Para Steven Spielberg, filmes da Netflix deveriam disputar o Emmy e não o Oscar
Steven Spielberg declarou que filmes da Netflix são telefilmes, em entrevista ao canal britânico ITV. Durante a divulgação de seu novo longa, “Jogador Nº 1”, ele disse que as produções da Netflix deveriam concorrer ao Emmy e não ao Oscar. “Quando você se compromete a fazer um formato para a TV, você faz um filme para TV. Caso seja um bom programa, você merece um Emmy, mas não um Oscar”, afirmou. Para o diretor, o espaço e o orçamento oferecido pelas empresas de streaming tem sido sedutor para jovens cineastas que têm dificuldades em conseguir financiamento para seus filmes ou que precisam disputar espaço em mostras internacionais para conseguir distribuição. Mas nem que os filmes sejam colocados nos cinemas por uma semana, eles devem deixar de ser considerados telefilmes. “Eu não acredito que filmes que recebem qualificações simbólicas e ficam em cartaz por menos de uma semana em alguns cinemas sejam qualificados para serem indicados pela Academia”, acrescentou. A crítica acontece após o filme “Mudbound”, distribuído nos Estados Unidos pela Netflix, ter sido indicado pela Academia na premiação de 2018 e “Icarus” dado ao serviço de streaming o Oscar de Melhor Documentário. Por outro lado, produções da HBO com tanta ou maior qualidade disputam o Emmy. Caso de “Bessie”, da mesma diretora de “Mudhound”, Dee Rees, por exemplo.
Diretora de Mudbound defende que cinema é arte e não tamanho de tela no Spirit Awards 2018
A diretora Dee Rees, que recebeu o troféu Robert Altman no Spirit Awards 2018, fez um discurso para despertar discussões, durante seu agradecimento em nome da equipe de “Mudbound”. Distribuído pela Netflix, “Mudbound” tem despertado polêmica por concorrer a diversos prêmios de cinema, inclusive ao Oscar 2018. Mas para a cineasta, não há o que questionar. Ao listar toda a equipe técnica envolvida na criação de “Mudbound” e toda a arte conjurada pelo filme, ela demonstrou que não havia diferença na confecção da obra exibida por streaming dos longas projetados nos multiplexes. E arrematou: “Cinema não tem nada a ver com uma tela de smartphone, uma tela de televisão ou uma tela gigante de IMAX”. Em suma, cinema não é tela, é arte. “‘Mudbound’ é cinema”, ele decretou, sob aplausos efusivos da plateia formada por artistas independentes. E se, por enquanto, o Oscar tende a concordar com Dee Rees, já existe uma comissão da Academia com debates agendados sobre este tema, que pode chegar a uma conclusão diferente. Para o Festival de Cannes, por exemplo, a conclusão é que cinema é sim tela. Após exibir duas produções da Netflix sob protestos no ano passado, a organização do festival decidiu que filmes que não forem exibidos em circuito cinematográfico não poderão mais ser inscritos em seus próximos eventos. Afinal, é uma tela que define o que é cinema? Ou é tudo aquilo que Dees Rees cita em seu longo discurso – e que pode ser ouvido integralmente abaixo:
Veja todas as vitórias, os discursos e os melhores momentos do Spirit Awards 2018
A premiação do Film Independent Spirit Awards 2018, que consagrou o terror “Corra!” e seu diretor, Jordan Peele, não foi transmitida no Brasil. Mas graças ao canal oficial do prêmio no YouTube, é possível assistir aos vídeos dos seus melhores momentos, com todos os agradecimentos, comemorações e sorrisos dos vencedores. Apresentada pelos comediantes Nick Kroll e John Mulaney (da animação “Big Mouth”) pelo segundo ano consecutivo, a cerimônia aconteceu na tarde de sábado em sua locação habitual – em tendas armadas na praia de Santa Monica, na Califórnia. Mas ao contrário de outras premiações da temporada, o Spirit Awards não foi marcado por nenhum protesto específico. Os artistas não foram de roupas pretas nem usaram broches de alguma causa. Veja abaixo os vídeos dos melhores momentos e confira aqui a lista completa dos vencedores.
Corra! vence o Spirit Awards 2018, o Oscar do cinema independente
O Spirit Awards 2018, considerado o Oscar do cinema independente americano, consagrou o terror “Corra!”, de Jordan Peele, como Melhor Filme indie do ano. Além disso, a premiação realizada na tarde de sábado (3/3) na Califórnia rendeu a Peele o troféu de Melhor Direção. “Nós filmamos esse filme em 23 dias, e ninguém fez para ganhar um cachê, mas porque todos acreditaram em contar uma história que não tinha sido vista antes e que precisava existir”, disse Peele, em seu agradecimento. “Para mim, está claro que estamos no início de um renascimento neste momento, em que histórias dos outsiders, histórias das pessoas nesta sala, as mesmas histórias que os cineastas independentes têm contado há anos, são honradas, reconhecidas e celebradas. Estou tão orgulhoso de estar aqui com esse grupo de pessoas. Isso não teria acontecido sem todos aqui ou sem as pessoas que compraram ingressos e contaram sobre o filme e levaram mais pessoas a vê-lo”, completou. É interessante apontar que, nos últimos quatro anos, o vencedor do Spirit Awards também venceu o Oscar de Melhor Filme – são eles: “12 Anos de Escravidão” (2013), “Birdman” (2014), “Spotlight” (2015) e “Moonlight” (2016). Essa sequência é maior que a coincidência registrada no Gotham Awards, o outro prêmio indie do cinema americano, que “acertou” os últimos três premiados do Oscar e este ano premiou “Me Chame pelo seu Nome”. Por sinal, o filme de Luca Guadagnino também era favorito ao Spirit Awards, com o maior número de indicações. Mas só venceu dois dos seis prêmios que disputou: Melhor Fotografia e, na ausência de Gary Oldman – “O Destino de uma Nação” não é um filme indie – , Melhor Ator com o jovem Timothée Chalamet. As demais categorias de interpretação repetiram os SAG Awards, com prêmios para Francis McDormand e Sam Rockwell, de “Três Anúncios Para um Crime”, e Allison Janney, de “Eu, Tonya”. Entre os prêmios sem equivalentes no Oscar, destacaram-se a comédia de humor negro “Ingrid Goes West” como Melhor Filme de Estreia – com o diretor Matt Spicer fazendo uma dedicação especial à atriz Aubrey Plaza – , “Mudbound” pelo elenco e Chloé Zhao, de “The Rider”, como cineasta feminina – sobre Greta Gerwig, que venceu o Spirit de Melhor Roteiro, por “Lady Bird”. Para completar a listagem principal, “Visages Villages” faturou a categoria de Documentário e o chileno “Uma Mulher Fantástica” foi eleito o Melhor Filme Estrangeiro. Como todos os anos, a cerimônia de premiação aconteceu em tendas armadas na praia de Santa Monica, na Califórnia. Mas ao contrário de outras premiações da temporada, o Spirit Awards não foi marcado por nenhum protesto específico. Os artistas não foram de roupas pretas nem usaram broches de alguma causa. Confira abaixo a lista completa dos premiados. E veja aqui os vídeos com todas as vitórias, as comemorações e os discursos de agradecimentos. Vencedores do Independent Spirit Awards 2018 Melhor Filme “Corra!”, de Jordan Peele Melhor Direção Jordan Peele (“Corra!”) Melhor Filme de Estreia “Ingrid Goes West”, de Matt Spicer Melhor Atriz Francis McDormand (“Três Anúncios Para um Crime”) Melhor Ator Timothee Chalamet (“Me Chame pelo seu Nome”) Melhor Atriz Coadjuvante Allison Janney (“Eu, Tonya”) Melhor Ator Coadjuvante Sam Rockwell (“Três Anúncios Para um Crime”) Melhor Roteiro Greta Gerwig (“Lady Bird”) Melhor Roteiro de Estreia Emily V. Gordon e Kumail Nanjiani (“Doentes de Amor”) Melhor Fotografia Sayombhu Mukdeeprom (“Me Chame pelo Seu Nome”) Melhor Edição Tatiana S. Riegel (“Eu, Tonya”) Melhor Documentário “Visages Villages”, de JR e Agnès Varda Melhor Filme Estrangeiro “Uma Mulher Fantástica”, de Sebastián Lelio (Chile) Prêmio John Cassavetes (filme feito por menos de US$ 500 mil) “Life and Nothing More”, de Antonio Méndez Esparza Prêmio Robert Altman (melhor elenco) “Mudbound” Prêmio Bonnie (melhor cineasta feminina) Chloé Zhao (“The Rider”)
Estreias: Pantera Negra e filmes do Oscar 2018 ocupam os cinemas
O novo filme de super-heróis da Marvel é o maior lançamento da semana, que também traz aos cinemas nada menos que quatro longas indicados ao Oscar 2018, além de uma estreia nacional em circuito invisível. Clique nos títulos de cada filme para ver seus trailers. “Pantera Negra” estreia neste fim de semana também nos Estados Unidos, onde a expectativa é de quebra de recordes. O filme tem incríveis 97% de aprovação entre a crítica americana, uma avaliação mais positiva que a da maioria dos indicados ao Oscar – “Eu, Tonya”, “Três Anúncios para um Crime” e “Mudbound”, por exemplo, têm 90%, 93% e 96%, respectivamente. Mesmo assim, há grande curiosidade em torno de seu desempenho internacional, já que o primeiro filme de super-herói negro de Hollywood reflete uma política de inclusão e diversidade pautada para e pelo público americano. Longe de seguir padrões pré-estabelecidos, o longa não traz a típica trama de “super-herói negro”, como as séries “Luke Cage” e “Black Lightning” (Raio Negro). Em vez de proteger bairros pobres infestados por crime, T’Challa (Chadwick Boseman) reina numa nação desenvolvida da África, onde há abundância, prosperidade e tecnologia de superprodução sci-fi. O conflito vem do desejo de preservar o segredo de Wakanda do mundo exterior versus duas outras opções bem diferentes: do vilão branco (Andy Serkis, retomando seu personagem de “Capitão América: Guerra Civil”) obstinado em explorar as riquezas naturais do país, como os velhos colonialistas europeus, e do líder dissidente (Michel B. Jordan, de “Creed”), que considera criminoso deixar outras nações africanas passarem fome, enquanto Wakanda poderia liderar todo o continente e mudar o mundo. Em meio a estes dilemas, o cineasta Ryan Coogler (“Creed”) ainda inclui sequências de ação dignas de “007”, coadjuvantes que roubam as cenas (e merecem seus próprios filmes) e conflitos internos tão bem desenvolvidos que muitos já chamam o resultado de “melhor filme da Marvel” – uma definição que parece surgir a cada novo lançamento do estúdio presidido por Kevin Feige. Mais bem-avaliado que “Pantera Negra” neste fim de semana só “Lady Bird – A Hora de Voar”. O filme chegou a bater o recorde de avaliações positivas do site Rotten Tomatoes, com 100% de aprovação com 194 resenhas elogiosas. Mas isto chamou tanta atenção que um blogueiro decidiu postar uma crítica negativa para virar assunto, baixando a nota para 99%. Estreia solo na direção da atriz Greta Gerwig (“Mulheres do Século 20”), o filme é baseado em suas lembranças de juventude, pontuadas por um humor desconsertante, que acompanha Saoirse Ronan (“Brooklyn”) em sua vida de estudante rebelde no Norte da Califórnia, tratada como ovelha negra da família pela própria mãe (Laurie Metcalf, a mãe de Sheldon na série “The Big Bang Theory”), embora se veja como uma joaninha (ladybird) querendo voar para a liberdade. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Comédia, “Lady Bird” foi indicado a cinco Oscars: Melhor Filme, Atriz (Ronan), Atriz Coadjuvante (Metcalf), Direção e Roteiro (ambos de Gerwig). Mas também foi acusado de plágio pela roteirista Josefina Lopez. Ela afirma que a história, supostamente inspirada pela juventude da diretora Greta Gerwig, é uma cópia de “Mulheres de Verdade Têm Curvas”, filme que ela escreveu em 2002. “Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi” conta outra história com elenco, direção e roteiristas negros. Terceiro longa-metragem da cineasta Dee Rees, após o drama lésbico indie “Pariah” (2011) e a telebiografia “Bessie” (2015), da HBO, a produção foi adquirida pronta pela Netflix por US$ 12,5 milhões em Sundance – a maior aquisição realizada no festival do ano passado. Foi lançada diretamente em streaming nos Estados Unidos, mas desembarca no Brasil – com três meses de atraso – pelo cinema, com direito ao indefectível subtítulo que parece existir para impedir lançamentos de filmes de nomes curtos no Brasil. Desta vez, a grosseria chama ainda mais atenção por conter um erro de português – a falta de acentuação em Mississípi. A trama gira em torno de duas famílias que convivem no sul rural dos Estados Unidos nos anos 1940. Uma delas é branca, racista e recém-chegada, tendo comprado sua fazenda com sonhos de grandeza. A outra é negra, humilde e trabalha naquelas terras há muitas gerações. Quando os filhos jovens das duas famílias retornam traumatizados da 2ª Guerra Mundial, acabam criando laços de amizade, forjados pela experiência compartilhada, o que incomoda ambos os lados. O soldado negro tem mais dificuldade em aceitar a situação de ter lutado pela liberdade dos europeus e voltar a um país segregado. O branco não pode ouvir um estouro de escapamento de carro sem achar que está levando tiros. Para piorar, ainda sente atração pela mulher negligenciada do irmão mais velho. Trata-se de uma adaptação do best-seller homônimo de Hillary Jordan, lançado em 2008 nos Estados Unidos, e sua filmagem ganhou um troféu do Gotham Awards, que abre a temporada de premiações de Hollywood. A consagração foi para o elenco, que inclui a cantora Mary J. Blige, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. O filme também disputa o Oscar de Melhor Canção (novamente com Blige), Roteiro Adaptado (Dee Rees) e fez história com sua cinematógrafa, Rachel Morrison, a primeira mulher a disputar o prêmio da Academia na categoria de Direção de Fotografia. Vencedor do Festival de Toronto, do Globo de Ouro 2018 de Melhor Filme Dramático, e indicado a sete Oscars, “Três Anúncios para um Crime” é o terceiro longa virulento do inglês Martin McDonagh, cuja filmografia exalta o humor negro e a violência gratuita. O filme acompanha uma mãe inconformada com a incompetência da polícia após o estupro e assassinato da filha, que manda erguer cartazes cobrando providências e expondo o xerife de sua cidadezinha. O elenco destaca Frances McDormand (que venceu o Oscar há 20 anos por “Fargo”) no papel da mãe obstinada e Sam Rockwell (“Homem de Ferro 2”) como um assistente de xerife racista. Ambos disputam o Oscar, respectivamente de Melhor Atriz e Melhor Ator Coadjuvante, após venceram as duas categorias no SAG Awards, a premiação do Sindicato dos Atores. Desde então, o personagem de Rockwell virou centro de uma polêmica, em que o contexto do filme passou a ser denunciado por apresentar um racista como o herói da história. “Eu, Tonya” disputa três Oscars, que incluem a primeira indicação de Margot Robbie (“Esquadrão Suicida”) como Melhor Atriz pelo papel-título. Mas seu favoritismo está na categoria de Atriz Coadjuvante, após Allison Janney (série “Mom”) vencer tudo o que disputou na temporada, como o Globo de Ouro, o SAG e o Critics Choice. Ela rouba todas as cenas como uma das mães mais malvadas já vistas no cinema. E o que mais impressiona é que a personagem não é ficção. O longa é cinebiografia da patinadora Tonya Harding, que apesar de ter disputado os Jogos Olímpicos e conquistado a Medalha de Prata no Campeonato Mundial de Patinação de 1991, ficou conhecida como vilã da vida real, ao se envolver num ataque, planejado por seu marido, contra a rival Nancy Kerrigan, durante o treinamento para o Campeonato dos Estados Unidos de 1994. Visando tirar sua principal oponente do caminho para ficar com uma vaga olímpica, Harding conseguiu o oposto: foi banida do esporte por toda a vida. O filme de Craig Gillespie (“Horas Decisivas”) tenta mostrar o que a levou a esse extremo. Por fim, o drama brasileiro “Antes do Fim” chega em apenas quatro salas, com distribuição de seu próprio cineasta, Cristiano Burlan (“Mataram Meu Irmão”). Filmada em preto e branco, a obra parece filme antigo, da época em que discursos se sobrepunham à encenação e a teatralidade era “técnica cinematográfica”, o que, curiosamente, muitos taxavam de “cinema de arte” e não teatro filmado. O elenco assume referências, com as participações de Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet, ela atriz e musa, ele crítico e ensaísta de um Brasil que hoje só existe em mostras de cinema. Para completar, a própria trama é acadêmica: discute o direito ao suicídio e é inspirada por um texto de Bernardet, que defende a morte como um ato de resistência contra o capitalismo farmacêutico. Sério. Foi exibido no Festival de Brasília, onde não foi levado a sério – isto é, saiu sem prêmios.
Oscar 2018 registra recorde de indicações femininas
Ecoando o clima de empoderamento feminino que vem marcando as discussões de bastidores de Hollywood, o Oscar 2018 registrou um número recorde de indicações para mulheres em categorias técnicas. Ao todo, 40 mulheres receberam indicações na competição, além das 10 citadas como Melhor Atriz e Atriz Coadjuvante. Trata-se do mesmo número registrado no ano passado, repetindo o recorde, mas com uma diferença importante. As nomeações não se limitaram às categorias tradicionalmente consideradas femininas, como Maquiagem e Penteado ou Figurino. Elas invadiram antigos feudos masculinos, como Direção, Roteiro, Edição e até Direção de Fotografia – que será disputada pela primeira vez por uma mulher: Rachel Morrison, de “Mudbound”. Além disso, a presença de “Lady Bird” na disputa de Melhor Filme conta quase como uma indicação extra, já que foi escrito, dirigido e protagonizado por mulheres. Ele é apenas o 13º filme de cineasta feminina indicado na categoria. De forma mais restrita ainda, sua diretora e roteirista Greta Gerwig tornou-se a quinta mulher a concorrer ao Oscar de Melhor Direção, prêmio vencido apenas por uma diretora até hoje – Kathryn Bigelow, por “Guerra ao Terror”, em 2010. Outras indicadas proeminentes incluem Mary H. Ellis, sexta mulher a disputar o Oscar de Melhor Mixagem de Som, por “Em Ritmo de Fuga”, Tatiana S. Riegel, que concorre pela Edição de “Eu, Tonya”, e Elaine McMillion Sheldon, indicada ao Oscar de Melhor Curta Documental por “Heroin(e)”. A cerimônia de entrega de prêmios acontece no dia 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel e transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira aqui a lista completa dos indicados.
Logan é primeiro filme de super-herói e Dee Rees a primeira negra indicados ao Oscar de Roteiro
O filme “Logan”, que marcou a despedida de Hugh Jackman do papel de Wolverine, fez história no Oscar 2018, tornando-se o primeiro longa-metragem de super-heróis indicado na categoria de Melhor Roteiro Adaptado da premiação da Academia. A inclusão não foi totalmente inesperada, porque a produção da Fox já tinha sido indicado ao prêmio do Sindicato dos Roteiristas. Mas os fãs de super-heróis ainda aguardavam indicações para “Mulher-Maravilha”, que não entrou em nenhuma categoria. Scott Frank, Michael Green e o diretor James Mangold, que assinam a trama de “Logan”, disputarão o Oscar com a cineasta Dee Rees, que também conquistou um feito histórico, ao se tornar a primeira mulher negra indicada na categoria, por “Mudbound”. Os outros concorrentes são o veterano cineasta James Ivory (por “Me Chame Pelo Seu Nome”) , o premiado Aaron Sorkin (“A Grande Jogada”), e a jovem dupla Scott Neustadter e Michael H. Weber (“Artista do Desastre”). Na categoria de Melhor Roteiro Original, a disputa está concentrada em diretores-roteiristas. Greta Gerwig (“Lady Bird: É Hora de Voar”), Jordan Peele (“Corra!”), Martin McDonagh (“Três Anúncios Para Um Crime”) e Guillermo del Toro (“A Forma da Água”) disputam o troféu com Emily V. Gordon e Kumail Nanjiani (“Doentes de Amor”). A cerimônia de entrega de prêmios acontece no dia 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel e transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira aqui a lista completa dos indicados.
Filmes do Festival de Sundance dominam indicações ao Oscar 2018
Num reflexo da importância do Festival de Sundance para o lançamento de filmes de qualidade, o Oscar 2018 distribuiu 16 indicações para filmes que tiveram pré-estreia mundial há exatamente um ano atrás, na edição 2017 do festival indie “As histórias corajosas e independentes sempre encontrarão sucesso em seus próprios termos, mas é encorajador ver o trabalho reconhecido entre os indicados deste ano – incluindo, sim, vários alunos de Sundance em todas as categorias”, disse o diretor do festival, John Cooper, que celebrou a notícia em plena edição 2018 do festival – que já exibe os indicados ao Oscar 2019 Entre os egressos de Sundance 2017 que disputam o Oscar estão “Me Chame pelo Seu Nome”, “Corra!”, “Mudbound”, “Doentes de Amor” e três documentários, “Icarus”, “Strong Island” e “Last Men in Aleppo”. As 16 indicações representam um crescimento em relação ao ano passado, quando os filmes de Sundance receberam 11 nomeações. Mas não superam o recorde de 2010, quando ocorreram 19 indicações. Por outro lado, a seleção da Academia também aponta o grande problema do festival indie: o descompasso de um júri que nem sempre premia os melhores de sua programação. Afinal, o vencedor de Sundance em 2017 foi a comédia “Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo”, adquirida e disponibilizada pela Netflix sem a menor consequência.
Diretora de Fotografia de Mudbound é primeira mulher indicada ao Oscar na categoria
A diretora e roteirista Greta Gerwig não é o único exemplo da ampliação do espaço feminino no Oscar 2018. A cinematógrafa Rachel Morrison se tornou a primeira mulher a disputar o prêmio da Academia na categoria de Direção de Fotografia. Morrison foi responsável pelas belas imagens de “Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi” e já tinha sido indicada ao Emmy no ano passado, pelo documentário “What Happened, Miss Simone”. Seu próximo filme é simplesmente “Pantera Negra”, da Marvel, uma evolução natural de seu relacionamento com o diretor Ryan Coogler, com quem trabalhou no indie “Fruitvale Station: A Última Parada” (2013) Ela é a única americana na categoria, que inclui outros dois estreantes, o suiço Hoyte Van Hoytema (por “Dunkirk”) e o dinamarquês Dan Laustsen (“A Forma da Água”), e dois veteranos, o inglês Roger Deakins (“Blade Runner 2049”), que chega a sua 13ª indicação, e o francês Bruno Delbonnel (“O Destino de uma Nação”), na 5ª indicação. Nenhum dos cinco candidatos já conquistou o troféu. A cerimônia de entrega de prêmios acontece no dia 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel e transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira aqui a lista completa dos indicados.
Greta Gerwig vira quinta mulher e Jordan Peele o quinto negro indicados ao Oscar de Direção
Nenhuma categoria do Oscar 2018 foi tão representativa dos tempos modernos quanto a de Melhor Direção. A indicação de Greta Gerwig, que também concorre como Melhor Roteirista por “Lady Bird”, tornou-se uma das mais comentadas, pela importância de dar maior reconhecimento à cineastas femininas. Ela tinha sido ignorada pelo Globo de Ouro, o que rendeu um comentário mordaz de Natalie Portman, na ocasião – a respeito da mentalidade de “Clube do Bolinha” das nomeações. Gerwig é apenas a quinta diretora indicada ao Oscar desde a primeira premiação da Academia, há 90 anos. E foi a única lembrada neste ano, em que também se destacaram Dee Rees (“Mudbound”), Patty Jenkins (“Mulher-Maravilha”) e Kathryn Bigelow (“Detroit em Rebelião”. Do mesmo modo, Jordan Peele se tornou o quinto negro a disputar a categoria, por “Corra!”, e o primeiro indicado a três prêmios no Oscar – além de Direção, Roteiro Original e Filme do ano. Mas enquanto uma mulher já venceu o Oscar de Melhor Direção, feito histórico de Kathryn Bigelow em 2010 (por “Guerra ao Terror”), nenhum diretor negro jamais teve este reconhecimento. Mesmo assim, a presença de cineastas negros vem se intensificando nos últimos anos, a ponto de levar “12 Anos de Escravidão”, dirigido por Steve McQueen, e “Moonlight”, de Barry Jenkins, a vencer o prêmio mais importante da Academia: o Oscar de Melhor Filme. Em contraste, Guillermo Del Toro pode se tornar o terceiro mexicano a faturar a estatueta nesta década, seguindo as conquistas de Alfonso Cuarón (“Gravidade”) e Alejandro G. Iñárritu (duas vezes, por “Birdman” e “O Regresso”). Por sinal, ele é o favorito, já tendo sido consagrado no Globo de Ouro e no Critics Choice por “A Forma da Água”. Os três concorrem com Paul Thomas Anderson (“Trama Fantasma”), um mestre do cinema indie, e Christopher Nolan (“Dunkirk”), especialista em blockbusters de grande orçamento. A lista deixou de fora o veterano Steven Spielberg (“The Post”) e o incensado Martin McDonagh (“Três Anúncios para um Crime”), que disputaram o Critics Choice e o Globo de Ouro, além de Luca Guadagnino (“Me Chame pelo seu Nome”), indicado ao Critics Choice. A cerimônia de entrega de prêmios acontece no dia 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel e transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira aqui a lista completa dos indicados.
Meryl Streep recebe 21ª indicação ao Oscar e enfrentará favoritismo de Frances McDormand
Meryl Streep aumentou seu recorde de indicações ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos por seu desempenho em “The Post – A Guerra Secreta”, no qual interpreta Katherine Graham, a herdeira do jornal The Washington Post. Com o filme dirigido por Steven Spielberg, ela atingiu o impressionante número de 21 nomeações – que lhe renderam três Oscars: Melhor Atriz Coadjuvante por “Kramer vs. Kramer” (1979) e Melhor Atriz por “A Escolha de Sofia” (1982) e “A Dama de Ferro” (2011). Ela também é um dos três atores que repetem sua participação na premiação pelo segundo ano consecutivo, acompanhando Denzel Washington (por “Roman J. Israel, Esq”) e Octavia Spencer (como Coadjuvante por “A Forma da Água”). Mas não é a favorita ao Oscar 2018 em sua categoria. Com fama de atriz mais ranzinza de Hollywood, Frances McDormand leva vantagem, após vencer o SAG Awards, o Globo de Ouro e o Critics Choice por seu desempenho em “Três Anúncios para um Crime”. Considerada a atriz mais ranzinza de Hollywood, ela já tem um Oscar no currículo, por “Fargo” (1996), no qual foi dirigida pelo marido Joel Coen. A principal ameaça a sua vitória é uma jovem de 24 anos, que apesar da pouca idade já acumula três indicações ao prêmio mais cobiçado da indústria cinematográfica: Saoirse Ronan. Como o alter-ego da diretora e roteirista Greta Gerwig em “Lady Bird – É Hora de Voar”, a jovem nova-iorquina venceu o Globo de Ouro como Melhor Atriz de Comédia e o Gotham Awards de Melhor Atriz. A lista também destaca o nome de Margot Robbie, pelo papel-título da cinebiografia “Eu, Tonya”. A façanha acrescenta prestígio a seu já enorme poder na indústria cinematográfica – ela já tem sua própria produtora, por exemplo – , que até então baseado “apenas” em sua popularidade. Sally Hawkins completa a relação de intérpretes principais, como uma faxineira muda que se apaixona por um monstro aquático em “A Forma da Água”. O filme é favorito ao Oscar em várias categorias e esta é a segunda indicação da atriz, após “Blue Jasmine” (2013). Vale destacar ainda, entre as coadjuvantes, a presença da cantora Mary J. Blige, indicada pelo segundo papel dramático de sua carreira. Ela concorre ao Oscar por uma produção da Netflix, “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi”. Nesta categoria, as favoritas são Allison Janney (“Eu, Tonya”), com mais vantagem, e Laurie Metcalf (“Lady Bird”), ambas interpretando as mães das personagens-título de seus filmes. Até aqui, Janney venceu todas as disputas de Melhor Coadjuvante do ano. A cerimônia de entrega de prêmios acontece no dia 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel e transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira aqui a lista completa dos indicados.
A Forma da Água lidera indicações, mas disputa do Oscar 2018 é acirrada
Repetindo o que tem sido regra na temporada de premiações, “A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro, foi o filme com maior número de indicações ao Oscar 2018. Foram 13 ao todo, incluindo Melhor Filme, Direção, Atriz (Sally Hawkins) e Ator Coadjuvante (Richard Jenkins). Logo em seguida, destacam-se “Três Anúncios para um Crime”, com 9 indicações, e um superestimado “Dunkirk” com 7 indicações. Os três filmes se juntam a “Me Chame pelo seu Nome”, “O Destino de uma Nação”, “Corra!”, “Trama Fantasma”, “Lady Bird – É Hora de Voar” e “The Post – A Guerra Secreta” na disputa de Melhor Filme. Um detalhe na lista é que “Me Chame pelo seu Nome” é uma coprodução brasileira, da RT Features. Isto significa que, caso o filme vença, o produtor brasileiro Rodrigo Teixeira subirá ao palco do Dolby Theatre. “Me Chame pelo seu Nome” venceu o Gotham Awards, que não é apenas uma premiação importante do cinema independente, mas um dos troféus que mais coincidiu com os vencedores do Oscar nos últimos tempos. Os três últimos vencedores do Gotham foram “Birdman” (2014), “Spotlight” (2015) e “Moonlight” (2016), que também venceram o Oscar de Melhor Filme. Além disso, o longa lidera as indicações ao Spirit Awards 2018, considerado o “Oscar indie”, que tem ainda maior convergência com os mais recentes resultados da Academia – além dos citados, também premiou “12 Anos de Escravidão” (2013). “A Forma da Água”, por outro lado, venceu o PGA Awards, prêmio do Sindicato dos Produtores, que costumava ser um indicativo importante de tendência da Academia, até divergir em seus últimos resultados – com “A Grande Aposta” (2015) e “La La Land” (2016). A fantasia romântica de Guillermo Del Toro também conquistou o Critics Choice 2018 e, mais importante, o Festival de Veneza, evento que também serviu de pontapé inicial para as campanhas vitoriosos de “Gravidade” (2013) e “Birdman”, dois filmes de conterrâneos mexicanos de Del Toro, que se consagraram com muitos prêmios no Oscar. A disputa acirrada não descarta “Três Anúncios para um Crime”, vencedor do Festival de Toronto, do Globo de Ouro 2018 e do SAG Awards, o prêmio do Sindicato dos Atores. Mas o filme do inglês Martin McDonagh vem sofrendo uma forte revisão crítica, com acusações de transformar um policial racista (o personagem de Sam Rockwell) em herói. Há ainda “Lady Bird – É Hora de Voar”, que conquistou as críticas mais positivas da história do Rotten Tomatoes – até um blogueiro obscuro querer aparecer com uma nota negativa. A produção indie venceu o Globo de Ouro de Melhor Comédia e é o único filme dirigido por uma mulher na lista – a atriz Greta Gerwig, que concorre na categoria de Melhor Direção. “Corra!” também reflete a pauta de reivindicações recentes, como único filme da seleção dirigido por um cineasta negro. O terror de Jordan Peele tem aparecido em muitas listas de melhores do ano, mas, na verdade, são poucas as suas vitórias. “Trama Fantasma”, “O Destino de uma Nação”, “Dunkirk” e “The Post – A Guerra Secreta” representam, cada um a seu modo, o tipo de cinema mais tradicional nas premiações da Academia: os dramas de época. “Dunkirk” e “O Destino de uma Nação” tem em comum o período enfocado: a 2ª Guerra Mundial. Mas o longa de Christopher Nolan é o mais frio dos candidatos, sem destacar uma interpretação sequer – tanto que suas demais indicações são técnicas – , enquanto “O Destino de uma Nação”, assim como “Trama Fantasma”, valorizam – e dependem – da performance de seus atores principais – respectivamente, Gary Oldman e Paul Thomas Anderson, dois ingleses rebeldes dos anos 1980, que agora representam a velha guarda. Por fim, “The Post – A Guerra Secreta” reúne dois dos atores mais respeitados dos Estados Unidos, Meryl Streep e Tom Hanks, que nunca tinham trabalhado juntos antes, com o diretor que mais agradecimentos recebeu na história da transmissão do Oscar, Steven Spielberg. Apesar de se tratar de uma produção passada nos anos 1970, seus temas de denúncia política e da importância da imprensa para confrontar a corrupção do governo federal são bastante atuais. Por isso, venceu o Globo de Ouro como Melhor Drama. Foram indicados apenas 9 longa-metragens, apesar de a Academia permitir um total de 10. Considerando as demais categorias, “Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi” poderia ter obtido a última vaga, conquistando assim a primeira nomeação da história da Netflix ao Oscar de Melhor Filme. Mas isto pode ter pesado na hora de limitar o acesso ao décimo longa – que, de quebra, também dobraria tanto a representação feminina quanto a racial da premiação. A cerimônia de entrega de prêmios acontece no dia 4 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel e transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT. Confira aqui a lista completa dos indicados.











