Alvo de bolsonaristas, “Ó Pai Ó 2” rende quase R$ 1 milhão em estreia no cinema

Os bolsonaristas perderam nova batalha contra o cinema brasileiro. Alvo de boicote dos extremistas, “Ó Pai Ó 2” rendeu quase R$ 1 milhão de bilheteria em sua estreia no cinema. Com receita […]

Divulgação/H20 Films

Os bolsonaristas perderam nova batalha contra o cinema brasileiro. Alvo de boicote dos extremistas, “Ó Pai Ó 2” rendeu quase R$ 1 milhão de bilheteria em sua estreia no cinema. Com receita de R$ 963 mil, o filme levou 49 mil pessoas às salas nacionais, configurando uma das maiores aberturas do cinema nacional em 2023, segundo dados da consultoria independente Comscore.

Para dar um parâmetro, o valor é superior ao arrecadado pela estreia de “Nosso Sonho” (R$ 910 mil), filme sobre Claudinho e Buchecha, que era a maior bilheteria nacional do ano até a estreia de “Mussum, o Filmis” neste mês.

“Ó Pai Ó 2” virou foco de preconceito ideológico com a desculpa de que seu protagonista, Lázaro Ramos, votou em Lula – ele e mais da metade do Brasil, já que Lula se elegeu presidente.

Sem reconhecer o fracasso de sua iniciativa, perfis e blogs bolsonaristas insistem em distorcer a realidade para afirmar que o filme flopou (“Fracasso, Ó Paí, Ó 2 Filme de Lázaro Ramos e Globo Amarga o 5º Lugar nas Bilheterias após Boicote”, diz uma manchete ideológica). A justificativa do argumento é que “Ó Pai Ó 2” abriu em 5º lugar no ranking semanal, atrás de blockbusters milionários de Hollywood.

Trata-se de uma bobagem escrita por quem não acompanha o cinema brasileiro e não tem a menor informação sobre o mercado. Para tirar a dúvida, basta lembrar que “Nosso Sonho” abriu em 6º lugar, enquanto outro sucesso do ano, “Meu Nome É Gal”, estreou em 7º lugar. Além disso, mesmo batendo recorde de estreia nacional em 2023, “Mussum, O Filmis”, que faturou R$ 1,99 milhão, também abriu em 5º lugar.

O motivo disso é a falta de uma política de cotas no Brasil, que impede novos fenômenos de bilheteria como eram comuns na época de sua vigência – isto é, antes do governo Bolsonaro.

 

Tentativas anteriores de boicote

Esta não é a primeira derrota que perfis bolsonaristas amargam ao se lançarem contra um filme. Eles se empenharam com muito afinco num boicote contra “Marighella”, de Wagner Moura, que acabou se tornando a maior bilheteria brasileira de 2021. Também se manifestaram contra “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos, que virou outro sucesso de público – a quarta maior bilheteria nacional do ano passado.

Lázaro Ramos e Wagner Moura foram “escolhidos para Cristo” entre um universo de dezenas de milhares de artistas que também votaram e apoiaram Lula. Mas há algo mais em comum entre os três filmes visados: todos têm protagonistas negros e falam de história e cultura negra no Brasil.

 

“Ó Pai, Ó 2” – O Filme

“Ó Pai, Ó 2” é sequência da comédia de sucesso de 2007, que rendeu uma série derivada indicada ao Emmy Internacional em 2009. O filme se passa 15 anos após o original e encontra Roque, personagem de Lázaro Ramos, prestes a lançar sua primeira música, confiante de que irá alcançar a fama como cantor. Mas quando Neuzão (Tania Toko) perde seu bar, causando uma comoção geral, ele se junta à turma do Pelourinho num plano para salvar o local com as preparações para a Festa de Iemanjá, uma das mais populares do calendário baiano, que concentra uma multidão em Salvador.

O elenco também traz de volta Dira Paes, Luciana Souza, Érico Brás e Valdineia Soriano, mas a direção mudou. Saiu Monique Gardenberg e entrou Viviane Ferreira (“O Dia de Jerusa”), que também assina o roteiro ao lado de vários colaboradores.

As 3 maiores bilheterias do Brasil

Acima de “Ó Pai Ó 2”, a estreia de “Napoleão”, novo épico de Ridley Scott protagonizado por Joaquin Phoenix, liderou as bilheterias brasileiras com R$ 5,86 milhões e público de 241 mil pessoas entre quinta-feira e domingo (26/11).

Líder em bilheteria na semana anterior, “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes” ficou em 2º lugar, com R$ 5,73 milhões no período. O longa foi visto por 287 mil espectadores e já acumula um público de 1,28 milhão de pessoas com duas semanas de exibição.

Curiosamente, as posições ficaram invertidas nos EUA, onde o novo “Jogos Vorazes” se manteve no topo, enquanto “Napoleão” abriu em 2º lugar.

O pódio brasileiro foi completado por “As Marvels”, que teve renda de R$ 1,83 milhão e 96 mil espectadores.

Ao todo, os cinemas brasileiros somaram R$ 17,49 milhões e 832 mil espectadores no último fim de semana.