Organização do Globo de Ouro aprova mudanças éticas e de diversidade

Os membros da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), grupo responsável pela distribuição anual dos prêmios do Globo de Ouro, aprovaram nesta quinta (6/5), sob pressão da […]

Divulgação/HFPA

Os membros da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), grupo responsável pela distribuição anual dos prêmios do Globo de Ouro, aprovaram nesta quinta (6/5), sob pressão da indústria e da rede de TV NBC, mudanças amplas em sua estrutura, com o objetivo de diversificar seus quadros e resolver questões éticas que colocaram em cheque a credibilidade da premiação.

O plano aprovado prevê a contratação de um diretor de diversidade e a ampliação do alcance da Associação para incluir correspondentes internacionais de todos os EUA e não apenas de Los Angeles, com ênfase no recrutamento de jornalistas negros.

A transição começaria com a adição de 20 novos membros a partir de setembro, que se somarão aos atuais 87 ainda neste ano, e o compromisso de acrescentar pelo menos outros 20 membros até o fim de 2022.

Além disso, os membros não poderão mais aceitar viagens gratuitas e outras formas de suborno (denominadas de “itens promocionais”) por parte dos estúdios de Hollywood, devendo seguir normas de condutas que serão melhor elaboradas mais adiante.

A proposta do conselho da HFPA contou com apoio da NBC, que exibe o Globo de Ouro nos EUA, e dos produtores do show, e foi aprovada pela maioria dos membros nesta quinta-feira.

“A votação esmagadora de hoje para reformar a associação reafirma nosso compromisso com a mudança”, afirmou o presidente da HFPA, Ali Sar, em comunicado.

Na verdade, as mudanças só foram encaminhadas após a HFPA ser acuada pela indústria.

Tudo começou com uma das seleções mais controversas de indicados ao Globo de Ouro de todos os tempos, que originou acusações de “falta de representatividade” (eufemismo de racismo) em fevereiro. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre os indicados.

Dias depois, uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times revelou que a HFPA não tinha nenhum integrante negro.

Para piorar, a reportagem ainda demonstrou que o costume de aceitar presentes dos estúdios influenciava votos na premiação. Um exemplo citado foi uma viagem totalmente paga para membros da HFPA para o set de “Emily em Paris” na França, que acabou revertida em indicação para a série da Netflix disputar o Globo de Ouro, na vaga de produções de maior qualidade.

A polêmica chegou a ofuscar a cerimônia do Globo de Ouro deste ano, que teve sua pior audiência de todos os tempos. Na ocasião, o presidente da entidade se comprometeu a rever o modelo de funcionamento da HFPA. Mas, por via das dúvidas, vários setores da indústria, inclusive as principais agências de talento de Hollywood e do Reino Unido, pressionaram para que isso não ficasse no discurso, ameaçando proibir seus contratados (todos os grandes atores de cinema e TV) de participarem do Globo de Ouro de 2022 – o que, na prática, significava acabar com o prêmio.

“Entendemos que o trabalho duro começa agora”, disse Sar. “Continuamos dedicados a nos tornarmos uma organização melhor e um exemplo de diversidade, transparência e responsabilidade no setor”, acrescentou.