O diretor Spike Lee (“Infiltrado na Klan”) deu uma entrevista à revista Variety na condição de presidente do júri do Festival de Cannes, manifestando seu apoio à decisão dos organizadores de adiar o evento deste ano, que aconteceria em maio na França. Ele também aproveitou a oportunidade para manifestar seu descontentamento com a forma como o presidente dos EUA, Donald Trump, tem se referido à covid-19.
“Eu queria que Trump parasse de dizer ‘o vírus chinês’. O presidente dos Estados Unidos precisa parar de chamar o coronavírus de ‘vírus chinês’. Ele está colocando os descendentes de asiáticos desse país em perigo. Será que não tem ninguém perto dele para dizer que ele não pode mais falar isso? Isso não ajuda nem um pouco”, disse o diretor.
Ele também ressaltou as dificuldades que serão enfrentadas pelos trabalhadores, que precisam de resposta do governo. “Pessoas estão sendo dispensadas. Pessoas estão sendo demitidas. Pessoas não sabem de onde vai vir o dinheiro para pagar a próxima conta, como vão ver seus filhos. Quando as escolas fecharem, quem vai cuidar dos filhos deles? Isso é uma merda, uma loucura.”
Spike Lee disse que iniciativas, como cancelamento de eventos, são inevitáveis diante do estado de calamidade mundial. “As coisas que nós amamos têm de ficar em segundo plano: filmes, TV, esportes, a NBA é um esporte mundial, o beisebol. Tantas coisas têm sido adiadas e eu concordo com essa decisão”.
A mesma coisa vale para Cannes. “Não vamos esquecer que esse é o maior festival de cinema do mundo e eu serei o primeiro presidente negro do júri. Então veja, eu não posso fingir que sei o que vai acontecer amanhã. Todos têm de ajoelhar e rezar para que a gente saia dessa, que achemos uma vacina, que nos rearranjemos fisicamente, emocionalmente e financeiramente ao redor do mundo. Isso não é piada. Não é coisa de filme. As pessoas estão morrendo”, concluiu.