A batalha legal entre Johnny Depp e seus ex-empresários ganhou um novo round com o depoimento de uma ex-funcionária da agência TMG, que afirmou em juízo que o ator foi lesado em milhões pela empresa.
Depp decidiu processar a TMG em janeiro, após verificar o estado quase falimentar de suas finanças e acusar seus diretores, Joel e Robert Mandel, de tratarem seu dinheiro como se fosse deles, sem prestar contas e tomar decisões que lhe custaram boa parte de sua fortuna. Seus ex-empresários responderam à ação alegando que Depp ficou insolvente porque gastava em ritmo vertiginoso, sem o menor controle.
O depoimento da ex-funcionária da empresa, Janine Rayburn, foi dado em março, mas só agora veio à público por decisão da juíza do caso, Teresa Beaudet. Segundo o site The Hollywood Reporter, a TMG tentou impedir que o sigilo dos autos fosse levantado, afirmando que o testemunho era falso e difamatório, além de ferir um contrato de confidencialidade. Mas a juíza contestou a alegação, ao dizer que não poderia haver confidencialidade num caso em que os dados financeiros são a razão do litígio. Além disso, o caso seria de interesse público e não deveria correr em sigilo.
Rayburn foi gerente de contas na TMG entre 2008 e 2010, e um dos clientes que administrava era Depp. Ela diz que seu trabalho envolvia processamento de contas bancárias, depósito de cheques, registro de investimentos e a satisfação de outras necessidades do cliente. E que sua demissão se deu na época em que ela se recusou a fazer coisas que considerava anti-éticas e até ilegais, como reconhecer a assinatura de Depp num documento sem o seu conhecimento e alterar números nas demonstrações financeiras.
“Eu não acredito que Johnny tenha percebido sua situação financeira”, declarou Rayburn no processo. “Pelo meu conhecimento, as demonstrações financeiras não lhe foram enviadas”.
Rayburn afirmou ainda que a empresa estava usando o dinheiro de Depp para pagar as despesas pessoais de sua irmã, que trabalha na sua produtora – incluindo o casamento da filha dela, viagens e uma nova piscina – sem a permissão expressa do ator. Ela diz que questionou Christi Dembrowski, a irmã, sobre os gastos em duas ocasiões e “sua resposta foi, ele é meu irmão. Meu dinheiro é o dinheiro dele. O dinheiro dele é meu”.
A TMG sustenta que Rayburn é uma “mentirosa” descontente com a empresa. “Em interrogatório, Janine Rayburn admitiu que não fazia parte da equipe da TMG que confeccionou as demonstrações financeiras da Depp e que ela não tem absolutamente nenhum conhecimento pessoal sobre o que a TMG disse à Depp sobre suas finanças”, afirmou o advogado dos empresários, Michael Kump ao THR. “A confiança de Depp nas declarações altamente especulativas de Rayburn é ridícula. Na verdade, a única conversa que Rayburn afirma ter ouvido foi quando os empresários e seus assessores discutiram os tremendos problemas de gastos de Depp, que se estendiam por pelo menos uma década”.
Já os advogados de Depp revelam que contadores independentes verificaram a alteração dos demonstrativos financeiros, com o objetivo de levantar empréstimos bancários no nome do ator, que ele nunca solicitou, para pagar por serviços que ele nunca soube quanto custavam e funcionários com preço acima do mercado.
Depp encerrou seu relacionamento com a TMG em 2016, pouco depois que a empresa o aconselhou a começar a liquidar ativos imobiliários para pagar suas contas. Ele então contratou uma auditoria independente, que descobriu uma suposta má conduta dos empresários em relação às suas finanças.
O caso deve ouvir várias outras testemunhas, pois o julgamento final está previsto apenas para 2018.