Testemunhas abordam violência entre Johnny Depp e Amber Heard

O julgamento por difamação travado entre Johnny Depp e Amber Heard iniciou nesta semana em Fairfax, no estado americano de Virgínia, com testemunhos sobre as alegações de violência entre o ex-casal. Na […]

Twitter/Johnny Depp

O julgamento por difamação travado entre Johnny Depp e Amber Heard iniciou nesta semana em Fairfax, no estado americano de Virgínia, com testemunhos sobre as alegações de violência entre o ex-casal.

Na quarta (13/4), Isaac Baruch, amigo de infância de Johnny Depp, afirmou não ter visto machucados no rosto da atriz ao cruzar com ela no dia em que teria sido atingida por um telefone jogado pelo ator. Ele acrescentou que ela estava espalhando mentiras.

“Muitas pessoas foram afetadas por essa mentira maliciosa que ela começou, criou e espalhou ao redor do mundo”, disse Baruch.

Para deixar claro: a mentira não era sobre o telefone ter sido jogado na cara de Heard, mas que seu rosto tivesse ficado marcado pela ação, como fotos que circularam mais tarde (quando o machucado arroxou).

Confrontado pela defesa de Heard, Baruch precisou confirmar uma mensagem enviada pelo astro da franquia “Piratas do Caribe”, em que ele dizia esperar ver “o corpo apodrecido [de Amber Heard] decompondo na p***a do porta-malas de um Honda Civic”. Não foi revelado como os advogados da atriz tiveram acesso à mensagem, mas o amigo de Depp confirmou a veracidade do texto, bem como de outras mensagens ofensivas.

Ele sugeriu que os ataques eram justificados. “Não é justo. Não é certo o que ela fez e o que aconteceu com as várias pessoas afetadas por isso tudo. É doentio isso tudo”.

Nesta quinta (14/4), a situação entornou de vez para Depp, graças aos depoimentos de uma terapeuta e um médico.

O Dr. David Kipper, contratado em 2014 para tratar o ator por seu vício em opióides (medicamentos com efeitos analgésicos e sedativos potentes), foi questionado sobre mensagens de sua enfermeira Debra Lloyd, que diziam que Depp havia “socado um quadro branco na cozinha depois de uma briga” e chutado uma porta em um set de filmagem porque estava agitado.

Kipper disse que nunca viu nenhuma violência entre Depp e Heard. Mas em março de 2015, quando eles estavam na Austrália, recebeu várias mensagens perturbadoras de Depp com ofensas contra a atriz – “Ela é tão cheia de merda como um ganso de Natal”, “uma malvada maliciosa e uma vadia vingativa”, etc.

Depp também informou a Kipper que “cortou a parte superior” do dedo médio. “O que devo fazer? Ir ao hospital? Estou tão envergonhado por pular em qualquer coisa com ela.”

Esta informação é importante, porque durante as declarações de abertura na terça-feira, os advogados de Depp alegaram que Heard jogou uma garrafa em Depp que decepou parte de seu dedo. Kipper contradisse essa alegação citando uma mensagem em que Depp admitiu ter cortado o próprio dedo enquanto brigava com a esposa.

Depois dessa mensagem, o médico foi ver Depp na Austrália. Em seu depoimento, ele revelou que a residência alugada pela Warner Bros. para as filmagens de “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” estava “uma bagunça. Havia coisas jogadas por todos os lugares”. E sangue nas paredes.

Ele disse que foi para o hospital com Depp para ele realizar uma cirurgia na mão. Mas Kipper o avisou que se afastaria se ele não cumprisse o plano de tratamento, pois precisava estar “estável” para a cirurgia. Depp prometeu que cumpriria.

Em junho, Depp enviou um mensagem para Kipper dizendo ter trancado seu “filho monstro em uma gaiola”, referindo-se ao vício, e isso “funcionou pra c***lho. “Amber e eu fomos absolutamente perfeitos por três meses inteiros!”, exclamou, acrescentando: “Nós somos melhores amigos agora”.

Heard revelou num julgamento anterior, realizado em Londres, que Depp virava um monstro ao beber e se drogar, passando a agir com violência.

O outro depoimento desta quinta foi da Dra. Laurel Anderson, que foi terapeuta matrimonial do casal por 21 sessões. Ela comentou anotações feitas na terapia, confirmando agressões de Depp, mas descrevendo a relação “como abuso mútuo”.

“Ele conseguiu ser bem controlado por quase 20, 30 anos. Ambos foram vítimas de abuso [na infância] em suas casas, mas eu achava que ele estava bem controlado há décadas. Mas com a Sra. Heard, ele sofreu um gatilho e eles se envolveram no que eu vi como abuso mútuo”, disse ela.

Em uma nota de uma sessão, Anderson escreveu que “ele bate nela. Sem punho fechado. Ela revida por orgulho, porque o pai bateu nela.”

Questionada sobre a anotação, Anderson disse que o texto se referia a um relato de Heard de que Depp a atingiu com um “tapa de mão aberta”.

A terapeuta ainda foi questionada sobre os hematomas no rosto da atriz. Após a fatídica discussão de 21 de maio de 2016, que levou Heard a obter uma ordem de restrição contra Depp, a atriz a visitou para uma sessão particular.

Anderson confirmou ter visto hematomas no rosto de Heard, idênticos às fotos que lhe foram mostradas, contrariando o depoimento do amigo de Depp.

Uma ex-assistente de Heard também foi ouvida. Kate James pintou um quadro oposto ao dizer que Depp era um cavalheiro e Heard estava sempre louca de drogas, manifestando um comportamento agressivo. A atriz teria cuspido na ex-assistente quando ela lhe pediu aumento.

James, porém, não soube contextualizar uma mensagem enviada por Depp, que parecia sugerir um encontro regado a vinho para falar mal de Heard. “Ele escreve de forma abstrata”, foi sua explicação.

Todo o julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal americano Court TV, disponível pela internet.