Novo drama de família de Kore-eda vai abrir o Festival de Veneza 2019
O filme “The Truth”, novo drama do premiado diretor japonês Hirokazu Kore-eda, foi selecionado para abrir a 76ª edição do Festival de Cinema de Veneza. A produção, que estará na competição do Leão de Ouro, tem Catherine Deneuve, Juliette Binoche e Ethan Hawke no elenco e é o primeiro longa dirigido por Kore-eda fora de seu país. O veterano cineasta vive seu momento de maior aclamação, depois de vencer a Palma de Ouro em Cannes no ano passado com seu filme “Assunto de Família”. “Sinto-me extremamente honrado. O filme conta a história de uma família. Dentro desse universo íntimo, fiz meus personagens viverem com suas mentiras, orgulhos, remorsos, alegrias e reconciliações”, declarou o diretor em um comunicado divulgado pelos organizadores. Para o diretor do festival, o crítico italiano Alberto Barbera, trata-se de uma “reflexão poética” sobre a relação mãe-filha e o complexo ofício de atriz. “É um prazer que seja o filme de abertura”, complementou. O Festival de Veneza 2019 vai acontecer de 28 de agosto a 7 de setembro.
Cineasta argentina Lucrecia Martel vai presidir o juri do Festival de Veneza 2019
A cineasta argentina Lucrecia Martel foi escolhida para presidir o júri do Festival de Veneza 2019. Diretora de quatro longas, “O Pântano” (2001), “A Menina Santa” (2004), “A Mulher sem Cabeça” (2008) e “Zama” (2017), Martel vai comandar o grupo de artistas que selecionará os melhores da mostra competitiva do festival e o filme vencedor, que receberá o Leão de Ouro. “Quatro longas-metragens e um punhado de curtas, em pouco menos de duas décadas, foram suficientes para tornar Lucrecia Martel a mais importante diretora feminina da América Latina e uma das principais do mundo”, disse o diretor do festival, Alberto Barbera, ao anunciar a cineasta na presidência do juri. “Em seus filmes, a originalidade de sua pesquisa estilística e sua meticulosa mise-en-scène estão a serviço de uma cosmovisão livre de compromissos, dedicada a explorar os mistérios da sexualidade feminina e a dinâmica de grupos e classes”, continuou ele. “Somos gratos por ter concordado entusiasticamente em utilizar seu olhar exigente, mas nada menos que caridoso, a serviço desse compromisso que pedimos a ela.” É uma honra, uma responsabilidade e um prazer fazer parte desta celebração do cinema e do imenso desejo da humanidade de se entender”, disse Martel, no mesmo comunicado. Ela será a primeira cineasta feminina a presidir o júri em mais de 20 anos. A australiana Jane Campion (“O Piano”, “Retrato de Uma Mulher”) tinha sido a última escolhida, em 1997. Nos últimos anos, o júri de Veneza vem sendo marcado pela presidências de cineastas latinos, como os diretores mexicanos Guillermo Del Toro e Alfonso Cuarón. Outros talentos que presidiram o evento recentemente foram a atriz americana Annette Bening e o compositor francês de trilhas sonoras Alexandre Desplat. O Festival de Veneza de 2019 vai acontecer entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro.
Pedro Almodóvar será homenageado pelo Festival de Veneza
O cineasta Pedro Almodóvar será homenageado pelo Festival de Veneza com um Leão de Ouro honorário. Ele e a atriz Julie Andrews (a Mary Poppins original), cujo Leão de Ouro foi anunciado em março, terão as carreiras celebradas na próxima edição do mais antigo festival de cinema do mundo. É tradição do evento homenagear um diretor e um intérprete todos os anos. O diretor e roteirista espanhol já tem um prêmio do Festival de Veneza em sua estante, pelo roteiro de “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” (1988). Ele também venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999) e Roteiro Original por “Fale com Ela” (2002), e foi premiado em Cannes por “Tudo Sobre Minha Mãe” e “Volver” (2006), além de vir de uma participação vitoriosa na edição do festival francês deste ano, onde o seu “Dor e Glória” rendeu o prêmio de melhor ator para Antonio Banderas. Em comunicado oficial, Almodóvar agradeceu a honra concedida pelo Festival de Veneza, e disse ter boas memórias do evento. A estreia de “Maus Hábitos” (1983) no festival foi lembrada pelo diretor como “a primeira vez que um de seus filmes viajou para fora da Espanha”. “Veneza foi o lugar do meu batismo internacional, e foi uma experiência maravilhosa. Estou muito animado e honrado com o presente que é este Leão de Ouro”, disse o cineasta espanhol. Diretor espanhol mais premiado de sua geração, Almodóvar ainda destaca, entre seus filmes notáveis, “Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão” (1980), “Matador” (1986), “A Lei do Desejo” (1987), “Ata-me” (1989), “Carne Trêmula” (1997), “Má Educação” (2004), “Volver” (2006), “A Pele Que Habito” (2011) e “Julieta” (2016).
Festival de Veneza vai homenagear Julie Andrews com o Leão de Ouro por sua carreira
A atriz Julie Andrews vai ser homenageada com o Leão de Ouro por sua carreira no Festival de Veneza 2019, que este ano acontecerá mais cedo, entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro. “A Sra. Andrews ganhou fama ainda muito jovem nas casas de shows de Londres e, mais tarde, na Broadway graças ao seu notável talento de cantora e atriz. O seu primeiro filme de Hollywood, “Mary Poppins” (1964), deu-lhe a estatura de estrela, que mais tarde foi confirmada num outro filme precioso, “A Noviça Rebelde” (1965). Estes dois papéis a projetaram ao estrelato internacional, tornando-a uma figura icônica, adorada por várias gerações de cinéfilos”, declarou Alberto Barbera, diretor do festival, em comunicado sobre a homenageada. Ele ainda acrescentou que “este Leão de Ouro honorário é o merecido reconhecimento de uma carreira extraordinária que tem admiravelmente atingido o sucesso popular, com uma ambição artística que nunca se curvou a compromissos fáceis”. Andrews se disse “honrada” com a homenagem e agradeceu pelo reconhecimento do seu trabalho o mesmo comunicado, confirmando presença no festival em setembro, “para esta ocasião tão especial”. Além dos dois clássicos citados, ela também estrelou com sucesso a comédia “Victor Victoria” (1982), pelo qual ganhou seu terceiro Globo de Ouro, entre muitos outros sucessos.
Festival de Veneza começa com mais prestígio e mais polêmicas que nunca
O Festival de Veneza começa nesta quarta (29/8) com o prestígio de ter premiado o último vencedor do Oscar e de ser o tapete vermelho mágico que mais vezes levou à consagração da Academia dos Estados Unidos neste século. Mas também com muitas polêmicas, as novas e as velhas de sempre. Enquanto seu diretor artístico Alberto Barbera celebra o número de talentos e astros que desfilarão pelo Lido até 8 de setembro, “tão grande que é impossível lembrar todos os nomes agora”, o cineasta Guillermo del Toro, vencedor do festival passado (e do Oscar) por “A Forma da Água” e presidente do júri deste ano, apelou para a organização do evento para que aumente o número de filmes dirigidos por mulheres. Pelo segundo ano seguido, a seleção principal do Festival de Veneza tem só um filme dirigido por mulher – “The Nightingale”, de Jennifer Kent. “Eu acho que o objetivo tem que ser 50% [de filmes dirigidos por mulheres] até 2020. Se conseguirmos alcançar até 2019, ainda melhor”, comentou Del Toro, durante a entrevista coletiva que deu início ao festival. “Esse é um problema de verdade, na nossa cultura em geral”. “Não é uma questão de estabelecer uma ‘cota’, mas uma questão de se sincronizar ao tempo em que vivemos, ao momento em que estamos tendo essa conversa. Eu acho que isso é necessário há décadas, senão séculos. Não é uma polêmica, é um problema de verdade”, concluiu. Barbera tinha dito que se demitiria se implementassem cotas no festival, justificando que qualidade não tem gênero. Mas até o Brasil já demonstrou que isso é falácia, ao apresentar os candidatos a representar o país no Oscar, numa lista com 40% de filmes dirigidos por mulheres. Além disso, o Festival de Toronto, que acontece quase simultaneamente a Veneza, fez o compromisso descrito por del Toro, de ter metade de sua programação preenchida por filmes de cineastas femininas até 2020. Mais que isso, está apoiando uma marcha de mulheres, com pautas de igualdade de direitos, durante sua programação. O problema de Veneza, festival mais antigo do mundo, é a cultura machista italiana, alimentada por séculos de educação católica. Por isso, enquanto mulheres se preparam para celebrar suas conquistas na América do Norte, outras mulheres planejam protestar contra a dificuldade de encontrar espaço no festival de cinema europeu. O choque de visões de mundo é enorme. Mas esta não é a única polêmica alimentada pela programação do Festival de Veneza. O evento também estendeu seu tapete para as produções da Netlix, apresentando seis no total, e nisso entrou em sintonia com Toronto, seu rival do outro lado do Atlântico. Ambos aceitaram a realidade dos fatos, de que a Netflix é hoje a maior produtora de filmes do mundo e, em busca por validação, tem investido em cineastas consagrados, de Martin Scorsese a Alfonso Cuarón. Enquanto Cannes se deixou intimidar pelo bullying dos donos de cinema, a ponto de barrar a Netflix de competir pela Palma de Ouro, Veneza terá produções de streaming disputando o Leão de Ouro. E, considerando o impacto obtido pelos filmes do festival italiano no Oscar, virou peça estratégica dos planos de dominação mundial da plataforma. Quando Ryan Gosling pisar no Lido para a première de “O Primeiro Homem”, de Damien Chazelle, que abrirá o festival, será um pequeno passo para o ator de Hollywood, mas um grande passo para o cinema mundial. Visto cada vez mais como marco inaugural da temporada de prêmios, para destacar quem tem potencial de Oscar, Veneza pode colocar “Roma”, produção da Netflix dirigida por Cuarón, na rota da consagração da Academia. E até comprovar que Lady Gaga é atriz e Bradley Cooper é diretor, com a colaboração dos dois em “Nasce uma Estrela”. O festival que começa nesta quarta apontará muitos rumos para o cinema nos próximos meses, mas nem por isso deixará de ser convocado a entrar em maior sintonia com os rumos do mundo em geral.
Exibidores italianos protestam contra inclusão de filmes da Netflix no Festival de Veneza 2018
Deu certo na França, em relação ao Festival de Cannes. Era óbvio que os donos de cinema também esperneariam na Itália contra a presença de filmes da Netflix no Festival de Veneza. Duas associações de exibidores italianos lançaram, nesta segunda-feira (30/7), comunicados em que criticam a seleção de produções da Netflix para a competição do Leão de Ouro, no Festival de Veneza 2018. A ANEC (sigla italiana da Associação Nacional de Exibidores de Cinema) e a ANEM (Associação Nacional de Exibidores de Multiplexes) não citam diretamente a Netflix, mas “serviços de streaming on-line”, ao condenar a prática de lançar filmes simultaneamente nos cinemas e na internet. As associações citam especificamente o filme “On My Skin”, produção italiana sobre brutalidade policial que vai estrear na mostra Horizons, no Festival de Veneza, e será lançado pela Netflix poucos dias depois. Para a ANEC e a ANEM, esse tipo de lançamento “beneficia uma parte da cadeia de produção em curto prazo, e prejudica outra”. Na visão das associações, a atitude do Festival de Veneza de selecionar esses filmes é “irresponsável”, citando que as redes de cinema do país já “sofrem com problemas estruturais”. “Vamos continuar lutando contra essa estratégia absurda de fechar a janela entre o lançamento nos cinemas e em outras plataformas”, comentaram ainda. É uma briga de evidente perfil sindical. Os donos de cinema defendem “direitos adquiridos” e atacam mudanças em seu “status”, como o privilégio de exibir todos os filmes antes dos demais integrantes da cadeia de exibição. Já a Netflix se tornou o maior estúdio do mundo, lançando mais filmes que qualquer produtora de Hollywood. A questão é que seus lançamentos não são para o cinema. Deveriam as produções de streaming, como pregam alguns, disputar o Emmy e eventos de TV como os telefilmes da HBO? E os festivais de cinema, deveriam abraçar a causa dos grandes exibidores, que na verdade mal programam filmes de festivais há muitos anos? São pontos que fomentam discussões. O que se tem de concreto é que o Festival de Cannes, que cedeu a esta pressão e proibiu filmes da Netflix em sua competição, vê agora os filmes de prestígio da plataforma, que fizeram falta em sua seleção, chegar em Veneza. O consenso é que Cannes apresentou sua seleção mais fraca dos últimos anos e premiou filmes que não tiveram repercussão. Além de “On My Skin”, o Festival de Veneza vai exibir outros cinco filmes da Netflix: “22 July”, thriller de Paul Greengrass (“Jason Bourne”), “Roma”, novo filme de Alfonso Cuarón (“Gravidade”), “The Ballad of Buster Scruggs”, dos Irmãos Coen (“Ave, César”), “The Other Side of the Wind”, obra restaurada de Orson Welles (“Cidadão Kane”), e o documentário “They’ll Love Me When I’m Dead” sobre Orson Welles. O Festival de Veneza vai acontecer de 29 de agosto a 8 de setembro.
Júri do Festival de Veneza terá diretor de Thor: Ragnarok
O Festival de Veneza 2018 anunciou nesta quinta-feira os membros do júri que elegerão os melhores da competição, que será presidido por Guillermo del Toro (“A Forma da Água”), vencedor do Leão de Ouro no ano passado. Os integrantes são o diretor neozelandês Taika Waititi (“Thor: Ragnarok”), a atriz australiana Naomi Watts (“Birdman”), o ator austríaco Christoph Waltz (“Django Livre”), a atriz e diretora taiwanesa Sylvia Chang (“Escritório”), a atriz dinamarquesa Tryne Dyrholm (“O Amante da Rainha”), a atriz e diretora francesa Nicole Garcia (“Um Instante de Amor”), o diretor e roteirista italiano Paolo Genovese (“The Place”), e a diretora e roteirista polonesa Malgorzata Szumowska (“Body”). A seleção oficial do Festival de Veneza 2018 conta com filmes que podem chegar fortes ao Oscar 2019, como o drama “O Primeiro Homem”, de Damien Chazelle (“La La Land: Cantando Estações”), que vai abrir o evento. Veja a lista completa aqui. O Festival de Veneza 2018 acontece entre 29 de agosto e 8 de setembro.
Disputa do Leão de Ouro do Festival de Veneza 2018 inclui produções da Netflix
O Festival de Veneza 2018 divulgou a lista dos filmes que participarão de sua competição e de algumas mostras paralelas. E ao contrário do Festival de Cannes, que impediu produções da Netflix de competir sem estrear nos cinemas, a seleção italiana destaca seis obras originais do serviço de streaming. São elas “22 July”, novo thriller de Paul Greengrass (“James Bourne”), “Roma”, retorno de Alfonso Cuarón (“Gravidade”) aos filmes falados em espanhol, a restauração de “The Other Side of the Wind”, “filme perdido” de Orson Welles (“Cidadão Kane”) – que Cannes sonhava em exibir – , o documentário sobre Welles “They’ll Love Me When I’m Dead”, a produção italiana “On My Skin”, de Alessio Cremonini, que vai abrir a mostra Horizontes, e a maior surpresa da seleção: “The Ballad of Buster Scruggs”, nova obra dos irmãos Joel e Ethan Coen (“Onde os Fracos Não Tem Vez”), inicialmente anunciada como uma série, que vai disputar o Leão de Ouro. A presença destes longas demonstra que a necessidade de Veneza de disputar atenção da mídia, causada por conflitos de calendário com eventos norte-americanos – festivais de Toronto e Telluride – , não permite ignorar o estúdio que mais produz filmes no mundo. Ao se focar na programação, em vez de proibições de selfies, streaming e outras regras elitistas, Veneza faz a clara opção por se tornar a vitrine europeia dos lançamentos autorais da Netflix. E essa iniciativa inevitavelmente faz sombra à Cannes, que neste ano trouxe uma programação sem peso e premiou filmes de pouca repercussão. Veneza já é o mais hollywoodiano dos festivais europeus, graças à recente tradição de exibir as premières mundiais dos futuros vencedores do Oscar, situação que culminou no ano passado com a vitória de “A Forma da Água”, de Guillermo del Torno, meses antes de ser consagrado pela Academia em Los Angeles – o que também foi uma volta olímpica sobre Toronto, que premiou “Três Anúncios para um Crime”. O fato de ser o festival de cinema mais antigo do mundo, que por sinal completa 75 anos, não torna Veneza antiquado. Ao contrário, só aumenta seu status, ecoando uma seleção repleta de estrelas do universo cinéfilo em 2018, que será aberta pela première mundial de “O Primeiro Homem”, do diretor Damien Chazelle (“La La Land”), sobre a viagem de Neil Armstrong (Ryan Gosling) à Lua. Outros filmes badalados da programação incluem o musical “Nasce Uma Estrela”, dirigido e estrelado por Bradley Cooper (“Sniper Americano) e com participação de Lady Gaga, “Shadow”, do mestre chinês Zhang Yimou (“O Clã das Adagas Voadoras”), “Suspiria”, remake do clássico de terror realizado por Luca Guadagnino (“Me Chame Pelo Seu Nome”), “Dragged Across Concrete”, em que S. Craig Zahler (“Confronto no Pavilhão 99″) dirige Mel Gibson, sem esquecer obras de cineastas renomados como Mike Leigh (“Peterloo”), Amos Gitai (“A Tramway in Jerusalem” e “A Letter To A Friend In Gaza”), Emir Kusturica (“El Pepe, Una Vida Suprema”), Jacques Audiard (“The Sisters Brothers”), Yorgos Lanthimose (“The Favorite”), Julian Schnabel (“At Eternity’s Gate”) e Sergei Loznitsa (“Process”). Por outro lado, pelo segundo ano seguido, apenas um dos 21 filmes selecionados para a competição principal é dirigido por uma mulher: “The Nightingale”, faroeste da australiana Jennifer Kent (“O Babadook”). A relação completa também inclui três produções brasileiras nas mostras paralelas: “Deslembro”, de Flavia Castro, na mostra Horizontes, “Domingo”, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, na Venice Days, e “Humberto Mauro”, de André di Mauro na Venice Classic Documentary. O principal evento de cinema da Itália acontece entre os dias 19 de agosto e 8 de setembro, e terá Guillermo Del Toro como presidente do júri responsável por premiar o vencedor do Leão do Ouro. Confira abaixo a lista das obras anunciadas. COMPETIÇÃO OFICIAL O Primeiro Homem, de Damien Chazelle The Mountain, de Rick Alverson Doubles Vies, de Olivier Assayas The Sisters Brothers, de Jacques Audiard The Ballad Of Buster Scruggs, de Ethan Coen, Joel Coen Vox Lux, de Brady Corbet 22 July, de Paul Greengrass Roma, de Alfonso Cuaron Suspiria, de Luca Guadagnino Werk Ohne Autor, de Florian Henckel Von Donnersmarck The Nightingale, de Jennifer Kent The Favourite, de Yorgos Lanthimos Peterloo, de Mike Leigh Capri-Revolution, de Mario Martone What You Gonna Do When The World’s On Fire?, de Roberto Minervini Sunset, de Laszlo Nemes Frères Ennemis, de David Oelhoffen Nuestro Tiempo, de Carlos Reygadas At Eternity’s Gate, de Julian Schnabel Acusada, de Gonzalo Tobal Killing, de Shinya Tsukamoto FORA DE COMPETIÇÃO – FICÇÃO Nasce Uma Estrela, de Bradley Cooper Mi Obra Maestra, de Gaston Duprat Un Peuple Et Son Roi, de Pierre Schoeller A Tramway In Jerusalem, de Amos Gitai La Quietud, de Pablo Trapero Shadow, de Zhang Yimou Dragged Across Concrete, de S Craig Zahler EVENTOS ESPECIAIS The Other Side Of The Wind, de Orson Welles They’ll Love Me When I’m Dead, de Morgan Neville EXIBIÇÕES ESPECIAIS L’Amica Geniale, de Saverio Costanza Il Diario Di Angela – Noi Due Cineasti, de Yervant Gianikian FORA DE COMPETIÇÃO – NÃO-FICÇÃO A Letter To A Friend In Gaza, de Amos Gitai Aquarela, de Victor Kossakovsky El Pepe, Una Vida Suprema, de Emir Kusturica Process, de Sergei Loznitsa Carmine Street Guitars, de Ron Mann Isis, Tomorrow. The Lost Souls Of Mosul., de Francesca Mannocchi, Alessio Romenzi American Dharma, de Errol Morris Introduzione All’Oscuro, de Gaston Solnicki Your Face, de Tsai Ming-Liang 1938 Diversi, de Giorgi Treves Monrovia, Indiana, de Frederick Wiseman Una Storia Senza Nome, de Roberto Ando Les Estivants, de Valeria Bruni Tedeschi MOSTRA HORIZONTES Sulla Mia Pelle, de Alessio Cremonini Manta Ray, de Phuttiphong Aroonpheng Soni, de Ivan Ayr The River, de Emir Baigazin La Noche De 12 Anos, de Alvaro Brechner Deslembro, de Flavia Castro The Announcement, de Mahmut Fazil Coskun Un Giorno All’Improvviso, de Ciro D’Emilio Charlie Says, de Mary Harron Amanda, de Mikhael Hers The Day I Lost My Shadow, de Soudade Kaadan L’Enkas, de Sarah Marx The Man Who Surprised Everyone, de Natasha Merkulova, Aleksy Chupov Memories Of My Body, de Garin Nugroho As I Lay Dying, de Mostafa Sayyari La Profezia Dell’Armadillo, de Emanuele Scaringi Tel Aviv On Fire, de Sameh Zoabi Jinpa, de Pema Tseden Stripped, de Yaron Shani
Novo filme do diretor de Casa Grande é selecionado para o Festival de Veneza
O filme brasileiro “Domingo” foi selecionado para participar do Festival de Veneza 2018. Dirigido por Fellipe Barbosa (“Casa Grande”, “Gabriel e a Montanha”) em parceria com Clara Linhart (do documentário “Rio em Chamas”), o longa será exibido na seção Venice Days, mostra independente do festival, que segue os moldes da Quinzena dos Realizadores de Cannes. A trama de “Domingo” acompanha uma família burguesa decadente do interior gaúcho no dia 1º de janeiro de 2003, quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva tomou posse na Presidência da República. Durante uma festa extravagante, muitas verdades estão prestes a vir à tona e o mal-estar entre os convidados fica evidente. O roteiro é assinado por Lucas Paraizo (também de “Gabriel e a Montanha”) e o elenco inclui Camila Morgado (“Olga”), Augusto Madeira (“Bingo: O Rei das Manhãs”), Ismael Caneppele (“Os Famosos e os Duendes da Morte”, Martha Nowill (“Vermelho Russo”), Clemente Viscaino (“Infância”) e Chay Suede (“A Frente Fria que a Chuva Traz”). A produção nacional vai concorrer ao prêmio da mostra com filmes de vários países, entre eles “Continuer”, do diretor belga Joachim Lafosse, “C’est ça L’amour”, da francesa Claire Burger, e “José”, do chinês Li Cheng, produzido e filmado na Guatemala. Em comunicado, o diretor artístico da mostra, Giorgio Gosetti, destacou que metade dos diretores selecionados são mulheres. “Não foi planejado. Nós procuramos o melhor que pudemos encontrar, e frequentemente o que encontramos foram filmes feitos com a sensibilidade feminina”, declarou. A mostra Venice Days, assim como o Festival de Veneza, vai acontecer entre os dias 29 de agosto e 8 de setembro.
O Primeiro Homem, novo filme do diretor de La La Land, abrirá o Festival de Veneza 2018
O drama histórico “O Primeiro Homem”, sobre a missão espacial que transformou o astronauta Neil Armstrong no primeiro homem a caminhar na lua, foi selecionado para abrir o Festival de Veneza 2018. Será a segunda vez que um filme do diretor Damien Chazelle abrirá o festival italiano, após ser aplaudido de pé no evento de 2016 por “La La Land”. No novo filme, ele volta a trabalhar com o ator de “La La Land”. Ryan Gosling tem o papel de Neil Armstrong na produção, que mostra os bastidores de sua viagem espacial, revelando o custo humano da missão, descrita como a mais perigosa de todos os tempos, mas lembrada também como uma das mais bem-sucedidas. “É uma obra muito pessoal, original e cativante”, disse o diretor do festival, Alberto Barbera, em comunicado, afirmando se trata de um trabalho “maravilhosamente inesperado no contexto dos filmes épicos dos dias atuais, e uma confirmação do grande talento de um dos diretores contemporâneos mais importantes do cinema americano”. Chazelle, de 33 anos, disse estar ansioso pela estreia mundial do filme no festival. “Recebo o convite de Veneza com humildade e estou entusiasmado por voltar”, disse. “É especialmente comovente compartilhar essa notícia tão perto do aniversário do pouso na lua”. No ano passado, o vencedor do Festival de Veneza foi “A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro, que acabou vencendo também o Oscar 2018. Este ano, Del Toro irá presidir o júri da mostra competitiva do evento, que começa em 29 de agosto e vai até 8 de setembro na Itália. Será a 75ª edição do evento, que é o mais antigo festival de cinema do mundo.
Ermanno Olmi (1931 – 2018)
O diretor italiano Ermanno Olmi, premiado nos festivais de Cannes e Veneza, morreu aos 86 anos. Ele sofria há tempos de uma doença autoimune rara conhecida como Síndrome de Guillain-Barré. A mídia italiana informou que ele foi hospitalizado na sexta-feira em sua cidade-natal de Asiago e faleceu na noite de domingo (6/5). Olmi foi saudado como um cineasta humanista, preocupado em filmar os menos favorecidos, e um poeta visual pela beleza plástica de seus filmes. Ele começou a carreira uma década depois do auge do neo realismo italiano, mas se tornou seu herdeiro mais dedicado. Desde seu primeiro filme, “O Tempo Parou” (1959), fez questão de focar a classe trabalhadora. A história dessa estreia é fantástica. Olmi era um funcionário da companhia de eletricidade estatal italiana, encarregado de produzir pequenos filmes de publicidade institucional para a empresa. E aproveitou o que deveria ser outro comercial sobre uma barragem nos Alpes para esticar a filmagem em segredo e registrar o cotidiano de dois trabalhadores do local, que viviam isolados, durante o inverno, para garantir a segurança da construção em total solidão. “O Tempo Parou” chamou atenção da crítica e até recebeu prêmios locais, lançando sua carreira. Mas ele continuou fazendo publicidade para pagar as contas por mais cinco anos, intercalando filmetes de eletricidade com longas-metragens, embora já em seu segundo longa, “O Posto” (1961), tenha deixado de ser apenas um jovem promissor para vencer o David di Donatello (o Oscar italiano) como Melhor Diretor do ano. Sua maior conquista foi a Palma de Ouro de Cannes em 1978 com “A Árvore dos Tamancos”, retrato de três horas da vida dura dos camponeses na Itália do século 19, com um elenco de atores amadores falando em seu dialeto nativo de Bérgamo, no norte do país. O filme contava a história de um pai que corta uma pequena árvore em segredo para fabricar tamancos para seu filho poder ir à escola. Quando o rico dono da propriedade descobre, expulsa a família da fazenda como exemplo para os outros empregados. Uma década depois, ele venceu o Leão de Ouro em Veneza por “A Lenda do Santo Beberrão” (1988), produção com atores bem conhecidos (Rutger Hauer, Anthony Quayle), que acompanha as tribulações de um alcoólatra desabrigado em Paris, que tenta saldar uma dívida com uma igreja local. O filme também lhe rendeu seu segundo David di Donatello de Melhor Direção. Ele ainda conquistou um terceiro “Oscar italiano” por “O Mestre das Armas”, lançado em 2001, que mostrava os últimos dias do jovem soldado da Renascença Giovanni de Medici. Seus últimos trabalhos foram o filme antiguerra “Os Campos Voltarão”, de 2014, indicado ao David di Donatello e premiado pela crítica na Mostra de São Paulo, e o documentário “Vedete, Sono Uno di Voi”, sobre o cardeal Carlo Maria Martini, em 2017. “Com Ermanno Olmi estamos perdendo um mestre cinematográfico e uma grande figura da cultura e da vida. Sua visão encantada nos fez entender as raízes do nosso país”, escreveu o primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni no Twitter.
David Cronenberg vai receber Leão de Ouro pela carreira no Festival de Veneza 2018
O cineasta canadense David Cronenberg vai receber um Leão de Ouro especial por sua carreira no Festival de Veneza 2018. Autor de filmes que exploram temas como mutações, deformações e o horror do corpo e da mente, como em “Os Filhos do Medo” (1979), “Videodrome” (1983), “A Mosca” (1986), “Crash – Estranhos Prazeres” (1996), “Um Método Perigoso” (2011) e “Mapas para as Estrelas” (2014), o diretor de 75 anos é considerado um dos cineastas mais influentes do cinema contemporâneo. “Enquanto Cronenberg esteve inicialmente confinado aos territórios marginais dos filmes de terror (…), foi capaz de construir, filme após filme, um edifício original e muito pessoal”, descreveu Alberto Barbera, diretor do Festival de Veneza, em comunicado. “Sempre gostei do Leão de Ouro de Veneza: Um leão voando com asas de ouro. Essa é a essência da arte, a essência do cinema”, reagiu Cronenberg ao receber a notícia. Curiosamente, Cronenberg só estreou em 2011 no Festival de Veneza com seu filme “Um Método Perigoso”, sobre o começo da psicanálise. Foi seu primeiro e único filme selecionado para a disputa do Leão de Ouro. Em comparação, ele disputou cinco vezes a Palma de Ouro no Festival de Cannes, chegando a venceu o Prêmio do Júri por “Crash”, em 1996. Cronenberg também venceu um Prêmio de Contribuição Artística Extraordinária por “eXistenZ”, no Festival de Berlim de 1999. O Festival de Veneza 2018 vai acontecer entre 29 de agosto e 8 de setembro.
Vittorio Taviani (1929 – 2018)
Morreu o cineasta italiano Vittorio Taviani, que foi responsável por inúmeros clássicos, codirigidos com seu irmão Paolo. O cineasta, que estava doente há bastante tempo, morreu em Roma aos 88 anos. “A morte de Vittorio Taviani é uma terrível perda para o cinema e a cultura italianos”, lamentou o presidente Sergio Mattarella na sua mensagem de condolências, louvando as “inesquecíveis obras-primas” que ele assinou com o irmão. Nascido em 20 de setembro de 1929 em San Miniato, na Toscana, Vittorio era dois anos mais velho que Paolo, com quem formou uma das mais famosas parcerias entre irmãos do cinema. Juntos, fizeram mais de 20 longas-metragens, colecionando vitórias em festivais internacionais de prestígio, de Cannes a Berlim. Filhos de um advogado antifascista, os irmãos interessaram-se, desde o início de suas carreiras, por tratar de questões sociais. Inspirados pelo mestre do neo-realismo Roberto Rosselini, de quem foram assistentes no documentário “Rivalità” (1953), mas também pelo humanismo de Vittorio De Sica, seus filmes se caracterizaram por um lirismo singelo, capaz de combinar realidades duras e poesia. Por conta disso, os Taviani tinham predileção por filmar clássicos literários, incluindo obras do autor italiano Luigi Pirandello (“Kaos” e “Tu Ridi”), do russo Leon Tolstói (“Ressurreição” e “Noites com Sol”) e Johann Wolfgang von Goethe (“As Afinidades Eletivas”). Ambos estudaram Direito na Universidade de Pisa, mas o amor pelo cinema levou-os a abandonar os estudos para assinar uma série de documentários com temas sociais para a televisão. A estreia na ficção se deu com “Un Uomo da Bruciare”, em 1962, sobre a vida de Salvatore Carnevale (vivido na tela por Gian Maria Volontè), jornalista e ativista político, que foi assassinado na Sicília em 1955. A obra venceu o Prêmio da Crítica no Festival de Veneza, abrindo uma filmografia impressionante. Os primeiros filmes tiveram sempre por base os problemas sociais, como no caso de “San Michele Aveva un Gallo” (1972), que ganhou o Interfilm no Festival de Berlim, ou “Allosanfàn” (1974), interpretado por Marcello Mastroianni e Lea Massari. Não demoraram a estourar, o que aconteceu com “Pai Patrão” (1977), baseado no romance biográfico de Gavino Ledda, que descreve a vida difícil de um menino criado por um pai tirano no interior da Sardenha. A obra venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes, dando visibilidade internacional ao trabalho dos irmãos. Mas este foi apenas o começo de sua jornada. Em 1982, eles lançaram outra obra impressionante, “A Noite de São Lourenço”, passado numa cidadezinha dinamitada pelos nazistas no final da 2ª Guerra Mundial, e iluminado apenas por velas, fogueiras ou pelo luar. Venceu o Grande Prêmio do Júri de Cannes. O filme seguinte, “Kaos” (1984), foi uma antologia de histórias de Pirandello, realizada com uma beleza de tirar o fôlego. A fase de criatividade febril dos anos 1980 ainda inclui “Bom dia Babilônia” (1987), uma obra pela qual sempre serão lembrados, já que celebra a fraternidade em torno do cinema. O longa conta a saga dos irmãos italianos Nicola e Andrea Bonnano, que migram para a América no início do Século 20 e se tornam requisitadíssimos como cenógrafos de filmes da então nascente indústria de cinema de Hollywood. Após “Noites com Sol” (1990) e “Aconteceu na Primavera” (1993) veio um período em que seus trabalhos perderam a repercussão de outrora e deixaram de ganhar lançamento estrangeiro, ainda que alimentassem as premiações nacionais – continuaram a ser indicados ao David di Donatello, o Oscar italiano. Foi apenas um longo hiato, pois em 2012 voltaram a impactar com “César Deve Morrer”, um docudrama estrelado por assassinos e mafiosos em uma prisão italiana de alta segurança, que interpretam a tragédia “Júlio César”, de William Shakespeare, para as câmeras. A obra recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Três anos depois, fizeram seu último filme juntos, “Maravilhoso Boccaccio” (2015), uma adaptação de “Decameron” do escritor renascentista Giovanni Boccaccio. Vittorio se adoentou em seguida, desfazendo a longa parceria com o irmão Paolo, que no ano passado dirigiu seu primeiro filme solo, “Una Questione Privata” (2017). Mesmo assim, o roteiro foi dividido entre os dois. O impacto da morte de Vittorio Taviani traz tristeza aos cinéfilos de todo o mundo. “Ontem Milos Forman, hoje Vittorio Taviani”, lamentou o presidente do Festival de Veneza, Alberto Barbara. “Nós lhe devemos muito por nossa formação cinematográfica… e sempre os lembraremos com gratidão.”











