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    Suspense movido à Google é o grande destaque das estreias de cinema da semana

    20 de setembro de 2018 /

    Nove filmes estreiam nos cinemas nesta quinta (20/9), mas as distribuidoras não apostaram com muita ênfase em nenhum em particular. O que não muda é que, enquanto Hollywood disputa as salas dos shoppings, o resto da produção mundial segue confinado no circuito limitado. A safra americana é bastante desigual, abrangendo do suspense absolutamente inovador aos velhos clichês dos filmes de brucutus armados. Melhor até que os filmes “de arte” em cartaz, “Buscando…” é a dica de cinema da semana. Ou de qualquer tela, já que é disto que se trata a produção. Estreia do cineasta Aneesh Chaganty, o filme radicaliza o conceito do “found footage”, que marcou terrores recentes com o ponto de vista de câmeras amadoras, passando-se inteiramente numa tela de computador. O detalhe é que o “maneirismo” é indissociável da narrativa, que acompanha um pai preocupado (John Cho, de “Star Trek”) com a filha que sumiu. Em busca de pistas, ele vasculha as redes sociais da adolescente, conecta-se com amigos da filha, sempre diante da câmera do laptop, enquanto acompanha notícias do desaparecimento no YouTube e pesquisa sites, que se materializam para o espectador compartilhar sua busca e a constatação de que não tinha a menor ideia da vida privada da jovem. Mas a estética “online” não chega a distrair da principal força da trama: seu suspense. Há mais reviravoltas que se pode imaginar em visitas ao Google, Instagram e Reddit, arrastando o protagonista, um homem comum, a uma situação desesperadora, digna do cinema analógico do velho mestre Hitchcock. Com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes, a obra impressionou tanto nos Estados Unidos que foi consagrado como Melhor Filme da seção Next, no Festival de Sundance, e recebeu um raro prêmio da Fundação Alfred P. Sloan, que reconhece trabalhos capazes de popularizar a ciência, no caso a web. “Buscando…” é o primeiro suspense criado no Google. E em mais de um sentido, já que Chaganty se notabilizou trabalhando em comerciais da companhia de tecnologia digital antes de virar diretor de cinema. “O Mistério do Relógio na Parede” oferece uma boa alternativa infantil, baseada no livro de fantasia homônimo de John Bellairs. A maior curiosidade deste história de terror para menores é quem dá os sustos nas crianças: um time especializado em horrores sangrentos. O roteiro foi escrito por Eric Kripke, criador da série “Supernatural”, e a direção está a cargo de Eli Roth, do ultraviolento “O Albergue”. Já a produção é da Amblin Entertainment, empresa de Steven Spielberg – que fez “ET” (1982), mas também “Poltergeist” (1982). O filme gira em torno de Lewis Barnavelt (Owen Vaccaro, de “Pai em Dose Dupla”), um órfão de 10 anos que descobre um mundo de passagens escondidas, magia e perigo na casa do tio, que é feiticeiro. Antiga moradia de um bruxo maligno, o local faz tique-taque sem parar e guarda inúmeros segredos, alguns bastante perigosos. Jack Black (“Jumanji”), que vive o tio, e Cate Blanchett (“Thor: Ragnarok”) divertem-se tentando roubar as cenas um do outro e, nessa brincadeira, ajudam a produção a se aproximar de clássicos da Sessão da Tarde como “Abracadabra” (1993), “Convenção das Bruxas” (1990) e “Gasparzinho, o Fantasminha Camarada” (1995). Obteve 62% de aprovação no Rotten Tomatoes. As outras duas produções americanas são versões genéricas de filmes já vistos antes. “22 Milhas” é o quarto longa consecutivo de Peter Berg estrelado por Mark Wahlberg, e o que mais se aproxima do primeiro, “O Grande Herói” (2013), ao trazer um grupo sob fogo cerrado em território inimigo. Na trama, Wahlberg comanda agentes de elite especializados em missões impossíveis, para realizar um trabalho que Bruce Willis já fez sozinho no cinema: transportar uma testemunha por algumas quadras sob ataque – veja-se “16 Quadras” (2006). A diferença é que a dobradinha Berg e Wahlberg faz isso com mais explosões, tiroteios e patriotada. 23% no Rotten Tomatoes. E “Traffik – Liberdade Roubada” é uma tentativa de dar à trama básica de “Amargo Pesadelo” (1972) um viés pós-“Corra!” (2017), que faz com que um casal negro abastado seja caçado por motoqueiros caipiras, envolvidos com tráfico de mulheres. Incluída como suposto comentário social, a referência à escravidão não pode ser mais explícita e apelativa. 25% no Rotten Tomatoes. Os três longas de ficção do circuito limitado merecem mais atenção por motivos variados. O italiano “Uma Questão Pessoal” marca a última parceria dos irmãos Taviani. Eles compartilham o roteiro, mas foi Paolo quem assumiu sozinho a direção após a saúde de seu irmão deteriorar. Vittorio morreu em abril, aos 88 anos. Passada durante a 2ª Guerra Mundial e a luta contra o fascismo, o filme resume a jornada cinematográfica dos Taviani, em sua crença inabalável de que o amor é mais forte que o ódio. O francês “O Retorno do Herói” resgata com louvor o gênero das comédias malucas dos anos 1930, repleto de pastelão e ultraje, por meio de uma trama que ainda subverte o clássico “Cyrano de Bergerac” com um viés feminista. Quando Jean Dujardin (“O Artista”) é recrutado na primeira guerra napoleônica, deixando a noiva com o coração partido, a irmã dela (Mélanie Laurent, de “Truque de Mestre”) decide escrever cartas em seu nome para animá-la. Porém, tudo vai por água abaixo quando ele retorna, já que não é nem de perto o herói imaginário criado pela futura cunhada. A direção é de Laurent Tirard, de “As Aventuras de Moulière” (2007) e “O Pequeno Nicolau” (2009). Melhor dos três, “Sem Data, Sem Assinatura” confirma a fase excepcional dos dramas iranianos. Premiado em inúmeros festivais, incluindo Veneza, onde venceu os troféus de Direção e Ator, o longa explora um dilema moral. Após se envolver num acidente de carro, um médico encontra no hospital em que trabalha o corpo da criança que atropelou, e que o pai se recusou a deixá-lo ajudar como se não fosse nada demais. Por conta disso, quem tem mais culpa pelo desfecho trágico? O cineasta Vahid Jalilvand mergulha na relação de causa e efeito, mostrando como pequenos atos podem causar grandes repercussões, e emerge como um dos cineastas mais vitais a surgir no Oriente Médio nos últimos anos. Confira abaixo as sinopses e veja os trailers de todas as estreias da semana, incluindo dos dois documentários. Buscando… | EUA | Suspense Um pai desesperado (John Cho) com o desaparecimento da sua filha de 16 anos decide invadir o computador da jovem para procurar pistas que possam levar ao seu paradeiro. O Mistério do Relógio na Parede | EUA | Fantasia ewis (Owen Vaccaro), de apenas 10 anos, acaba de perder os pais e vai morar em Michigan com o tio Jonathan Barnavelt (Jack Black). O que o jovem não tem ideia é que seu tio e a vizinha da casa ao lado, Sra. Zimmerman (Cate Blanchett), são na verdade feiticeiros. 22 Milhas | EUA | Ação Um agente da CIA (Mark Wahlberg) tem que transportar um informante da Indonésia do centro da cidade para refúgio em um aeroporto a 22 milhas de distância. Traffik – Liberdade Roubada | EUA | Suspense Brea (Paula Patton) e John (Omar Epps) estão nas montanhas com amigos para um fim de semana romântico, quando acabam se deparando com uma gangue de motoqueiros. Sozinhos, eles precisam se defender do grupo. Uma Questão Pessoal | Itália | Drama Milton, um jovem partidário italiano, está dividido entre o movimento de resistência e sua obsessão pela jovem Fulvia durante a 2ª Guerra Mundial. Ele descobre que ela está apaixonada por seu melhor amigo Giorgio e decide ir atrás dele. Só que Giorgio acabou de ser preso pelos fascistas. O Retorno do Herói | França | Comédia Em 1809, na França, o capitão Neuville (Jean Dujardin) é chamado para batalha, deixando a futura noiva com o coração partido. Vendo a tristeza da moça, sua irmã (Mélanie Laurent) decide escrever cartas em seu nome para animá-la. Porém, tudo vai por água abaixo quando Neuville reaparece, longe de parecer o herói imaginário. Sem Data, Sem Assinatura | Irã | Drama Ao se envolver em um acidente de carro, um médico fere um garoto de 8 anos. Ele se oferece para levar a criança a uma clínica, mas o pai recusa sua ajuda. Na manhã seguinte, no hospital onde trabalha, o médico descobre que o menino aguarda por sua autópsia e enfrente o dilema se é o responsável pela morte da criança. Salto no Vazio | Brasil | Documentário As memórias de viagem feita pelo casal de artistas Cavi Borges e Patrícia Niedermeier são transformados em um filme-ensaio. O cenário é composto por paisagens localizadas no Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Síria, França e Hungria, onde é registrado uma série de coreografias e outras performances criadas pelo dois As Copas por um Clique | Brasil | Documentário Conhecida pela seu desempenho sempre emblemática nas Copas do Mundo, a Seleção Brasileira de Futebol coleciona memórias, polêmicas, derrotas e vitórias ao longo de todos os anos de competição. Mas por trás de tantos momentos icônicos, existe um personagem vital nas trajetórias: o fotógrafo. E por trás de toda foto tirada, existe uma história não contada.

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    Com A Freira em destaque, programação de cinema está um horror nesta semana

    6 de setembro de 2018 /

    A programação de cinema desta semana está um terror. Literalmente, no caso de “A Freira”, novo spin-off da franquia “Invocação do Mal”, que já vendeu 12 milhões de ingressos no Brasil. Maior lançamento desta quinta (6/9), o filme sobre a freira maligna de “Invocação do Mal 2” leva a 600 cinemas o mais fraco de todos os derivados do universo de terror do diretor James Wan, que assina a história com o roteirista dos filmes de “Annabelle”, Gary Dauberman. Nenhum deles está atrás das câmeras. A tarefa ficou para o diretor do insípito “A Maldição da Floresta”, Corin Hardy, cuja aposta na atmosfera gótica só reforça que a Freira é um monstrinho de “trem fantasma”, que salta das sombras para dar um susto e logo some sem importar nada, porque outros (filmes) virão em seguida. Tem 45% de aprovação no Rotten Tomatoes. “Crô em Família” é outro horror. Equivocada do começo ao fim, a produção enche a comédia de convidados famosos para dar uma aparência LGBTQIA+ a algo que é totalmente incorreto nos dias de hoje: um ator heterossexual interpretando um gay caricato. E esta semana ainda serve a antítese de “Crô” no circuito limitado, “Marvin”. O filme francês de Anne Fontaine, com participação da grande Isabelle Huppert interpretando a si mesma, é repleto de boas intenções e chegou a receber o Leão Queer no Festival de Veneza do ano passado. Mas é basicamente um “Billy Elliot” (2000) fora do armário. O que se pode recomendar sem medo é um filme para crianças, “Alfa”, que conta, em tom de fábula e aventura, como um adolescente se torna responsável pela domesticação de um lobo na pré-história, dando origem ao que a evolução das espécies tratou de transformar no melhor amigo do homem. Bem feitinho, parece um filme da Disney, mas é uma produção da Sony com 82% de aprovação no Rotten Tomatoes. Por sinal, o outro filme da semana que parece ser da Disney, a animação “Wheely – Velozes e Divertidos”, não passa de uma imitação asiática da franquia “Carros”, com todos os problemas que decorrem de produtos falsos. De resto, vale comentar a sci-fi juvenil “Kin” por buscar se diferenciar pela ambientação e protagonistas negros, ainda que pareça vir do catálogo da Netflix. Este mesmo foco na periferia aparece no drama nacional “Vende-se esta Moto”, outra estreia bem-intencionada, que infelizmente é sabotada pela própria realização amadora. Faltou algo? Não, não vale a pena comentar a comédia italiana… Mas se tiver curiosidade, as sinopses e trailers de todos os lançamentos da semana nos cinemas podem ser conferidos abaixo. A Freira | EUA | Terror Presa em um convento na Romênia, uma freira comete suicídio. Para investigar o caso, o Vaticano envia um padre atormentado e uma noviça prestes a se tornar freira. Arriscando suas vidas, a fé e até suas almas, os dois descobrem um segredo profano e se confrontam com uma força do mal que toma a forma de uma freira demoníaca e transforma o convento num campo de batalha. Alfa | EUA | Aventura Após cair de um penhasco e se perder do seu grupo, o jovem Keda (Kodi Smit-McPhee) precisa sobreviver em meio a paisagens selvagens e encontrar o caminho de casa. Atacado por uma matilha, ele consegue ferir um dos lobos, mas decide não matar o animal. O jovem cuida dele e os dois começam uma relação de amizade. Kin | EUA | Aventura Um ex-condenado e seu irmão mais novo são forçados a fugir de um vingativo criminoso, agentes federais e uma série de soldados de outro mundo. A única proteção que eles possuem é uma arma de procedência misteriosa. Crô em Família | Brasil | Comédia Crodoalvo Valério, ou simplesmente Crô (Marcelo Serrado), é agora dono de uma badalada escola de etiqueta e finesse. Entretanto, apesar de toda a fama, ele se sente bastante carente e vulnerável por não ter amigos nem uma nova musa a quem dedicar a vida. É quando sua vida cruza com as de Orlando (Tonico Pereira) e Marinalva (Arlete Salles), que dizem ser seus pais, mas cujas intenções não parecem ser das melhores. Ele embarcará numa aventura para descobrir a sua verdadeira família. Wheely – Velozes e Divertidos | Malásia | Animação Wheely é um pequeno táxi que sonha em se tornar o rei da estrada. Para isso, ele precisará provar que é um verdadeiro herói enfrentando os carros de elite e o terrível caminhão de 18 rodas, que comanda o sindicato de carros de luxo da cidade. A Vida em Família | Itália | Comédia Na aldeia esquecida por Deus de Desperata, no sul da Itália, o prefeito Filippo Pisanelli tem certeza de que está na profissão errada. Para aliviar sua depressão, usa seu amor pela poesia para dar aulas a presos. Porém, um encontro dele e de outros companheiros com a arte mudará suas vidas completamente. Marvin | França | Drama Marvin está em fuga: primeiro de seu vilarejo, depois da família e, por último, da intolerância e rejeição as quais era exposto por tudo que faziam dele um rapaz ”diferente”. Ele descobre o teatro e aliados que vão permitir que sua história seja contada por ele mesmo. Vende-se esta Moto | Brasil | Drama Xéu e Lidiane terão um filho e para montar o enxoval ela exige que ele, que está desempregado, venda sua moto. O primo Cadu o ajuda a buscar um comprador, mas ainda nutre sentimentos profundos por Lidiane, sua ex-namorada.

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    Café dialoga com o alcance global e econômico da bebida do título

    5 de agosto de 2018 /

    “Café”, o filme, não deixa de ser uma homenagem ao nosso sofisticado hábito de tomar café com algum requinte. Seja sendo uma produção super especial, única, seja sendo servido num bule valiosíssimo, seja lendo a sua borra na xícara. Ou, ainda, discorrendo sobre os seus três sabores básicos: amargo, azedo e perfumado. Outra constatação muito importante, o café é um hábito planetário, alcança todo o mundo. A prova disso é que o filme, do diretor italiano Cristiano Bortone, conta três histórias passadas em países distintos: Itália, Bélgica e China (é uma coprodução dos três países) e envolve personagens árabes. Uma trama permeada pelo café, como elemento simbólico e econômico, que pode vir a frequentar o noticiário policial e mexer de forma intensa com a vida das pessoas. As histórias têm um fio tênue que as liga, como, de algum modo, todos nos ligamos enquanto seres humanos, ainda que longe uns dos outros, mundo afora. Um precioso bule de café roubado leva um árabe pacífico a se envolver com violência na Bélgica, para recuperá-lo. Questões políticas, manifestações de rua em Bruxelas, insatisfações com a situação econômica, falta de empregos e de opções para os jovens e conflitos familiares imbricam-se num relato policial, a partir de um ladrão imaturo e inepto. A mesma questão do colapso das políticas de austeridade europeias encontra em Trieste, na Itália, uma fábrica e um museu de café que serão objeto de um assalto que põe em evidência a combinação entre a questão ética e o desespero numa sociedade de consumo que não se sustenta. Na China, não é diferente. Uma fábrica de café põe em risco o meio ambiente e a comunidade, pela ganância e rigidez de seus donos, insensíveis ao sofrimento humano que podem causar. E faz-se um chamamento para a revalorização do cultivo romântico e tradicional do café. Isso entremeado por uma história de amor e, claro, pela redescoberta de um sabor artesanal da bebida. Cada uma das histórias teria condição de alimentar um longa, porque oferecem muito ainda a explorar. O resultado encontrado, no entanto, é bom pela dimensão globalizada em que situa o café e os dramas que podem cercá-lo. Considerando que os maiores produtores, como o Brasil e a Colômbia, estão fora da trama, tem-se a dimensão da representatividade do café no contexto mundial. “Café” é um bom produto cinematográfico global, que se vale da força simbólica da bebida que o mundo aprecia para contar histórias envolventes que dialogam com a realidade econômica atual. A narrativa salta de uma história a outra, ao longo de todo o filme, sem chegar a cansar ou a confundir o espectador, pela mão segura de um bom cineasta e de um bom e diversificado elenco.

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    Ermanno Olmi (1931 – 2018)

    7 de maio de 2018 /

    O diretor italiano Ermanno Olmi, premiado nos festivais de Cannes e Veneza, morreu aos 86 anos. Ele sofria há tempos de uma doença autoimune rara conhecida como Síndrome de Guillain-Barré. A mídia italiana informou que ele foi hospitalizado na sexta-feira em sua cidade-natal de Asiago e faleceu na noite de domingo (6/5). Olmi foi saudado como um cineasta humanista, preocupado em filmar os menos favorecidos, e um poeta visual pela beleza plástica de seus filmes. Ele começou a carreira uma década depois do auge do neo realismo italiano, mas se tornou seu herdeiro mais dedicado. Desde seu primeiro filme, “O Tempo Parou” (1959), fez questão de focar a classe trabalhadora. A história dessa estreia é fantástica. Olmi era um funcionário da companhia de eletricidade estatal italiana, encarregado de produzir pequenos filmes de publicidade institucional para a empresa. E aproveitou o que deveria ser outro comercial sobre uma barragem nos Alpes para esticar a filmagem em segredo e registrar o cotidiano de dois trabalhadores do local, que viviam isolados, durante o inverno, para garantir a segurança da construção em total solidão. “O Tempo Parou” chamou atenção da crítica e até recebeu prêmios locais, lançando sua carreira. Mas ele continuou fazendo publicidade para pagar as contas por mais cinco anos, intercalando filmetes de eletricidade com longas-metragens, embora já em seu segundo longa, “O Posto” (1961), tenha deixado de ser apenas um jovem promissor para vencer o David di Donatello (o Oscar italiano) como Melhor Diretor do ano. Sua maior conquista foi a Palma de Ouro de Cannes em 1978 com “A Árvore dos Tamancos”, retrato de três horas da vida dura dos camponeses na Itália do século 19, com um elenco de atores amadores falando em seu dialeto nativo de Bérgamo, no norte do país. O filme contava a história de um pai que corta uma pequena árvore em segredo para fabricar tamancos para seu filho poder ir à escola. Quando o rico dono da propriedade descobre, expulsa a família da fazenda como exemplo para os outros empregados. Uma década depois, ele venceu o Leão de Ouro em Veneza por “A Lenda do Santo Beberrão” (1988), produção com atores bem conhecidos (Rutger Hauer, Anthony Quayle), que acompanha as tribulações de um alcoólatra desabrigado em Paris, que tenta saldar uma dívida com uma igreja local. O filme também lhe rendeu seu segundo David di Donatello de Melhor Direção. Ele ainda conquistou um terceiro “Oscar italiano” por “O Mestre das Armas”, lançado em 2001, que mostrava os últimos dias do jovem soldado da Renascença Giovanni de Medici. Seus últimos trabalhos foram o filme antiguerra “Os Campos Voltarão”, de 2014, indicado ao David di Donatello e premiado pela crítica na Mostra de São Paulo, e o documentário “Vedete, Sono Uno di Voi”, sobre o cardeal Carlo Maria Martini, em 2017. “Com Ermanno Olmi estamos perdendo um mestre cinematográfico e uma grande figura da cultura e da vida. Sua visão encantada nos fez entender as raízes do nosso país”, escreveu o primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni no Twitter.

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    Filme religioso e terror adolescente marcam semana sem grandes estreias de cinema

    3 de maio de 2018 /

    O impacto de “Vingadores: Guerra Infinita” encolheu o circuito, que não tem nenhum grande lançamento, em mais de um sentido, nesta quinta (3/5). As maiores estreias são filmes que fracassaram nos Estados Unidos. Mas há opções europeias razoáveis em lançamento limitado para cinéfilos dos grandes centros urbanos. Ao todo, são apenas sete estreias e, pela primeira vez no ano, nenhuma delas é documentário. Clique nos títulos abaixo para ver os trailers de cada obra. “Paulo – Apóstolo de Cristo” segue “Ben-Hur”, “Ressurreição”, “Maria Madalena” e “Últimos Dias no Deserto” na ressurreição dos filmes sobre as origens do cristianismo. Mas esta súbita proficuidade não encontrou respaldo do público, já que todos deram prejuízo nas bilheterias. O que chega agora no Brasil é o mais barato da tendência, que busca recriar o período do império romano com apenas US$ 5 milhões de orçamento – contra os US$ 100 milhões de “Ben-Hur” – e foi considerado medíocre pela crítica americana – 41% no Rotten Tomatoes. A trama gira em torno do santo que batiza São Paulo, que foi o maior algoz dos cristãos antes de passar pela mais espetacular conversão de relações públicas de todos os tempos, virando o principal representante do cristianismo, por meio de seus próprios relatos. O filme não se detém sobre esta reflexão cínica, preferindo aderir à história oficial, a religiosa, que o próprio Paulo escreveu. Assim, ele já surge em cena cativo em Roma, prisioneiro de Nero e sofrendo punições dignas de Cristo, ao mesmo tempo em que lamenta seu passado e conspira com Lucas para escrever e contrabandear as bases do Novo Testamento. O intérprete de Paulo, James Faulkner, já foi um Papa corrupto na série “Da Vinci’s Demons”, e a interpretação de Lucas traz de volta Jim Caviezel a esse período histórico, após sofrer como o personagem-título de “A Paixão de Cristo” (2004). O terror “Verdade ou Desafio” reúne dois astros de séries adolescentes, Lucy Hale (de “Pretty Little Liars”) e Tyler Posey (“Teen Wolf”), numa história batida de terror, em que um grupo de jovens é assombrado por uma ameaça sobrenatural, determinada a matar um por um. Os clichês lembram de “Premonição” (2000) ao terror da semana passada, qualquer que tenha sido, de tão convencional que é a história. Numa época de renascimento do gênero, o longa de Jeff Wadlow (“Kick-Ass 2”) representa um grande retrocesso e foi recebido com tomates podres nos Estados Unidos – meros 15% de aprovação no Rotten Tomatoes. “Gringo – Vivo ou Morto” é uma comédia de ação com elenco famoso, violência e humor negro. O gringo do título é um funcionário azarado de uma empresa farmacêutica. Endividado, mal-amado e infeliz, é encarregado de entregar uma fórmula de pílula de cannabis para um laboratório no México e aproveita a viagem para cair na farra, quando acaba raptado por narcotraficantes. David Oyelowo (“Selma”) interpreta o protagonista, Charlize Theron (“Mad Max: Estrada da Fúria”) e Joel Edgerton (“Ao Cair da Noite”) são seus patrões gananciosos, e a história ainda tem uma turista americana vivida por Amanda Seyfried (“Ted 2”) e um mercenário humanitário incorporado por Sharlto Copley (“Elysium”), sem esquecer Thandie Newton (série “Westworld”) no papel de mulher de Oyelowo e coadjuvantes como Melonie Diaz (“Fruitvale Station”) e… Paris Jackson (a filha de Michael). Esse elenco diversificado é dirigido por Nash Edgerton (“O Quadrado”), irmão mais velho do ator Joel Edgerton, que se esforça muito para passar por um Quentin Tarantino australiano. Deveria se esforçar mais para ser original, já que a obra obteve 41% de aprovação no Rotten Tomatoes. Único lançamento nacional da semana, o drama “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos” traz Edson Celulari como um cego de nascença, que vive feliz com a mulher e a filha, até que tem a chance de voltar a ver com uma cirurgia. O ator não filmava desde “Diário de um Novo Mundo” (2005) do mesmo diretor, Paulo Nascimento, e é a única motivação para se desperdiçar a visão com este melodrama moralista que prega o contentamento e outras banalidades. Circuito europeu Representante italiano a uma vaga no Oscar 2018, “Ciganos da Ciambra” é uma coprodução brasileira. Em seu time de produtores, figura o brasileiro Rodrigo Teixeira, além do americano Martin Scorsese. Escrito e dirigido por John Carpignano (“Mediterranea”), o longa é expansão de um curta homônimo, premiado no Festival de Cannes em 2014. A trama se passa em uma comunidade cigana na região da Calábria, sul da Itália, e acompanha o rito de passagem de um jovem cigano de 14 anos. O personagem é interpretado pelo ator Pio Amato (também de “Mediterranea”) com um naturalismo impressionante. Fuma, bebe e é o homem da casa, após o pai e o irmão serem presos, e não conhece outro modo de sustentar os parentes que não seja praticar roubos. A filmagem em tom documental é aflitiva, num resgate do neorrealismo italiano, reforçado pela escolha do elenco amador. É possível achar que esse filme já foi visto há 50 anos. Mas também é possível lamentar que, em meio século, o mundo tenha permanecido tão igual em sua desigualdade. Carpignano venceu o David di Donatello 2018 (o Oscar italiano) de Melhor Direção. O destaque de “Os Fantasmas de Ismael” é o elenco, que reúne Marion Cotillard (“Assassin’s Creed”) e Charlotte Gainsbourg (“Ninfomaníaca”) como rivais pelo amor de Mathieu Amalric (“O Grande Hotel Budapeste”). A trama gira em torno do Ismael do título (Amalric), cuja mulher (Cotillard) lhe abandonou há 20 anos e é dada como morta. Ao se apaixonar e iniciar uma nova relação (com Gainsbourg), ele é surpreendido pela volta de ex, supostamente do além – na verdade, da Índia. O filme francês tem roteiro e direção de Arnaud Desplechin (“Três Lembranças da Minha Juventude”), que desperdiça uma premissa misteriosa com subtramas desnecessárias, para justificar a presença do igualmente excelente elenco coadjuvante: Alba Rohrwacher (“As Maravilhas”), Hippolyte Girardot (“Amar, Beber e Cantar”) e Louis Garrel (“Saint Laurent”). Mas, em seu terço final, reduz tudo ao egocentrismo do personagem de Amalric, um diretor de cinema em crise que não consegue terminar seu filme, exatamente como parece ser aqui o caso de Desplechin. Por fim, o menos badalado e melhor dos europeus. “O Parque” já tem dois anos, lançado no Festival de Cannes 2016, e seu diretor, o francês Damien Manivel (“O Jovem Poeta”), até fez mais um longa desde então. A obra gera perplexidade por ser muito simples e, ao mesmo tempo, complexa. Sem movimentos de câmera ou trilha sonora, com atores estreantes, que batizam os personagens, e passado inteiramente no parque do título, o filme acompanha dois adolescentes em seu primeiro encontro romântico, durante uma tarde de verão. Entre conversas típicas da situação e a separação do casal ao anoitecer, acontece outro encontro, mais inusitado, entre a nouvelle vague romântica e o cinema fantástico do tailandês Apichatpong Weerasethakul. Impressionante.

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    Vittorio Taviani (1929 – 2018)

    15 de abril de 2018 /

    Morreu o cineasta italiano Vittorio Taviani, que foi responsável por inúmeros clássicos, codirigidos com seu irmão Paolo. O cineasta, que estava doente há bastante tempo, morreu em Roma aos 88 anos. “A morte de Vittorio Taviani é uma terrível perda para o cinema e a cultura italianos”, lamentou o presidente Sergio Mattarella na sua mensagem de condolências, louvando as “inesquecíveis obras-primas” que ele assinou com o irmão. Nascido em 20 de setembro de 1929 em San Miniato, na Toscana, Vittorio era dois anos mais velho que Paolo, com quem formou uma das mais famosas parcerias entre irmãos do cinema. Juntos, fizeram mais de 20 longas-metragens, colecionando vitórias em festivais internacionais de prestígio, de Cannes a Berlim. Filhos de um advogado antifascista, os irmãos interessaram-se, desde o início de suas carreiras, por tratar de questões sociais. Inspirados pelo mestre do neo-realismo Roberto Rosselini, de quem foram assistentes no documentário “Rivalità” (1953), mas também pelo humanismo de Vittorio De Sica, seus filmes se caracterizaram por um lirismo singelo, capaz de combinar realidades duras e poesia. Por conta disso, os Taviani tinham predileção por filmar clássicos literários, incluindo obras do autor italiano Luigi Pirandello (“Kaos” e “Tu Ridi”), do russo Leon Tolstói (“Ressurreição” e “Noites com Sol”) e Johann Wolfgang von Goethe (“As Afinidades Eletivas”). Ambos estudaram Direito na Universidade de Pisa, mas o amor pelo cinema levou-os a abandonar os estudos para assinar uma série de documentários com temas sociais para a televisão. A estreia na ficção se deu com “Un Uomo da Bruciare”, em 1962, sobre a vida de Salvatore Carnevale (vivido na tela por Gian Maria Volontè), jornalista e ativista político, que foi assassinado na Sicília em 1955. A obra venceu o Prêmio da Crítica no Festival de Veneza, abrindo uma filmografia impressionante. Os primeiros filmes tiveram sempre por base os problemas sociais, como no caso de “San Michele Aveva un Gallo” (1972), que ganhou o Interfilm no Festival de Berlim, ou “Allosanfàn” (1974), interpretado por Marcello Mastroianni e Lea Massari. Não demoraram a estourar, o que aconteceu com “Pai Patrão” (1977), baseado no romance biográfico de Gavino Ledda, que descreve a vida difícil de um menino criado por um pai tirano no interior da Sardenha. A obra venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes, dando visibilidade internacional ao trabalho dos irmãos. Mas este foi apenas o começo de sua jornada. Em 1982, eles lançaram outra obra impressionante, “A Noite de São Lourenço”, passado numa cidadezinha dinamitada pelos nazistas no final da 2ª Guerra Mundial, e iluminado apenas por velas, fogueiras ou pelo luar. Venceu o Grande Prêmio do Júri de Cannes. O filme seguinte, “Kaos” (1984), foi uma antologia de histórias de Pirandello, realizada com uma beleza de tirar o fôlego. A fase de criatividade febril dos anos 1980 ainda inclui “Bom dia Babilônia” (1987), uma obra pela qual sempre serão lembrados, já que celebra a fraternidade em torno do cinema. O longa conta a saga dos irmãos italianos Nicola e Andrea Bonnano, que migram para a América no início do Século 20 e se tornam requisitadíssimos como cenógrafos de filmes da então nascente indústria de cinema de Hollywood. Após “Noites com Sol” (1990) e “Aconteceu na Primavera” (1993) veio um período em que seus trabalhos perderam a repercussão de outrora e deixaram de ganhar lançamento estrangeiro, ainda que alimentassem as premiações nacionais – continuaram a ser indicados ao David di Donatello, o Oscar italiano. Foi apenas um longo hiato, pois em 2012 voltaram a impactar com “César Deve Morrer”, um docudrama estrelado por assassinos e mafiosos em uma prisão italiana de alta segurança, que interpretam a tragédia “Júlio César”, de William Shakespeare, para as câmeras. A obra recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Três anos depois, fizeram seu último filme juntos, “Maravilhoso Boccaccio” (2015), uma adaptação de “Decameron” do escritor renascentista Giovanni Boccaccio. Vittorio se adoentou em seguida, desfazendo a longa parceria com o irmão Paolo, que no ano passado dirigiu seu primeiro filme solo, “Una Questione Privata” (2017). Mesmo assim, o roteiro foi dividido entre os dois. O impacto da morte de Vittorio Taviani traz tristeza aos cinéfilos de todo o mundo. “Ontem Milos Forman, hoje Vittorio Taviani”, lamentou o presidente do Festival de Veneza, Alberto Barbara. “Nós lhe devemos muito por nossa formação cinematográfica… e sempre os lembraremos com gratidão.”

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    Asia Argento e diretora Catherine Breillat se atacam em público

    30 de março de 2018 /

    A diretora francesa Catherine Breillat resolveu atacar a atriz italiana Asia Argento durante uma entrevista e recebeu o troco, dando origem a um bate-boca repleto de acusações e ofensas de ambas as partes. Breillat deu início à polêmica ao se posicionar, como outras francesas de sua geração, contra o movimento #MeToo e as denúncias de assédio que tomaram conta de Hollywood desde a revelação dos abusos do produtor Harvey Weinstein, que por três décadas se aproveitou de atrizes iniciantes para se satisfazer sexualmente. Em entrevista ao podcast Murmur Digital Radio, ela não só defendeu Weinstein, cujo escândalo seria uma “perda” para o cinema, como atacou Jessica Chastain, que jamais deveria ter criticado a polêmica cena de sexo de “O Último Tango em Paris”. Mas não ficou nisso. A cineasta francesa, que dirigiu Asia Argento em “A Última Amante” (2008), chamou a atriz de “mercenária” e “traidora”, e duvidou da veracidade de sua acusação contra Weinstein. Argento foi uma das primeiras a revelar ter sido estuprada pelo produtor. “Para ser muito honesta, não acredito na Asia. Ela era muito, muito jovem. Se há alguém em quem não acredito, é Asia Argento. Como pessoa, ela é muito servil. Nunca pedi a ela para me bajular, mas ela é este tipo de pessoa. Se há uma pessoa capaz de se defender sozinha, que não é reservada sobre sexo, que inclusive faz bastante e deseja igualmente homens e mulheres, essa pessoa é ela”. Questionada, então, sobre quais seriam os motivos que levaram a atriz a dizer que foi estuprada, a diretora disse acreditar que isso aconteceu porque, depois de ceder, ela não conseguiu o destaque na carreira que achou que conseguiria ao trocar sexo por um papel. “Para Asia, foi, obviamente, vamos dizer, motivado pelo interesse próprio, uma espécie de semi-prostituição. Harvey Weinstein não é o pior homem que existe. Ele não é o mais estúpido também. Asia pode ter ficado desapontada por não ter despontado em Hollywood como imaginava”, acusou Breillat. Ela continuou, chamando a atriz de drogada, mercenária e traidora. “Havia outras coisas também: drogas, muitas outras coisas. A amargura também pode levar as pessoas a denunciar se você deseja obter alguma coisa e não a obtém. Sinceramente, não gosto da Ásia. Acho que ela é mercenária e traidora”, disparou. Breillat ainda disse que, “por ser artista, não precisa ser politicamente correta”. Acostumada a exibir seus filmes nos grandes festivais europeus, a diretora de 69 anos sofreu um derrame em 2004 e até hoje tem sequelas. Ela costuma despertar opiniões fortes com seus filmes, sempre marcados por cenas polêmicas de cunho sexual, e afirmou que as mesmas pessoas que defendem o movimento #MeToo são as que atacam seu trabalho. Asia Argento respondeu no Twitter, lembrando o passado polêmico da cineasta e revelando sua experiência nos bastidores das filmagens de “A Última Amante”. “Catherine Breillat foi a diretora mais sádica e descaradamente maligna com quem já trabalhei. Ela sentia prazer extremo em humilhar seus atores e equipe durante as filmagens de ‘A Última Amante’”, escreveu a filha do lendário cineasta Dario Argento. “Houve uma cena em que ela deliberadamente não quis interromper até o ator principal desmaiar, e ele descontou em mim. Nós nos envolvemos numa troca de socos, enquanto Breillat zombava ao fundo. Nunca contei essas coisas, porque acreditava que o que acontecia num set ficava num set, mas ela realmente passou dos limites ao me lembrar o tipo de mostro que é, ao insultar Jessica Chastain e o movimento #MeToo”, acrescentou. Ela ainda reclamou da visibilidade dada “a alguém que difama uma vítima de estupro, critica (o movimento) #MeToo enquanto defende Weinstein”. “Catherine Breillat, roteirista de ‘Bilitis’, filme que enfatiza o sexo infantil feito pelo fotógrafo pedófilo David Hamilton, não pode me julgar”, concluiu Asia, citando o controverso fotógrafo e cineasta britânico, morto em 2016 e famoso por fotografar adolescentes nuas.

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  • Filme

    Liga da Justiça ocupa metade dos cinemas do Brasil em sua estreia no feriadão

    16 de novembro de 2017 /

    “Liga da Justiça” ocupa metade de todos os cinemas disponíveis no país durante este feriadão da Proclamação da República, com um lançamento em 1,5 mil salas, mas, apesar deste impacto na concentração das bilheterias, há mais nove estreias, numa resistência limitada à ofensiva dos super-heróis. Clique nos títulos abaixo para ver os trailers de cada estreia. Filmado por Zack Snyder (“Batman vs. Superman”) e refeito por Joss Whedon (“Os Vingadores”), “Liga da Justiça” reúne pela primeira vez os principais super-heróis da DC Comics, uma façanha que a Marvel já realizou duas vezes em relação a seus ícones de quadrinhos. Por sinal, ambas dirigidas por Whedon, conhecido por sua capacidade de desenvolver personagens e inserir diálogos divertidos em suas obras. Estas características são o que há de melhor no novo longa, que nem sempre dá liga com o tom sombrio e pomposo de Snyder. O vilão e os efeitos visuais são as maiores fraquezas da produção, que aproveita o sucesso de “Mulher-Maravilha” para destacar a heroína e ainda tenta compensar os diversos problemas com boas cenas de ação – e a melhor luta já registrada numa adaptação da DC. As demais estreias são três documentários e seis produções de ficção da Europa – duas britânicas, duas italianas, uma francesa e uma portuguesa. Embora as melhores sejam as duas últimas, as britânicas medianas chegam em mais cinemas. “Uma Razão para Viver” é o típico melodrama de superação de doença, que traz Andrew Garfield (“Silêncio”) e Claire Foy (série “The Crown”) como marido e mulher e conta a história real de um homem brilhante e aventureiro, que fica com paralisia por conta da poliomielite. Apesar disso, ele e sua mulher se recusam a se lamentar e ajudam a mudar a vida das pessoas ao seu redor com entusiasmo e bom humor, virando símbolos da luta dos deficientes. A única novidade dessa história é que ela marca a estreia na direção do ator Andy Serkis, mais conhecido por suas interpretações digitais como o César da franquia “O Planeta dos Macacos” e o Gollum de “O Senhor dos Anéis”. “Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha” volta a trazer Judi Dench como a Rainha Victoria, 20 anos após viver a monarca em “Sua Majestade, Mrs. Brown” (1997), e este é o maior atrativo da produção, que retrata os anos finais da segunda monarca mais longeva da história da Grã-Bretanha, quando, entediada com os problemas do reino, acaba desenvolvendo uma amizade com um criado indiano, o Abdul do título. A trama também registra o retorno do diretor inglês Stephen Frears às biografias da monarquia britânica, após seu excelente trabalho à frente de “A Rainha” (2006), justamente sobre a monarca mais longeva do Reino Unido, Elizabeth II – neta de Victoria. “A Trama” é o melhor e mais relevante lançamento da semana. Quase uma década após vencer a Palma de Ouro do Festival de Cannes por “Entre os Muros da Escola” (2008), o cineasta Laurent Cantet volta a trabalhar com o roteirista Robin Campillo (diretor de “120 Batidas por Minuto”) e a colocar a juventude francesa diante de questões de identidade cultural e raça. Sua trama começa como um experimento social, reunindo estudantes do Ensino Médio num curso de escrita criativa administrado por uma escritora famosa em sua casa. Mas o grupo multicultural embute uma ameaça, representada por um jovem racista de extrema direita. As discussões são dramáticas, mas o filme também prende atenção pelo suspense, terminando como um thriller. Entretém e dá o que falar. “Colo”, de Teresa Villaverde (“Os Mutantes”), foi exibido no Festival de Berlim e é um retrato urbano, ao som de rock, sobre o mergulho de Portugal na crise econômica. Uma crise que devasta a família da trama diante do olhar da filha adolescente, que nem sequer tem dinheiro para o transporte público. Deprimente e belo como uma obra de arte. Os dois filmes italianos da programação, “Histórias de Amor que Não Pertencem a este Mundo” e “Algo de Novo” são besteiróis absolutamente descartáveis, dirigidos por duas irmãs, Francesca Comencini e Cristina Comencini, que filmam desejos e ansiedades de mulheres de uma certa idade – ser trocada por uma mulher mais jovem no primeiro filme, encontrar um homem mais jovem no segundo. Há quem veja mais nisso, há quem veja menos. Há outras coisas para ver, também. A lista de estreias da semana se completa com três documentários. O mais famoso é “Human Flow – Não Existe Lar se Não Há para Onde Ir”, do artista chinês Ai Weiwei, que registra a crise mundial dos refugiados, tem belíssima fotografia e abriu a Mostra de São Paulo 2017. “On Yoga – Arquitetura da Paz” é assinado por Heitor Dhalia (“Serra Pelada”), o que também garante acabamento de padrão internacional no registro de ensinamentos de grandes mestres de ioga. Por fim, “Maria – Não Esqueça que Venho dos Trópicos” exibe uma estrutura mais convencional, mas ao mesmo tempo o melhor tema: a revolucionária escultora brasileira Maria Martins, mestre do surrealismo que saiu dos trópicos para as principais galerias de arte moderna do mundo. A direção é do veterano Ícaro Martins (“Estrela Nua”) em parceria com Elisa Gomes (“Unhas e Outras”).

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    Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira registra número recorde de candidatos

    7 de outubro de 2017 /

    A disputa por uma vaga no Oscar na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira estará mais difícil que nunca em 2018, pois envolverá um número recorde de candidatos, vindos de 92 países. O recorde foi atingido porque, pela primeira vez, haverá aspirantes do Haiti (“Ayiti Mon Amour”), Laos (“Dearest Sister”) e Síria (“Little Gandhi”) na disputa. Entre os principais concorrentes estão “First They Killed My Father”, de Angelina Jolie, selecionado pelo Camboja, “120 Batimentos por Minuto”, de Robin Camillo, da França, “Thelma”, de Joachim Trier, da Noruega, e “The Square”, dirigido por Ruben Ostlund, candidato norueguês que venceu o Festival de Cannes deste ano. Já é possível ver alguns dos candidatos no Brasil. “120 Batimentos por Minuto” faz parte da programação do Festival do Rio e “The Square” é um dos destaques da Mostra de São Paulo, que ainda apresentará mais uma dúzia de filmes que pleiteiam inclusão na categoria. O Brasil disputa a vaga com “Bingo – O Rei das Manhãs”, de Daniel Rezende, mas também está representado em duas coproduções internacionais, por meio do candidato argentino “Zama”, de Lucrecia Martel, e o italiano “A Ciambra”, de John Carpignano. O vencedor do ano passado foi o iraniano “O Apartamento”, de Asghar Farhadi. As indicações para a 90ª edição do Oscar serão anunciadas em 23 de janeiro e a cerimônia de premiação acontecerá em 4 de março em Los Angeles, com transmissão no Brasil pelos canais Globo e TNT.

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    O Fantasma da Sicília transforma o horror da realidade em fábula

    28 de setembro de 2017 /

    O ponto de partida do filme “O Fantasma da Sicília” não poderia ser mais ancorado na realidade. Aborda o sequestro e morte, com requintes de crueldade, do adolescente Giuseppe (Gaetano Fernandez), de 13/14 anos, por ser filho de um membro da máfia siciliana que se converteu em informante da polícia, fato real ocorrido numa pequena cidade da região nos anos 1990, que deixou a comunidade inteira amedrontada e sob o jugo da Cosa Nostra. A forma como essa história é trabalhada pelos diretores Fabio Grassadonia e Antonio Piazza conduz ao terreno da fábula, em que a fantasia, a imaginação e o desejo se mesclam de tal maneira aos fatos que tudo se torna indistinguível. Da mesma forma, o tempo não é o tempo real dos acontecimentos, mas o que habita o psiquismo dos personagens, em especial o da pequena Luna (Julia Jedlikowska), amiga adolescente de Giuseppe e candidata a ser sua namorada, que não se conforma com seu desaparecimento. É por meio dela que vivemos a perplexidade da perda, acoplada à fantasia afetiva, amorosa, do despertar do desejo, e à raiva pela ausência de respostas efetivas por parte das pessoas com quem ela convive, em casa, na escola, na rua. Na imaginação, contudo, as coisas acontecem, ou poderiam acontecer, se os ditames da realidade não se impusessem, inexoravelmente. A violência do real se opõe à fantasia, seja como desejo de amor e interação, seja como meio de escape e salvação. “O Fantasma da Sicília” apresenta um esmero técnico, na construção dos planos e sequências, na colocação da câmera, nos belos enquadramentos, nas locações e nos efeitos que cria, buscando transmitir o clima fantasmagórico e de suspense, que foi o caminho escolhido para refletir sobre uma questão tão dolorosa. O som tem um papel fundamental nisso. Ele é marcante em todas as cenas, trazendo elementos que nos permitem viver emocionalmente a tragédia de Giuseppe e de Luna. A música é parte dessa sonoridade, sem se destacar como tal. E o silêncio acaba sendo muito notado e intenso, quando aparece. Um bom elenco sustenta essa narrativa convincentemente. O ritmo do filme é lento e a intensidade das emoções baixa, o que acaba por acentuar a força e o significado do que está sendo mostrado na tela. Um bom trabalho do cinema italiano atual, dos diretores que estrearam com o premiado “Salvo” (2013).

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    Novos filmes das franquias Kingsman e Lego são as estreias mais amplas da semana

    28 de setembro de 2017 /

    As estreias mais amplas da semana são duas franquias hollywoodianas focadas em explosões e diversão, mas os shoppings ainda dão espaço para um novo besteirol nacional. Todos são descartáveis. Já o filme que salva a programação chega em apenas 11 salas em todo o país. Clique nos títulos em destaque para ver os trailer de todos os lançamentos e saiba um pouco mais sobre cada um deles no resumão abaixo. “Kingsman: O Círculo Dourado” lidera a programação de entretenimento, levando a 830 telas a continuação de “Kingsman: Serviço Secreto” (2010). O filme abriu em 1º lugar nos Estados Unidos no fim de semana passado, mas a crítica não se entusiasmou tanto, com 50% de aprovação no site Rotten Tomatoes, bem menos que os 74% obtidos pelo primeiro filme. Novamente dirigida por Matthew Vaughn, a adaptação dos quadrinhos volta a trazer Taron Egerton no papel do jovem Gary ‘Eggsy’ Unwin, que agora é um agente secreto britânico totalmente treinado. O que vem a calhar após a vilã vivida por Julianne Moore (“Jogos Vorazes: A Esperança”) destruir a sede e quase toda a organização Kingsman. Ele se junta aos poucos agentes sobreviventes e, com ajuda dos “primos americanos”, reforça-se para contra-atacar a nova ameaça e, assim, salvar o mundo mais uma vez. O elenco traz de volta Mark Strong e Colin Firth, e introduz os personagens americanos vividos por Channing Tatum (“Magic Mike”), Halle Berry (série “Extant”), Pedro Pascal (série “Narcos”) e Jeff Bridges (“O Sétimo Filho”). A animação “Lego Ninjago – O filme” também chegou aos cinemas americanos na semana passada, mas teve um desempenho decepcionante, abrindo em 3º lugar e com faturamento abaixo do esperado. Para completar, a crítica também o considerou o mais fraco da brincadeira Lego, com 51% de aprovação no Rotten Tomatoes – medíocre, na comparação com os 96% da primeira “Aventura Lego” (2014) e os 91% do “Lego Batman” (2017). A trama é um mistura de referências japonesas, chinesas e americanas, em que um grupo de ninjas adolescentes parecem Power Rangers. O destaque é o relacionamento entre Lord Gagmadon, um vilão que planeja dominar o mundo, e seu filho Lloyd, um dos ninjas do bem. Mas há espaço para robôs, monstros gigantes e um velho sensei do kung fu. Em 275 salas, “Duas de Mim” segue a tendência recente de besteiróis que parecem filmes antigos da Sessões da Tarde. A trama gira em torno de Suryellen, vivida por Thalita Carauta (do humorístico “Zorra”), que dá um duro danado para sustentar a família. Com dois empregos e o trabalho doméstico, ela deseja poder se dividir em duas. E eis que o milagre acontece, na forma de um clone. Logo, Suryellen começa a compartilhar as tarefas com a sua cópia, que possui uma personalidade completamente diferente. Claro que não vai dar certo. Uma curiosidade é que o filme marca a estreia do cantor Latino como ator de cinema. Ele vive um colega de trabalho da protagonista que, nas horas de folga, vira cover… do cantor Latino. O filme também marca a estreia da diretora da Globo Cininha de Paula (“Escolinha do Professor Raimundo”) no cinema. O terror “Sono Mortal” ocupa um circuito intermediário, em 50 salas. A trama gira em torno de uma mulher que sonha com uma bruxa que quer matá-la enquanto dorme. Ou seja, “A Hora do Pesadelo” (1984) com uma mulher-criatura de terror japonês no lugar de Freddy Krueger. Quem teve essa ideia original foi o criador da franquia “Premonição”, o roteirista Jeffrey Reddick. Tenha medo e fuja, pois rendeu míseros 17% de aprovação no site Rotten Tomatoes. O circuito limitado traz um documentário e dois filmes europeus. A comédia “Amor, Paris, Cinema” é escrita, dirigida e estrelada por Arnaud Viard (“Paris Pode Esperar”), que desempenha o papel de si mesmo, durante um bloqueio criativo para escrever e filmar seu segundo longa-metragem. Metalinguagem datada, lançada nos cinemas franceses em 2015. Melhor da semana, “O Fantasma da Sicília” é o segundo longa da dupla italiana Fabio Grassadonia e Antonio Piazza após o excelente “Salvo” (2013), e foi premiado no Festival de Sundance 2017. Narrado sob a ótica de uma garotinha, embute uma fantasia de contos de fada à dura realidade do rapto de um menino pela máfia. A história brutal é baseado em fatos reais, mas a filmagem é sobrenatural. Brilhante. Por fim, o documentário “Exodus – De Onde Vim Não Existe Mais” acompanha histórias dramáticas de seis refugiados de diferentes partes do mundo, com narração de Wagner Moura (“Narcos”). Coprodução entre Brasil e Alemanha, o filme tem roteiro e direção de Hank Levine (produtor de “Cidade de Deus”, “Lixo Extraordinário” e “Praia do Futuro”, entre outros), e produção de Fernando Sapelli e Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”).

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    Itália escolhe coprodução brasileira para vaga no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

    27 de setembro de 2017 /

    A Itália selecionou o filme “A Ciambra” como seu candidato à disputa da vaga no Oscar 2018, na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira. O longa é uma coprodução com o Brasil, os Estados Unidos e mais três países europeus. Em seu time de produtoras, figura a RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira, além do americano Martin Scorsese. Escrito e dirigido por John Carpignano (“Mediterranea”), o filme é expansão de um curta homônimo, premiado no Festival de Cannes em 2014. A trama se passa em uma comunidade cigana na região da Calábria, sul do país, e acompanha o rito de passagem de um jovem cigano de 14 anos. O personagem é interpretado pelo ator Pio Amato (também de “Mediterranea”). “A Ciambra” foi exibido no começo do ano na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela ao Festival de Cannes, onde recebeu o prêmio Europa Cinemas Label.

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