Minha Mãe É uma Peça 3: Cena revela piada reciclada de Minha Vida em Marte
A Downtown Filmes divulgou uma cena de “Minha Mãe É uma Peça 3”. E há de se reconhecer que a divulgação atesta a grande confiança do estúdio no produto. Afinal, a “piada” não é apenas velha, ruim e sem graça. É um show de grosseria para ilustrar um clichê de comportamento estúpido de brasileiros no exterior. A razão da viagem aos Estados Unidos de Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é porque toda continuação de comédia brasileira de sucesso tem uma. A fórmula é tão batida que o próprio Paulo Gustavo já embarcou nela em outra “franquia”, “Minha Vida em Marte”, no ano passado. Onde, por sinal, também fez piada de inglês ruim ao pedir comida. Pois é. Nem precisa mencionar que Paulo Gustavo trabalhou no roteiro nos dois filmes. Mas tem outro detalhe: até a diretora da piada sem graça de “Minha Vida em Marte” é a mesma que assina sua reciclagem em “Minha Mãe É uma Peça 3”, Susana Garcia. Aparentemente, o público brasileiro não dá importância à questões banais como criatividade, já que os filmes estrelados por Paulo Gustavo costumam ir muito bem nas bilheterias. Daí, a confiança do estúdio em divulgar uma cena dessas com destaque. A estupidez reciclada chega aos cinemas em 26 de dezembro.
Star Wars: Censura chinesa não vê importância em beijo LGBTQIA+ de A Ascensão Skywalker
A Disney não precisou aplicar truques mentais de Jedi nos censores de cinema da China, para que o filme “Star Wars: A Ascensão Skywalker” fosse aprovado sem cortes para o mercado aquele país. Após cortar cenas de afeto LGBTQIA+ até nas cinebiografias “Bohemian Rhapsody” e “Rocketman”, sobre artistas assumidamente gays, os censores de Pequim não viram nada demais no beijo ligeiro e pouco destacado de duas personagens femininas secundárias da produção. O público das pré-estreias do filme, exibidas na noite de quarta (18/12) em Pequim e Xangai, relataram que o momento foi mantido. Vale lembrar que filmes de temas assumidamente gays têm sido proibidos no país. E não é incomum que filmes de ficção científica sejam lançados com cortes no país. O beijo homossexual de Michael Fassbender foi cortado de “Alien: Covenant” em 2017, por exemplo. Por outro lado, o “momento gay” da fábula “A Bela e a Fera”, foi exibido sem cortes ou “avisos aos pais”. As autoridades do país chegaram até a chamar a atenção para sua tolerância nesse caso, com o porta-voz do Partido Comunista Chinês twittando na época: “Polêmico momento gay mantido no ‘A Bela e a Fera’ da Disney. O filme lançado em 17 de março na China não requer orientação para público menor de idade”. Os segundos LGBTQIA+ de “A Ascenção de Skywalker” acontecem perto do final do filme, quando duas integrantes da Resistência compartilham um beijo durante uma sequência de comemoração. Elas são personagens secundárias e não aparecem muito no filme. O fato de os censores chineses não se incomodarem com isso reforça o tom negativo de algumas críticas ao longa nos Estados Unidos, onde ele foi chamado de covarde por ousar tão pouco. O jornal Los Angeles Times enumerou a cena do beijo em sua lista de problemas da produção, considerando-a “uma migalha para os fãs que esperavam que a química entre Poe e Finn seria algo além de uma amizade”. Os fãs da saga especulavam desde “Star Wars: O Despertar da Força” (2015) a possibilidade de um casal formado por Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega), o que acabou não acontecendo. Segundo o diretor J.J. Abrams, a admiração entre eles é platônica. Ou seja, não sai do armário. “Star Wars: A Ascensão Skywalker” estreia nesta quinta (19/12) no Brasil.
Star Wars: A Ascensão Skywalker registra primeiro beijo LGBTQIA+ da saga
“Star Wars: A Ascensão Skywalker” tornou-se o primeiro filme da saga a contar com um beijo entre personagens do mesmo sexo. Mas não há spoilers nessa revelação. O beijo é trocado entre duas integrantes da Resistência, personagens secundárias, em um momento de comemoração. A cena é tão rápida, que pode passar batida por quem piscar no momento em que acontece sua projeção. O diretor J.J. Abrams já havia adiantado, em entrevista à revista Variety, que acenaria a uma representação mais diversa no longa. “No caso da comunidade LGBTQ, foi importante para mim que as pessoas que assistem ao filme se sintam representadas”, ele afirmou. Entretanto, a repercussão da cena não aconteceu exatamente como Abrams e a Disney poderiam esperar. E não devido a uma suposta reação dos grupos reacionários de extrema direita que já tinham atacado a nova trilogia por ter muitas mulheres. Algumas das críticas publicadas sobre o filme consideraram a atitude de incluir o beijo hipócrita e até covarde. O jornal Los Angeles Times enumerou a cena em sua lista de problemas da produção, considerando-a “uma migalha para os fãs que esperavam que a química entre Poe e Finn seria algo além de uma amizade”. Os fãs da saga especulavam desde “Star Wars: O Despertar da Força” (2015) a possibilidade de um casal formado por Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega), o que acabou não acontecendo. Segundo Abrams, a admiração entre eles é platônica. Ou seja, não sai do armário. “Aquele relacionamento, para mim, é muito mais profundo que uma relação romântica”, disse. “Os dois têm um laço profundo (…) por causa do desejo de serem tão íntimos quanto são, tão inseguros quanto são, mas ainda serem corajosos e bravos”, acrescentou. “Star Wars: A Ascensão Skywalker” estreia nesta quinta (19/12) no Brasil.
Política Cultural: Liberação das verbas de 2019 da indústria audiovisual fica para 2020
O governo federal deu, com enorme atraso, o primeiro passo para destravar o financiamento da indústria audiovisual. A duas semanas do fim do ano, o orçamento de 2019 para produções de filmes, séries e games nacionais foi finalmente confirmado e encaminhado, mas teve sua liberação adiada para 2020, em reunião do Comitê Gestor do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), realizada na tarde desta terça-feira (17/12). A decisão permite, ao menos, a alocação de R$ 703,7 milhões do fundo, arrecadado por meio da taxa Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional) entre as empresas de cinema, TV e telefonia. O PAI (Plano Anual de Investimento) de 2019, porém, é diferente da versão que teria sido aprovada em regime de urgência, por votação eletrônica, mas com mais votos, em novembro passado. A nova versão é um acordo genérico que não tem iniciativas do texto anterior, como mecanismos de aprovação automática de financiamento por performance artística e interesse comercial, que dava ao mercado a opção de privilegiar algumas produções, independente do tema. Pelo texto aprovado, 47,9% dos recursos (cerca de R$ 336.925 milhões) serão alocados no Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Brasileiro (Prodecine), 42,4% (R$ 298.075 milhões) no Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro (Prodav) e 9,8% (R$ 68,7 milhões) no Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Infraestrutura do Cinema e do Audiovisual (Proinfra). O Prodecine abarca produções de cinema, o Proav é destinado a obras audiovisuais como um todo e o Proinfra tem foco no investimento em tecnologia, tanto de produção quanto de exibição. Apesar da planilha apresentada, este dinheiro só será liberado a partir da regras que ainda foram definidas. O PAI anterior, que o governo simplesmente está ignorando, já trazia regras para agilizar o acesso aos recursos. Os representantes do comitê confirmaram que as discussões que vão além do destravamento dos recursos ficarão para janeiro, quando serão conhecidos os “filtros” que Bolsonaro planeja implementar na Ancine. “A proposta anterior focava muito no detalhamento de como o dinheiro seria alocado, então. Como houve muita resistência àquela proposta, a gente achou mais inteligente aprovar primeiro a divisão entre Prodecine, Prodav e Infraestrutura”, defendeu André Sturm, que participou da reunião, mas ainda não assumiu oficialmente a Secretária do Audiovisual, em comunicado da Ancine (Agência Nacional de Cinema). A reunião foi realizada no Ministério da Cidadania, em Brasília, apesar de a Secretaria de Cultura ter sido transferida para o Ministério do Turismo, e também contou com a presença do secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, do diretor-presidente da Ancine, Alex Braga, do superintendente da Ancine e do gestor do Fundo Setorial do Audiovisual, o pastor Edilásio Barra “Tutuca”. As fotos oficiais da reunião registraram apenas os quatro (dos seis) integrantes do governo no comitê. Não há informação a respeito da participação dos três representantes da sociedade civil, mas seus nomes não foram citados no comunicado da Ancine. São eles o diretor da rede Record Hiran Silveira, o roteirista de filmes Paulo Cursino (de “Até que a Sorte nos Separe”, cujo pôster ilustra esse texto) e o presidente da programadora Box Brazil, Cícero Aragon. O comitê, que deveria ter sido nomeado no começo de 2019, foi formado apenas em outubro passado, razão pela qual todo o dinheiro encontra-se bloqueado desde o início do ano. Apesar disso, o presidente da Ancine, Alex Braga, aproveitou a reunião para dizer que “a ideia de que a política de fomento ao audiovisual está paralisada é totalmente equivocada”. Braga enfatizou que, em 2019, foram contratados 635 projetos, totalizando mais de R$ 526 milhões em desembolsos. Na verdade, porém, os editais de produção do FSA que foram publicados neste ano eram referentes a investimentos de 2018. A primeira linha referente aos recursos de 2019 foi aprovada nesta terça, mas ainda não liberada, deixando bastante comprometida a capacidade de produção para conteúdos que deveriam chegar às telas em 2020. Na prática, em vez de maior financiamento, o que se viu foram verbas para diversos programas de apoio da Ancine serem cortadas em 2019, inclusive para a campanha do filme escolhido para representar o Brasil no Oscar e para incentivar a participação de filmes brasileiros em festivais internacionais. A justificativa? Falta de dinheiro. Em setembro, a Ancine emitiu comunicado dizendo que “todos os apoios previstos no Programa de Apoio a Festivais Internacionais estão sendo reavaliados”, concluindo que “o apoio condiciona o aporte à disponibilidade orçamentária”. A falta completa de dinheiro, ocasionada pela indefinição do comitê gestor do FSA, também foi evocada pelo ministro Osmar Terra para suspender um edital de séries de temática LGBTQIA+, que o presidente Jair Bolsonaro afirmou que mandaria “para o saco”. O ministro da Cidadania publicou uma portaria no Diário Oficial da União (DOU) em 21 de agosto, afirmando que não poderia cumprir o edital devido a necessidade de recompor o Comitê Gestor do FSA, que até então ainda não tinha sido nomeado, e que só depois do PAI ser aprovado poderia destinar a verba para a produção das séries. Na prática, já era uma confissão do estado de paralisação completa do financiamento do setor audiovisual brasileiro. A falta de investimento não está afetando apenas o lançamento de produções nacionais, como também cerca de 300 mil empregos diretos e indiretos. A Buriti Filmes, por exemplo, encolheu 30% nos últimos meses, o que causou a demissão de alguns funcionários. O produtor e diretor Luiz Bolognesi (“Ex-Pajé”), dono da Buriti, revelou em agosto que três longas da produtora estavam parados por falta de aporte da Ancine – “Viajantes do Bosque Encantado”, de Alê Abreu (indicado ao Oscar pela animação “O Menino e o Mundo”), “Pedro”, de Laís Bodanzky (diretora de “Como Nossos Pais”), e “Entre Deuses e Inimigos”, do próprio Bolognesi. Segundo ele, as produções receberam a maior parte dos recursos de 2018, foram filmadas, mas aguardavam aportes para finalização que deveriam ter sido liberados no começo do ano. “Não é falta de recurso, o dinheiro está lá parado há cerca de dez meses, não se sabe por qual motivo”, reclamou o cineasta ao UOL. O motivo foi a falta de nomeações para o Comitê Gestor do FSA por parte do governo de Jair Bolsonaro. Levantamento do Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual revela que atualmente há cerca de 800 produções à espera da liberação financeira dos editais da Ancine, que, sim, ainda está paralisadas. Por conta disso, existe até um risco real de que as cotas de programação nacionais não possam ser cumpridas pelos programadores de TV em 2020. Infelizmente, isto pode apenas reforça tendência do governo de, conforme adiantou o ministro Osmar Terra, acabar com as cotas que ajudaram a dar impulso ao conteúdo nacional na TV paga – que, ao contrário do que possam afirmar, tem tanta qualidade que é premiado no mundo inteiro.
Meses depois da Pipoca Moderna, grande imprensa “revela” que Bolsonaro paralisou setor audiovisual brasileiro
A grande imprensa brasileira, por meio do jornal Folha de S. Paulo, descobriu nesta segunda (16/12) aquilo que a Pipoca Moderna vem alardeando desde agosto: toda a verba federal de financiamento do setor audiovisual brasileiro está paralisada desde janeiro por ação deliberada do governo de Jair Bolsonaro. Produtores ouvidos pela Folha disseram que os impasses na pasta da Cultura frearam a produção audiovisual do país. Uma das principais causas seria a retenção dos recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), que é especialmente importante para a estímulo de produções independentes. A Pipoca Moderna revelou isso em agosto, sem precisar ouvir terceiros. A constatação veio do argumento usado pelo ministro da Cidadania Osmar Terra para suspender o edital que permitiria a produção de séries LGBTQIA+ atacadas pelo presidente Jair Bolsonaro numa live daquele mês. Para impedir a produção das séries LGBTQIA+, encomendadas pelo governo anterior, o ministro publicou uma portaria no Diário Oficial da União (DOU) em 21 de agosto, dando como justificativa a necessidade de recompor o Comitê Gestor do FSA, que ainda não tinha sido nomeado. Na prática, isto era uma confissão do estado de paralisação completa do financiamento do setor audiovisual brasileiro, causada por ineficiência assumida do governo federal. O impasse foi criado por um paradoxo burocrático: se a decisão sobre a destinação do dinheiro do FSA para a produção de filmes e séries depende de aval do comitê gestor, a formação deste mesmo comitê também dependia de indicações do próprio governo, que não se mobilizou nesse sentido, paralisando todo o financiamento audiovisual por inércia. Uma vez que o edital não poderia ser cumprido por não existir um comitê responsável pela distribuição das verbas do FSA, isso significava que nenhum financiamento tinha sido ou poderia ser autorizado em 2019, ao menos até a regularização deste comitê. Além da Pipoca Moderna, o ex-ministro da Cultura e deputado Marcelo Calero também chamou atenção para a armadilha preparada pelo governo para travar o investimento no audiovisual brasileiro, denunciando o que estava por trás da suspensão do edital. “É uma das justificativas mais estapafúrdias que eles podiam dar porque cabe justamente a eles definir esses comitês”, afirmou Calero ao jornal carioca O Globo. “Estão usando uma inação deles como justificativa para uma medida extrema que estão tomando”. A grande imprensa, porém, concentrou-se no caso específico das séries LGBTQIA+ suspensas, deixando passar batido o problema mais grave da paralisação completa do setor. Mesmo assim, a pressão criada em torno do tema, com direito a processo aberto pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro contra o ministro Osmar Terra, exigindo a conclusão do concurso, acabou fazendo com que o governo se visse forçado a acabar com a pantomina e finalmente nomear, com dez meses de atraso, os integrantes do comitê gestor do FSA. No final de outubro, antes de tirar a Secretaria da Cultura do Ministério da Cidadania – ela foi parar no Ministério do Turismo – , o governo finalmente nomeou seus representantes no Comitê Gestor do FSA – que, ao todo, é composto por seis membros do governo e três representantes da indústria do audiovisual. Uma vez definidos, os membros do Comitê se reuniram em 6 de novembro para destravar o FSA. Marcaram um novo encontro em 25 de novembro para aprovação do PAI (Plano Anual de Investimentos), com as diretrizes para o destino dos R$ 703,7 milhões disponíveis no fundo. O valor é proveniente da taxação do Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional) e já foi arrecadado entre as empresas de cinema, TV e telefonia – ainda cobrada, a taxa renderá mais dinheiro para 2020. No entanto, no dia seguinte à primeira reunião, o presidente Jair Bolsonaro lançou uma nova trava. Com uma canetada, transferiu a Secretaria da Cultura para o Ministério do Turismo, colocando em dúvidas o cargo de presidente do comitê, que pertencia ao Ministro da Cidadania. Com isso, os integrantes do comitê consideraram urgente adiantar o processo e votar o PAI – ou seja, a liberação da verba – antes da oficialização da transferência com publicação no DOU. Para tanto, optaram por uma votação eletrônica, que aprovou o PAI de 2019. E o que fez o governo? Questionou a votação por meio do Conselho Superior de Cinema, comitê presidido pelo Ministro da Casal Civil, Onyx Lorenzoni. Com isso, os recursos permaneceram paralisados. Assim, o governo Bolsonaro está prestes a completar um ano de paralisação no investimento do setor audiovisual, com o dinheiro taxado por meio do Condecine parado e se desvalorizando nos cofres federais. Como a verba não pode ter destinação diferente da prevista na legislação, Bolsonaro encontrou uma solução criativa para impedir seu uso. Levantamento do Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual revela que atualmente há cerca de 800 produções à espera da liberação de editais da Ancine, que estão paralisados. Desde que o FSA foi criado, em 2006, seus recursos vinham sendo liberados no máximo até maio, com a aprovação do PAI. Mas o que acontece se o ano virar sem que o PAI seja considerado aprovado? Há o risco de que esses recursos se percam, porque o governo trabalha para aprovar no Senado lei que flexibiliza o uso dos fundos públicos. O Congresso, por outro lado, tem buscado o oposto: controlar os gastos que o executivo pode fazer – ao mesmo tempo em que também busca tirar dinheiro de outros setores para aumentar descabidamente o fundo eleitoral. O fato é que “maldades” estão sendo praticadas contra os produtores de cinema, séries e até games brasileiros que utilizam o FSA para gerar conteúdo – e empregos. É possível especular que Bolsonaro possa estar apostando em quebrar de vez o setor, retirando-lhe toda a verba para sua subsistência – uma tese defendida por “liberais” da extrema direita. Mas também pode estar “apenas” querendo “dobrar” a indústria audiovisual à sua vontade. Em ambos os casos, os planos seriam frustrado pelo PAI aprovado às pressas, que liberava financiamento sem “filtros” conservadores, colocando o mercado como responsável pelas escolhas – 30% da verba, por exemplo, iria automaticamente para obras de performance artística e comercial garantida, independente do tema. O gabinete de Onyx Lorenzoni percebeu e tratou de impedir. Mas a justificativa para a nova paralisação não se sustenta. Em 2009, por exemplo, o PAI também foi aprovado por votação eletrônica. Uma nova reunião foi marcada para terça (17/12) para apreciação de um plano anual diferente, redigido pelo pastor Edilásio Barra, mais conhecido como Tutuca, evangélico recentemente nomeado para a Ancine (Agência Nacional de Cinema). Este PAI substituiria o aprovado, contendo vários “filtros”. Ou seja, o governo aceitaria liberar a verba, desde que nos limites de um novo PAI, com “filtros” já mencionados por Bolsonaro – com o objetivo de não financiar produções com temas LGBTQIA+, que contenham “pornografia”, drogas ou elementos contrários à religião (cristã), às famílias (brancas e heterossexuais) ou ao próprio governo (sem menções negativas ao Estado e suas instituições, inclusive na época da ditadura). Bolsonaro anunciou esse plano em julho, quando disse que pretendia extinguir ou censurar a Ancine. “Vai ter filtro, sim, já que é um órgão federal. Se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos ou extinguiremos. Não pode é dinheiro público ficar usado para filme pornográfico”, afirmou, na ocasião. Um mês depois, o então secretário da Cultura, Henrique Pires, demitiu-se e acusou o governo de planejar impor censura à expressão artística no Brasil por meio da implantação de “filtros” para a liberação de verbas e incentivos fiscais.
Retrato de uma Jovem em Chamas: Drama francês mais premiado do ano ganha trailer legendado
A Supo Mungam divulgou o trailer legendado de “Retrato de uma Jovem em Chamas”, o filme francês mais premiado de 2019. Escrito e dirigido pela francesa Céline Sciamma (“Tomboy”), que venceu o troféu de Melhor Roteiro no Festival de Cannes, o drama de época gira em torno de uma jovem pintora chamada Marianne (Noémie Merlant), contratada para pintar o retrato de casamento de Héloïse (Adèle Haenel), uma jovem que acabou de deixar o convento. Por ela ser uma noiva relutante, Marianne chega sob o disfarce de dama de companhia, observando Héloïse de dia e a pintando secretamente à noite. Conforme as duas se aproximam, a intimidade e a atração crescem, enquanto compartilham os primeiros e últimos momentos de liberdade de Héloïse, antes do casamento iminente. “Retrato de uma Jovem em Chamas” também venceu a Palma Queer no Festival de Cannes deste ano, o prêmio de Melhor Roteiro da Academia Europeia de Cinema, foi considerado o Melhor Filme nos festivais de Chicago, Hamburgo, Melbourne, etc, é destaque nas listas de fim de ano da crítica internacional e disputa o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Parte da programação do Festival do Rio, o filme tem estreia comercial no Brasil marcada para 9 de janeiro.
Pabllo Vittar abraça o brega em novo clipe colorido
Pabllo Vittar lançou o clipe de “Amor de Que”, seu novo single, em que abraça o brega sem pudor. Com visual colorido e ambientação em bar e moradia popular, o vídeo dirigido por João Monteiro, em sua 9ª parceria com o cantor, evoca o universo das músicas de romantismo rasgado que marcaram época nos anos 1970 e ainda movimentam fortunas pelo interior e Norte do Brasil. Apesar de efeitos sonoros que mais distraem que acrescentam, a música é um exemplar típico da era de ouro do brega, mas sua letra tem uma reviravolta em relação ao tema clássico do cancioneiro romântico nacional. Quem canta é a autoproclamada “quenga”, a vadia que promete trair quem se apaixonar por ela. Originalmente, o brega romântico dá voz aos homens traídos. As gravações foram feitas em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, para recriar o ambiente típico desse universo, e o resultado almodovariano é bem diferente dos outros trabalhos americanizados do cantor – que, vale lembrar, faz sucesso como drag queen, mas não é transexual. “Amor de Que” (com falta de acentuação) é o terceiro – e melhor – clipe extraído de “111”, terceiro álbum de estúdio de Pabllo, e também o primeiro sem uma parceria famosa – os anteriores foram “Flash Pose”, sua parceria com Charli XCX, e “Parabéns”, com Psirico.
Festival de Brasília premia minorias, filmes de temáticas ambiental e LGBTQIA+
Filmes passados na Amazônia, de temática LGBTQIA+ e dirigidos por mulheres dominaram a premiação do 52º Festival de Brasília, que se encerrou na noite de sábado (30/11) na capital brasileira. O principal vencedor do evento, “A Febre”, da carioca Maya Da-Rin, venceu cinco troféus: Melhor Filme, Direção, Ator, Fotografia e Som. A obra narra a história de Justino (o premiado Regis Myrupu), um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da sua esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Tomado por uma febre misteriosa, ele passa a ser perseguido por uma criatura enigmática durante todas as noites, e a lutar para se manter acordado no trabalho. De forma convincente, Regis Myrupu, que realmente tem descendência indígena, já tinha sido premiado como Melhor Ator no 72º Festival de Locarno, na Suíça, por seu desempenho. Tanto o ator quanto a diretora Maya Da-Rin são estreantes em longas de ficção – mas a cineasta tem dois documentários sobre a Amazônia no currículo. Além de “A Febre”, o filme vencedor do Prêmio do Público, “O Tempo que Resta”, também trouxe uma história passada na Amazônia com direção de cineasta feminina, Thaís Borges. Documentário de estreia da diretora brasiliense, acompanha duas mulheres marcadas para morrer, por lutar pela causa de pequenos agricultores e ribeirinhos contra grupos de mineradoras e madeireiros ilegais na floresta tropical. Thaís Borges também foi premiada pelo Roteiro. Assim, Brasília premiou uma diretora e uma roteirista mulheres, e dois filmes sobre os problemas da Amazônia. Mas a forte mensagem política do festival não ficou nisso. Anne Celestino se tornou a primeira atriz transexual premiada no evento, pelo papel-título em “Alice Júnior”, de Gil Baroni. A comédia sobre uma youtuber transexual que precisa lidar com o conservadorismo na escola levou ao todo quatro Candangos — além de Melhor Atriz, Atriz Coadjuvante (Thais Schier), Trilha Sonora e Edição. O evento ainda destacou “Piedade”, do pernambucano Claudio Assis, com três troféus. Igualmente focado em temas LGBTQIA+ e questões ambientais, o drama refletiu os problemas causados pela construção de um porto, que interferiu no habitat de tubarões, gerando ataques em praias turísticas da região de Recife. Cauã Reymond, que vive o dono de um cinema pornô e cenas de sexo com o colega Matheus Nachtergaele, levou o Calango de Melhor Ator Coadjuvante. Os demais troféus do longa foram o Prêmio Especial do Júri e Direção de Arte. Paradoxalmente, em contraste com este resultado, a organização do festival enfrentou denúncias de censura – um ator local foi impedido de ler uma carta de protesto contra a interrupção das políticas públicas para o audiovisual – e agressão contra mulheres – durante a apresentação do filme de Thaís Borges, um diretor do evento gritou contra as mulheres no palco para que começassem logo o filme e ainda xingou outras realizadoras que tentaram alertar para o horror da situação. Confira abaixo a lista completa dos premiados. Mostra Competitiva de Longas Melhor Longa-Metragem “A Febre” Melhor Direção Maya Da-Rin (“A Febre”) Melhor Ator Regis Myrupu (“A Febre”) Melhor Atriz Anne Celestino (“Alice Júnior”) Melhor Ator Coadjuvante Cauã Reymond (“Piedade”) Melhor Atriz Coadjuvante Thaís Schier (“Alice Júnior”) Melhor Roteiro Thaís Borges (“O Tempo que Resta”) Prêmio Especial do Júri “Piedade”, de Claudio Assis Prêmio do Júri Popular “O Tempo que Resta” Melhor Fotografia Bárbara Alvarez (“A Febre”) Melhor Edição Pedro Giongo (“Alice Júnior”) Melhor Direção de Arte Carla Sarmento (“Piedade”) Melhor Som Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel Croset (“A Febre”) Melhor Trilha Sonora Vinícius Nisi (“Alice Júnior”) Mostra Competitiva de Curtas Melhor Curta-Metragem “Rã”, de Júlia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti Melhor Direção Sabrina Fidalgo (“Alfazema”) Melhor Ator Severino Dadá (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Atriz Teuda Bara (“Angela”) Melhor Roteiro Camila Kater e Ana Julia Carvalheiro (“Carne”) Prêmio do Júri Popular “Carne”, de Camila Kater Melhor Fotografia João Castelo Branco (“Parabéns a Você”) Melhor Edição André Sampaio (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Direção de Arte Isabelle Bittencourt (“Parabéns a Você”) Melhor Som Guma Farias e Bernardo Gebara (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Trilha Sonora Vivian Caccuri (“Alfazema”)
Indianara vence o Festival Mix Brasil
A organização do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade divulgou os vencedores de sua 27ª edição. A premiação de diversos títulos acabou destacando o documentário “Indianara”, que levou o Coelho de Prata. Dirigido por Marcelo Barbosa e Aude Chevalier-Beaumel, também teve passagem pelo Festival de Cannes 2019, ganhou a categoria mais importante do evento no Prêmio do Júri da Mostra Competitiva Brasil. Revolucionária por natureza, Indianara Siqueira lidera um grupo de mulheres transgênero que luta pela própria sobrevivência em um lugar tomado por preconceito, intolerância e polarização. Desde disputas partidárias até o puro combate contra o governo opressor, a ativista de origens humildes passou por uma longa trajetória até se tornar ícone do movimento. Entre os curtas-metragens, o vencedor foi “Bonde”. O prêmio do público ficou com “Alice Júnior”, enquanto o drama francês “Retrato de uma Jovem em Chamas” foi o melhor entre os longas internacionais. Confira abaixo a premiação completa Júri oficial de longas-metragens brasileiros Coelho de Ouro de melhor longa-metragem: Indianara, de Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa Coelho de Prata de melhor direção: Bea Morbach, Débora McDowell e Renata Taylor, Transamazônia Coelho de Prata de melhor roteiro: Gustavo Vinagre e Marcelo Diório, A Rosa Azul de Novalis Coelho de Prata de melhor interpretação: Anne Celestino Motta, Alice Júnior Menção honrosa: Alice Júnior, de Gil Baroni Bonde Júri oficial de curtas-metragens brasileiros Coelho de Ouro de melhor curta-metragem: Bonde, de Asaph Lucas Coelho de Prata de melhor direção: Loli Menezes, Selma Depois da Chuva Coelho de Prata de melhor roteiro: Camila Gaglianone, Cris Lyra, Ananda Maranhão, Elis Menezes, Lana Lopes, Raíssa Lopes e Yakini Kalid, Quebramar Coelho de Prata de melhor interpretação: Wallie Ruy, Marie Menção honrosa: Divina Valéria, Marie Alice Júnior Prêmio do público Melhor longa-metragem nacional: Alice Júnior, de Gil Baroni Melhor longa-metragem internacional: Retrato de uma Jovem em Chamas, de Céline Sciamma Melhor curta-metragem nacional: Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira Melhor curta-metragem internacional: Les Saints de Kiko, de Manuel Marmier Marina Lima, entre André Fischer e Josi Geller Fogaça Prêmios especiais Prêmio Ícone Mix: Marina Lima Prêmio Suzy Capó: Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira Prêmio Canal Brasil de Curtas: Swinguerra, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca Prêmio Sesc TV: Homens Invisíveis, de Luís Carlos Alencar Prêmio Show do Gongo All Stars: A Drag a Gozar, de Kiko César Prêmio Ida Feldman: Vinheta da 27ª edição, de autoria da agência Vetor Zero Prêmio Big Mix Diversity: Huni Kuin, de Bobware e Beya Xiña Bena Prêmio Mix Literário: Ninguém Vai Lembrar de Mim, de Gabriela Soutello Prêmio Mix Literário (Menção honrosa): Glitter, de Bruno Ribeiro
Jussie Smollett decide processar a cidade de Chicago por destruir sua carreira de ator
O ator Jussie Smollett decidiu processar Chicago, após considerar que o prefeito e o chefe de polícia da cidade americana “arruinaram” sua reputação. Demitido da série “Empire” após a polícia declarar que ele forjou um ataque homofóbico e racista contra si mesmo, Smollett iniciou um processo contra a polícia da cidade e Eddie Johnson, que era superintendente na época. Em 29 de janeiro, Smollett foi levado a um hospital com ferimentos leves, alegando ter sido atacado por dois homens durante a madrugada nas ruas de Chicago. O ator, que é gay, contou que eles gritavam ofensas racistas e homofóbicas. A investigação da polícia, no entanto, chegou à conclusão que Smollett havia encenado o ataque. Os irmãos Ola e Avel Osundairo, personal trainers que já haviam aparecido como figurantes em “Empire”, testemunharam que o ator pagou para que eles o atacassem. A polícia os ameaçou de prisão e deportação para a Nigéria para obter esse depoimento. Na verdade, as autoridades policiais cometeram diversas irregularidades no caso, que levaram a promotoria de Chicago a decidir abandonar o processo contra Smollett, sem aprofundar explicações. Ao prender o ator, a polícia afirmou que o ataque foi “um golpe publicitário” para chamar atenção visando obter um aumento de salário. Mas a revista The Hollywood Reporter fez sua própria investigação sobre essas afirmações e descobriu que Smollett já tinha um dos maiores salários do elenco de “Empire”, acabara de receber aumento recente e não negociava com os produtores por mais dinheiro. Nem seus agentes nem a Fox sabiam que ele queria receber mais. Antes desta hipótese ser apresentada, a investigação teria vazado que o objetivo do suposto falso ataque seria evitar que ele fosse dispensado da série. Só que os roteiristas de “Empire” e a rede Fox também rechaçaram essa teoria, alegando que nunca houve planos para dispensá-lo. Em entrevista coletiva pouco antes da prisão do ator, o superintendente da polícia de Chicago, Eddie Johnson, apresentou um cheque assinado por Smollett para os irmãos como prova das acusações. Entretanto, em depoimento à polícia, os irmãos supostamente contratados por Smollett disseram que o dinheiro que receberam do ator na verdade era pagamento pela prestação de serviços como personal trainers. Há fotos no Instagram desse trabalho. Johnson também afirmou à imprensa que Smollett havia escrito uma carta de conteúdo ameaçador que chegou ao set de “Empire” alguns dias antes do ataque. Na realidade, segundo o TMZ, as investigações da polícia e do FBI não conseguiram determinar que o ator foi autor da carta. Diante dessa avalanche de equívocos, trazidos à público pela própria polícia, a promotora Kim Foxx desistiu de processar o ator. Ela explicou que, se fosse a julgamento, Smollett teria no máximo que prestar serviço comunitário, mas como o ator já realiza trabalho voluntário em Chicago, a condenação seria redundante. No entanto, caso fosse inocentado, deixaria a polícia numa situação difícil. Isto, porém, não impediu o Prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, e o chefe de polícia da cidade, Eddie Johnson, de continuar atacando o ator publicamente com ameaças de processo, insistindo na versão de ataque de mentira, o que, no final, acabou lhe custando o emprego, mesmo não sendo processado. Agora, os advogados do ator alegam que a cidade lhe deve uma indenização a ele. “Apesar do descarte de todas as acusações contra o Sr. Smollett, a conduta da polícia de Chicago e as declarações falsas dos irmãos Osundairo fizeram com que ele fosse sujeitado ao ridículo em público e o prejudicaram muito”, diz o processo. “O Sr. Smollett também sofreu, e continua sofrendo, substanciais perdas monetárias. Ele perdeu oportunidades de emprego e precisou pagar muito dinheiro a advogados que o defenderam durante o caso”, continua o texto. O ator foi limado da 6ª e última temporada de “Empire”, que foi ao ar sem o seu personagem, e não apareceu nas telas desde então. O processo contra a cidade de Chicago ainda cita que Smollett sofre de “angústia e estresse agudos” por causa do caso.
South Park é acusada de transfobia por mais um episódio politicamente incorreto
A série animada “South Park”, que recentemente foi banida da China por conta de suas piadas controversas, nesta semana voltou a enfrentar críticas negativas do público americano por seu humor politicamente incorreto. Seu episódio mais recente foi considerado transfóbico por muitos espectadores e ativistas. Exibido na quarta-feira (13/11) nos EUA, o episódio da 23ª temporada da série gira em torno de um homem que decide se passar por mulher transgênero para participar de um competição de “força feminina”. O personagem se identifica na competição como Heather Swanson e é desenhado pelos criadores da série como um homem musculoso, de óculos de sol, chapéu de caubói, cabelo longo e barba. Em uma das falas do episódio, Swanson comenta que começou a se identificar como mulher “há duas semanas”. “Eu nem consigo te dizer o quanto eu me sinto livre. Agora que estou competindo como mulher, estou pronta para esmagar as outras garotas”, ele completa. Rachel McKinnon, uma ciclista transgênero e ativista da causa, manifestou-se de forma direta, chamando o episódio de transfóbico e a série de irrelevante. “Sim, é transfóbico. Sim, é preguiçoso. Sim, contribui para machucar mulheres e meninas trans. Mas eles são preguiçosos e cada vez mais irrelevantes”, escreveu no Twitter. Ela ainda lembrou que a série animada “‘Futurama’ contou a mesma história estúpida em um episódio de 2003. Transfóbicos não conseguem achar novas piadas. ‘South Park’ tem sido extremamente transfóbico há muito tempo. Esta não é a primeira vez, nem será a última. [Matt] Stone e [Trey] Parker são transfóbicos. Parem de ligar para eles. Ignorem a série preguiçosa deles”, completou. O comentário reverberou e encontrou eco. “Quando insistimos em afirmar que pessoas trans são nojentas ou estranhas por causa de suas identidades, é simplesmente rude e doloroso, e reforça estigmas negativos”, argumentou outro usuário. “O último episódio de ‘South Park’, sobre atletas trans, é baseado em uma falsidade, algo que não acontece, especialmente em competições de alto nível”, completou outro, ao reforçar a apelação da piada. Veja abaixo a cena integral da piada considerada transfóbica.
Festival Mix Brasil celebra diversidade sexual em tempos sombrios no país
O mais importante festival brasileiro dedicado à diversidade de gênero, o Mix Brasil, começa nesta quarta (13/11), em São Paulo, em meio a ataques de políticos e conservadores contra produções LGBTQIA+ no país. Destoando de outros governos, a capital paulista tem se mantido como uma ilha da tolerância, e o Mix Brasil irá até inaugurar um novo espaço na cidade: o Centro Cultural da Diversidade, com programação focada principalmente em temas LGBTQIA+. O idealizador do festival Mix Brasil, André Fischer, é também diretor do local, administrado pela Prefeitura de São Paulo e localizado no antigo teatro Décio de Almeida Prado, no Itaim Bibi, zona nobre de São Paulo. “Uma parte daquele quarteirão foi demolida para a construção de um prédio, o que chamou a atenção da atriz Eva Wilma. Ela ajudou no tombamento do imóvel a tempo e virou a madrinha do novo espaço cultural”, contou Fischer, em entrevista ao jornal O Globo. Com o tema “Persistir”, o Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade também ocupa outros espaços de São Paulo com mais de 200 sessões de cinema e atrações como teatro, realidade virtual, música, literatura, conferências e games. Entre os destaques da programação, há vários filmes inéditos no Brasil, como “O Príncipe”, de Sebastián Muñoz, vencedor do Leão Queer no Festival de Veneza, “Retrato de uma Jovem em Chamas”, de Céline Sciamma, premiado como Melhor Roteiro em Cannes, “Matthias e Maxime”, longa de Xavier Dolan estrelado pelo próprio diretor canadense, e “E Então Nós Dançamos” (And Then We Danced), de Levan Akin, candidato da Suécia ao Oscar, que teve sua première atacada por manifestantes de extrema direita na semana passada. O Mix Brasil também homenageará a cantora e compositora Marina Lima com o prêmio Ícone Mix. Ela é o tema do filme “Uma Garota Chamada Marina”, de Candé Salles. A programação completa pode ser conferida no site oficial do evento (clique aqui).
Manifestantes impedem première do novo filme de Polanski na França
Um grupo de cerca de 40 manifestantes bloqueou a entrada de um cinema que receberia a première de “An Officer and a Spy” (J’Accuse), novo filme de Roman Polanski, na noite de terça-feira (12/11) em Paris, resultando no cancelamento da exibição. Vestindo preto e equipado com sinalizadores vermelhos e cartazes com os nomes das mulheres que acusaram o diretor de estupro, o grupo se manifestou por cerca de uma hora em frente ao cinema Le Champo, até a sessão ser cancelada. Mas essa não foi a première principal do longa. A sessão de gala aconteceu na mesma hora no cinema UGC Normandie, nos Champs-Elysées, com a presença de Polanski, sem encontrar protestos semelhantes. Polanski foi recentemente acusado por um fotógrafa francesa, Valentine Monnier, de estuprá-la em seu chalé suíço em 1975. Ele negou as acusações por meio de seu advogado. Mas ela é a sexta mulher a acusar o diretor de violência sexual cometida nos anos 1970. O vencedor do Oscar vive na França desde que fugiu dos EUA em 1978, no meio de um julgamento em que se declarou culpado de fazer sexo com uma garota de 13 anos. Monnier disse que resolveu revelar o estupro justamente devido à estreia de “An Officer and a Spy” (J’accuse), em que Polanski filma um famoso erro judicial francês, o caso Dreyfus, em que um inocente é injustamente condenado por um crime que não cometeu. O diretor já teceu comentários comparando-se a Dreyfus. O longa foi lançado no Festival de Cinema de Veneza, onde venceu o Prêmio do Grande Júri. Na semana passada, o filme foi indicado a quatro European Film Awards pela Academia Europeia. Mas quanto mais prestígio conquista a obra, mais intensos se tornam os protestos. No início desta semana, o ator Jean Dujardin, indicado a Melhor Ator Europeu por “An Officer and a Spy”, cancelou uma entrevista com a principal emissora francesa, TF1, alegando que não queria responder perguntas sobre novas acusações contra Polanski. Também na terça-feira, embora sem mencionar Polanski pelo nome, a Associação Francesa de Cineastas, ARP, divulgou um comunicado dizendo que “apoia fortemente todas as vítimas de violência moral e sexual” e que “deve levar em conta que nossas profissões, pelo poder que exercem, podem abrir a porta a excessos repreensíveis ”. A declaração ainda avisa que a ARP “proporá ao próximo conselho de administração que, a partir de agora, qualquer membro considerado culpado de uma ofensa sexual seja excluído e que qualquer membro denunciado pelo mesmo motivo seja suspenso”. Polanski é membro da organização. “An Officer and a Spy” estreia comercialmente nesta quarta (13/11) na França, sob campanha de boicote de vários grupos de pressão. Não há previsão para seu lançamento no Brasil. Vale lembrar que manifestantes também impediram a première de outro filme europeu na semana passada, por motivos bem diferentes e num espectro político oposto na escala do radicalismo cultural. Manifestantes de extrema direita atacaram o público da estreia do premiado “And Then We Danced”, de Levan Akin, em Tbilisi, capital da Geórgia, por prestigiarem uma história de amor LGBTQIA+, entre dois jovens dançarinos georgianos de balé. Eles também querem impedir o filme vencedor de prêmios internacionais de ser exibido nos cinemas do país.








