Só dois filmes faturaram mais de US$ 1 bilhão nos cinemas em 2023
2023 foi uma ano de poucos blockbusters em Hollywood. Apenas dois filmes faturam mais de US$ 1 bilhão nos cinemas e o Top 10 ainda teve outros dois que nem chegaram aos US$ 500 mil. Fãs de Martin Scorsese, que causou prejuízo com “Assassinos da Lua das Flores”, defendem que cinema é arte e os números não importam. Mas estúdios fecham, são vendidos e demitem milhares de pessoas por conta de balanços financeiros. A Warner Bros faturou a maior bilheteria do ano com o fenômeno “Barbie”, que além de render US$ 1,4 bilhão também foi indicado a vários prêmios no Globo de Ouro e Critics Choice Awards. Mas quem mais faturou foi a Universal Pictures, com o 2ª, 3ª e 5ª bilheterias de 2023, totalizando 2,9 bilhão. Os sucessos do estúdio foram “Super Mario Bros. – O Filme” (US$ 1,3 bilhão), “Oppenheimer” (US$ 952 milhões) e “Velozes e Furiosos 10” (US$ 704 milhões). Vale lembrar que Christopher Nolan, diretor de “Oppenheimer” era parceiro da Warner até o ano passado, quando rompeu com a empresa por discordar de sua estratégia de lançamentos simultâneos no cinema e no streaming durante a pandemia. Apesar da crise, três filmes de super-heróis aparecem no Top 10. Todos são focados em personagens da Marvel – a Warner amargou só fracassos com a DC. Mais bem colocado, “Guardiões da Galáxia Vol. 3” (US$ 845 milhões) ficou em 4º lugar. Produção da Sony, a animação “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” (US$ 690 milhões) entrou em 6º lugar e “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” (US$ 476 milhões) fecha a relação. Vale apontar que, mesmo tendo um de seus piores desempenhos neste século, a Disney emplacou quatro títulos no Top 5. Todos juntos somam US$ 2,5 bilhão – menos que “Vingadores: Ultimato” (US$ 2,7 bilhão) fez sozinho em 2019. Por fim, a Paramount teve apenas um hit em “Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1” (US$ 567 milhões). Não por acaso, o estúdio e a Warner estariam discutindo uma fusão. Top 10 mundial Barbie (US$ 1,4 bilhão) Super Mario Bros. – O Filme (US$ 1,3 bilhão) Oppenheimer (US$ 952 milhões) Guardiões da Galáxia Vol. 3 (US$ 845 milhões) Velozes e Furiosos 10 (US$ 704 milhões) Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (US$ 690 milhões) A Pequena Sereia (US$ 569 milhões) Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 (US$ 567 milhões) Elementos (US$ 495 milhões) Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (US$ 476 milhões)
Estreias | Filme do Mamonas Assassinas chega aos cinemas
Dois filmes nacionais tem tratamento de blockbuster nesta quinta (28/12) após fracassos consecutivos do cinema americano no país. “Mamonas Assassinas – O Filme” e “Minha Irmã e Eu” chegam em cerca de mil salas do circuito nacional. Além deles, as estreias incluem um terror britânico e um drama francês. Confira os detalhes. MAMONAS ASSASSINAS – O FILME A cinebiografia conta a história da banda de Guarulhos que se tornou sensação nacional em meados anos 1990. Ela acompanha a vida dos Mamonas antes da fama, principalmente Dinho, as dificuldades no início da carreira e mostra como um conjunto fracassado de rock progressivo, chamado Utopia, se reinventa como uma banda comédia e se torna um fenômeno. Mamonas Assassinas acabou virando uma das bandas mais amadas do Brasil com sua alegria contagiante, mas sua trajetória foi curta, interrompida por um fim trágico – com a morte de todos os seus integrantes em um acidente aéreo na volta de um show, em 2 de março de 1996. Entretanto, quem não conhece direito a banda pode ter dificuldades em entender a trama, que é apresentada de forma episódica, sem um desenvolvimento narrativo coerente. Isso talvez se deva ao fato do projeto original ter sido concebido por Carlos Lombardi – autor de novelas como “Uga Uga” (2000) e Kubanacan (2004) – e escrito pelo repórter Carlos Amorim como uma minissérie da Record TV. O projeto acabou reconfigurado para as telas grandes com direção de Edson Spinello, que comandou as novelas “Apocalipse” (2017) e “Rei Davi” (2012), e faz sua estreia no cinema. Entretanto, a impressão é que faltam “capítulos” na história. A Record deve exibir a versão com todos os episódios ainda em 2024. O que a produção tem de positivo é a energia do elenco, composto por atores desconhecidos do grande público, mas com grande experiência em musicais, que entregam performances melhores que o próprio filme. Ruy Brissac, que interpreta o vocalista Dinho, repete o papel que viveu no teatro em “Mamonas, o Musical”, e que lhe rendeu o prêmio Bibi Ferreira de Ator Revelação. Adriano Tunes, que vive o baixista Samuel Reoli, é humorista e já trabalhou no programa “Dedé e o Comando Maluco”, do SBT, além de musicais como o da apresentadora Hebe Camargo. Robson Lima, que interpreta o tecladista Júlio Rasec, também é ator de teatro e trabalhou em “Yank – O Musical”. Rhener Freitas, que tem o papel do baixista Sérgio Reoli, trabalhou na série “Bia”, do Disney Channel. Já o guitarrista Bento quase foi vivido pelo cantor e apresentador Yudi Tamashiro, que acabou substituído por Alberto Hinomoto, sobrinho do personagem real. Alberto, que tinha 17 anos durante a produção, filmou com a mesma guitarra que pertenceu a seu tio, usada por ele nos shows da banda. As filmagens marcam sua estreia nas telas. Outro nome que estreia como atriz na produção é a famosa tiktoker Fernanda “Fefe” Schneider, intérprete de Valéria Zoppello, a namorada de Dinho, que perdeu seu companheiro quando tinha apenas 24 anos. Fernanda é um fenômeno no TikTok e acumula mais de 16 milhões de seguidores na plataforma. Para completar, os pais de Dinho são interpretados por Guta Ruiz, que já esteve no filme “Gostosas, Lindas e Sexies”, e Jarbas Homem de Mello, marido de Cláudia Raia e ator de “Roque Santeiro – O Musical”. MINHA IRMÃ E EU Ingrid Guimarães e Tatá Werneck vivem duas irmãs que se odeiam sem deixar de se amar em seu novo encontro cinematográfico. Amigas de longa data, as duas já dividiram a tela em “De Pernas pro Ar 2” (2012), “Loucas para Casar” (2015) e “TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva” (2017). Desta vez, elas vivem as irmãs Mirian (Ingrid) e Mirelly (Tatá), que nasceram em Rio Verde, Goiás, mas seguiram caminhos opostos na vida. Mirian nunca saiu de sua cidade e se acostumou à rotina pacata do interior. Já Mirelly partiu cedo para o Rio de Janeiro e toda a família acompanha pelas redes sociais seu sucesso, sempre rodeada de amigos famosos. O que os familiares não sabem é que é tudo fake. Na verdade, ela vive com as contas atrasadas e passa muito perrengue fazendo bicos e cuidando dos animais de estimação de celebridades, como a cantora IZA e o casal de atores Lázaro Ramos e Taís Araújo (que interpretam a si mesmos na produção), que ela mente que são seus amigos. Acreditando na mentira, Mirian decide que sua mãe (Arlete Salles) passará a morar com a irmã rica. A situação gera uma grande discussão e o caos culmina com o desaparecimento da mãe das duas, que a partir daí têm que deixar de lado as diferenças e se unir para procurá-la. “Minha Irmã e Eu” é o terceiro filme com “Minha” no título da diretora Susana Garcia, após “Minha Vida em Marte” e o blockbuster “Minha Mãe é uma Peça 3”. Explorando a dinâmica de opostos das irmãs, a comédia de apelo popular é uma das mais divertidas a chegar aos cinemas em 2023. O SENHOR DO CAOS O terror folk britânico acompanha Rebecca Holland, interpretada por Tuppence Middleton (“Sombras da Guerra”), uma pregadora cristã que se muda para a cidadezinha de Burrow com a filha Grace e é recebida com curiosidade pela comunidade local, cujas crenças ainda mantém tradições pagãs. Uma dessas tradições é um festival agrícola, que acaba escolhendo Grace como o “Anjo da Colheita”. Entretanto, a menina desaparece misteriosamente durante o evento, levando a protagonista a uma busca angustiante, que revela segredos sombrios sobre o local e seu líder. A atmosfera do filme é impulsionada pelas performances marcantes, especialmente a de Ralph Ineson (“A Bruxa”), que vive o líder carismático e ameaçador da comunidade. As descobertas da protagonista sobre a natureza da cidade e o misterioso festival proporcionam reviravoltas na trama, mantendo o suspense. Com roteiro de Tom Deville (de “A Maldição da Floresta”) e direção de William Brent Bell (de “A Órfã 2: A Origem”), o filme segue alguns padrões do terror pagão rural, estabelecidos no clássico “O Homem de Palha” (1973), mas também oferece surpresas e uma cinematografia marcante, que enfatiza a beleza natural do cenário campestre, capaz de se apresentar tanto de forma idílica quanto inquietante. PARE COM SUAS MENTIRAS Adaptação cinematográfica do romance autobiográfico de Philippe Besson, o drama gira em torno de Stéphane Belcourt (interpretado por Guillaume de Tonquédec, de “Qual É o Nome do Bebê”), um autor famoso que retorna, após 35 anos, à sua cidade natal na região francesa de Cognac. O motivo de seu retorno é um convite para um evento, mas suas verdadeiras intenções são reencontrar seu passado romântico, e ao chegar estabelece uma conexão com Lucas (Victor Belmondo, neto do icônico Jean-Paul Belmondo), filho de seu primeiro amor perdido. A narrativa se alterna entre o presente e flashbacks do jovem Stéphane, um estudante desajeitado do último ano do ensino médio, interpretado por Jérémy Gillet, e sua relação com Thomas Andrieu (Julien De Saint Jean), um aluno popular. A história explora a intensidade do primeiro amor e as repercussões de um romance secreto e envergonhado. Apresentado com duas narrativas paralelas – a do Stéphane adulto, celebridade local em Cognac, e a de seu eu jovem em 1984 – , o filme investiga as ramificações da fascinação do protagonista por outro jovem, às vezes beirando o sentimentalismo. A obra guarda semelhanças com “Verão de 85” de François Ozon, ambas adaptações de romances que lidam com o romance gay masculino às vésperas da crise da AIDS, e ambas apaixonadas por um amante que anda de moto. A dor de um tempo desperdiçado e de um amor perdido é um tema familiar no cinema queer, mas o filme de Olivier Peyon (“O Filho Uruguaio”) também oferece uma reflexão comovente sobre o amor adolescente.
Bilheteria | “Aquaman 2” lidera no Brasil com um terço da arrecadação do primeiro filme
“Aquaman 2: O Reino Perdido” liderou a bilheteria em sua estreia nos cinemas brasileiros, durante o fim de semana do Natal. Entretanto, assim como aconteceu nos EUA, a arrecadação ficou muito abaixo do esperado. O último filme da antiga DC Films arrecadou R$ 11,6 milhões e foi assistido por 527 mil pessoas em cinco dias, entre quinta-feira e segunda (25/12), segundo dados inéditos da Comscore. O primeiro “Aquaman”, lançado em 2018, estreou com público de aproximadamente 1,7 milhão de espectadores em quatro dias. Ou seja, mais que o triplo de espectadores e com um dia a menos nos cinemas. A arrecadação da época foi de R$ 31 milhões. O 2º lugar da semana ficou com “Renaissance: Um Filme de Beyoncé”, após a visita surpresa da cantora americana à Bahia. Documentário sobre a recente turnê de Beyoncé por países da Europa e estados dos EUA, foi visto por 131 mil pessoas e faturou R$ 4,78 milhões. “Wonka” fecha o pódio. Em sua terceira semana de exibição, faturou R$ 3,49 milhões e foi a opção de 165 mil espectadores. Uma surpresa brasileira Vale apontar que a comédia brasileira “Minha Irmã e Eu” apareceu em sétimo do ranking, com receita de R$ 245 mil, antes da estreia oficial, marcada para esta quinta (28/12). As sessões de pré-estreia do filme estrelado por Tatá Werneck e Ingrid Guimarães lotaram, inclusive de celebridades. As bilheterias somaram R$ 22,7 milhões no fim de semana, enquanto o público total atingiu 952 mil pessoas.
Estreia de “Aquaman 2” é uma das piores bilheterias da DC
“Aquaman 2: O Reino Perdido” estreou no topo das bilheterias dos Estados Unidos e Canadá no fim de semana, mas seu desempenho foi um dos piores já registrados para um filme de super-herói da DC. Entre sexta-feira (22/12) e este domingo (24/12), a produção da Warner Bros. arrecadou modestos US$ 28,1 milhões. Segundo a consultoria Comscore, o filme pode terminar o feriado de Natal, na segunda (25/12, com US$ 40 milhões na América do Norte. Vale lembrar que ele teve orçamento superior a US$ 200 milhões, sem contar as despesas de divulgação e publicidade. Em termos de comparação, o primeiro “Aquaman” estreou com US$ 67 milhões em 2018 e saiu de cartaz com uma bilheteria de US$ 1,1 bilhão em todo o mundo. Além da baixa bilheteria, a sequência enfrenta críticas muito negativas, resultando em apenas 36% de aprovação na média das resenhas avaliadas pelo portal Rotten Tomatoes. O problema não é só de “Aquaman 2”. Todos os lançamentos da DC fracassaram em 2023. Desde que James Gunn e Peter Safran anunciaram o fim do universo concebido por Zack Snyder e um novo começo a partir de 2025, as estreias do estúdio ficaram abaixo das expectativas: “The Flash” fez US$ 55 milhões; “Shazam! Fúria dos Deuses”, US$ 30 milhões; e “Besouro Azul”, US$ 25 milhões. Neste contexto, “Aquaman 2” representa realmente o fim de uma era. Menos promovido que outros lançamentos de super-heróis e com baixa expectativa de sucesso, nem parece a continuação de um blockbuster. Além disso, seu fracasso também alimenta a teoria da fadiga dos super-heróis, mostrando que até os fanboys mais fervorosos estão cansados do gênero. Os filmes do Top 5 A Warner arriscou alto com o lançamento no Natal, que acabou prejudicando outro filme do estúdio. Líder da semana passada, “Wonka” caiu para o 2º lugar com US$ 17,7 milhões na América do Norte. Em 10 dias em cartaz, o prólogo de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” arrecadou US$ 83,5 milhões no mercado interno e cerca de US$ 255 milhões em todo o mundo até o momento. O resto do Top 5 foi marcado por estreias. Em 3º lugar ficou “Patos!”, nova animação da Illumination/Universal, que fez US$ 12,3 milhões em 3.708 cinemas norte-americanos no fim de semana. É um começo modesto para uma animação original, mas o filme, que acompanha a migração de uma família de patos, gerou críticas positivas (69% no Rotten Tomatoes) e obteve nota “A” no CinemaScore, a avaliação do público na saída do cinema, o que é um bom presságio para sua permanência em cartaz durante as férias. A estreia no Brasil vai acontecer na próxima semana, no dia 4 de janeiro. A comédia romântica “Todos Menos Você” abriu em 4º lugar, com uma estimativa de US$ 6,2 milhões em 3.055 cinemas. A produção estrelada por Sydney Sweeney (“Euphoria”) e Glen Powell (“Top Gun: Maverick”) foi considerada medíocre pela crítica (47% no Rotten Tomatoes) e ganhou um B+ no CinemaScore. A exibição no Brasil está marcada para 25 de janeiro. O drama de lutas “Garra de Ferro”, estrelado por Zac Efron (“Baywatch”), decepcionou em 6º lugar com US$ 5 milhões, atrás da produção indiana “Salaar”, thriller de ação que ficou em 5º com US$ 5,4 milhões. “Garra de Ferro” estreia só em 15 de fevereiro no Brasil, enquanto “Salaar” não tem previsão de lançamento. Trailers Confira abaixo os trailers dos 5 filmes mais vistos nos EUA e Canadá no fim de semana. 1 | AQUAMAN 2: O REINO PERDIDO 2 | WONKA 3 | PATOS! 4 | TODOS MENOS VOCÊ 5 | SALAAR
Estreias | Percy Jackson, Rebel Moon, Maestro, Resistência e as novidades do streaming
Os 10 destaques da semana em streaming reúnem uma oferta reduzida de séries. São apenas três indicações, incluindo o esperado lançamento de “Percy Jackson e os Olimpianos” e a volta de “What If…?”. Com sete títulos, a seleção de cinema oferece mais variedade, com superproduções sci-fi, a maior bilheteria nacional do ano, o documentário recordista de Taylor Swift e filmes que devem aparecer no Oscar 2024. Confira a seleção de novidades: SÉRIES PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS | DISNEY+ A franquia literária de Rick Riordan vira série após dois filmes decepcionantes na década passada. Mas desta vez acerta em cheio, ao contar com a supervisão do escritor, responsável por tornar a produção bastante fiel à sua obra. A trama gira em torno do personagem-título, um garoto de 12 anos que descobre ser um semideus, filho de um deus grego e de uma mãe humana. Percy Jackson é vivido por Walker Scobbell, revelação do filme “O Projeto Adam” (2022). Ambientada em Nova York, a série inicia com o protagonista enfrentando desafios típicos da adolescência – bullying, dislexia e TDAH – até perceber que consegue ver criaturas estranhas que outros não veem. A narrativa se desenrola rapidamente após um incidente na escola, quando Percy é atacado por sua professora que se transforma em uma Fúria. Ele é resgatado por um caneta mágica dada por outro professor, Sr. Brunner (Glynn Turman), que também não é quem parece ser, e acaba descobrindo que seu amigo Grover (Aryan Simhadri) é um sátiro encarregado de protegê-lo. Levado ao Acampamento Meio-Sangue, ele conhece outros filhos de deuses, incluindo Jason Mantzoukas como Dionísio, diretor do acampamento, e Annabeth (Leah Sava Jeffries), filha de Atena, que se torna uma importante aliada. A trama é impulsionada pela busca do raio de Zeus, levando Percy e seus amigos em uma jornada épica, repleta de desafios mitológicos e criaturas perigosas. Sob a direção de James Bobin (“Alice Através do Espelho”), a narrativa se destaca por oferecer uma visão realista das crianças, equilibrando a aventura com as inseguranças típicas da idade. A produção está a cargo de Jon Steinberg (“The Old Man”) e Riordan, e o elenco também conta com Megan Mullally (“Will & Grace”), Glynn Turman (“A Voz Suprema do Blues”), Jason Mantzoukas (“The Good Place”), Virginia Kull (“NOS4A2”), Timm Sharp (“Juntos Mas Separados”), Lin-Manuel Miranda (“Em um Bairro de Nova York”), Toby Stephens (“Perdidos no Espaço”) e o falecido Lance Reddick (“John Wick”). A CRIATURA DE GYEONGSEONG | NETFLIX mbientada na primavera de 1945, na cidade de Gyeongseong, a nova série sobrenatural reúne dois dos maiores astros da Coreia do Sul, Park Seo-joon (em cartaz em “As Marvels”) e Han So-hee (“My Name”), que se unem pela primeira vez num mesmo projeto. Ele interpreta o homem mais rico de Gyeongseong e proprietário de uma casa de penhores, enquanto ela vive uma detetive famosa por sua capacidade de rastrear qualquer pessoa, até mesmo os mortos. Ambos se cruzam na investigação de casos de desaparecidos, que leva ao hospital onde estranhas experiências são criadas em laboratório. Mas uma vez no interior da instituição, os dois precisão lutar para sobreviver ao se depararem com uma criatura “nascida da ganância humana”. Escrita por Kang Eun-kyung (“Dr. Romântico”) e dirigida por Jeong Dong-yun (“Tudo Bem Não Ser Normal”), a atração combina ação, melodrama e terror, e também traz em seu elenco Wi Ha-joon (“Round 6”), Claudia Kim (“A Torre Negra”), Kim Hae-sook (“A Criada”), Jo Han-chul (“Alerta Vermelho”) e Ji Woo (“Estranhos Íntimos”). Dividida em duas partes, a série conclui com uma segunda leva de episódios em 5 de janeiro. WHAT IF…? | DISNEY+ A série animada em que o Vigia (voz de Jeffrey Wright) explora o multiverso retorna com novas versões alternativas dos heróis dos quadrinhos em sua 2ª temporada. As histórias exploram o que aconteceria se… Nebulosa se juntasse à Tropa Nova, Peter Quill atacasse os heróis mais poderosos da Terra, Hela encontrasse os Dez Anéis, os Vingadores se reunissem em 1602 e outras possibilidades, com direito até a uma trama natalina, focada em Happy Hogan. Um dos atrativos da produção criada por AC Bradley é o envolvimento dos atores do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). Alguns dos principais personagens são dublados por seus intérpretes dos filmes live-action, como Karen Gillan (Nebulosa) Hayley Atwell (Peggy Carter), Cate Blanchett (Hela), Elizabeth Olsen (Wanda Maximoff), Kat Dennings (Darcy Lewis) e Jon Favreau (Happy Hogan). Mas alguns protagonistas tiveram suas vozes substituídas, como Viúva Negra (Lake Bell), Capitão América (Josh Keaton) e, claro, Pantera Negra (que não teve seu intérprete revelado até o momento). São ao todo 9 capítulos, disponibilizados diariamente até o dia 30 de dezembro. E em breve chegam mais, porque “What If…?” já se encontra renovada para seu terceiro ano de produção e ainda ganhará a companhia de uma série derivada, “Marvel Zombies” – ainda sem previsão de lançamento. FILMES SALTBURN | PRIME VIDEO Escrito e dirigido pela vencedora do Oscar Emerald Fennell (“Bela Vingança”), o thriller aristo-gótico mergulha nas complexidades e prazeres ocultos das classes altas da Inglaterra. Situado entre os ambientes elitistas da Universidade de Oxford e a propriedade que dá nome ao filme, a narrativa segue Oliver Quick (interpretado por Barry Keoghan, de “Eternos”), um estudante bolsista de Oxford, que se encontra em um mundo de privilégios e riqueza após ser convidado a passar o verão na mansão de campo Saltburn, propriedade da família de um colega de aula carismático e rico, Felix Catton (Jacob Elordi). Este cenário pitoresco se torna o palco para uma série de eventos que desencadeiam obsessão, ressentimento e vingança. A história de “Saltburn” é uma viagem através da consciência de classe, envolvendo o espectador em uma sátira vívida de “Brideshead Revisited”, com referências à cultura pop dos anos 2000. Oliver entra neste mundo de riqueza e influência, fascinado e ao mesmo tempo deslocado. Ele rapidamente se torna o favorito de Felix, o que gera tensão e inveja entre os outros membros da elite. A estadia em Saltburn revela segredos e verdades ocultas sobre a família Catton, enquanto ele luta para manter sua identidade e moralidade em meio a um ambiente de indulgência e extravagância. Barry Keoghan oferece uma atuação marcante, com um desempenho que equilibra inocência e astúcia. Seu relacionamento com Felix é o coração da trama, explorando temas de obsessão, desejo e manipulação. A cinematografia de Linus Sandgren e a direção de arte de Suzie Davies criam um visual deslumbrante que complementa a narrativa, enquanto performances de destaque de Rosamund Pike (“A Roda do Tempo”), Richard E. Grant (“Loki”) e outros adicionam profundidade e humor ao filme. “Saltburn” se estabelece como uma análise astuta e estilizada das dinâmicas de poder e divisões sociais, marcando mais um sucesso na carreira de Fennell. MAESTRO | NETFLIX Bradley Cooper volta ao mundo da música após o sucesso de “Nasce uma Estrela”, em seu segundo filme como diretor. Desta vez, porém, a trama é biográfica, debruçando-se sobre a figura complexa de Leonard Bernstein, um renomado compositor e maestro americano – mais conhecido pelos brasileiros como o autor da trilha do musical “Amor, Sublime Amor”. Também intérprete do protagonista (com um notável nariz postiço), Cooper opta por uma abordagem não linear, contando a história de Bernstein através de uma série de vinhetas que cobrem diferentes períodos de sua vida. Outro aspecto distintivo da estrutura narrativa é o uso criativo da cor. As cenas iniciais são apresentadas em preto e branco, evocando a estética de fotografias antigas e filmes clássicos, o que confere às imagens um ar nostálgico e histórico. À medida que a história avança, o filme introduz cores, sinalizando mudanças temporais e emocionais na vida de Bernstein. Essa transição é usada de maneira eficaz para destacar a evolução dos personagens e dos tempos. O drama começa com Bernstein em seus anos finais, refletindo sobre sua vida e carreira, o que permite que o filme mergulhe em flashbacks de momentos cruciais de sua trajetória. Essas cenas, que vão desde sua estreia surpreendente na Filarmônica de Nova York até os problemas de seu casamento com Felicia Montealegre, facilitam a exploração tanto dos triunfos quanto dos desafios enfrentados pelo maestro e compositor. Boa parte do enredo se concentra na relação de Bernstein com sua esposa (interpretada por Carey Mulligan, de “Bela Vingança”), que abrange várias décadas, revelando as nuances de um relacionamento marcado pela admiração mútua, mas também por obstáculos decorrentes da sexualidade do compositor e de sua natureza artística expansiva. Mulligan entrega uma performance notável, capturando a evolução da personagem ao longo dos anos. Além disso, o filme utiliza a música para ilustrar os momentos pessoais intensos do protagonista, integrando performances musicais ao enredo de forma orgânica para celebrar a genialidade musical de Bernstein. ACAMPAMENTO DE TEATRO | STAR+ A comédia maluca sobre teatro infantil se passa num acampamento de verão onde monitores criativos, apaixonados e um pouco desequilibrados se juntam durante as férias escolares para ensinar teatro a uma nova turma de crianças. Porém, quando a fundadora do acampamento entra em coma, seu filho desinformado e pretensioso decide entrar em ação para salvar o local da falência, mesmo sem saber nada sobre teatro. Trabalhando em conjunto com os monitores do acampamento e professores excêntricos, ele lança uma missão desafiadora: criar uma peça de teatro genial em apenas três semanas com crianças completamente inexperientes. O filme é baseado num curta de 2020 da atriz Molly Gordon (“O Urso”) e do diretor de clipes Nick Lieberman, casal que faz sua estreia como cineastas na versão ampliada da trama. Além de escrever e dirigir com o namorado, Molly Gordon também estrela “Theater Camp” junto com Jimmy Tatro (“Economia Doméstica”), Ben Platt (“Querido Evan Hansen”), Ayo Edebiri (“O Urso”), Noah Galvin (“The Good Doctor”) e Amy Sedaris (“Ghosted: Sem Resposta”). O elenco e os diretores venceram um prêmio especial (Melhor Conjunto) no Festival de Sundance, durante sua première em janeiro passado, ocasião em que o filme foi coberto de elogios pela crítica e atingiu 86% de aprovação no agregador Rotten Tomatoes. RESISTÊNCIA | STAR+ A nova sci-fi de Gareth Edwards, diretor de “Godzilla” (2014) e “Rogue One: Uma História Star Wars” (2016), é um thriller de ação passado num futuro distópico, marcado pela guerra entre a humanidade e a inteligência artificial (IA). Com efeitos visuais de ponta, o longa se passa após um atentado que fez os EUA banirem todas as IA e acompanha o agente militar Joshua, interpretado por John David Washington (“Tenet”), em uma missão de invasão na Nova Ásia, região onde as IAs ainda são legais, para caçar e matar o Criador, arquiteto elusivo de uma IA avançada com o poder de encerrar as guerras e a própria humanidade. Só que a arma que ele recebeu instruções para eliminar é, na verdade, uma IA com forma de criança. Diante da descoberta – e de alguma reflexão – , ele surpreende ao mudar de lado, enfrentando desafios arriscados para proteger a jovem androide daqueles que querem destruí-la. A obra foi muito elogiada por sua abordagem ambiciosa num gênero frequentemente dominado por sequências e remakes. A narrativa não explora apenas a guerra entre humanos e IA, mas também mergulha em questões éticas e filosóficas, o que rendeu comparações a obras icônicas de ficção científica. De fato, a trama lembra vários outros filmes, evocando desde produções sobre a Guerra do Vietnã (como “Apocalypse Now”) até sci-fis sobre IAs (“IA”) e androides (“Blade Runner”). O roteiro original foi escrito por Edwards e Chris Weitz (também de “Rogue One”) e o elenco ainda conta com Gemma Chan (“Eternos”), Ken Watanabe (“A Origem”), Sturgill Simpson (“Dog: A Aventura de Uma Vida”), Allison Janney (vencedora do Oscar por “Eu, Tonya”) e a atriz mirim estreante Madeleine Yuna Voyles. REBEL MOON – PARTE 1: A MENINA DE FOGO | NETFLIX Zack Snyder, um diretor cujo trabalho frequentemente divide opiniões, conseguiu unanimidade com seu novo longa. A crítica internacional odiou de forma unificada – a aprovação é de apenas 25% no Rotten...
Estreias | Aquaman, Beyoncé e os Três Mosqueteiros chegam aos cinemas
O lançamento de “Aquaman 2: O Reino Perdido” ocupa a maioria dos cinemas nesta semana, numa última tentativa de fazer os títulos da DC renderem nas bilheterias, antes do reboot completo previsto para 2025. O documentário da turnê de Beyoncé e a nova aventura dos Três Mosqueteiros completam a programação comercial, com exibição em cerca de 200 cinemas. Confira abaixo os detalhes destes filmes e das estreias em circuito limitado. AQUAMAN 2: O REINO PERDIDO A sequência de “Aquaman” (2018), maior sucesso da DC no cinema, representa um momento decisivo no cinema de super-heróis, marcando o fim do DCEU, o universo DC criado em torno da visão de Zack Snyder. Com Jason Momoa reprisando seu papel como Aquaman, a produção se afasta do que funcionou no primeiro filme para evocar produções clássicos de “animigos”, numa mistura de ação e humor. No centro da narrativa está a aliança entre Aquaman e seu meio-irmão Orm, interpretado por Patrick Wilson, inimigos declarados no primeiro filme, que se unem contra um terceiro inimigo comum: o Manta Negra, vivido por Yahya Abdul-Mateen II. Manta busca vingança, armado com um tridente místico e uma substância tóxica ameaçadora. Para impedi-lo, os irmãos embarcam numa jornada que desafia suas habilidades e convicções, enquanto tentam proteger não só Atlantis, mas também o mundo da superfície. O enredo também aborda aspectos familiares de Aquaman, incluindo seu papel como pai. O elenco é complementado por Temuera Morrison, Dolph Lundgren, Nicole Kidman, Amber Heard e Randall Park, mantendo uma continuidade com o filme anterior. Dirigido novamente por James Wan, o filme economizou no acabamento dos efeitos visuais, ao estrear em um momento de transição para a DC, com James Gunn e Peter Safran direcionando a franquia para um novo começo. Não por acaso, foca em uma narrativa própria, evitando referências diretas às tramas anteriores do universo DC – participações de dois Batman diferentes foram filmadas e abandonadas. Mesmo assim, não consegue evitar os sinais de esgotamento da fórmula tradicional. Lançado em um contexto de saturação do gênero de super-heróis, representa realmente o fim de uma era. Menos promovido que outros lançamentos de super-heróis e com baixa expectativa de sucesso, nem parece a continuação de um blockbuster de US$ 1,1 bilhão. OS TRÊS MOSQUETEIROS: MILADY Sequência do sucesso “Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan”, lançado há oito meses nos cinemas, a nova adaptação do diretor francês Martin Bourboulon transforma os personagens clássicos de Alexandre Dumas numa das franquias de ação mais empolgantes de 2023. A trama continua a ação diretamente do final dramático do primeiro filme, aprofundando-se nas aventuras dos famosos heróis de capa e espada, e de seus complexos antagonistas. Vilã da história, Eva Green (“O Lar das Crianças Peculiares”) brilha no papel de Milady, uma nobre astuta cuja habilidade para seduzir, lutar e conspirar a coloca no centro da trama. Enquanto D’Artagnan (François Civil) se enreda no charme de Milady, que causa caos e testa lealdades, os mosqueteiros Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Romain Duris) são enviados para combater os protestantes em La Rochelle, sob ordens do Rei Luís XIII (Louis Garrel). A trama se desenrola em um cenário de guerra e estratégia, onde as alianças são tão voláteis quanto as espadas são afiadas. Com uma cinematografia que capta de forma magistral as paisagens rurais e os cenários de batalha da França do século 17, o filme consegue mesclar com habilidade os elementos de ação, drama e comédia, equilibrando lutas de espada com momentos de humor. O resultado é uma celebração do gênero de aventura como há muito não se via, proporcionando uma experiência cinematográfica à moda antiga, só que com o ritmo alucinante das produções mais modernas. RENAISSANCE – UM FILME DE BEYONCÉ Exploração cinematográfica do mais recente tour de Beyoncé Knowles-Carter, que não passou pelo Brasil, o documentário combina performances ao vivo com momentos intimistas dos bastidores. A turnê mundial, realizada de maio a outubro, destacou-se por transformar grandes estádios em espetáculos deslumbrantes de música e dança. A produção é focada no álbum “Renaissance” de 2022, um tributo à cultura das discotecas e sua capacidade de levar, especialmente as comunidades marginalizadas, a um estado de libertação. O filme, dirigido pela própria Beyoncé, oferece uma visão detalhada sobre a execução desse projeto visionário, prestando homenagem ao legado da cultura underground dançante. Na tela, Beyoncé exibe um leque de facetas artísticas, transitando entre deusa radiante e ícone queer, enquanto se mantém fiel à sua autenticidade. O documentário inclui o registro de seu 42º aniversário, com Diana Ross liderando uma serenata no palco, e explora a jornada de artista em busca da excelência absoluta, mostrando sua dedicação minuciosa aos detalhes. O filme vai além de um mero registro de concertos, apresentando ensaios com dançarinos, momentos familiares com Jay-Z e seus filhos, e visitas ao bairro de infância da cantora em Houston. A produção ainda ressalta a importância de cada membro da equipe, desde motoristas a estilistas, e revela detalhes sobre o palco e as inovações tecnológicas utilizadas na turnê. O conceito proporciona uma experiência imersiva, equilibrando íntimos momentos familiares com a grandiosidade dos shows de Beyoncé. Apresentando uma mistura de entrevistas, cenas de bastidores e performances, a obra revela a complexidade e o impacto humano por trás de uma das turnês mais notáveis da música pop atual. A MENINA SILENCIOSA Primeiro filme irlandês indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, a produção é um drama de amadurecimento falado em gaélico irlandês, que capta a complexidade da infância e a luta por amor e aceitação. Passado na Irlanda rural dos anos 1980, o filme gira em torno de Cáit, uma menina de nove anos interpretada por Catherine Clinch. Vivendo em uma casa lotada onde é negligenciada pelos pais e irmãos, Cáit é enviada para morar com os parentes distantes de sua mãe, Eibhlín e Seán, em uma fazenda ainda mais isolada. Esta mudança de ambiente permite que a criança, antes retraída e esquecida, comece a florescer sob os cuidados atenciosos de Eibhlín, vivida por Carrie Crowley, e a aceitação gradual de Seán, interpretado por Andrew Bennett. Como indica o título, o primeiro longa de ficção do documentarista Colm Bairéad destaca-se por sua narrativa contida e sutil, onde as emoções são expressas mais por gestos e olhares do que por diálogos. Bairéad, que também é responsável pelo roteiro – adaptado da novela “Foster”, de Claire Keegan – , explora com habilidade a relação entre o silêncio e a comunicação, levando o espectador a compreender profundamente os personagens sem a necessidade de palavras explícitas. Além disso, a performance de Clinch, em seu primeiro papel no cinema, é notavelmente expressiva, transmitindo a jornada interior de Cáit com uma maturidade além de sua idade. A cinematografia, que captura a beleza do campo irlandês, complementa o retrato tocante da busca da protagonista por um lugar onde possa pertencer e ser amada, além de ilustrar como esse lugar pode afetar vidas. PROPRIEDADE Suspense em um contexto de tensão social, o filme brasileiro acompanha Teresa (interpretada por Malu Galli, de “Desalma”), cuja vida se transforma após um assalto traumático. Buscando tranquilidade, seu marido a leva para a fazenda da família em um carro blindado. Lá, eles enfrentam uma revolta dos trabalhadores, que reagem à perda iminente de seus empregos. A situação se agrava quando Teresa fica isolada dentro do veículo blindado, enquanto os trabalhadores se revoltam contra a decisão de transformar a fazenda em um resort. O início do filme, marcado por uma cena violenta gravada em vídeo de celular, estabelece o tom e aprofunda o trauma de Teresa. Este evento define seu caráter e suas ações subsequentes. O diretor Daniel Bandeira (“Amigos de Risco”) explora a dinâmica entre Teresa e os trabalhadores da fazenda, destacando a crescente desesperança e a espiral de violência. Os trabalhadores, embora retratados em sua maioria como um grupo enfurecido, também têm seus momentos de dor e aspirações por um futuro melhor. A produção é eficaz como um thriller de sobrevivência, criando cenas de tensão e desconforto, especialmente em torno do carro blindado, que se torna tanto um refúgio quanto uma prisão para Teresa. Entretanto, ao tentar equilibrar a narrativa com drama de classe, acaba oscilando entre os dois lados do conflito sem desenvolver completamente a complexidade moral proposta. Mesmo assim, é boa a intenção de Bandeira ao criar um filme de gênero que desafia o espectador a contemplar as nuances da luta de classes e suas implicações em uma sociedade fragmentada.
Bilheteria | “Wonka” é filme mais visto nos EUA
A estreia de “Wonka”, prólogo do clássico “A Fantástica Fábrica de Chocolate” estrelado por Timothée Chalamet, superou expectativas com arrecadação de US$ 39 milhões nos Estados Unidos e Canadá. Mas o desempenho foi ainda mais promissor no cenário internacional, com US$ 53,6 milhões em 77 mercados, ultrapassando clássicos familiares como “Paddington” (2014) e musicais como “O Rei do Show” (2017) e “O Retorno de Mary Poppins” (2018). Com um lançamento antecipado na semana passada em alguns países (inclusive no Brasil), o total mundial do filme já está em US$ 151,4 milhões. Este início é encorajador para um musical, um gênero que tem enfrentado dificuldades nos últimos tempos. Produzido pela Warner Bros. e com direção de Paul King, conhecido por “Paddington”, “Wonka” é a história de origem do confeiteiro mágico Willy Wonka, anteriormente interpretado por Gene Wilder e Johnny Depp em “A Fantástica Fábrica de Chocolate” de 1971 e em seu remake de 2005. O público adorou, atribuindo a “Wonka” uma nota A- no CinemaScore, pesquisa feita com a plateia na saída dos cinemas, enquanto a nota da crítica ficou em 84% no site Rotten Tomatoes. Feliz com o desempenho de “Wonka”, a Warner vai, ironicamente, colocar o sucesso do filme em risco no próximo fim de semana, com o lançamento do filme de super-herói da DC “Aquaman 2: O Reino Perdido” para disputar a venda de ingressos. O resto do Top 5 O 2º lugar nas bilheterias do fim de semana na América do Norte foi ocupado por “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, que arrecadou US$ 5,8 milhões em sua quinta semana de exibição. Com essa performance, o filme elevou seu total doméstico para US$ 145,2 milhões e, globalmente, superou os US$ 300 milhões. Isto significa que o longa orçado em US$ 100 milhões recuperou o investimento de produção e começou a zerar as despesas de cópias e publicidade (P&A). A produtora Lionsgate já deve estar pensando em como materializar uma continuação. Em 3º lugar ficou o anime japonês “O Menino e a Garça” (The Boy and the Heron), que arrecadou mais US$ 5,2 milhões para chegar num total doméstico de US$ 23,1 milhões e US$ 109,8 milhões mundiais. Outro filme japonês, “Godzilla Minus One”, ficou em 4º lugar com uma receita adicional de US$ 4,5 milhões para um total doméstico de US$ 34,2 milhões e US$ 64 milhões mundiais. A animação “Trolls 3: Juntos Novamente” completa o Top 5, com US$ 4 milhões. O desenho da DreamWorks Animation faturou US$ 88,6 milhões na América do Norte e US$ 183,1 milhões em todo o mundo o mundo. Trailers Confira abaixo os trailers dos 5 filmes mais vistos nos EUA e Canadá no fim de semana. 1 | WONKA 2 | JOGOS VORAZES: A CANTIGA DOS PÁSSAROS E DAS SERPENTES 3 | O MENINO E A GRAÇA 4 | GODZILLA MINUS ONE 5 | TROLLS 3: JUNTOS NOVAMENTE
Estreias | Cinemas recebem novos filmes de Godzilla e Larissa Manoela
Com uma programação bastante variada, os cinemas recebem em circuito amplo “Godzilla Minus One”, considerado o melhor filme de monstro gigante do século, “Tá Escrito”, a nova comédia estrelada por Larissa Manoela, e o terror “A Maldição do Queen Mary”. As estreias ainda incluem produções de arte, títulos natalinos, uma animação russa e até outro terror em circuito alternativo. O destaque entre os lançamentos com distribuição limitada é “A Sociedade da Neve”, drama sobre uma famosa tragédia aérea que vitimou um time uruguaio de rugbi nos Andes – e que chega em breve na Netflix. Confira a lista completa. GODZILLA MINUS ONE Celebrando o 70º aniversário do icônico kaiju japonês, o estúdio Toho retoma a abordagem sombria e introspectiva, resgatando o Godzilla assustador e poderoso dos primeiros lançamentos. A produção japonesa se destaca pelas sequências de ação bem coreografadas e efeitos visuais impressionantes, apesar de seu orçamento relativamente modesto. Além disso, sua trama também revive os elementos que inspiraram o surgimento da franquia, como a obliteração de Hiroshima e Nagazaki por bombas atômicas no fim da 2ª Guerra Mundial. O caos criado por Godzilla era originalmente uma metáfora para a devastação da guerra e as armas nucleares. Não por acaso, a trama é ambientada em 1946 e segue Koichi Shikishima (interpretado por Ryunosuke Kamiki), um piloto kamikaze desonrado. Após falhar em sua missão suicida, Koichi enfrenta o monstro icônico, que ameaça destruir Ginza e Tóquio. O filme explora a culpa do sobrevivente e sua busca por redenção, enquanto tenta reunir um grupo para combater o monstro gigante. A ação combina cenas emocionantes de ação com melodrama patriótico, capturando com eficácia o sofrimento e a resiliência dos personagens em meio à devastação pós-guerra. A história é intensificada por essa carga emocional, tornando cada confronto com o kaiju não apenas um espetáculo visual, mas também um momento de catarse coletiva. Com isso, a obra não se limita a ser um simples filme de monstro, mas se torna uma exploração da psique japonesa no pós-guerra, uma celebração da resistência humana e da capacidade de superar adversidades inimagináveis. O cineasta Takashi Yamazaki é considerado um gênio dos efeitos visuais, tendo trabalho no game “Onimusha 3” (2003), na adaptação live-action do anime cult “Patrulha Estelar” (2010) e no filme anterior do monstro, “Shin Godzilla” (2016). Como diretor, ele é mais conhecido por assinar animações, como “Friends: Aventura na Ilha dos Monstros” (2011), “Lupin III: O Primeiro” (2019) e os dois “Stand by Me Doraemon” (2014 e 2020) TÁ ESCRITO O novo filme de Larissa Manoela faz uma mescla de comédia romântica e fantasia. A atriz dá vida à Alice, uma jovem leonina que, ao contrário de seu signo, se sente insegura e detesta ser o centro das atenções. Ela se frustra por viver com a mãe (Karine Teles), uma virginiana obcecada por organização, e com o irmão espertinho (Kevin Vechiatto). Seu maior sonho é conquistar o primeiro emprego e ir morar com o namorado (André Luiz Frambach, noivo de Larissa na vida real), porém a relação vai por água abaixo devido aos planos profissionais do garoto. A jovem vai culpar todos os astros por conta dos desafios, até que, contra todas as probabilidades, recebe uma oportunidade para abordar astrologia em um podcast. As mudanças continuam quando ela recebe um livro em branco com instruções mágicas, que tem o poder de tornar realidade qualquer previsão astrológica escrita em suas páginas. A narrativa segue Alice enquanto ela tenta usar o livro para beneficiar a si mesma e aos outros, afetando assim a vida das pessoas de acordo com seus signos do zodíaco e causando uma série de eventos imprevistos. Apesar de contar com performances carismáticas, especialmente de Larissa Manoela, “Tá Escrito” acaba reduzido a uma abordagem simplista e cheia de clichês. Concebido como uma tentativa de transmitir uma mensagem sobre a individualidade para além dos signos astrológicos, o enredo na verdade acaba reforçando estereótipos. A direção é de Matheus Souza (“A Última Festa”) e o roteiro foi concebido por Thuany Parente (“Apocalipse”) e Mariana Zatz (“Turma da Mônica: Lições”). A SOCIEDADE DA NEVE O drama de sobrevivência do cineasta espanhol J.A. Bayona é uma recriação dramática do desastre aéreo envolvendo o voo 571 da Força Aérea Uruguaia em 1972. Este evento, que se tornou conhecido como “Milagre dos Andes” e “Sobreviventes dos Andes”, envolveu a queda de um avião na cordilheira chilena, transportando uma equipe uruguaia de rúgbi, com seus amigos e familiares. Baseada no livro de 2009 do jornalista uruguaio Pablo Vierci, a produção oferece uma narrativa autêntica, destacando a resiliência humana e a realidade angustiante do canibalismo enfrentado pelos sobreviventes. O elenco, composto por atores latino-americanos relativamente desconhecidos, adiciona realismo à história, capturando as dificuldades da situação extrema vivida pelos personagens. A produção contou com filmagens em locações reais, nas próprias montanhas dos Andes e na Serra Nevada, na Espanha. A história é principalmente narrada por Numa Turcatti (Enzo Vogrincic), um estudante de direito, que originalmente optou por não participar da viagem. A narrativa alterna entre os eventos anteriores ao acidente, destacando o espírito jovial da equipe de rúgbi de Old Christians, e os momentos após a queda, com cenas intensas do acidente e dos esforços para sobrevivência em condições extremas. A representação do acidente é marcada por realismo e tensão, seguida pela luta contínua pela sobrevivência dos personagens, culminando em uma dramática caminhada de 10 dias para a segurança realizada por Nando Parrado (Agustín Pardella) e Roberto Canessa (Matías Recalt). Repleto de momentos emocionantes, o longa também destaca a cinematografia de Pedro Luque e a trilha sonora de Michael Giacchino, que contribuem para a atmosfera de tensão e desespero. Os 96% de aprovação no Rotten Tomatoes confirmam que se trata da melhor versão cinematográfica da tragédia, que já foi filmada anteriormente numa produção mexicana dos anos 1970 e no drama hollywoodiano “Vivos”, de 1993. Além disso, os fatos reais servem de clara inspiração para a série “Yellowjackets”, atual sucesso da Paramount+. QUEM FIZER GANHA A comédia sobre futebol de Taika Waititi (“Thor: Amor e Trovão”) é baseada em eventos reais recentes, mas parece ter sido concebida como cópia de produções antigas da Disney. A trama se concentra na impressionante jornada de recuperação da equipe nacional de futebol de Samoa Americana após sofrer a pior derrota da história de uma eliminatória da Copa do Mundo, perdendo por 31 a 0 para a Austrália em 2001. Para se reerguer, a equipe recruta Thomas Rongen, um experiente técnico holandês-americano, interpretado por Michael Fassbender (“X-Men: Fênix Negra”), na esperança de se qualificar para a próxima Copa do Mundo. A trama se desenrola em duas linhas do tempo, uma no passado, durante os eventos da derrota histórica, e outra no presente, onde Rongen tenta reabilitar a equipe e se redimir de seus próprios problemas pessoais. Além de Fassbender, o elenco inclui Elisabeth Moss (“The Handmaid’s Tale”) como Gail, ex-esposa de Rongen e membro do conselho da FIFA, e Oscar Kightley (“A Incrível Aventura de Rick Baker”) como Tavita, o chefe da federação de futebol de Samoa Americana, que serve como guia cultural para Thomas. O filme também apresenta a revelação Kaimana em um papel significativo como Jaiyah Saelua, uma jogadora trans e não binária que se torna um elemento central para a redenção de Rongen. A história mistura elementos de comédia com o formato clássico de filmes sobre equipes de azarões esportivos, como “Jamaica Abaixo de Zero” (1993) e “Nós Somos os Campeões” (1992), incluindo todas as convenções do gênero, da transformação do treinador ao longo dos jogos à superação de adversidades pela equipe. Com uma abordagem que oscila entre a seriedade e o humor, o longa falha em capturar o espírito inspirador do esporte e também em ser uma comédia divertida. A MALDIÇÃO DO QUEEN MARY O Queen Mary é um navio de travessia oceânica construído na década de 1930, que agora se encontra permanentemente ancorado em Long Beach, Califórnia, e tem a fama de ser a embarcação mais assombrada de todos os tempos. O filme se vale das lendas urbanas para contar uma história dividida em duas linhas do tempo distintas: uma em 1938, envolvendo um assassinato, e outra no presente, com uma família atraída pela história sobrenatural do navio. O filme intercala habilmente essas duas épocas, criando um enredo que, apesar de seu tempo de duração prolongado, oferece momentos dramáticos significativos. No passado, uma família de vigaristas, incluindo David Ratch (Wil Coban), sua esposa Gwen (Nell Hudson) e sua filha Jackie (Florrie Wilkinson), tenta se infiltrar na sala de jantar de primeira classe do navio. A situação leva a uma série de eventos trágicos, quando espíritos possuem o homem para cometer assassinatos brutais a bordo. No presente, a escritora Anne (Alice Eve), seu filho de oito anos Lukas (Lenny Rush) e seu namorado intermitente Patrick (Joel Fry) visitam o Queen Mary. Anne está lá para propor uma nova maneira de tornar o navio acessível ao público, usando justamente sua fama sobrenatural. Entretanto, o pequeno Lukas começa a explorar o navio e inadvertidamente se envolve com os aspectos sinistros do Queen Mary. Ele descobre que o navio não é apenas uma peça histórica, mas também abriga segredos obscuros e espíritos inquietos, fazendo a narrativa se entrelaçar com a história de 1938. O filme é dirigido por Gary Shore, que fez sucesso com outro terror: “Drácula: A História Nunca Contada” (2014). O MALVADO – HORROR NO NATAL A paródia de fábula infantil reinventa de maneira sinistra o clássico personagem Grinch, criação literária de Dr. Seuss, que já foi interpretado por Jim Carrey no cinema (“O Grinch”, 2000). O filme se passa na cidade de Newville, onde o Grinch (David Howard Thornton sob a maquiagem) aterroriza os moradores com sua aversão profunda ao Natal. Ao invés de simplesmente roubar presentes, ele comete atos de violência extrema contra quem celebra a festividade. O enredo central gira em torno de uma garota cujos pais foram assassinados pelo Grinch. Voltando para Newville após 20 anos, Cindy (Krystle Martin) busca vingança. O enredo explora sua jornada emocional de enfrentar o trauma e lidar com a perda, enquanto tenta por fim à ameaça do monstro assassino. Essa jornada também inclui personagens típicos de filmes de terror, incluindo um policial atrapalhado e um excêntrico morador local. Apesar de ser uma paródia, “O Malvado” adota um tom sério com toques de humor sombrio. Entretanto, suas cenas de violência e assassinatos, em vez de serem empolgantes ou criativas, mostram-se genéricas e pouco inspiradas, com uso excessivo de CGI, que deixa as mortes artificiais. Combinado com atuações amadoras, o resultado é um filme trash, que não consegue satisfazer nem como comédia nem como terror. A direção é de Steven LaMorte (“Bury Me Twice”). UMA CARTA PARA O PAPAI NOEL O filme de Natal mostra o Papai Noel americano (que vive na neve do Polo Norte) numa aventura no Brasil. Na história infantil, o bom velhinho, interpretado por José Rubens Chachá (“O Rei da TV”), se sente desanimado por só ser lembrado durante o Natal. Até ser inspirado por uma carta inquisitiva de um garoto chamado Jonas, que questiona por que algumas crianças, como as da “casa de acolhimento” onde ele vive, não recebem presentes. Decido a investigar o mistério, Noel e sua assistente Tata (Polly Marinho) viajam até o Rio Grande do Sul, em busca de descobrir o que acontece no local, ao mesmo tempo em que constroem uma conexão emocional com os jovens do orfanato. Dirigido por Gustavo Spolidoro (“Ainda Orangotangos”), o longa testou mais de 400 crianças para compor o grupo de protagonistas e coadjuvantes, em filmagens que ocorreram em locações de Porto Alegre e Viamão e ainda contaram com o uso do velho chroma-key para simular os efeitos visuais do mundo de Papai Noel. Vale destacar ainda a trilha sonora com a participação de Fernanda Takai e Arthur de Faria. A VIAGEM ENCANTADA A animação russa mistura elementos do famoso balé “O Quebra-Nozes” de Tchaikovsky e a ópera “A...
Bilheteria | “Wonka” estreia em 1º lugar no Brasil
A estreia de “Wonka”, prólogo de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, foi o filme mais visto no Brasil durante o fim de semana. O musical estrelado por Timothée Chalamet foi assistido por 482 mil pessoas entre quinta-feira e domingo (10/12) e arrecadou R$ 10,36 milhões segundo dados da consultoria Comscore. O pódio ainda contou com “Napoleão”, que faturou R$ 2,66 milhões e foi visto por 97 mil espectadores, seguido por “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes” com renda de R$ 2,51 milhões e público de 114 mil pessoas. As estreias do thriller nacional “O Sequestro do Voo 375” e o terror “Feriado Sangrento” completaram o Top 5, arrecadando R$ 1,7 milhão e R$ 1,6 milhão em seus primeiros quatro dias em cartaz. Vale apontar ainda que o filme brasileiro “Ó Paí Ó 2” conseguiu se manter no Top 10, em 8º lugar, em sua terceira semana de exibição. Ao todo, os cinemas brasileiros receberam 987 mil pessoas no fim de semana e faturaram R$ 21,7 milhões com a venda de ingressos, numa recuperação diante do desempenho da semana anterior, quando o mercado reportou o pior público do ano.
Bilheteria | Animação japonesa estreia em 1º lugar nos cinemas dos EUA
Com três animações e duas produções japonesas no Top 5, as bilheterias do fim de semana nos Estados Unidos e Canadá foram marcadas por surpresas e recordes inesperados. Líder em arrecadação com US$ 12,8 milhões, a animação japonesa “The Boy and the Heron” (O menino e a garça, em tradução literal) atingiu um marco histórico em seu fim de semana de estreia na América do Norte. Esta conquista é significativa por ser a primeira vez que um anime original ocupa a posição de liderança nas bilheterias norte-americanas. “The Boy and the Heron” também marca o retorno do aclamado diretor Hayao Miyazaki após uma década – e um anúncio de aposentadoria em 2013. Lançado inicialmente no Japão em 14 de julho, o filme já acumulou impressionantes US$ 84 milhões em bilheteria global, sendo US$ 56 milhões apenas no Japão. A produção estabeleceu outros recordes, incluindo o filme de maior bilheteria de Miyazaki e do Studio Ghibli nos Estados Unidos, superando “Vidas ao Vento”. Público e crítica adoraram a jornada de Mahito, um garoto de 12 anos que, ao embarcar numa perigosa aventura para encontrar sua mãe desaparecida, vive uma história de amadurecimento. O filme recebeu uma classificação A- no CinemaScore, pesquisa feita com o público na saída dos cinemas dos EUA, e atingiu 96% de aprovação na média das críticas compiladas pelo site Rotten Tomatoes. Ainda não há previsão para a estreia no Brasil O resto do Top 5 Com o sucesso do anime, “Renaissance: Um Filme de Beyoncé”, que havia estreado em 1º lugar na semana anterior, experimentou uma queda acentuada, faturando apenas US$ 5 milhões em sua segunda semana. O documentário musical, que estreia só em 21 de dezembro no Brasil, caiu tanto que ficou fora do Top 5 em sua segunda semana de exibição. Este declínio aponta para uma base de fãs concentrada na estreia e um apelo limitado fora disso. O 2º lugar nas bilheterias foi ocupado por “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, que arrecadou US$ 9,4 milhões em sua quarta semana de exibição. Com essa performance, o filme elevou seu total doméstico para impressionantes US$ 135,6 milhões e, globalmente, alcançou quase US$ 280 milhões. As bilheterias também destacaram outra produção japonesa. “Godzilla Minus One” ficou em 3º lugar, com US$ 8,3 milhões em seu segundo fim de semana em cartaz. A produção da Toho ainda estabeleceu mais um recorde para o Japão, como o título live-action japonês a conquistar a maior arrecadação na América do Norte, após as vendas de ingressos totalizarem US$ 25,3 milhões em 10 dias de exibição. Com 97% de aprovação, o longa também superou com folga as avaliações do Rotten Tomatoes para as produções americanas do monstro gigante – incluindo “Godzilla vs. Kong” (76%), de 2021. O resto do Top 5 manteve as mesmas posições da semana passada, com uma animação da DreamWorks surrando uma produção da Disney. “Trolls 3: Juntos Novamente” manteve-se em 4º com um faturamento de US$ 6,2 milhões, elevando seu total para US$ 83,1 milhões na América do Norte e US$ 173,8 milhões em todo o mundo. Já “Wish: O Poder dos Desejos” – que estreia só em 4 de janeiro no Brasil – teve uma arrecadação de US$ 5,3 milhões. Seu volume doméstico está em US$ 49,4 milhões, enquanto o valor mundial gira em torno de US$ 105,5 milhões. O desempenho de “Wonka” Fora dos EUA, o filme “Wonka” teve um desempenho internacional promissor, arrecadando US$ 43,2 milhões em seus primeiros 37 mercados estrangeiros. Esta abertura forte no exterior indicou uma recepção positiva do filme, com o Reino Unido liderando as bilheterias com US$ 11,1 milhões, seguido por países como México, Espanha e Alemanha, onde o lançamento teve um desempenho robusto. A contribuição dos cinemas IMAX foi significativa, somando US$ 2,3 milhões à bilheteria total. O prólogo de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” também foi lançado no Brasil no fim de semana, mas seu lançamento nos EUA e Canadá só vai acontecer na próxima sexta (15/12). Trailers Confira abaixo os trailers dos 5 filmes mais vistos nos EUA e Canadá no fim de semana. 1 | THE BOY AND THE HERON 2 | JOGOS VORAZES: A CANTIGA DOS PÁSSAROS E DAS SERPENTES 3 | GODZILLA MINUS ONE 4 | TROLLS 3: JUNTOS NOVAMENTE 5 | WISH: O PODER DOS DESEJOS
Estreias | Indiana Jones, Trolls, Scorsese e as novidades de streaming da semana
A lista de estreias de streaming da semana reúne sete filmes e três séries novas. A relação destaca longas que estiveram recentemente nos cinemas, de blockbusters como “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” e “Trolls 3: Juntos Novamente” ao conceituado “Assassinos da Lua das Flores”. Mas também há produções inéditas, como “O Mundo Depois de Nós”, além de três obras brasileiras de cinema e TV. Confira abaixo o Top 10 das dicas. FILMES ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES | VOD* O novo épico de Martin Scorsese (“O Irlandês”) desvenda a história real dos assassinatos da Nação Osage no início do século 20, quando várias mortes ocorreram após descobertas de grandes depósitos de petróleo nas terras indígenas em Oklahoma. A narrativa segue Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), que se muda para Fairfax, Oklahoma, na década de 1920, para viver com seu tio, William Hale (Robert De Niro), conhecido como King Bill Hale, um influente pecuarista local. Sob a manipulação de seu tio, Ernest se envolve com Mollie (Lily Gladstone), uma mulher Osage, com o objetivo sombrio de herdar os direitos lucrativos de petróleo de sua família, caso os membros de sua família morram. O drama se intensifica à medida que membros da família de Mollie são assassinados um a um, destacando uma trama maior de ganância e exploração. A complexa rede de mentiras e corrupção é revelada gradualmente, com o envolvimento de vários membros da comunidade que, silenciosamente, consentem ou contribuem para os crimes. A interpretação de Gladstone como Mollie, que enfrenta a dor insuportável da perda enquanto descobre a verdade sobre seu marido e a conspiração em andamento, tem sido apontada como garantida no Oscar 2023. A colaboração entre Scorsese e seus dois atores favoritos, DiCaprio e De Niro, juntos pela primeira vez num filme do cineasta – após estrelarem separadamente suas obras mais famosas – é um atrativo à parte. E suas cenas são a base da história envolvente, roteirizada por Eric Roth (vencedor do Oscar por “Forrest Gump”) e baseado no livro homônimo de David Grann, que mistura crime verdadeiro com elementos de faroeste e consegue prender a atenção do espectador ao longo de suas quase 3 horas e meia de duração. Tão surpreendente quanto a extensão do filme só a vitalidade do diretor de 80 anos, que descobriu um novo terreno visual e dramático para se expressar, mergulhando pela primeira vez nos vastos espaços abertos e na atmosfera dos bangue-bangues clássicos para criar seu primeiro western, com indígenas, pistoleiros, fazendeiros corruptos e homens da lei. A decisão de filmar em locais autênticos em Oklahoma, proporcionando um pano de fundo realista e engajando comunidades locais no processo, aumenta a autenticidade e a riqueza visual e cultural da produção, que merecidamente arrancou elogios em sua première no Festival de Cannes e atingiu 96% de aprovação no agregador de críticas Rotten Tomatoes. INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO | DISNEY+ A despedida de Harrison Ford do papel de Indiana Jones decepcionou nas bilheterias – como quase tudo que a Disney lançou em 2023 – , mas é uma aventura empolgante, que entrega o que os fãs esperam da franquia. A trama começa com uma impressionante sequência de flashback, ambientada em 1944, que apresenta um Indy mais jovem, graças à tecnologia de rejuvenescimento digital, enfrentando nazistas para se apossar de um artefato crucial, a Antikythera de Arquimedes – um dispositivo de cálculo celestial que no filme tem poderes extraordinários. A história então avança para 1969, onde o agora idoso Dr. Jones, perto de se aposentar e vivendo em um apartamento decadente em Nova York, se vê envolvido em uma última aventura ao lado de Helena (Phoebe Waller-Bridge), a filha de seu falecido parceiro Basil (Toby Jones), e numa corrida com o cientista nazista Jürgen Voller (Mads Mikkelsen) pela tal relíquia. Dirigido por James Mangold (“Logan”), o filme leva Indy e seus aliados a uma série de locais exóticos, incluindo as estreitas ruas de Tânger e a tumba de Arquimedes na Sicília, cheia de quebra-cabeças à la “Código Da Vinci” e um segredo que desafia a física. O elenco de apoio inclui o retorno de algumas figuras queridas da franquia e a adição de novas, como a personagem de Waller-Bridge, Helena, que desempenha um papel significativo na trama. A história também encontra uma maneira de amarrar as pontas soltas de personagens antigos que haviam desaparecido sem explicação. Mesmo que não seja um clássico como os primeiros longas, sua combinação de nostalgia e ação vibrante proporciona uma despedida digna ao herói – além de superar o capítulo anterior, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, de 2008. TROLLS 3: JUNTOS NOVAMENTE | VOD* Em sua volta às telas, Poppy e Tronco, os personagens dublados em inglês por Anna Kendrick (“A Escolha Perfeita”) e Justin Timberlake (“O Preço do Amanhã”), são oficialmente um casal, apelidado de Troppy. Mas conforme ficam mais íntimos, Poppy descobre que Tronco tem um passado secreto: ele já fez parte da boyband favorita dela, BroZone, com seus quatro irmãos Floyd, John Dory, Spruce e Clay. Eles se separaram quando Tronco ainda era um bebê, assim como a família, e Tronco não vê seus irmãos desde então. Mas quando Floyd, é sequestrado, Tronco e Poppy embarcam em uma jornada emocionante para reunir os outros irmãos e resgatá-lo de um destino ainda pior do que a obscuridade da cultura pop. O detalhe é que essa historia é embalada por uma música do ‘N Sync, a boyband nada secreta do passado de Justin Timberlake, que voltou a gravar junta, 20 anos após sua separação, especialmente para a trilha sonora do filme. A animação também conta com a volta do diretor Walt Dohrn e com um elenco de dubladores que combina cantores e atores, como Camila Cabello (“Cinderella”), Eric André (“The Righteous Gemstones”), Amy Schumer (“Descompensada”), Andrew Rannells (“Um Pequeno Favor”), Troye Sivan (“The Idol”), Daveed Diggs (“Expresso do Amanhã”), Zooey Deschanel (“New Girl”), Kid Cudi (“Não Olhe para Cima”) e Anderson Paak (“Grown-ish”). MEU NOME É GAL | VOD* A cinebiografia aborda a vida da icônica cantora Gal Costa, focando os anos de 1966 a 1971, que marcam a transformação da tímida Gracinha, que se muda de Salvador para o Rio de Janeiro, na renomada tropicalista. Dirigido por Dandara Ferreira (que escreveu e dirigiu a série documental “O Nome Dela É Gal”) e Lô Politii (“Alvorada”), a produção abre com uma cena do show “Fa-Tal” em 12 de outubro de 1971 e, a partir daí, retrocede para mostrar a chegada de Gal ao Rio de Janeiro e seu reencontro com figuras importantes como Caetano Veloso (Rodrigo Lelis), Gilberto Gil (Dan Ferreira) e o empresário Guilherme Araújo (Luis Lobianco). Dando um show verdadeiro no papel principal, Sophie Charlotte não apenas atua, mas também canta as canções no longa. Para fãs de Gal e da geração da Tropicália, a obra oferece cenas antológicas, que recriam a fase mais rebelde da cantora. Entretanto, a apresentação desconexa de eventos prejudica a narrativa, contexto e até a compreensão da história para quem não é iniciado. A relação de Gal com sua mãe, interpretada por Chica Carelli, e com outros personagens importantes, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, é pouquíssimo desenvolvida. Além disso, a participação de Maria Bethânia, interpretada pela codiretora Dandara Ferreira, é tão breve que nada acrescenta à trama. Na comparação com outras cinebiografias musicais brasileiras, o longa se destaca por evitar os clichês mais comuns, focando-se em um período específico e crucial na carreira de artista, em vez de passar correndo por toda a sua vida. Embora nem assim consiga aprofundar questões importantes, a luta por autonomia da cantora ganha destaque, explorando suas relações e desafios em um período turbulento da história brasileira. Além disso, o filme confirma Sophie Charlotte como uma das melhores atrizes brasileiras da atualidade. Podem esperá-la nas premiações de melhores do ano. O MUNDO DEPOIS DE NÓS | NETFLIX O thriller psicológico, que mergulha nas profundezas de um apocalipse iminente, é uma viagem tensa e sombria pelos medos contemporâneos, desde a dependência da tecnologia até a desintegração social. A narrativa segue Amanda (Julia Roberts) e Clay (Ethan Hawke), um casal do Brooklyn que busca uma pausa da rotina agitada, levando seus filhos para uma casa de campo em Long Island. A tranquilidade é interrompida pela chegada inesperada do proprietário da casa (Mahershala Ali) e sua filha, que buscam refúgio após um apagão em Nova York. O que começa como uma comédia de costumes, rapidamente se transforma em um cenário maior e mais ameaçador, onde a falta de comunicação e estranhos fenômenos naturais sugerem um desastre global. Baseada no best-seller de Rumaan Alam, a filmagem de Sam Esmail, conhecido como criador de “Mr. Robot”, utiliza técnicas visuais complexas para contar a história, oferecendo respostas concretas às ambiguidades do livro. A adaptação se aprofunda nas tensões raciais e nas divisões de classe, mas estes temas são relevados conforme as famílias enfrentam ameaças desconhecidas. Marcada por uma crescente sensação de desastre, alimentada pela incapacidade de comunicação, o filme oscila entre o suspense e uma observação aguda da malaise contemporânea, destacando-se pelas atuações de Roberts e Ali, que entregam monólogos longos e perturbadores. O PRIMEIRO NATAL DO MUNDO | AMAZON PRIME VIDEO A comédia brasileira gira em torno da família Pinheiro Lima, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando um dos filhos deseja que o Natal desapareça. Esse pedido inusitado é atendido, gerando uma série de confusões para todos. O elenco é liderado por Lázaro Ramos (“Ó Pai Ó 2”) como Pepê, um professor de história viúvo e pai de duas filhas, e Ingrid Guimarães (“De Pernas pro Ar”) como Tina, sua esposa, uma chef de cozinha divorciada e mãe de dois filhos. Juntos, eles embarcam em uma jornada para restaurar a data, suas tradições e o verdadeiro significado do Natal. A produção se diferencia ao focar no Natal no Brasil, um aspecto raramente explorado em produções de streaming do gênero – uma das raras exceções é “Tudo Bem no Natal que Vem”, com Leandro Hassum. Por isso, a comédia busca não só entreter, mas também colocar em destaque símbolos e valores culturais do Brasil na trama. Com direção de Susana Garcia (“Minha Mãe É uma Peça 3”) e Gigi Soares (“Novela”), o longa também destaca no elenco Fabiana Karla, Igor Jansen, Theo Matos, Valen Gaspar, Yasmin Londuik, Stella Miranda, Cézar Maracujá, Wilson Rabelo e uma participação especial de Rafael Infante. THE ARCHIES | NETFLIX Esse projeto curioso é uma versão indiana de “Riverdale”, que se passa nos anos 1960, é embalada pela música da época e vem com diversas coreografias sincronizadas para confirmar sua procedência de Bollywood. De forma surpreendente, os quadrinhos da Archie Comics são bastante populares na Índia. E, pelo visto, os desenhos animados também, já que a década escolhida para a ambientação do filme é a mesma da época em que a versão animada dos personagens estourou nas paradas de sucesso, com a gravação de “Sugar Sugar”. O teaser traz algumas referências dos quadrinhos clássicos, que também podem ser vistas em “Riverdale”, como o icônico restaurante Pop Tate’s. Outra curiosidade é que os personagens mantém os mesmos nomes americanos com que se tornaram conhecidos. O longa tem direção de Zoya Akhtar (“Gully Boy”) e foi escrito por Kagti, Akhtar e Ayesha DeVitre (“Kapoor & Sons”). E, com a exceção de Mihir Ahuja (“Candy”), intérprete de Jughead Jones, o elenco central é composto por atores iniciantes. SÉRIES AMERICAN HORROR STORIES 3 | STAR+ Criada pelos mesmos idealizadores de “American Horror Story”, Ryan Murphy e Brad Falchuck, a série derivada se diferencia da anterior por apresentar uma história de terror diferente a cada episódio – em vez de uma trama única por temporada como a atração que a originou. Na 3ª temporada são apenas quatro episódios. Em “Tapeworm”, uma modelo em ascensão não mede esforços em sua busca por sucesso, num enredo que aborda a temática da autoimagem e dos sacrifícios...
Estreias | “Wonka” e “Feriado Sangrento” chegam nos cinemas
A programação de cinemas recebe mais de uma dúzia de estreias nesta quinta (7/12), com destaque para a fantasia “Wonka” e o terror “Feriado Sangrento”, lançados em circuito mais amplo. A variedade inclui ainda o thriller “Feriado Sangrento”, a ação brasileira “O Sequestro do Voo 375” e o drama “Maestro”, uma das apostas no Oscar 2024. Os demais lançamentos tem distribuição limitada ao circuito de arte. Confira abaixo a relação completa de títulos. WONKA O prólogo musical do clássico “A Fantástica Fábrica de Chocolate” apresenta Timothée Chalamet (“Duna”) no papel de um jovem Willy Wonka, que chega a uma cidade europeia com o sonho de abrir sua própria loja de chocolates e doces. Diferente da versão mais madura e enigmática interpretada por Gene Wilder em 1971 e Johnny Depp em 2005, Chalamet é um Wonka ingênuo e sonhador, cujo amor pelo chocolate é herdado de sua mãe, interpretada por Sally Hawkins (“A Forma da Água”). O filme segue sua jornada enquanto ele tenta estabelecer seu negócio. A narrativa se desenrola em torno das tentativas de Wonka de se destacar no competitivo mundo dos doces, enquanto lida com a manipulação da astuta dona de uma pousada, Mrs. Scrubit, vivida por Olivia Colman (“A Favorita”), e a oposição do Cartel de Chocolate. Com a ajuda de uma órfã esperta e um grupo de cativantes personagens secundários, Wonka se aventura pela cidade, esquivando-se da polícia e experimentando suas invenções. O filme também apresenta Hugh Grant (“Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”) como um Oompa Loompa, adicionando uma dimensão cômica à história. O diretor Paul King é conhecido por seu estilo visual distinto e habilidade em criar narrativas infantis encantadoras, como demonstrou em “Paddington” e sua sequência. E “Wonka” resulta num deleite visual, com cenários coloridos e extravagantes que lembram uma produção teatral. As canções originais do filme, compostas por Neil Hannon (da banda The Divine Comedy), ainda adicionam um charme musical, enquanto Chalamet e Grant dão vida a clássicos como “Pure Imagination” e “Oompa Loompa”. A abordagem do material é calorosa e acolhedora, sem a malícia presente na adaptação de Mel Stuart de 1971, fazendo de “Wonka” uma celebração do sonho e da imaginação, e uma experiência leve e agradável para o público. FERIADO SANGRENTO Eli Roth, o diretor de “Cabana do Inferno” (2002) e “O Albergue” (2005), retorna ao terror, após um longo período distante, com uma produção que segue o modelo clássico dos slashers, incluindo um psicopata mascarado e uma data comemorativa. A trama se desenrola em Plymouth, Massachusetts, e começa com uma cena caótica de uma liquidação de Black Friday que termina em tragédia. Um ano após o evento, um assassino misterioso começa a matar aqueles que estiveram envolvidos no incidente, vestindo uma fantasia de peregrino e uma máscara representando John Carver, o primeiro governador da colônia de Plymouth. Roth, conhecido por seu estilo gráfico e gore, cria uma narrativa que flerta com uma sátira ao consumismo e à obsessão das redes sociais, embora esses temas sirvam mais como dispositivos de enredo do que elementos profundamente explorados. O filme, no entanto, acaba se concentrando mais no padrão de fuga, perseguição e captura, típico do slasher, além de violência gráfica e mortes chocantes. Mesmo assim, apresenta algumas reviravoltas interessantes, ao brincar com a antecipação do público. Vale lembrar que o longa tem uma origem curiosa, introduzido como um trailer falso no projeto “Grindhouse” de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez em 2007. A ideia de “Grindhouse” era fazer uma homenagem às salas de cinema baratas dos EUA que exibiam terrores de baixo orçamento e baixa qualidade. Tarantino e Rodrigues realizaram dois filmes, “À Prova de Morte” e “Planeta Terror”, respectivamente, com o intuito de que fossem exibidos numa sessão dupla, à moda das exibições desses cinemas. E no intervalo entre os dois filmes, eles convidaram amigos para desenvolverem trailers de filmes inexistentes que poderiam habitar esse universo trash. Dois desses trailers já tinham virando filmes, “Machete” (2010) e “Hobo with a Shotgun” (2011). “Feriado Sangrento” é o terceiro da lista. O roteiro foi coescrito por Eli Roth e Jeff Rendell, que também foi responsável pela ideia do falso trailer. Já o elenco é diversificado, combinando astros consagrados como Patrick Dempsey (“Grey’s Anatomy”) com influenciadores como a estrela do TikTok Addison Rae (“Ela é Demais”), além de Gina Gershon (“Riverdale”), Rick Hoffman (“Suits”), Milo Manheim (“Zombies”), Nell Verlaque (“Big Shot”) e diversas celebridades digitais americanas. O SILÊNCIO DA VINGANÇA A volta do cineasta John Woo às produções americanas após 20 anos – e depois de marcar época com “A Outra Face” (1997), “Missão: Impossível II” (2000) e outros thrillers de ação – é um filme natalino de vingança. A trama segue a jornada de Brian Godlock, interpretado por Joel Kinnaman (“Esquadrão Suicida”), cuja vida é destroçada após seu filho ser morto em um tiroteio entre gangues. O que diferencia a produção de outras obras similares é ser quase totalmente desprovida de diálogos, uma vez que o personagem de Kinnaman fica mudo após ser baleado na garganta. A narrativa é impulsionada pela determinação do protagonista de se vingar dos responsáveis pela morte de seu filho, o que acontece em meio a vários elementos característicos da filmografia de Woo, como movimentos de câmera líricos, slow motion e sequências de ação intensas. O estilo distintivo do cineasta e a ausência de diálogos conferem ao filme uma abordagem única, destacando-se pela expressão emocional crua e pela ação coreografada. Além disso, para compensar a ausência de falas, as cenas são embaladas por uma trilha descaradamente melodramática, composta por Marco Beltrami, que se entrelaça com a expressão emocional dos personagens. “O Silêncio da Vingança” também homenageia os ídolos e influências do diretor de Hong Kong, como Sergio Leone (“Era uma Vez no Oeste”), com quem Woo compartilha uma estética operística, e Jean-Pierre Melville (“O Samurai”), conhecido por seu uso minimalista de diálogos. A obra é uma exploração da “cinema puro”, onde a história é contada principalmente através da ação, das expressões faciais e do som, beneficiando-se da experiência de Woo em criar sequências memoráveis. MAESTRO Bradley Cooper volta ao mundo da música após o sucesso de “Nasce uma Estrela”, em seu segundo filme como diretor. Desta vez, porém, a trama é biográfica, debruçando-se sobre a figura complexa de Leonard Bernstein, um renomado compositor e maestro americano – mais conhecido pelos brasileiros como o autor da trilha do musical “Amor, Sublime Amor”. Também intérprete do protagonista (com um notável nariz postiço), Cooper opta por uma abordagem não linear, contando a história de Bernstein através de uma série de vinhetas que cobrem diferentes períodos de sua vida. Outro aspecto distintivo da estrutura narrativa é o uso criativo da cor. As cenas iniciais são apresentadas em preto e branco, evocando a estética de fotografias antigas e filmes clássicos, o que confere às imagens um ar nostálgico e histórico. À medida que a história avança, o filme introduz cores, sinalizando mudanças temporais e emocionais na vida de Bernstein. Essa transição é usada de maneira eficaz para destacar a evolução dos personagens e dos tempos. O drama começa com um prólogo que apresenta Bernstein em seus anos finais, refletindo sobre sua vida e carreira, o que permite que o filme mergulhe em flashbacks de momentos cruciais de sua trajetória. Essas cenas, que vão desde sua estreia surpreendente na Filarmônica de Nova York até os problemas de seu casamento com Felicia Montealegre, facilitam a exploração tanto dos triunfos quanto dos desafios enfrentados pelo maestro e compositor. Boa parte do enredo se concentra na relação de Bernstein com sua esposa (interpretada por Carey Mulligan), que abrange várias décadas, revelando as nuances de um relacionamento marcado pela admiração mútua, mas também por obstáculos decorrentes da sexualidade do compositor e de sua natureza artística expansiva. Mulligan entrega uma performance notável, capturando a evolução da personagem ao longo dos anos. Além disso, o filme utiliza a música para ilustrar os momentos pessoais intensos do protagonista, integrando performances musicais à narrativa de forma orgânica para celebrar a genialidade musical de Bernstein. Produção da Netflix, “Maestro” estreia em streaming em 20 de dezembro. O SEQUESTRO DO VOO 375 O filme de ação dirigido por Marcus Baldini (“Bruna Surfistinha”) é baseado em um caso real ocorrido no Brasil durante a década de 1980, marcada por instabilidades econômicas e políticas. A trama gira em torno de Nonato (interpretado por Jorge Paz), um homem humilde do Maranhão frustrado com a falta de oportunidades e decepcionado com as promessas políticas não cumpridas. Em um ato de desespero, Nonato decide sequestrar um avião e jogá-lo contra o Palácio do Planalto, em Brasília, com o objetivo de assassinar o presidente José Sarney. O filme retrata a jornada de Nonato, sua determinação em cumprir a ameaça nos céus e o embate com o comandante Murilo (vivido por Danilo Grangheia), que se destaca na trama por suas habilidades de pilotagem e ações heroicas para salvar os passageiros. As cenas se desenrolam principalmente dentro do espaço claustrofóbico do antigo avião da VASP, mantendo a tensão durante toda a narrativa. A cinematografia e a direção habilmente capturam a emoção e o desespero dos personagens, alternando entre as expressões de Nonato, o comandante Murilo e os passageiros ansiosos. Apesar de alguns momentos em que os efeitos especiais evidenciam se tratar de uma produção brasileira (isto é, sem orçamento hollywoodiano), o filme mantém o espectador engajado com a história e a ação. A abordagem de Baldini faz mais que resgatar um dos momentos mais dramáticos da aviação brasileira, que, apesar de sua magnitude, permaneceu relativamente desconhecido do grande público. A obra também oferece uma narrativa profunda e humana por meio da interação entre os personagens principais, Nonato e Murilo, mostrando o potencial do cinema brasileiro para produzir obras dramáticas com suspense de alta qualidade. FIM DE SEMANA NO PARAÍSO SELVAGEM O longa-metragem dirigido por Severino (anteriormente conhecido como Pedro Severien) mistura elementos de suspense e observação social. A história se passa no litoral pernambucano, onde Rejane, interpretada por Ana Flavia Cavalcanti, busca entender o misterioso desaparecimento de seu irmão, um mergulhador. As primeiras cenas do filme estabelecem um cenário de contraste entre a natureza e a industrialização, com uma praia bela e águas claras, mas com um fundo de tensão e mistério que permeia a trama. O filme segue a jornada de Rejane ao tentar desvendar a verdade por trás da morte de seu irmão, enquanto explora temas como a especulação imobiliária e as disparidades sociais, temas que remetem aos filmes de outro pernambucano, Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”). A narrativa é reforçada pela cinematografia que capta tanto a beleza natural da região quanto a opressão e a violência velada nas relações sociais e na arquitetura local. A trilha sonora, composta por Amaro Freitas, contribui para a atmosfera envolvente do filme. PUAN A comédia argentina, dirigida por María Alché (“Família Submersa”) e Benjamín Naishtat (“Vermelho Sol”), explora as complexidades e desafios existenciais enfrentados por um professor universitário. A trama se inicia com a morte repentina de Caselli, respeitado chefe do departamento de filosofia da universidade Puan, localizada em Buenos Aires. Essa perda não apenas cria um vácuo profissional, mas também um vazio pessoal para Marcelo Pena (Marcelo Subiotto), um professor de filosofia que foi aluno e confidente de Caselli. Marcelo, casado com a ativista Vicky (Mara Bestelli) e pai de um filho, reluta em candidatar-se ao cargo agora vago, mas a situação muda com o surgimento de um rival carismático, Rafael Sujarchuk (Leonardo Sbaraglia), um ex-colega com uma carreira bem-sucedida na Alemanha. A narrativa de “Puan” entrelaça humor e situações absurdas com reflexões filosóficas. Marcelo, um personagem reservado e propenso a acidentes cômicos, enfrenta dilemas éticos e pessoais, enquanto concorre com Rafael pelo cobiçado cargo. O roteiro, premiado no Festival de San Sebastián, usa as disputas acadêmicas e a dinâmica universitária para explorar temas mais amplos, como a importância da educação pública e as desigualdades sociais na Argentina. Apesar de sua abordagem, a obra também apresenta um tom tragicômico, refletindo...










