inspirou a redescoberta de seus filmes originais. Depois de anos vivendo às margens do mercado cinematográfico brasileiro, Mojica se tornou cultuado e sua obra foi amplamente revisitada, em busca de pérolas perdidas. E havia muitos trabalhos de Mojica que o mercado desconhecia, como “Exorcismo Negro” (1974), talvez a grande obra-prima do diretor. Na virada para o século 21, Mojica virou fenômeno pop. Foi tema de livros, como “Maldito!” (1998), cinebiografia escrita pelos jornalistas André Barcinski e Ivan Finotti, recebeu homenagem do Festival de Sundance, nos EUA, com uma retrospectiva de sua carreira em 2001, inspirou desfiles de escolas de samba – no carnaval carioca de 2011 e no paulista de 2018 – e teve a vida transformada em série televisiva: “Zé do Caixão” (2015), em que foi encarnado por Matheus Nachtergaele. Ele seguia dirigindo e atuando em segmentos de coletâneas de terror, ao lado de outros cineastas, como a produção internacional “The Profane Exhibit” (2013) e a nacional “As Fábulas Negras” (2015). Atuou até na comédia “Entrando Numa Roubada” (2015). Mas a saúde debilitada começou a preocupar a família. Após infarto e paradas cardíacas em 2014, diminuiu o ritmo e passou a ser pouco visto desde então. Seu legado inclui cerca de 40 filmes como diretor e mais de 60 produções como ator, entre longas, curtas, documentários e séries.
José Lopes Índio (1941 – 2019)
O ator José Lopes Índio, que marcou a produção de cinema da Boca do Lixo, morreu na madrugada desta sexta-feira (27/12) aos 78 anos, vítima de câncer de laringe. Nascido em 1941 na cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia, ele veio para São Paulo em 1959, quando tinha 18 anos. Depois de arranjar emprego como carregador de caminhão, conseguiu entrar na TV Excelsior, onde trabalhou nos bastidores de alguns programas, antes de se estabelecer nas produções cinematográficas da Boca do Lixo. Hoje chamada de Cracolândia, a região do centro da capital paulista que era conhecida como Boca do Lixo concentrou a maior parte dos escritórios produção cinematográfica do país entre os anos 1960 e 1980, tendo papel importantíssimo nos ciclos do cinema marginal e da pornochanchada. No auge do pólo cinematográfico da região, São Paulo chegou a ultrapassar o Rio de Janeiro, com mais de cem filmes por ano, cerca de 80% deles feitos na Boca. Descendente de índio, o ator que se chamava Índio acabou se tornando o principal intérprete indígena do cinema brasileiro, ainda que muitos de seus personagens fossem caricatos e inspirados em índios americanos, como numa famosa propaganda de TV da Philco de 1995. Ele iniciou sua carreira no cinema no final dos anos 1960, com uma participação no filme “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla. Depois, apareceu em produções de Ozualdo Candeias, Clery Cunha e Francisco Cavalcanti, entre outros diretores, mas sua principal parceria foi com Tony Vieira. Ele integrou o elenco de cerca de dez produções do cineasta, que se especializou em variações de western brazuca, do caipira ao cangaceiro, e até versões eróticas. Também foi capanga de Zé do Caixão, contracenou com Mazzaropi e sofreu dezenas de mortes violentas nas telas. No total, Índio participou de cerca de 70 produções e fez de figuração até efeitos especiais. Um de seus últimos trabalhos foi em 2016 na novela “O Velho Chico”, na rede Globo, no papel do pajé Moacir.
José Mojica Marins sofre acidente e fica sem poder andar
José Mojica Marins, criador e intérprete do icônico Zé do Caixão, está impossibilitado de andar, após sofrer um acidente doméstico. O cineasta de 81 anos quebrou e trincou ossos do corpo após uma queda dentro de sua casa, em São Paulo. Como consequência do acidente, Mojica ficou com a mão engessada e terá que andar de cadeiras de rodas por alguns meses. Ele próprio contou a situação em sua conta no Facebook, revelando também a foto acima, após ser medicado. “Caí e quebrei um osso da mão esquerda e trinquei um outro do quadril. Terei que andar na cadeira de rodas por alguns meses. Mas de cadeira de rodas ou sem cadeira, não é nenhum olho gordo que vai me pegar”, brincou ele. Em março deste ano, ele chegou a ficar internado por 17 dias para se tratar de uma infecção no cateter que colocou em 2014 – por conta de dois infartos. VOCÊEE! VOCÊEEE! OU TOOODOOOSSS VOCÊEEESSS!!!! PRATICAMENTEEE, UMA ÓTIMA NOTÍCIA PARA FÃS E COLECIONADORES! E NO FINAL… Publicado por José Mojica Marins Zé Do Caixão em Domingo, 1 de outubro de 2017
Zé do Caixão teria virado evangélico
O cineasta José Mojica Marins, mais conhecido como seu personagem Zé do Caixão, o maior ícone do terror brasileiro, pode ter virado evangélico. É o que garante um pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que publicou em seu Facebook fotos de Mojica e sua esposa em um culto da central paulista. “Neste domingo o Zé do Caixão, juntamente com a esposa tomou a decisão pelo batismo na IASD Central Paulistana, no apelo do Pr. Luís Gonçalves. Louvado seja Deus!”, publicou o pastor Erzon Aduviri. Em uma das imagens, José Mojica Marins aparece com roupa social, ao lado da sua esposa, Edineide Silva, e do pastor Luís Gonçalves. Na outra, é visto com uma mão no peito, durante o culto. Nos filmes, Zé do Caixão era retratado como um personagem amoral e niilista que se considera superior aos outros por ser um descrente obsessivo, que não acreditava em Deus ou no diabo. Por isso, muitos fãs não acreditaram nas fotos, quando elas surgiram na internet. Procurada pelo site Ego, Liz Vamp, a filha de José Mojica, contou que o pai está indo a igreja acompanhada da mulher, Edineide Silva. “A esposa dele é evangélica, há um ano ela tem ido na igreja adventista. Eles eram casados, ficaram separados por 20 anos e voltaram quando ele estava doente. Meu pai vai com ela porque aquilo é importante para ela. Eu não gosto de igreja que se aproveita das pessoas, fico com o pé atrás, mas, enfim, ele está indo sim, está achando as pessoas legais e as pessoas estão tratando ele bem, é o que importa. Espero que eles sejam boas pessoas, acho legal ele acompanhar a esposa, mas queria deixar claro para os fãs que isso não vai afetar o trabalho dele”. Curiosamente, depois que a notícia se tornou viral, o pastor Aduviri apagou seu post.










