Depois da Tempestade reflete de forma sensível a dissolução de uma família
O foco na família continua o forte do cinema de Hirokazu Koreeda. Ainda que seja bem menos sombrio do que “Ninguém Pode Saber” (2004) e “O Que Eu Mais Desejo” (2011), “Depois da Tempestade” (2016) é desses filmes que parecem manter uma nuvem negra sobre seu protagonista Ryota, um escritor fracassado, que agora faz bicos trabalhando como detetive particular e que tem muita dificuldade para pagar a pensão do filho, fruto de um casamento que chegou ao fim. Ele ainda sente muita falta da esposa, demora para virar a página, sem falar que é muito doloroso para ele ter que ficar longe do garoto. O personagem é problemático, chega até mesmo a tentar roubar a própria mãe, entre outras coisas, mas percebemos que se tratam de atos desesperados. Podemos vê-lo como um sujeito que demorou a crescer e por isso acaba perdendo tudo o que havia conquistado, mas também podemos mais solidários com ele, especialmente quando há uma triste identificação com muitos aspectos de sua personalidade e de sua vida. Uma das curiosidades de “Depois da Tempestade” é o modo como Koreeda filma as ruas, quase sempre vazias. Aquilo passa uma sensação de um universo quase morto, como se não houvesse escapatória para o protagonista a não ser tentar se reconciliar com a esposa, que, no entanto, está bastante ciente de que seu casamento acabou e tem um posicionamento bem prático diante da vida. Para ela, não dá para conviver com um homem tão irresponsável. E assim vai até o terço final do filme, quando a narrativa encaminha os personagens para a casa da avó (Kirin Kiki, a velhinha de “Sabor da Vida”). Aliás, impressionante como a atriz, que já havia aparecido em outros filmes do diretor, funciona como a personificação da mãe/avó amorosa. E de como esse aspecto, bem como o ritual de fazer refeições e de comer, é tão próximo dos valores japoneses. A parte final do filme é a mais rica em significação e em sentimento, com a chegada de Ryota e do filho na casa da avó, enquanto esperam um tufão que deve causar alguns estragos na cidade. O aconchego da casa da avó, seus olhos amorosos e tristes pelo insucesso do filho, a tentativa de aproximação com a nora, tudo isso é explorado com muita delicadeza. Evitando o melodrama carregado, Koreeda prefere um drama agridoce, sutil, que aproxima o espectador daquela família e transmite sua tristeza, até concluir de forma conformista, diante da situação final. Que, aliás, não chega a ser uma solução pessimista, mas realista.
Filme com atores do mangá Fullmetal Alchemist ganha primeiro teaser
A Warner Bros. do Japão divulgou o primeiro teaser de “Fullmetal Alchemist”, adaptação com atores do famoso mangá/anime criado por Hiromu Arakawa. Os quadrinhos foram publicados entre 2001 e 2010, em mais de 100 capítulos, e seguem uma linha steampunk, com a trama passada durante a revolução industrial, mas num universo alternativo de magia e fantasia. Na trama, depois de perderem sua mãe, Alphonse e Edward Elric tentam trazê-la de volta usando uma técnica proibida de alquimia, mas, para isso, eles precisam dar algo em troca. Como consequência, Ed perde sua perna e Al perde seu corpo. Para impedir que a alma de Al vague incorpórea, Ed sacrifica um braço para prendê-la dentro de uma grande armadura. Visando recuperar seus corpos, os dois irmãos iniciem a busca da lendária pedra filosofal. O mangá fez tanto sucesso que ganhou duas séries animadas e dois longas de animação. “Fullmetal Alchemist” tem direção de Fumihiko Sori, que trabalhou nos efeitos visuais de “Titanic” (1997), e chegará aos cinemas japoneses em 2017. Não há previsão para seu lançamento no Brasil.
Creepy vai além do suspense de serial killer
Diretor de cinema desde os 20 anos, Kiyoshi Kurosawa tem uma respeitável coleção de clássicos de terror em sua filmografia, mas desde que passou a visar também o circuito dos festivais de arte, vem lidando com um projeto atrás do outro. Recentemente em Toronto para promover “Le Secret de la Chambre Noire” (coprodução entre Bélgica, França e Japão falada em francês), já regressou para a sua terra natal para as filmagens de seu novo longa-metragem a ser lançado no próximo ano. Se às vezes o resultado parece feito à toque de caixa, como “O Sétimo Código” (exibido na edição de 2014 do Indie Festival), por outro há muito a ser avaliado e discutido, como se vê em “Creepy”. Mesmo envolto no gênero do suspense, Kurosawa faz um estudo psicológico curioso a respeito da deformidade familiar, em detrimento do que, a princípio, parece um mero mistério de assassinato em série. Takakura (Hidetoshi Nishijima, de “Dolls”) decidiu abandonar o ofício de detetive após um episódio traumático. Um ano depois, recebe o pedido de seu colega Nogami (Masahiro Higashide, de “Gonin Sâga”) para investigar o desaparecimento de uma família, que deixou como único membro e testemunha a jovem Saki (Haruna Kawaguchi, da série “GTO”). Ao identificar que o caso é mais obscuro que parece, Takakura acaba negligenciando a sua esposa Yasuko (Yûko Takeuchi, de “Ring: O Chamado”), com quem acabou de se mudar para um novo bairro. Paralelamente ao avanço das investigações, acompanhamos a rotina solitária e banal de Yasuko, que aos poucos se aproxima de Nishino (Teruyuki Kagawa, de “Samurai X: O Filme”, sensacional), vizinho instável que vive com uma filha adolescente, Mio (Ryôko Fujino, de “Solomon’s Perjury”), e a sua esposa enferma. Paulatinamente, Kurosawa descortina as aparências, por vezes sugerindo que Takakura e Yasuko estão lidando com contextos completamente isolados. E o faz com bom domínio de direção, mais preocupado com a tensão provocada a partir das interações de personagens e a exploração dos cômodos de uma propriedade do que o horror passageiro da violência gráfica. Uma pena que Kurosawa e o seu parceiro de roteiro Chihiro Ikeda não tenham sido mais cuidadosos nos elementos detetivescos da trama, inspirada em um romance de Yutaka Maekawa. Trata-se de um aspecto totalmente negligenciado em “Creepy”, comprometendo por vezes a seriedade e a evolução da história, a cada erro primário que é cometido por alguém envolvido na resolução do crime central. Um deslize que só vem a ser contornado com a intensidade dramática do ato final.
Hayao Miyazaki anuncia que fará um último longa animado, seu primeiro com computação gráfica
O cineasta Hayao Miyazaki planeja fazer um último longa animado, após ter anunciado a aposentadoria. Durante entrevista ao canal NHK, o mestre da animação japonesa declarou que irá transformar o curta “Kemushi no Boro” em um longa-metragem, seu primeiro feito em computação gráfica. Ele explicou que não ficou satisfeito com o resultado do curta, que seria seu primeiro trabalho totalmente criado por CGI, e, por isso, decidiu se dedicar mais ao projeto. Para justificar o esforço, irá expandi-lo como longa-metragem. “Ainda não contei nada para a minha mulher”, brincou. O longa ainda não tem data prevista para chegar aos cinemas mundiais, mas, como de praxe, será feito no Studio Ghibli. Vale lembrar que o diretor de 75 anos anunciou sua aposentadoria depois de finalizar “Vidas ao Vento“, em 2013. Alguns dos clássicos do diretor incluem “Nausicaä do Vale do Vento” (1984), “O Castelo do Céu” (1986), “Meu Amigo Totoro” (1988), “Princesa Mononoke” (1997) e “A Viagem de Chihiro” (2001), que venceu o Oscar de Melhor Animação.
Godzilla vai ganhar longa animado dos diretores de Knights of Sidonia
O rei dos monstros vai ganhar seu primeiro longa animado. A produtora Toho anunciou que prepara uma animação sobre Godzilla e que a ideia é lançá-lo nos cinemas já em 2017! A animação será dirigida pela dupla Hiroyuki Seshita e Kôbun Shizuno, responsável pela cultuada série animada japonesa “Knights of Sidonia” (2014), com roteiro de Gen Urobuchi, criador da série animada “Psycho-Pass” (2012-2014). “Pretendemos produzir entretenimento em animação de grande escala, para ser visto por quem ama Godzilla e também para quem nada sabe sobre ele”, declarou Shizuno em entrevista à revista Variety. Por incrível que pareça, Godzilla só teve uma produção animada em todos os seus 62 anos de existência: uma série da década de 1970, produzida nos EUA e com pouca relação com seu histórico cinematográfico. O monstro gigante, que em breve vai lutar contra King Kong, voltou recentemente aos cinemas japoneses, no longa “Godzilla: Resurgence” (Shin Godzilla), a primeira produção da Toho com a criatura desde “Final Wars”, de 2004. O filme estreou em 29 de julho e já faturou US$ 50 milhões, superando até mesmo o desempenho da recente versão americana de Godzilla, que arrecadou US$ 31,6 milhões.
Godzilla: Monstro gigante volta a atacar o Japão em trailer repleto de destruição
A produtora japonesa Toho divulgou o um novo comercial e o trailer filipino (dublado em inglês) de “Godzilla: Resurgence”, seu novo filme do monstro Godzilla e o primeiro desde “Final Wars”, de 2004. As prévias revelam a influência do estilo de “correria e câmera na mão” que se originou com o único filme de monstro gigante da era do “found footage”, o excelente “Cloverfield – Monstro” (2008). Mas a produção também deve ter inspiração de animes, pois seu roteiro e direção estão a cargo do mestre Hideaki Anno, criador do cultuado “Neon Genesis Evangelion”. Seu codiretor, por sua vez, é Shinji Higuchi, responsável pela versão “live action” do mangá “Ataque dos Titãs”. Mas pesar da trilha tensa e as cenas de destruição, o monstrengo mantém a aparência clássica, que se tornou antiquada e dá ao filme um aspecto trash. O contrato de licenciamento da Toho com a Legendary, responsável pela versão americana da criatura, não impede a produção de um novo filme japonês. Assim, “Godzilla: Resurgence” chega aos cinemas asiáticos em 25 de agosto. Mas não há previsão deste monstro atacar o Brasil.
Death Note: Novo filme baseado no famoso mangá sobrenatural ganha trailer e fotos
A Warner Bros. do Japão divulgou as primeiras fotos, o trailer e o pôster da nova adaptação cinematográfica do popular mangá “Death Note”. A prévia é bem mais sombria e violenta que as versões anteriores, mostrando os poderes do caderno da morte em ação. Intitulada “Death Note: Light Up The New World”, a produção é a quarta adaptação japonesa do mangá e se passa uma década após os eventos mostrados anteriormente, com uma carnificina iniciada após seis cadernos Death Note diferentes iniciarem uma onda de mortes sem precedentes. “Death Note” foi criado por Tsugumi Ohba e Takeshi Obata e conta a história do estudante Light Yagami (vivido por Tatsuya Fujiwara nos filmes), que encontra um caderno assombrado, capaz de matar qualquer um que tenha o seu nome escrito nele. Logo, o garoto começa a usar o caderno para matar criminosos, chamando a atenção da polícia. O mangá foi lançado em 12 volumes e também já foi adaptado em duas séries (uma anime e outra com atores) no Japão. O estúdio Warner tentou produzir uma versão americana, mas diante das dificuldades de lidar com a censura elevada, cedeu os direitos para o Netflix, que está atualmente trabalhando na adaptação. Enquanto isso, o quarto longa japonês da franquia estreia no dia 29 de outubro, com direção de Shinsuke Sato, responsável pelo filme do cultuado mangá “Gantz” (2010).
Yu-Gi-Oh!: Veja dois trailers do filme que comemora os 20 anos da franquia animada
4K Media divulgou o pôster e dois trailer (um para o Japão e outro para os EUA) de “Yu-Gi-Oh! – The Dark Side of Dimensons”, longa japonês de animação que continua a história da série animada e do mangá “Yu-Gi-Oh!”, que está completando 20 anos. Quem assina a história é Kazuki Takahashi, o próprio criador de “Yu-Gi-Oh!”. Na trama, ameaçados por uma força misteriosa, os eternos rivais Yugi Mutou e Seto Kaiba decidem testar suas forças em mais um duelo de cartas de monstros. Como também foi anunciado que os quadrinhos de “Yu-Gi-Oh!” voltarão a ser publicados, após um hiato de 12 anos, é possível que o filme seja o início de uma nova saga com os personagens. Por sinal, o jogo de cartas colecionáveis de “Yu-Gi-Oh!” nunca parou de receber novas expansões. E até a Konami já confirmou que lançará um novo game de “Yu-Gi-Oh!” para o 3DS este ano. “Yu-Gi-Oh! – The Dark Side of Dimensons” será o quarto longa da franquia, seis anos após o último lançamento nos cinemas, com estreia marcada para 23 de abril no Japão. Ainda não há previsão para seu lançamento no Brasil.
Estreias: Kung Fu Panda 3 chega em mais de mil salas em semana com dez lançamentos
Maior estreia da semana, “Kung Fu Panda 3” chega em mais de mil salas de cinema (654 em 3D) após quebrar recorde de bilheteria na China, num circuito 47% maior que o do longa anterior, que estreou em 714 salas em 2011. A aposta, por sinal, mais que dobra em relação à estreia da franquia em 2008, quando o primeiro “Kung Fu Panda” foi lançado em 417 salas. A esta altura, os personagens são bem conhecidos, o que supõe maior interesse. Mas o filme é para crianças e chega tarde, um mês após o lançamento original nos EUA, numa “estratégia” que lhe custa o benefício do período das férias escolares. Embora os golpes do kung fu animado conquistem um terço de todos os cinemas do país, duas comédias que já fracassaram nos EUA tentam recuperar o investimento nos shoppings brasileiros, com distribuição maior que suas “qualidades”. Lançada em quase 300 salas, “Cinquenta Tons de Preto” exibe uma paródia de “Cinquenta Tons de Cinza”, realizada pelos responsáveis por “Inatividade Paranormal”, enquanto “Zoolander 2” ocupa metade desse espaço com a continuação de uma comédia antiga (2001) de Ben Stiller sobre o universo da moda. O primeiro ridiculariza o que já é ridículo, o segundo tenta bater o recorde de aparições de celebridades, e ambos entregam esquetes em vez de histórias. O drama “Um Homem entre Gigantes” também falhou em empolgar público e crítica americanos. Cinebiografia do médico imigrante que enfrentou a liga de futebol americano para denunciar as condições de saúde dos atletas deste esporte violento, tem como destaque a boa interpretação de Will Smith, que chegou a acreditar na possibilidade de uma indicação ao Oscar. Ela não veio porque o resto – roteiro, direção, etc – não acompanhou seu desempenho. Lançado há seis semanas e já quase fora de cartaz nos EUA, o filme deu prejuízo, o que leva o estúdio a buscar o mercado internacional. Infelizmente, com expectativas acima das possibilidades: 74 salas é muita ambição para um filme sobre um esporte não olímpico e pouco apreciado no Brasil. Ironicamente, o melhor “filme americano” da semana é um terror. Gênero subestimado, de vez em quando revela boas surpresas como esta “A Bruxa”, que rendeu ao estreante Robert Eggers o prêmio de Melhor Direção no Festival de Sundance 2015, além de revelar a atriz Anya Taylor-Joy, que deve aparecer em mais quatro filmes nos próximos 10 meses. Fãs de terror convencional podem ter dificuldades com sua abordagem, que explora a atmosfera, a locação e a presença assustadora de um bode, misturando sangue e delírio de forma perturbadora. A trama se passa numa fazenda isolada e distante do século 17, onde vive um casal temente a Deus e seus cinco filhos, até que o desaparecimento de um bebê recém-nascido gera suspeitas da existência de uma bruxa nas redondezas. Um detalhe interessante é que se trata de um coprodução brasileira, com participação da RT Features, do produtor Rodrigo Teixeira, o que justifica seu lançamento pouco “indie”, em 97 salas. Mais uma curiosidade nacional é oferecida ao público em “Meu Amigo Hindu”. A volta de Hector Babenco, após nove anos sem filmar, é estrelada por um americano, Willem Dafoe, e foi originalmente filmada em inglês. Mas o elenco de apoio e as locações são de novela brasileira. O que leva a uma ironia peculiar: o filme ganhou dublagem nacional para chegar a 44 cinemas. A trama evoca um drama particular do diretor, usando Dafoe como seu alter ego, e resulta num longo filme de doença. Escolhido para abrir a Mostra de São Paulo do ano passado, agradou apenas aos críticos mais velhos, que tendem a ser reverentes. O maior lançamento brasileiro, porém, é outro. Uma comédia, é claro. E, como de praxe, com o subtítulo “O Filme”. Trata-se de “Apaixonados – O Filme”, que, apesar de se passar no carnaval, também é hollywoodiana, seguindo a fórmula da comédia romântica como conto de fadas. A direção é de Paulo Fontenelle, que chega ao terceiro longa sem demonstrar muita evolução – continua confundindo atores da rede Globo com talentos e roteiros televisivos com cinema. Pelo tempero nacional, “Apaixonados” sai-se melhor que os péssimos “Se Puder… Dirija” (2013) e “Divã a 2” (2015), mas compartilha com eles a previsibilidade de sua história. Em 124 salas. Como costuma acontecer em toda semana, o circuito limitado destaca um lançamento francês. Desta vez, um drama romântico de características surreais, “Fique Comigo”, que traz a atriz Isabelle Huppert (“Amor”) numa de suas histórias paralelas. Estreia em 11 salas em apenas quatro cidades. A programação se completa com dois filmes japoneses lançados de forma restrita. “Black Butler – O Mordomo de Preto”, que chega em apenas três salas no Rio, é adaptação de um mangá sobre um mordomo do inferno, que serve a um mestre em troca de sua alma. No filme, o mestre é uma mestra, o que gera subtexto de dominação sadomasoquista. O visual neogótico completa o pré-requisito cult, mas a trama é boba – uma história de vingança – e filmada de forma exagerada, como se fosse uma animação – o anime derivado dos quadrinhos, por sinal, é mais conhecido pelo título “O Mordomo Sombrio”. Por fim, “Nossa Irmã Mais Nova” é a obra mais recente de Hirokazu Koreeda, um dos maiores mestres dedicados a dramas sobre crianças no cinema contemporâneo – diretor dos sensíveis “Ninguém Pode Saber” (2004), “Andando” (2008) e “Pais e Filhos” (2014). O longa acompanha três irmãs que descobrem, no funeral do pai que as abandonou pequenas, que têm uma quarta irmã mais nova e, num ato impulsivo, a convidam a viver com elas. A chegada da quarta irmã perturba o ambiente da família materna, mas, como a mãe das jovens também as abandonou quando eram adolescentes, elas se sentem acima das críticas. Terno, tocante e encantador, “Nossa Irmã Mais Nova” é um filme que faz bem. Infelizmente, fará bem a poucos, lançado em apenas duas salas em São Paulo. Estreias de cinema nos shoppings Estreias em circuito limitado
Sadako vs. Kayako: Monstros de o Chamado de O Grito se enfrentam em trailer de terror japonês
O estúdio Kadokawa divulgou o trailer do filme “Sadako vs. Kayako”, que é o equivalente ao “Freddy vs. Jason” (2003) japonês. A prévia se passa numa casa mal-assombrada, onde ocorre o confronto entre os dois monstros femininos mais famosos do Japão: Sadako, a adolescente paranormal cuja morte assombra um vídeo maldito, e Kayako, espírito vingativo de uma dona de casa brutalmente assassinada por seu marido. Entre o público ocidental, Sadako é mais conhecida como Samara, sua versão americana na franquia “O Chamado”, enquanto Kayako manteve o nome no remake de “O Grito”. A ideia do filme surgiu depois que um vídeo feito por fãs com cenas das duas franquias viralizou na internet, convencendo os estúdios, Kadokawa e NBC Universal Studios, de que seria uma boa ideia juntar as duas personagens. As duas monstras, por sinal, continuam em plena atividade no Japão. Sadako descobriu a internet em “A Invocação 3D” (2012) e sua continuação de 2013, enquanto Kayako voltou a atacar em “Ju-on: The Beginning of the End” de 2014. Há planos, inclusive, para a retomada da franquia “O Chamado” nos EUA, com um terceiro filme, “Chamados”, agendado para outubro. Com direção de Kôji Shiraishi (“Grotesco”), “Sadako vs. Kayako” estreia em junho no Japão.
Teaser de terror japonês revela encontro das assombrações de O Chamado e O Grito
A Universal Pictures do Japão divulgou o pôster e o primeiro teaser de “Sadako vs. Kayako”, que é o equivalente ao “Freddy vs. Jason” (2003) japonês. A prévia se passa numa casa mal-assombrada, com uma TV ligada na sala e o ruído do mal saindo de suas paredes. Este é o cenário do confronto entre os dois monstros femininos mais famosos do Japão, Sadako, a adolescente paranormal cuja morte assombra um vídeo maldito, e Kayako, espírito vingativo de uma dona de casa brutalmente assassinada por seu marido. Entre o público ocidental, elas são mais conhecidas pelos nomes Samara, na franquia “O Chamado”, e… Kayako mesmo, em “O Grito”. O filme que vai colocar as duas frente a frente pela primeira vez foi inspirado, curiosamente, por um trote de 1º de abril. Quando o público começou a se entusiasmar com a ideia, antes de saber que era mentira, os produtores perceberam o potencial e decidiram levar o projeto adiante. As duas monstras, por sinal, continuam em plena atividade no Japão. Sadako descobriu a internet em “A Invocação 3D” (2012) e sua continuação de 2013, enquanto Kayako voltou a atacar em “Ju-on: The Beginning of the End” de 2014. Há planos, inclusive, para a retomada da franquia “O Chamado” nos EUA, com um terceiro filme, “Chamados”, agendado para abril de 2016. Com direção de Kôji Shiraishi (“Grotesco”), “Sadako vs. Kayako” estreia em junho no Japão.
Godzilla vai ganhar novo filme no Japão. Veja o primeiro teaser e o pôster
A produtora japonesa Toho divulgou o primeiro teaser e o pôster (em japonês e inglês) de “Godzilla: Resurgence”, seu novo filme do monstro Godzilla e o primeiro desde “Final Wars”, de 2004. A prévia revela a influência do estilo de “correria e câmera na mão” que se originou com o único filme de monstro gigante da era do “found footage”, o excelente “Cloverfield – Monstro” (2008). Mas a produção também deve ter inspiração de animes, pois seu roteiro e direção estão a cargo do mestre Hideaki Anno, criador do cultuado “Neon Genesis Evangelion”. Seu codiretor, por sua vez, é Shinji Higuchi, responsável pela versão “live action” do mangá “Ataque dos Titãs”. O contrato de licenciamento da Toho com a Legendary, responsável pela versão americana da criatura, não impede a produção de um novo filme japonês. Assim, “Godzilla: Resurgence” chega aos cinemas asiáticos em julho de 2016, dois anos antes da sequência do “Godzilla” de Gareth Edwards, previsto para estrear em junho de 2018.
Setsuko Hara (1920 – 2015)
Morreu Setsuko Hara, lenda do cinema japonês, que estrelou os filmes mais famosos do grande mestre Yasujirō Ozu. Ela faleceu aos 95 anos em 5 de setembro, após passar um mês internada num hospital, mas a notícia só foi divulgada nesta semana pela imprensa japonesa. Seu verdadeiro nome era Masae Aida e ela nasceu em 17 de junho de 1920 em Yokohama, no Japão. Sua irmã mais velha era casada com o cineasta Hisatora Kumagai, o que aproximou sua família da indústria do cinema – até seu irmão virou assistente de fotografia. Sonhando em virar atriz, ela passou num teste no estúdio Nikkatsu e fez sua estreia em 1935, aos 15 anos, no curta “Tama o Nagero”, seguido no mesmo ano pela comédia “Do Not Hesite Young Folks!” O primeiro papel de destaque veio no drama “O Filho do Samurai” (1937), uma coprodução alemã, em que ela interpretou uma donzela que tentava, em sacrifício, jogar-se em um vulcão. O sucesso foi tanto que Setsuko continuou a viver heroínas trágicas em diversos filmes até a 2ª Guerra Mundial, que diminuiu o ritmo de lançamentos do país. Quando a produção cinematográfica foi retomada, Akira Kurosawa a convidou a estrelar o clássico “Não Lamento Minha Juventude” (1946), como a filha de um professor universitário que cai em desgraça política, representando as contradições, angústias e sentimentos de culpa da geração do pós-guerra. Ela também trabalhou com o diretor Kimisaburo Yoshimura em “A Ball at the Anjo House” (1947) e com Keisuke Kinoshita em “Here’s to the Girls” (1949), nos quais foi retratada como a “nova mulher japonesa”, além de voltar a filmar com Kurosawa na adaptação japonesa de “O Idiota” (1951), clássico literário de Fiódor Dostoiévski. No entanto, foi a parceria com Yasujirō Ozu, iniciada em 1949, que teve maior impacto em sua carreira. No primeiro longa da parceria, “Pai e Filha” (1949), ela viveu Noriko, uma mulher adulta que se recusava a se casar e sair de casa, preferindo dedicar sua vida a cuidar do pai, apesar dos esforços da família para convencê-la a noivar. O filme tornou-se um dos maiores clássicos japoneses, considerado um dos mais perfeitos dramas de estudo de personagens já realizados e o 15º melhor filme de todos os tempos (segundo a eleição mais recente do British Film Institute). O sucesso do filme consolidou a imagem de Setsuko como uma filha dedicada a seus pais, inspirando o apelido pelo qual ela ficou conhecida: a Virgem Eterna. Até certo ponto, a realidade espelhava esse papel. Em uma sociedade que considerava o casamento e a maternidade quase obrigatórios, ela permaneceu solteira e sem filhos, sobrevivendo às controvérsias apenas porque era popular o suficiente para evitar as fofocas. Ozu, entretanto, quis mostrar uma Noriko diferente no segundo filme da parceria. Mantendo o nome da personagem em “Também Fomos Felizes” (1951), a atriz mostrou que a relutância em se casar não representava uma devoção paterna equivocada. Era um ato de independência. Na trama, a família se preocupava por Noriko se manter solteira aos 28 anos de idade. Mas a jovem era uma típica representante do Japão do pós-guerra, em que as mulheres trabalhavam e não dependiam de homens para sustentá-las, optando por se casar apenas se quisessem e não por conveniência ou tradição. Setsuko também mostrou que o casamento não era essa maravilha toda, ao estrelar o drama “Vida de Casado” (1951), de Mikio Naruse, no qual se mostrava infeliz ao perceber que, após o matrimônio, sua vida resumira-se a cozinhar e limpar a casa. O terceiro filme que estrelou para Ozu, “Era uma Vez em Tóquio” (1953), ilustrou outro ângulo dos temas anteriormente visitados. Nele, a atriz interpretava uma viúva, também chamada Noriko, cujo marido morreu na guerra. Sua devoção ao falecido, porém, já persistia por mais de uma década, a ponto de preocupar os familiares por sua recusa em se casar novamente. Ela era, entretanto, a única que dava atenção aos pais idosos de seu marido, que viajaram do interior para Tóquio, numa rara visita aos filhos distantes, apenas para serem recebidos com indiferença. Os cunhados de Noriko, tão absorvidos em suas próprias vidas, preferiam ignorar os sentimentos dos pais, enquanto a viúva lhes recebia com o respeito e a devoção de uma filha de verdade, num retrato da degradação das famílias, alimentada pela correria da vida moderna. “Era uma Vez em Tóquio” encerrou a chamada “trilogia Noriko” sob elogios e aplausos ainda mais retumbantes que os de “Pai e Filha”, atingindo status de obra-prima mundial. Considerado um dos trabalhos mais importantes do cinema, ocupa atualmente o 3º lugar na lista do British Film Institute dos melhores filmes de todos os tempos, além de liderar uma lista alternativa do mesmo instituto, com votação exclusiva de cineastas. A atriz ainda estrelou mais três longas de Ozu, “Crepúsculo em Tóquio” (1957), “Dia de Outono” (1960) e “Fim de Verão” (1961), sempre lidando com problemas de família, envolvendo especialmente os pais. O final de sua filmografia também teve espaço para duas aventuras dirigidas por Hiroshi Inagaki, vivendo uma deusa em “A Idade dos Deuses” (1959), sobre a origem do xintoísmo, e seu papel final em “Os Vingadores” (1962), a versão mais bem-sucedida da lenda espadachim dos 47 ronins. Em 1963, logo após a morte de Ozu, ela entrou em depressão e decidiu se afastar da indústria cinematográfica. Aos 43 anos, e no auge de sua popularidade, recusou-se a estrelar novos papeis, irritando seus fãs, a indústria e a imprensa do país, ao declarar que não fazia mais sentido continuar a carreira, pois nos últimos anos só filmava para sustentar seus parentes. Ela se mudou para uma pequena casa no litoral, em Kamakura, antiga capital do Japão, onde permaneceu, vivendo sozinha o resto de sua vida. A imprensa, porém, não se conformou com a decisão e passou a chamá-la de “Greta Garbo do Japão”, pela súbita reclusão. Segundo um sobrinho de 75 anos, ela cultivava a simplicidade e a humildade, e não queria chamar atenção para si, mesmo diante da perspectiva da própria morte.










