Acusada de mentir sobre Johnny Depp, Amber Heard reage: “Ele sabe que é culpado”
A equipe de acusação de Johnny Depp foi extremamente agressiva contra Amber Heard no último dia de questionamento da atriz, na terça (17/5), durante o julgamento do processo por difamação contra a atriz, aberto por seu ex-marido no estado americano de Virgínia. O interrogatório foi conduzido pela advogada Camille Vasquez e incluiu perguntas que um homem teria dificuldades para formular, devido à natureza gráfica, e que foram recebidas em sua maioria com manifestações de “protesto” da defesa de Heard. Apesar dos fãs de Depp já terem escolhido seu lado favorito na disputa, dominando as discussões nas redes sociais, Heard foi séria o tempo inteiro, emocionou-se, foi do choro à raiva, e deu respostas diretas, enquanto Depp foi irônico, fez piadas e respondeu ao questionamento dos advogados da atriz com floreios evasivos. A atriz usou até o comportamento do ex-marido durante o julgamento a seu favor, chamando atenção do júri para a forma como ele estava se comportando no tribunal. “Ele sabe que é culpado – por que ele não consegue olhar para mim?”, disse Heard, de forma contundente, após várias alegações sobre agressões de Depp, destacando que o ator, de óculos escuros, tem evitado fazer contato visual com ela desde o começo dos depoimentos. “Eu sobrevivi àquele homem e estou aqui”, acrescentou Heard com voz rouca, enquanto Depp ria com um de seus advogados. O contraste foi gritante durante todo os dias de julgamento. A advogada da acusação começou o dia com pontos positivos para o ator, ao trazer cartas de amor da atriz, escritas após os momentos de supostas agressões, e também por questionar a ausência de tratamentos médicos das várias agressões que ela detalhou em seu depoimento. Mas para fazer Heard entrar em contradição, conduziu o interrogatório ladeira abaixo. Insistiu em detalhes sobre a agressão na Austrália, em que o ator teria usado uma garrafa para penetrá-la, buscando encontrar falhas na ordem dos eventos, com o objetivo de provar que ela estava mentindo. Segundo o argumento de Depp, ela inventou tudo para esconder que seria a verdadeira agressora, quem na verdade usou uma garrafa num arremesso que cortou um pedaço seu dedo. Vasquez também tentou estabelecer que as fotos de seu rosto machucado foram retocadas por Photoshop, que ela era promíscua, vigarista e má atriz, pois até seu papel em “Aquaman” teria sido conseguido por Depp. Esta última afirmação quase tirou Heard do sério. “Como é que é?”, ela se irritou. “Não, senhorita Vasquez. Eu consegui esse papel fazendo um teste”, Heard respondeu, contrariada. Só que Vasquez também vacilou, ao questionar o título do artigo de Heard no Washington Post, que traduzido em português é: “Falei contra a violência sexual e enfrentei a ira de nossa cultura”. Heard disse que ela não escreveu o título. O termo “violência sexual” foi uma decisão dos redatores e editores do jornal, e destacou que seu texto não acusa Depp de agressão sexual. Ainda acrescentou que nunca pretendeu acusá-lo, até que ele entrou com esse processo por difamação. A atriz também saiu por cima ao ser acusada de extorsão. Um argumento brandido pela equipe de Depp é que Heard não teria doado todos os US$ 7 milhões que recebeu no divórcio, apesar de ter dito que doaria para caridade porque supostamente não queria dinheiro nenhum do casamento. Na segunda (16/5), ela citou o processo de Depp como razão por ter doado apenas metade da fortuna. E nesta terça jogou terra sobre a acusação de “golpe do baú”. Ao ser acusada de estar atrás do dinheiro do ex-marido e tê-lo extorquido para assinar o divórcio, ela quase congelou a advogada. “Que extorsão?”, Heard proclamou à Vasquez, lembrando que teria direito a aproximadamente US$ 32 milhões de Depp em seu divórcio sob a lei da Califórnia. “Percebi que era isso que eu tinha direito, mas não queria, é simples assim”, disse a atriz ao tribunal. Ela também se saiu bem do questionamento sobre uma faca que presenteou a Depp. A advogada quis saber como uma vítima de violência daria uma faca ao suposto agressor? Só que a faca foi um presente de 2012, antes de qualquer agressão. “Eu não estava preocupada que ele fosse me esfaquear na época, isso é certo”, respondeu a atriz, que acusa o ator de começar a agredi-la a partir de 2013. Heard ainda acrescentou que 2012 foi o “melhor dos tempos” em seu relacionamento porque Depp estava sóbrio durante parte do ano. Depp testemunhou que nunca perdeu o controle por causa das drogas, nunca bateu em Heard e argumentou que ela era a agressora em seu relacionamento. O questionamento de Heard encerrou-se nesta terça e o julgamento seguirá agora com testemunhas da defesa, que buscarão provar as agressões de Depp e justificar que ele foi o único responsável por destruir sua própria carreira. Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet. E os comentaristas do canal acreditam que ambos os lados do julgamento deixaram dúvidas em seus depoimentos, sugerindo que há mais nessa história do que eles estariam dispostos a compartilhar. Mas o que poderia ser pior do que os fatos já revelados? Veja abaixo os novos vídeos do depoimento da atriz.
Amber Heard acusa Johnny Depp de tentar destruir sua carreira
O julgamento de difamação movido por Johnny Depp contra sua ex-mulher Amber Heard foi retomado nesta segunda (16/5) nos EUA com o final do depoimento da atriz e o começo de seu questionamento pelo advogado de seu ex-marido. Antes da defesa começar a confrontá-la, Heard mostrou novas gravações e fotos de machucados, e revelou que foi por temer pela própria integridade física que decidiu pedir uma ordem de restrição contra Depp, após uma discussão em que ele a atingiu com um telefone. “Eu sabia que, se não o fizesse, provavelmente não sobreviveria literalmente”, disse Heard. “Eu estava com muito medo de que isso acabasse muito mal para mim.” Eles já estavam separados quando Depp voltou à cobertura em que moravam em 21 de maio de 2016, originando a discussão que levou a polícia a ser chamada. Embora Heard não tenha registrado um boletim de ocorrência naquela noite, ela mais tarde buscou e obteve uma ordem de restrição contra ele. “Eu queria mudar minhas fechaduras, queria uma boa noite de sono”, disse ela, explicando que a segurança do prédio onde moravam “sempre o deixava entrar em casa, não importando o que eu pedisse”. A atriz descreveu uma luta violenta, com Depp segurando seus cabelos depois de atirar-lhe o telefone no rosto e perguntando o quanto tinha machucado “desta vez”, situação que foi interrompida pela chegada de uma amiga vizinha e os seguranças do ator, preocupados com a gritaria. A partir daí, Depp teria parado de bater nela e começado a destruir o apartamento. Fotos da destruição foram mostradas ao tribunal. Herd explicou que não foi ela quem chamou a polícia e se recusou a registrar um boletim de ocorrência para que Depp não fosse preso. “Eu queria proteger Johnny”, disse ela. “Eu não queria que ele fosse preso. Eu não queria que ele estivesse em apuros. Eu não queria que o mundo soubesse.” O júri também viu uma série de fotos em que a atriz aparece com o rosto avermelhado. Heard disse que as fotos foram tiradas naquela noite por sua amiga. Outra foto, que ela disse ter sido tirada no dia seguinte, mostrava um pouco de escuridão ao redor do olho e vermelhidão logo abaixo. Em seu depoimento, Depp admitiu ter jogado um telefone no sofá, mas negou ter acertado em Heard. Seu caso se concentrou em testemunhas que disseram ter visto Heard nos dias após a discussão sem hematomas em seu rosto. Mas os problemas de Heard não foram “apenas” violência. Ela testemunhou que Depp orquestrou uma “campanha difamatória” com o objetivo explícito de arruinar sua carreira e reputação. O ator teria estimulado abaixo-assinados para tirá-la da franquia “Aquaman” e procurou fazer a Warner desistir de sua escalação. Heard afirmou que existe uma “máquina de relações-públicas sofisticada” por trás de Depp, que conspira para rotulá-la de mentirosa, resultando em sua dificuldade para arrumar trabalhos no cinema. “Eu tive que lutar muito para manter minha carreira depois que consegui minha [ordem de restrição contra Depp]”, disse Heard ao tribunal. “Perdi oportunidades. Fui dispensada de empregos e campanhas. Lutei para manter meu emprego e a maior oportunidade que tive até hoje, ‘Liga da Justiça’ e a opção de [estrelar] ‘Aquaman’. Tive que lutar muito para ficar na ‘Liga da Justiça’ porque essa foi a época do divórcio.” Ela ainda revelou que a sequência de “Aquaman”, que chega aos cinemas em 2023, quase a cortou, sugerindo que seu papel teria diminuído bastante por causa de Depp. A declaração representa um contra-ataque ao argumento trazido pelo ator como motivo de seu processo. Depp alega ter perdido seu papel em “Piratas do Caribe” e visto sua carreira ser arruinada por conta de um artigo assinado por Heard para o jornal Washington Post, em que ela se diz vítima de violência doméstica. Por isso, a está processando em US$ 50 milhões por difamação. Devido à publicidade trazida por esse processo e outro aberto – e perdido – por Depp no Reino Unido, Heard também se diz perseguida e difamada pelo ator, e deu início a seu próprio processo, de US$ 100 milhões, contra Depp. Depois do almoço, a defesa de Depp foi para o ataque, tentando reverter o quadro pintado pela atriz. Os dois principais pontos levantados foram a falta de registros da suposta violência prolongada de Depp contra a atriz, resumidos à fotos do último confronto, e o fato dela não ter doado todo o dinheiro do divórcio conforme prometido. Ela respondeu as duas questões com “mulher forte e maquiagem” e “dinheiro comprometido por processos de Depp”. O advogado da defesa também revelou porque Depp tem usado óculos escuros e evitado olhar para a ex-esposa durante o julgamento. Ele prometeu nunca mais deixá-la ver seus olhos. Amber Heard vai continuar a ser questionada na terça (17/5). Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet. Veja abaixo os novos vídeos do depoimento da atriz.
Amber Heard acusa Johnny Depp de tentar matá-la
O 15º dia do julgamento por difamação, aberto no estado americano de Virgínia por Johnny Depp contra sua ex-esposa Amber Heard, foi marcado por novas declarações bombásticas da estrela de “Aquaman”. Testemunhando em sua defesa pelo segundo dia consecutivo, a atriz disse ao tribunal nesta quinta (5/5) que o ator a agredia, abusava dela e a ameaçava de morte constantemente, e durante um surto ela acreditou que realmente morreria em suas mãos. Durante a descrição de novos casos de agressões cometidas por Johnny Depp, a atriz apresentou uma gravação de áudio de um voo privado para Boston em 24 de maio de 2014, no qual Depp é ouvido uivando. Heard disse que se trancou no banheiro, quando ele “começou a uivar como um animal”. E explicou que decidiu gravar porque “na minha experiência, quando Johnny estava tão embriagado, ele não se lembrava do que fez”. Depp estava chateado por ela estar fazendo um filme com James Franco, a quem ele desprezava, principalmente porque ela tinha uma cena de amor com o ator. “Odiava, odiava James Franco e me acusava de ter um caso em segredo com ele no passado, desde que fizemos ‘Segurando as Pontas’ (Pineapple Express) juntos”, explicou, se referindo ao filme de 2008 no qual trabalhou com Franco. Em um ponto do voo, Heard alegou que Depp começou a jogar cubos de gelo e utensílios nela, “falando sobre como eu sou um constrangimento em sua vida”. “Eu estava olhando pela janela quando ele me deu um tapa no rosto”, disse Heard, olhando diretamente para o júri enquanto testemunhava. Ela disse que tentou evitar a discussão, mudando de assento, mas “Johnny veio atrás de mim” e “senti essa bota nas minhas costas. Ele simplesmente me chutou”. A atriz teria ficado paralisada com a sensação de impotência e pelo fato de não ter recebido nenhum tipo de ajuda. “Ninguém disse nada. Ninguém fez nada. Eu me senti tão envergonhada por ele poder fazer isso na frente das pessoas.” Em seu depoimento, Heard também descreveu um incidente no início daquele mês, quando ambos compareceram ao Met Gala. Ela contou que, no jantar, Depp pensou que ela estava “olhando para uma mulher de uma maneira sexual”. E mais tarde, em seu quarto de hotel, ele a empurrou e a agarrou pela clavícula. Ela disse que então o empurrou de volta e “ele jogou uma garrafa em mim. Não me acertou, mas quebrou o candelabro.” Heard disse que eles brigaram na sala de estar e ele a empurrou em um sofá “e em algum momento ele me deu um tapa na cara”. “Suspeitei que tinha um nariz quebrado”, completou. Apesar disso, ela manteve os planos de casamento, por acreditar que conseguiria livrar Depp do vício e fazê-lo voltar a ser o homem por quem se apaixonou. Esta noção, porém, começou a ruir na festa de noivado, quando Depp “desapareceu no andar de cima durante quase toda a festa”, porque se trancou para se drogar com o pai dela. “Meu pai era viciado na mesma coisa que Johnny”, disse ela, afirmando que, a certa altura, seu pai saiu com um segurança de Depp para comprar drogas em West Hollywood. “Eu tentei fazer Johnny descer as escadas e ele simplesmente me repreendeu, me disse para calar a boca”, contou Heard. Seguindo a ordem cronológica dos eventos, ela chegou ao dia do surto nas horas de folga das filmagens de “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” na Austrália. “Eu disse algo para ele, ele ficou tão bravo e me deu um tapa na cara”, disse Heard, com a voz embargada. “Às vezes, acho que ele não entendeu o quanto poderia me machucar fisicamente”, acrescentou, admitindo que também “gritou com ele”. “Nada que eu fiz o fez parar de me bater”, completou. Foi quando revelou: “Ele me disse que iria mutilar meu rosto”, colocando uma garrafa quebrada em sua mandíbula e ameaçando cortá-la. Em vez de fazer isso, Depp rasgou sua camisola e a deixou nua no chão coberto de cacos de vidro de garrafas quebradas, deixando-a cheia de feridas. Heard acrescentou que o intérprete de Jack Sparrow começou a gritar como “ele me odiava e como eu arruinei a vida dele”, enquanto socava a parede. Até que ele “me pegou pelo pescoço”. “Eu tentei dizer que ele estava realmente me machucando, acho que ele não sabia o que estava fazendo”, descreveu Heard, antes de entrar em colapso no tribunal. “Eu não conseguia respirar.” “Eu vou te matar, ele disse isso várias vezes”, contou Heard sobre os instantes seguintes. E enquanto gritava, ele pegou uma garrafa que usou para penetrá-la “repetidamente”. “Lembro-me de não querer me mexer”, disse ela, antes de revelar o que pensava: “Por favor, Deus, espero que não esteja quebrada”. Ela achou que só uma coisa poderia acontecer depois disso. “Eu pensei: ‘É assim que eu morro’”, disse ela. “Ele vai me matar agora”, seguiu a atriz, chorando ao lembrar aqueles instantes de agonia. “Ele vai me matar e nem vai perceber.” Pedindo a sua advogada Elaine Bredehoft para não exigir mais detalhes, Heard mencionou contusões, feridas e inúmeros traumas que a acompanham desde aquele momento. “Nunca tive tanto medo na minha vida”, garantiu a atriz entre soluços. Ela despertou no dia seguinte com a casa toda manchada de sangue e com uma mensagem “incoerente” pintada na parede, com o que ela pensava ser seu nome. Neste ponto, a defesa exibiu fotos da destruição. “Ele não estava mais lá, não era Johnny”, continuou a atriz, descrevendo a expressão no rosto de seu então marido naquele dia, quando ela “descobriu” que Depp tinha perdido parte de seu dedo. No depoimento, Heard disse que, enquanto Depp mijava do lado de fora da residência para “enviar mais mensagens a ela”, uma enfermeira tentou lhe dar remédios para acalmá-la. “Eu só me lembro de estar com medo… sem saber o que diabos estava acontecendo”, acrescentou, revelando que depois disso pegou o que pôde e deixou a Austrália. As conversas sobre separação começaram em seguida. Mas Heard afirmou que temia o que poderia acontecer com o ator se fosse em frente. “Meu coração estava partido… Eu pensei que algo poderia acontecer com ele, como se ele pudesse morrer ou se matar”, ela revelou. “Eu queria ficar com o bom Johnny que eu amava…”, acrescentou, explicando porque fez outra tentativa de reconciliação no final de 2015, topando passar o Natal em família na ilha particular de Depp nas Bahamas. Heard tinha boas lembranças da Bahamas, onde aconteceu o processo de desintoxicação de Depp. “Eu me preocupava profundamente com o bem-estar desse humano… era muito confuso e assustador”, disse. A atriz aproveitou para lembrar os elogios que ele lhe fez por tentar ajudá-lo. “Ele me dizia o tempo todo que eu salvei sua vida, ele não estaria tentando se desintoxicar sem mim”, declarou. Neste ponto, os advogados de Depp fizeram objeções, que foram contestadas pela advogada de Heard. Elaine Bredehoft apresentou como prova da veracidade do depoimento de sua cliente uma mensagem pós-desintoxicação de Depp, onde o ator chamava a então esposa de “anjo” por ajudá-lo. Essa tentativa de limpeza fez com que o casamento durasse mais que devia. E permitiu a volta das ameaças de morte no Natal, proferidas por Depp por ela supostamente o envergonhar na frente de seus filhos. Descrevendo empurrões, gritos e tortura psicológica diante das crianças, Heard acrescentou: “Ele enfiou o dedo dentro de mim através do meu maiô” enquanto a provocava com “você acha que é tão durona?”. Na manhã depois disso, Depp teria sido encontrado “desmaiado” do lado de fora da casa. Acusando as drogas e a bebida de terem acabado com o casamento e com o próprio Depp, a atriz disse que tudo o que fez foi tentar se proteger. Apesar de admitir chutar, empurrar e se debater, ela jurou no tribunal que sempre reagiu para preservar sua integridade física. “Em todo o meu relacionamento com Johnny, eu não tinha dado um soco”, declarou Heard. Mas confessou que não conseguiu se contar quando ele ameaçou derrubar sua irmã de um lance de escadas. “Neste momento sim, eu bati nele, bem na cara”. “Claro, eu tentei revidar… mas nunca consegui nada”, disse a atriz de “Aquaman”. Mas ele conseguia. “Me socando, me socando repetidamente com o punho, eu nem me lembro da dor, apenas do som da voz de Johnny… Batendo na minha cabeça, dizendo que ia me matar”, exemplificou. Uma foto de Heard aparentemente machucada após a última suposta agressão foi exibida para o tribunal. Enquanto a atriz dava seu depoimento impactante, Depp repetiu o comportamento do dia anterior, rabiscando num papel sem fazer contato visual. Ela deve continuar seu depoimento em 16 de maio. O julgamento foi interrompido até lá, devido a uma conferência pré-agendada da juíza Penny Azcarte. Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet. Veja abaixo os novos vídeos do depoimento da atriz.
Amber Heard descreve agressões de Johnny Depp: tapas “com muitos anéis”
Amber Heard deu um depoimento emocional nesta quarta-feira (4/6) durante o julgamento do processo de difamação movido por seu ex-marido Johnny Depp em Halifax, no estado americano de Washington. “Estou aqui porque meu ex-marido está me processando por um artigo de opinião que escrevi”, ela resumiu, sobre a situação que a levou a testemunhar. “Eu luto para ter as palavras, para descrever as palavras… isso é horrível, ficar sentada aqui por semanas e reviver tudo”, disse a estrela de “Aquaman” a sua advogada Elaine Bredehoft, à juíza Penny Azcarte e ao júri, referindo-se às narrativas de violência e agressões sexuais que foram trazidos à tona nos dias anteriores, trazendo lágrimas ao rosto durante parte das declarações. “Esta é a coisa mais dolorosa e difícil pela qual já passei, com certeza”, ela explicou, enquanto Depp, sentado com óculos escuros entre seus dois advogados, rabiscava um papel e evitava contato visual. Ele se portou desta maneira durante toda a sessão. Depois de falar de sua infância difícil e o início de sua carreira, ela detalhou seu primeiro encontro com Depp em 2009 em um teste para “Diário de um Jornalista Bêbado”, acompanhado por conversas sobre “livros e poesia” e “velhos blues”, indicando que ficou encantada com o ator. Em seu depoimento, a atriz falou sobre como uma vibe de “flerte” se desenvolveu na filmagem, mesmo que os dois estivessem em outros relacionamentos na época. Chamando de “tempo bonito e estranho”, Heard também detalhou um beijo que eles compartilharam e como eles se envolveram em Los Angeles durante a turnê de imprensa de 2011 para o filme. O clima romântico, porém, não durou muito. Ela disse que o amor acabou na primeira agressão de Depp. “Nunca vou esquecer, isso mudou minha vida”, afirmou a atriz. A fúria teria sido motivada porque ela riu quando o ator explicou uma tatuagem, revelando ter mudado o nome de Winona Ryder, sua antiga namorada, para “Wino” – gíria americano para bêbado. Ela testemunhou ter rido do primeiro tapa, achando que era uma piada e porque não a machucou. De acordo com Heard, a resposta de Depp foi: “Você acha engraçado, vadia?” E então ele a esbofeteou mais duas vezes, desequilibrando-a. Naquele mesmo momento, a atriz decidiu deixá-lo. Chegou a pegar suas roupas e ir embora, mas alguns dias depois Depp voltou com um pedido de desculpas, algumas caixas de seu vinho favorito e a promessa de que nunca faria isso de novo. “Eu queria acreditar nele, então eu aceitei”, disse ela. Segundo seu depoimento, entretanto, a violência só piorou a partir disso. Entrando em detalhes sórdidos, Amber Heard disse ao tribunal ter sido agredida sexualmente em 2013. O incidente ocorreu depois que Depp a acusou de flertar com outra mulher no estacionamento de trailers de Hicksville, no deserto da Califórnia. “Ele agarra meu peito, toca minhas coxas, rasga minha calcinha e começa a buscar minha cavidade… ele enfia os dedos dentro de mim”, disse Heard, hesitante, ao tribunal, depois de revelar como Depp tirou seu vestido com raiva. Ela ainda acrescentou relatos sobre como Depp segurou seus cachorros para fora do carro em movimento, sobre abuso de drogas, explosões de raivas que destruíram trailers e quartos, e outras ações que colocaram em cheque seu “orgulho de ser durona”. Até que, em março de 2013, houve uma série de incidentes. Numa ocasião, Heard tirou uma foto de um grande hematoma em seu braço. Em outra, ela afirmou ter sido atingida no rosto por Depp. “Meu lábio entrou nos dentes e ficou um pouco de sangue na parede”, observou Heard, acrescentando que seu ex-marido “usa muitos anéis”. Ela mencionou que Depp disse que “poderia me matar” porque “eu sou uma vergonha”, empurrando-a contra a parede da cabine de seu iate, num dia que o casal tinha saído com os filhos do ator. Heard disse que, depois disso, deixou o iate com a filha de Depp, Lily-Rose, envergonhada pelas acusações do ex-marido supostamente bêbado, de que ela o havia humilhado na frente de seus filhos. O depoimento de Heard foi interrompido neste ponto, ao fim da sessão do tribunal, e continuará na quinta-feira (5/5). Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet. Veja abaixo os primeiros vídeos do depoimento da atriz, que vão até o ponto em que ela descreve a agressão inicial.
Amber Heard deve testemunhar contra Johnny Depp na próxima semana
A atriz Amber Heard será a primeira testemunha a depor em sua defesa no julgamento de difamação de US$ 50 milhões movido por Johnny Depp no condado de Fairfax, na Virgínia, EUA. O dia exato do depoimento da atriz vai depender do tempo tomado pelas testemunhas convocadas pela acusação, que estão atualmente depondo no processo. Nesta semana, a equipe de acusação trouxe vários ex-funcionários para testemunhar em favor do ator, mas ainda pretende confrontar o colega James Franco (“Artista do Desastre”) e o bilionário Elon Musk, que acaba de comprar o Twitter, por supostamente terem sido amantes de Heard durante seu casamento com Depp. Por outro lado, o advogado do ator já dispensou o testemunho de Paul Bettany (o Visão de “WandaVison”), com quem Depp trocou mensagens brutais sobre Heard. Representantes de Heard não confirmaram os planos da defesa, mas o site Deadline afirma ter ouvido de fontes que ela pode dar seu depoimento já na próxima semana, se tudo correr conforme os planos. “É difícil ver como Amber não se provará uma arma altamente eficaz contra Depp em sua própria defesa”, disse um membro da indústria com conexões com os dois campos. O julgamento acontece de segunda a quinta-feira, com a participação presencial de Depp e Heard, acompanhados por seus respectivos advogados. Mas será interrompido entre 9 e 12 de maio, porque a juíza Penny Azcarate, responsável pelo caso, tem uma conferência pré-agendada nessa data.
Johnny Depp se diz vítima de abusos de Amber Heard
Em seu quarto e último dia de depoimento, Johnny Depp encerrou seu testemunho no julgamento de difamação contra a ex-mulher, Amber Heard, afirmando que foi ele a verdadeira vítima de abuso doméstico, não ela. “Sim”, disse o ator quando perguntado por seu advogado em uma pergunta final, se foi “vítima de violência doméstica”. Na retomada do julgamento nesta segunda (25/4), o astro de “Piratas do Caribe” procurou recuperar o domínio da narrativa após vários dias de interrogatório, no qual foi bombardeado pelo advogado de Heard com textos, vídeos e áudios que o retrataram como um homem violento, drogado e capaz de explosões de raiva contra a ex-esposa. Ele começou o dia ainda confrontado pelo advogado de defesa, Ben Rottenborn, que apresentou reportagens sobre a implosão de sua carreira, publicadas bem antes do artigo de 2018, em que sua ex-esposa se apresentou como vítima de violência doméstica – sem nomeá-lo. Em seu processo, Depp afirma que foi o artigo que fez sua carreira desandar. O advogado ainda mostrou novos áudios violentos de Depp gravados pela ex-esposa. Em um deles, ela reage a uma briga dizendo: “Vá apagar seu cigarro em outra pessoa”. No tribunal, Depp disse que a atriz tinha uma propensão de fazer declarações “grosseiramente exageradas”. Em outra gravação, Depp é que teria “exagerado grosseiramente” ao dizer que, se Heard não parasse de discutir, a situação viraria um “banho de sangue”. Após o almoço, foi a vez dos advogados de Depp tentarem reverter a imagem negativa evocada pela defesa. Com ajuda da advogada Jessica Meyers, o ator repetiu a tese de que não estava sendo ameaçador em seus textos, mas simplesmente usando “humor abstrato”. E insistiu que não bebia demais. “Eu nunca tive apagões”, continuou ele, em um claro contraste com o material apresentado pela defesa, incluindo imagens e textos do próprio Depp. Embora tenha admitido, ao ser confronto por provas, que Heard foi fundamental para sua desintoxicação de opioides em 2015, Depp aproveitou para recolocar o tema em debate ao afirmar que sua ex-esposa também foi o gatilho de suas recaídas. O detalhe mais estranho desse encerramento é que, após dois dias confrontado com um retrato pouco lisonjeiro de si mesmo, os próprios advogados de Depp acrescentaram novas injúrias do ator no processo, ao reproduzirem as gravações do casal feitas por ele. Numa delas, o intérprete de Jack Sparrow chama a então esposa de “dor na bunda”, “harpia” e “vadia”. Além disso, declara que Heard tinha um “distúrbio de personalidade limítrofe” porque disse que o amava. O auto-descrito “pobre drogado velho” também foi ouvido dizendo para Heard: “Nunca vou ficar limpo e sóbrio”. Também foi possível ouvir Heard chorando e dizendo a Depp que ele é “muito malvado” e um “valentão”. “Você está me matando”, afirmou Heard, quando Depp pediu a um assessor que a levasse embora. Outro áudio trouxe Depp pedindo que a atriz o cortasse com uma faca: “Você pegou tudo, você quer meu sangue, pegue”. Depp explicou ao tribunal que disse a Heard para cortá-lo porque seu sangue “era a única coisa que ela não tinha”. Ele levou a faca para um encontro com Heard na época da discussão do divórcio. “Eu tinha uma faca no bolso. Eu peguei a faca e disse: ‘aqui, me corte'”, contou. “Eu estava quebrado, realmente não aguentava mais no final”, explicou Depp ao tribunal sobre as gravações. O mais interessante em todos os áudios foi o que não se ouviu: ofensas da atriz. O momento mais agressivo registrado por Depp foi uma gravação de telefone em que Heard o desafia a provar que ele foi a vítima do casal. Heard falou: “Diga ao mundo que eu, Johnny Depp, um homem, sou vítima de violência doméstica e veja quantas pessoas acreditam ou estão do seu lado”. Mais um áudio complicado, registrado em meados de 2016, ainda mostrou Depp comentando as alegações de abuso logo após Heard pedir uma medida restritiva de proteção. “A questão do abuso é que temos que lidar com isso”, disse Depp em um ponto da gravação. “Você me forçou indo para o ataque”, respondeu Heard, agitada. Para completar o dia, os advogados de Depp ainda retiraram o nome do ator Paul Bettany (“WandaVision”) de sua lista de testemunhas. Bettany foi o destinatário das mensagens mais violentas de Depp sobre Heard, incluindo os textos em que manifestou seu desejo de afogá-la, queimá-la e depois estuprar seu cadáver. O intérprete do Visão do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) chegou a mencionar à imprensa que achava constrangedor ver seu nome envolvido no julgamento, com essas mensagens vindo à tona. Assim como Depp, Heard também prestará depoimento no julgamento, que começou em 11 de abril e deve durar cinco semanas. Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet. Veja abaixo os vídeos do quarto dia de depoimentos do ator.
Johnny Depp acusa Amber Heard de agressão e se contradiz em depoimento
O ator Johnny Depp, que está processando a ex-esposa Amber Heard por difamação, mostrou-se bem menos confiante em seu segundo dia de depoimento no tribunal de Fairfax, no estado americano de Virginia, entrando em contradição e exibindo sinais de raiva ao ser questionado pela defesa. A serenidade controlada, frases empoladas e histórias tristes apresentadas no dia anterior viraram histórias de terror na primeira parte da sessão desta quarta (20/4), quando Depp fez denúncias literalmente sangrentas contra Heard. Mas seu tom sofreu outra mudança radical, quando chegou a vez do advogado de Heard, Ben Rottenborn, interrogá-lo nos minutos finais da audiência. Neste momento, Depp se atrapalhou com datas, mostrou-se confuso e reagiu com fúria ao ser questionado sobre as afirmações principais do caso, de que um editorial escrito pela atriz em 2018 no jornal Washington Post destruiu sua vida, carreira e reputação, trazendo prejuízo financeiro ao tirá-lo da franquia “Piratas do Caribe”. “Estou processando ela por difamação e as várias falsidades que usou para acabar com minha vida”, declarou Depp. Antes de Rottenborn pressioná-lo, Depp se mostrou bem à vontade para descrever Heard como mentirosa, manipuladora e extremamente violenta. O ponto mais polêmico foi a briga de março de 2015 que o deixou sem um pedaço do dedo médio da mão direita. Declarações sobre o incidente já surgiram várias vezes no julgamento. O médico particular do ator disse que Depp lhe confessou ter se cortado sozinho e a ficha médica de seu atendimento hospitalar na Austrália reforça esse relato, registrando o incidente como um corte involuntário com uma faca. No tribunal, porém, Depp disse que perdeu a ponta do dedo quando Heard jogou uma garrafa de vodka nele e o vidro quebrou. Segundo Depp, Heard havia chegado à Austrália, após um longo voo de Los Angeles, chateada com uma reunião que teve com um advogado para discutir o pedido de Depp de um acordo “pós-nupcial”. “Ela ficava dizendo: ‘Eu não estou nem em seu testamento. Eu nem estou em seu testamento’”, declarou o ator ao júri. “Achei uma coisa estranha de se dizer. Parecia errado, e ela não deixava de lado esse acordo pós-nupcial, dizendo que eu estava tentando enganá-la para não conseguir nada se algo acontecesse.” O intérprete de Jack Sparrow relatou que a discussão deles aumentou e que Heard “ficou irada e possuída”. Ele disse que acabou indo para a sala de recreação no andar de baixo da casa, onde, apesar de estar sóbrio por vários meses, serviu-se de duas ou três doses de vodka. “Ela me encontrou lá [e disse] ‘Oh, você está bebendo de novo’, um monstro e tudo mais’”, relatou Depp. Em seguida, afirmou que Heard agarrou a garrafa e jogou nele, passando direto por sua cabeça e quebrando às suas costas. Então, ele foi ao bar e se serviu de uma garrafa maior de vodka. Para recriar a situação, Depp levantando-se do banco de testemunha e interpretou o momento em que, segundo ele, Heard pegou outra garrafa para atirar em sua direção. “Minha mão estava na beirada do bar e ela jogou a garrafa grande, que quebrou em todos os lugares, e eu honestamente não senti a dor”. Mas disse que sentiu pingar sangue e “olhei para baixo e percebi que a ponta do meu dedo havia sido cortada. Eu estava olhando diretamente para o meu osso saindo e a parte carnuda do interior do dedo, e o sangue estava saindo.” Depp afirmou que ao ver o dedo transformado numa espécie de vulcão “Vesúvio” entrou em “uma espécie de colapso nervoso” e começou a escrever nas paredes com seu próprio sangue. Ele não disse o que estava escrito, citando apenas que eram “pequenos lembretes do nosso passado, que representavam mentiras que ela me contou e mentiras nas quais eu a peguei”. Os advogados de Heard disseram que pretendem provar que o corte de Depp foi auto-infligido durante um surto, seguido por coisas horríveis escritas com sangue nas paredes. Depp trocou a palavra “surto” por “colapso”, ao explicar porque não conseguia se lembrar do que fez em seguida. Ele relatou que foi ao pronto-socorro, mas disse a seu médico particular que havia esmagado o dedo em portas sanfonadas. O motivo, de acordo com sua explicação, foi para “manter as coisas o mais compactas possível”. Aos jurados foram mostradas fotos gráficas de sua lesão, bem como uma foto do rosto de Depp com uma marca, que ele afirmou ser resultado de uma agressão de Heard com o cigarro em sua bochecha. Depp disse que fez uma cirurgia para reconstruir o dedo por meio de um enxerto de pele de outra parte da mão. Ele explicou que usou um curativo durante o resto da produção de “Piratas do Caribe: Vingança de Salazar”, escondido no filme por meio de efeitos especiais. O ator também relembrou a ocasião em que encontrou cocô na cama, após uma briga com a então esposa. “Minha reação inicial foi rir. Era uma coisa tão bizarra e tão grotesca que eu só conseguia rir”, começou ele. “Ela tentou culpar os cachorros. Eles são yorkshires pequenos e pesam cerca de 4 kg cada. Eu vivi com aqueles cachorros. Eu peguei o cocô deles. Não foram os cachorros”, acusou. E seguiu descrevendo a esposa como alucinada e agressiva, alguém que sempre o atacava com “violência”. “Em sua frustração e raiva, ela sempre atacava”, ele testemunhou. “Podia começar com um tapa, podia começar com um empurrão, podia começar com um controle remoto da TV na minha cabeça. Poderia começar jogando uma taça de vinho na minha cara. Em suma, foi constante.” O júri provavelmente ouvirá uma versão radicalmente oposta durante o testemunho de Heard. Mas uma prévia dos embates de versões já pôde ser antevista após o final do depoimento espontâneo do ator, quando o advogado da atriz começou a questioná-lo. De imediato, Depp precisou admitir para o júri que o artigo em que baseou seu processo não cita seu nome e que assinou uma declaração em 2016, afirmando que “nenhuma das partes fez falsas acusações” após iniciar o divórcio. Esta declaração foi uma condição exigida por Heard para tirar da Justiça uma medida de restrição contra o ator, após ela indicar a um juiz ter sido vítima de violência doméstica. Ao pedir o divórcio, Heard obteve uma ordem de restrição temporária, alegando que Depp a agrediu depois de uma discussão em que estava bêbado em seu apartamento em Los Angeles. A denúncia diz que ele “começou a ficar obcecado por algo que não era verdade” e “ficou extremamente irritado”, jogando um telefone em Heard, atingindo sua bochecha e olho “com extrema força”. Uma declaração separada de uma amiga de Heard que testemunhou a cena, Raquel Pennington, apoiou a versão de Heard, incluindo uma descrição de que Depp balançava uma garrafa de vinho “como um taco de beisebol”. “Fui aconselhado por meus advogados a não lutar contra isso”, Depp explicou, tentando justificar o motivo de não ter contestado as acusações de abuso de Heard na época, preferindo esperar quase três anos para processá-la por insinuações a este respeito num editorial do Washington Post que não cita seu nome. A parte mais importante do julgamento por difamação é provar que o demandante sofreu danos à sua reputação por uma declaração ou artigo específico. O advogado demonstrou que Heard já tinha feito a acusação anteriormente – e na Justiça – sem ser contestada, e Depp assinou um documento afirmando que a declaração não era falsa. Outro argumento contestado pela defesa foi de que o editorial teria custado ao ator o papel de Jack Sparrow, supostamente extirpado do próximo filme dos “Piratas do Caribe”. O advogado de Heard buscou mostrar que a Disney havia tomado a decisão de não contratar Depp bem antes da publicação do texto, além de lembrar que Depp nem queria fazer o filme. A prova apresentada foi um artigo publicado no jornal britânico Daily Mail, datado de 25 de outubro de 2018, dois meses antes do editorial do Washington Post, que afirmava que Depp estava “fora” da franquia dos piratas. Pressionado pela defesa, Depp confessou a Rottenborn e ao tribunal que ele realmente não tinha ideia se outro filme da franquia seria feito. A Disney não deu nenhum prosseguimento a “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”, após as confusões judiciais do ator. Portanto, não seria possível afirmar que ele “perdeu” o papel num filme que nunca entrou em produção. Os argumentos da defesa avançaram direto sobre as alegações de Depp para abrir o caso, mostrando que elas não se sustentam. Mas o julgamento deve se estender até meados de maio e trazer ainda a versão de Heard sobre os detalhes mais sombrios do relacionamento do ex-casal. Depp vai continuar no banco das testemunhas nesta quinta (21/4). Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet. Veja abaixo os vídeos do segundo dia de depoimentos do ator.
Johnny Depp minimiza vício e mensagens sobre matar Amber Heard
O ator Johnny Depp prestou depoimento nesta terça (19/4) no julgamento do processo que abriu no estado americano de Virginia contra a ex-mulher, Amber Heard, por difamação. O motivo da ação foi um artigo escrito por ela no jornal The Washington Post em 2018, em que se descreveu como uma “figura pública que representa a violência doméstica”. Ao se apresentar, o ator jurou que nunca agrediu Amber Heard ou qualquer outra mulher em sua vida. Ele justificou a iniciativa de processar a atriz pela necessidade de se defender por conta dos filhos, que são constantemente questionados sobre as acusações. Confrontado com as mensagens ameaçadoras revelados no tribunal, com linguagem violenta desejando até morte brutal da ex-esposa, ele disse que tende a ser “bastante expressivo” ao escrever. Ciente do retrato agressivo realçado pelos textos, Depp se esforçou para minimizá-los. “Estou envergonhado com algumas das referências feitas e envergonhado com o tom que, no calor do momento, no calor da dor que eu estava sentindo, me levou para lugares escuros”, disse o ator em voz baixa no banco de testemunha. “Às vezes, a dor tem que ser tratada com humor e, às vezes, com humor muito sombrio”, ele continuou. “Às vezes, você está exagerando algo que fez para fazê-lo entender que você está no Planeta Ponto de Interrogação”, acrescentou. E se justificou com a alegação de que “ela começou”, ao insinuar ser vítima de agressão. Depp também refutou ser um drogado sem controle. Ele afirmou que só fuma maconha e toma medicamentos prescritos para dor. Esse consumo não é para fazer festa, mas para suportar os problemas que enfrenta na vida desde a infância. Em sua defesa, afirmou que essas drogas “eram um alvo fácil” para Heard denunciar, mas elas não afetavam seu comportamento. Mesmo confirmando seu vício em opioides, que diz ter encerrado, ele argumentou que sempre foi um viciado funcional, que nunca perdeu o controle durante filmagens. Entretanto, há amplas evidências em contrário, algumas já expostas no julgamento – pela enfermeira que testemunhou chutes e socos em portas e paredes – , outras levadas à Justiça, como o caso de um assistente do filme “City of Lies”, e as que deverão ser apresentadas ao tribunal pelos advogados de Heard, que pretendem trazer à tona os bastidores de “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”. A imprensa americana considerou o testemunho como uma performance teatral, já que pouco foi dito sobre o caso que motivou o julgamento. Na maior parte do tempo, Depp falou de si mesmo, de sua infância e carreira, contando “causos” para divertir os jurados. Depp vai continuar seu depoimento na quarta-feira. Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet. Veja abaixo os vídeos do depoimento.
Testemunhas abordam violência entre Johnny Depp e Amber Heard
O julgamento por difamação travado entre Johnny Depp e Amber Heard iniciou nesta semana em Fairfax, no estado americano de Virgínia, com testemunhos sobre as alegações de violência entre o ex-casal. Na quarta (13/4), Isaac Baruch, amigo de infância de Johnny Depp, afirmou não ter visto machucados no rosto da atriz ao cruzar com ela no dia em que teria sido atingida por um telefone jogado pelo ator. Ele acrescentou que ela estava espalhando mentiras. “Muitas pessoas foram afetadas por essa mentira maliciosa que ela começou, criou e espalhou ao redor do mundo”, disse Baruch. Para deixar claro: a mentira não era sobre o telefone ter sido jogado na cara de Heard, mas que seu rosto tivesse ficado marcado pela ação, como fotos que circularam mais tarde (quando o machucado arroxou). Confrontado pela defesa de Heard, Baruch precisou confirmar uma mensagem enviada pelo astro da franquia “Piratas do Caribe”, em que ele dizia esperar ver “o corpo apodrecido [de Amber Heard] decompondo na p***a do porta-malas de um Honda Civic”. Não foi revelado como os advogados da atriz tiveram acesso à mensagem, mas o amigo de Depp confirmou a veracidade do texto, bem como de outras mensagens ofensivas. Ele sugeriu que os ataques eram justificados. “Não é justo. Não é certo o que ela fez e o que aconteceu com as várias pessoas afetadas por isso tudo. É doentio isso tudo”. Nesta quinta (14/4), a situação entornou de vez para Depp, graças aos depoimentos de uma terapeuta e um médico. O Dr. David Kipper, contratado em 2014 para tratar o ator por seu vício em opióides (medicamentos com efeitos analgésicos e sedativos potentes), foi questionado sobre mensagens de sua enfermeira Debra Lloyd, que diziam que Depp havia “socado um quadro branco na cozinha depois de uma briga” e chutado uma porta em um set de filmagem porque estava agitado. Kipper disse que nunca viu nenhuma violência entre Depp e Heard. Mas em março de 2015, quando eles estavam na Austrália, recebeu várias mensagens perturbadoras de Depp com ofensas contra a atriz – “Ela é tão cheia de merda como um ganso de Natal”, “uma malvada maliciosa e uma vadia vingativa”, etc. Depp também informou a Kipper que “cortou a parte superior” do dedo médio. “O que devo fazer? Ir ao hospital? Estou tão envergonhado por pular em qualquer coisa com ela.” Esta informação é importante, porque durante as declarações de abertura na terça-feira, os advogados de Depp alegaram que Heard jogou uma garrafa em Depp que decepou parte de seu dedo. Kipper contradisse essa alegação citando uma mensagem em que Depp admitiu ter cortado o próprio dedo enquanto brigava com a esposa. Depois dessa mensagem, o médico foi ver Depp na Austrália. Em seu depoimento, ele revelou que a residência alugada pela Warner Bros. para as filmagens de “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” estava “uma bagunça. Havia coisas jogadas por todos os lugares”. E sangue nas paredes. Ele disse que foi para o hospital com Depp para ele realizar uma cirurgia na mão. Mas Kipper o avisou que se afastaria se ele não cumprisse o plano de tratamento, pois precisava estar “estável” para a cirurgia. Depp prometeu que cumpriria. Em junho, Depp enviou um mensagem para Kipper dizendo ter trancado seu “filho monstro em uma gaiola”, referindo-se ao vício, e isso “funcionou pra c***lho. “Amber e eu fomos absolutamente perfeitos por três meses inteiros!”, exclamou, acrescentando: “Nós somos melhores amigos agora”. Heard revelou num julgamento anterior, realizado em Londres, que Depp virava um monstro ao beber e se drogar, passando a agir com violência. O outro depoimento desta quinta foi da Dra. Laurel Anderson, que foi terapeuta matrimonial do casal por 21 sessões. Ela comentou anotações feitas na terapia, confirmando agressões de Depp, mas descrevendo a relação “como abuso mútuo”. “Ele conseguiu ser bem controlado por quase 20, 30 anos. Ambos foram vítimas de abuso [na infância] em suas casas, mas eu achava que ele estava bem controlado há décadas. Mas com a Sra. Heard, ele sofreu um gatilho e eles se envolveram no que eu vi como abuso mútuo”, disse ela. Em uma nota de uma sessão, Anderson escreveu que “ele bate nela. Sem punho fechado. Ela revida por orgulho, porque o pai bateu nela.” Questionada sobre a anotação, Anderson disse que o texto se referia a um relato de Heard de que Depp a atingiu com um “tapa de mão aberta”. A terapeuta ainda foi questionada sobre os hematomas no rosto da atriz. Após a fatídica discussão de 21 de maio de 2016, que levou Heard a obter uma ordem de restrição contra Depp, a atriz a visitou para uma sessão particular. Anderson confirmou ter visto hematomas no rosto de Heard, idênticos às fotos que lhe foram mostradas, contrariando o depoimento do amigo de Depp. Uma ex-assistente de Heard também foi ouvida. Kate James pintou um quadro oposto ao dizer que Depp era um cavalheiro e Heard estava sempre louca de drogas, manifestando um comportamento agressivo. A atriz teria cuspido na ex-assistente quando ela lhe pediu aumento. James, porém, não soube contextualizar uma mensagem enviada por Depp, que parecia sugerir um encontro regado a vinho para falar mal de Heard. “Ele escreve de forma abstrata”, foi sua explicação. Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet.
Amber Heard acusa Johnny Depp de violência sexual
O primeiro enfrentamento entre as defesas de Johnny Depp e Amber Heard, no julgamento do processo aberto pelo ator contra a ex-esposa por difamação, marcou o surgimento de uma nova e grave acusação. A advogada de Heard, Elaine Bredehoft, apresentou a acusação de violência sexual no Tribunal de Justiça do Condado de Fairfax, na Virgínia, EUA, após os representantes de Depp chamaram sua ex de “uma pessoa profundamente problemática”. Segundo Bredehoft, o abuso sexual teria acontecido enquanto Heard estava desacordada. Diante das câmeras do canal Court TV, a equipe jurídica da atriz alegou que ela teria sido abusada sexualmente em mais de uma ocasião, uma delas durante três dias de pesadelo na Austrália em março de 2015, enquanto outra teria acontecido nas Bahamas em dezembro daquele mesmo ano. Ao fazer a acusação, a advogada anunciou que a atriz vai testemunhar sobre “abuso sexual, verbal, emocional e físico” que ela supostamente sofreu durante se casamento. Já o representante de Depp apresenta uma versão diferente sobre o histórico de violência trazido à tona por Heard. Segundo ele, as acusações são inventadas e a suposição de que o ator praticou violência tiveram um efeito “devastador” na sua carreira. “Este caso demonstra como as palavras podem ser devastadoras quando são falsas e ditas em público”, disse o advogado do ator, Benjamin Chew, na abertura do processo. “Amber Heard mudou para sempre a vida e a reputação de Depp e vocês o ouvirão contar o terrível impacto que isso teve em sua vida”, continuou, em sua introdução do caso para o júri. Segundo Chew, Heard acusou seu marido de violência para se vingar dele ter pedido o divórcio. Isto teria acontecido originalmente num artigo que ela escreveu para o jornal Washington Post, onde não nomeou Depp, mas afirmou ser uma “figura pública que representa a violência doméstica” e buscou demonstrar como foi assediada pela sociedade após suas denúncias de agressão. Na linha de raciocínio da acusação, a atriz “escolheu lembrar o mundo dessas acusações venenosas em um jornal conhecido mundialmente”. Johnny Depp, de 58 anos, e Amber Heard, 35, já haviam se enfrentado judicialmente na Inglaterra, num processo do ator contra um jornal que o chamou de “espancador de esposa”. A Justiça britânica concordou que Depp agrediu Heard. Agora, Depp processa Heard em US$ 50 milhões pelo editorial que ela escreveu em 2018, onde criticou basicamente a cultura machista que ataca mulheres que denunciam violência sexual. “Eu falei contra a violência sexual e enfrentei a ira de nossa cultura. Isso tem que mudar”, diz o artigo. A atriz, por sua vez, revidou a ação de Depp com outro processo, também de difamação, em que pede US$ 100 milhões. “O processo frívolo que o Sr. Depp moveu contra a Sra. Heard mantém esse abuso e assédio”, diz a ação de Heard. Um júri foi escolhido na segunda-feira para decidir quem tem razão. A expectativa é que o julgamento, que acontece em Fairfax, uma pequena cidade do estado da Virgínia onde o jornal Washington Post é impresso, dure seis semanas.
Começa o julgamento de Johnny Depp x Amber Heard
O julgamento do processo por difamação aberto por Johnny Depp contra sua ex-esposa Amber Heard começou nesta segunda (11/4) em Fairfax County, no estado americano de Virginia, com a seleção dos 12 jurados responsáveis pelo veredito. Embora os atores só devam aparecer na corte na fase de depoimentos, o grande interesse no caso atraiu muitos fãs dos artistas para as imediações do tribunal. A maioria leva cartazes em defesa de Depp, que já perdeu um processo de difamação que abriu no Reino Unido contra um jornal que o acusou de violência doméstica. Muitos viajaram de outros países para apoiar o ator contra a ex-esposa, apesar das evidências expostas anteriormente a apontarem como vítima. Mas os interessados não precisam viajar até o interior dos EUA. Com a definição do júri, o canal pago americano Court TV vai passar transmitir todas as sessões do caso, além de fornecer uma cobertura intensa do processo, numa programação que começa na terça (12/4) e se estenderá até o anúncio da sentença. “Casos judiciais tão importantes quanto este geralmente criam muito barulho, e pode ser difícil para os espectadores superar as distrações para ter uma imagem clara dos fatos, mas é aí que entramos”, disse Ethan Nelson, chefe da Court TV, em um comunicado sobre a transmissão. O caso representa tudo ou nada para Depp, que iniciou o processo, considerado por especialistas nas leis americanas como muito difícil, mas não impossível de ser vencido. Depp está pedindo US$ 50 milhões de indenização por Heard ter escrito um artigo editorial no jornal Washington Post em 2018, intitulado “Eu me manifestei contra a violência sexual – e enfrentei a ira de nossa cultura. Isso tem que mudar”. Embora o ensaio não mencione o nome de Depp, ele afirma que o texto prejudicou sua reputação e lhe custou um papel num vindouro filme dos “Piratas do Caribe”, que a Disney não produziu nem começou a produzir. Em sua resposta à ação, Heard apresentou seu próprio processo, pedindo US$ 100 milhões por Depp prejudicar sua carreira arrastando seu nome para ações judiciais. Apesar dos advogados de Depp tentarem impedir, a Justiça do estado de Virgínia aceitou a ação. Antes mesmo de chegar no tribunal, Depp já teve uma grande derrota em seu caso, quando sua principal linha de argumentação foi bloqueada numa audiência preliminar. O ator escolheu processar Heard em Virgínia, porque se trata do estado menos simpático à adoção de uma medida judicial conhecida como anti-SLAPP. A sigla SLAPP significa, na tradução para o português, Litígio Estratégico Contra a Participação Pública. Em resumo, trata-se de uma ação legal que pretende interromper quaisquer atividades ou manifestações públicas contrárias aos interesses da pessoa ou organização representada em processo. A ação de Depp é um caso típico de SLAPP, já que baseado em artigo que prejudicaria seus interesses. Entretanto, a juíza Penney Azcarate decidiu em 24 de março contra a moção de julgamento sumário de Depp, e disse que Heard pode se valer do estatuto anti-SLAPP sobre o assunto. Para entender o que isso significa, é importante destacar a ironia representada pela decisão judicial. Graças à atenção trazida pelo processo de US$ 50 milhões, aberto por Depp em março de 2019, o estado de Virgínia mudou seu enfoque favorável a ações de SLAPP para fortalecer a aplicação da medida anti-SLAPP sobre manifestações públicas. Agora, o estado garante imunidade de responsabilidade civil para declarações sobre assuntos de interesse público, que estariam protegidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA – que aborda a Liberdade de Expressão. A juíza Penney Azcarate disse textualmente em sua decisão que o artigo de Heard no Post sobre violência doméstica tem equivalência a uma questão de interesse público. Isso é vital para a atriz, pois reformula toda a disputa legal. Com isso, os advogados de Heard podem argumentar que ela estava exercendo sua liberdade de expressão para abordar um tema de interesse público: a violência doméstica. E isso prejudica frontalmente a estratégia legal de Depp para o julgamento. Para piorar o caso do ator, ela não incluiu o nome do ex-marido em nenhuma linha do artigo. Heard apenas afirma ter sido vítima de abusos em diferentes ocasiões ao longo da vida O processo é todo baseado numa “sugestão” de envolvimento de Depp com violência doméstica – situação ligada ao divórcio tumultuado do casal, realizado num período em que Depp foi proibido de se aproximar de Heard, após ela aparecer com o rosto inchado por suposta agressão. Vale apontar ainda que os advogados de Depp tentaram incluir até o jornal Washington Post como réu ao lado de Heard, mas a Justiça alegou liberdade de imprensa para impedir que a publicação fosse a julgamento. Há dois anos, Depp perdeu um processo por difamação contra o jornal britânico The Sun, que o descreveu como um “espancador de esposa”. O julgamento em Londres não só confirmou que ele teria espancado a esposa como o fez perder um papel lucrativo num filme novo da franquia “Animais Fantásticos” – que ele já tinha começado a filmar quando foi substituído por outro ator, Madds Mikkelsen. Caso seja derrotado mais uma vez, Depp arrisca perder mais que papéis em filmes: há US$ 100 milhões em jogo, mais elevadas custas processuais e advocatícias por ter iniciado o processo. A transmissão ao vivo poderá ser vista em todo o mundo (sem legendas) pela internet a partir de terça (12/4) no endereço digital da Court TV (https://www.courttv.com/title/court-tv-live-stream-web/).
Julgamento da ação de Johnny Depp contra Amber Heard será exibido ao vivo na TV dos EUA
O julgamento do processo por difamação aberto por Johnny Depp contra sua ex-esposa Amber Heard será exibido ao vivo na TV dos EUA. O canal pago americano Court TV vai transmitir todas as sessões necessárias para o tribunal em Fairfax County chegar ao veredito, a partir do começo da próxima semana em Fairfax County, no estado da Virginia, além de fornecer uma cobertura intensa do processo. “Casos judiciais tão importantes quanto este geralmente criam muito barulho, e pode ser difícil para os espectadores superar as distrações para ter uma imagem clara. dos fatos, mas é aí que entramos”, disse Ethan Nelson, chefe da Court TV, em um comunicado sobre a transmissão. Depp está pedindo US$ 50 milhões de indenização por Heard ter escrito um artigo editorial no jornal Washington Post em 2018, intitulado “Eu me manifestei contra a violência sexual – e enfrentei a ira de nossa cultura. Isso tem que mudar”. Embora o ensaio não mencione o nome de Depp, ele afirma que o texto prejudicou sua reputação e lhe custou um papel num vindouro filme dos “Piratas do Caribe”, que a Disney não produziu nem começou a produzir. Em sua resposta à ação, Heard apresentou seu próprio processo, pedindo US$ 100 milhões por Depp prejudicar sua carreira arrastando seu nome para ações judiciais. Apesar dos advogados de Depp tentarem impedir, a Justiça do estado de Virgínia aceitou a ação. Antes mesmo de chegar no tribunal, Depp já teve uma grande derrota em seu caso, quando sua principal linha de argumentação foi bloqueada numa audiência preliminar. O ator escolheu processar Heard em Virgínia, porque se trata do estado menos simpático à adoção de uma medida judicial conhecida como anti-SLAPP. A sigla SLAPP significa, na tradução para o português, Litígio Estratégico Contra a Participação Pública. Em resumo, trata-se de uma ação legal que pretende interromper quaisquer atividades ou manifestações públicas contrárias aos interesses da pessoa ou organização representada em processo. A ação de Depp é um caso típico de SLAPP, já que baseado em artigo que prejudicaria seus interesses. Entretanto, a juíza Penney Azcarate decidiu em 24 de março contra a moção de julgamento sumário de Depp, e disse que Heard pode se valer do estatuto anti-SLAPP sobre o assunto. Para entender o que isso significa, é importante destacar a ironia representada pela decisão judicial. Graças à atenção trazida pelo processo de US$ 50 milhões, aberto por Depp em março de 2019, o estado de Virgínia mudou seu enfoque favorável a ações de SLAPP para fortalecer a aplicação da medida anti-SLAPP sobre manifestações públicas. Agora, o estado garante imunidade de responsabilidade civil para declarações sobre assuntos de interesse público, que estariam protegidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA – que aborda a Liberdade de Expressão. A juíza Penney Azcarate disse textualmente em sua decisão que o artigo de Heard no Post sobre violência doméstica tem equivalência a uma questão de interesse público. Isso é vital para a atriz, pois reformula toda a disputa legal. Com isso, os advogados de Heard podem argumentar que ela estava exercendo sua liberdade de expressão para abordar um tema de interesse público: a violência doméstica. E isso prejudica frontalmente a estratégia legal de Depp para o julgamento. Para piorar o caso do ator, ela não incluiu o nome do ex-marido em nenhuma linha do artigo. Heard apenas afirma ter sido vítima de abusos em diferentes ocasiões ao longo da vida O processo é todo baseado numa “sugestão” de envolvimento de Depp com violência doméstica – situação ligada ao divórcio tumultuado do casal, realizado num período em que Depp foi proibido de se aproximar de Heard, após ela aparecer com o rosto inchado por suposta agressão. Vale apontar ainda que os advogados de Depp tentaram incluir até o jornal Washington Post como réu ao lado de Heard, mas a Justiça alegou liberdade de imprensa para impedir que a publicação fosse a julgamento. Há dois anos, Depp perdeu um processo por difamação contra o jornal britânico The Sun, que o descreveu como um “espancador de esposa”. O julgamento em Londres não só confirmou que ele teria espancado a esposa como o fez perder um papel lucrativo num filme novo da franquia “Animais Fantásticos” – que ele já tinha começado a filmar quando foi substituído por outro ator, Madds Mikkelsen. Caso seja derrotado mais uma vez, Depp arrisca perder mais que papéis em filmes: há US$ 100 milhões em jogo, mais elevadas custas processuais e advocatícias por ter iniciado o processo. O novo julgamento está previsto para começar na segunda-feira, mas a transmissão da Court TV só estará liberada após a conclusão da seleção do júri.









