Bruno Ganz (1941 – 2019)
O ator suíço Bruno Ganz, que viveu um anjo em “Asas do Desejo” e Adolf Hitler em “A Queda! As Últimas Horas de Hitler”, morreu de câncer neste sábado (16/2) aos 77 anos em Zurique, informou seu agente. Nascido em 22 de março de 1941, Ganz desenvolveu a maior parte de sua carreira artística no cinema, na televisão e no teatro alemães durante mais de meio século de interpretações. Ele foi atraído para a atuação ainda muito jovem, quando um amigo, técnico de iluminação de um teatro local, passou a deixá-lo assistir às produções. A trajetória cinematográfica começou em 1960 no cinema suíço, mas só deslanchou quando foi filmar no exterior, ao se envolver com ícones da nouvelle vague francesa. Em 1976, coadjuvou em “No Coração, a Chama”, primeiro filme dirigido pela atriz Jean Moreau, e se tornou protagonista em “A Marquesa d’O”, de Éric Rohmer. Falado em alemão, o longa do mestre francês foi premiado em Cannes e rendeu a Ganz o primeiro reconhecimento de sua carreira, como Melhor Ator na votação anual da Academia Alemã-Ocidental. No ano seguinte, ele iniciou uma das principais parcerias de sua filmografia, ao estrelar o filme que lhe apresentou para o mundo, “O Amigo Americano” (1977), adaptação do suspense noir de Patricia Highsmith realizada pelo alemão Win Wenders. Na trama, Ganz vivia um emoldurador de quadros casado, com filho, endividado e vítima de uma doença terminal, que, por não ter muito a perder, é convencido a virar assassino profissional pelo amigo americano do título, ninguém menos que o serial killer Tom Ripley (que depois teria sua origem filmada em “O Talentoso Ripley”), interpretado por Dennis Hopper. O resultado, filmado de forma altamente estilizada por Wenders, e a presença de Hopper – e dos diretores Nicholas Ray e Samuel Fuller, em papéis coadjuvantes – transformou a obra em cult movie e deu a Ganz audiência cativa mundial. Fez, a seguir, seu primeiro filme americano, o terror “Meninos do Brasil” (1978), de Franklin J. Schaffner, sobre clones de Hitler, embarcou no remake do marco do expressionismo alemão “Nosferatu: O Vampiro da Noite” (1979), com direção de Werner Herzog, voltou à França para “A Dama das Camélias” (1981), adaptação do clássico literário de Alexandre Dumas Filho, em que contracenou com Isabelle Huppert, e trabalhou com ainda outro mestre do Novo Cinema Alemão, Volker Schlöndorff, em “O Ocaso de um Povo” (1981), sobre a questão Palestina. O segundo encontro com Wenders rendeu novo papel memorável, como um anjo pairando sobre Berlim em “Asas do Desejo” (1987). Filmado em preto e branco – e novamente com participação de um americano, Peter Falk – , o filme se tornou o postal definitivo de Berlim Ocidental, uma cidade à beira de um muro com uma juventude à beira do abismo, embalado por trilha/shows de rock depressivo – Nick Cave and the Bad Seeds e Crime and the City Solution. Cultuadíssimo, venceu o troféu de Melhor Direção no Festival de Cannes, o Prêmio do Público na Mostra de São Paulo e o de Melhor Filme Estrangeiro no Film Independent Spirit Awards americano. Ganz filmou ainda um terceiro longa com Wenders, “Tão Longe, Tão Perto” (1993), novamente ao lado de Peter Falk e com Willem Dafoe. E embarcou numa turnê cinematográfica mundial, rodando produções na Itália (“Sempre aos Domingos”, 1991), Austrália (“O Último Dia em Que Ficamos Juntos”, 1992), Islândia (“Filhos da Natureza”, 1991) e Reino Unido (“A Vida de Saint-Exupery”, 1996). Até criar outro clássico com um grego, Theodoros Angelopoulos, em “A Eternidade e um Dia” (1998). Após filmes de menor evidência, voltou com tudo em 2004 com duas produções que lhe deram grande visibilidade: o remake de “Sob o Domínio do Mal”, dirigido pelo americano Jonathan Demme, e principalmente “A Queda! As Últimas Horas de Hitler”, de Oliver Hirschbiegel, em que interpretou o Hitler mais convincente já visto no cinema, amargurando seu final de vida no bunker de onde só sairia morto. A popularidade de “A Queda!”, indicado ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, embalou outra volta ao mundo, que desta vez o levou até ao Japão (“The Ode to Joy”, 2006), antes de colocá-lo novamente em Hollywood, em “Velha Juventude” (2007), dirigido por Francis Ford Coppola, e numa nova parceria com Angelopoulos, “A Poeira do Tempo” (2008). Ele ainda realizou uma façanha, ao estrelar dois filmes indicados ao Oscar num mesmo ano: “O Grupo Baader Meinhof” (2008), de Uli Edel, sobre o grupo terrorista alemão dos anos 1970, que disputou o troféu de Melhor Filme em Língua Estrangeira, e “O Leitor” (2008), do inglês Stephen Daldry, sobre uma ex-funcionária nazista analfabeta, que rendeu o Oscar de Melhor Atriz para Kate Winslet. Membro ativo da comunidade cinematográfica alemã, Ganz também atuou como presidente da Academia Alemã de Cinema de 2010 a 2013. E, em 2010, recebeu uma homenagem da Academia Europeia por sua filmografia. Que só aumentou desde então. Extremamente versátil, Ganz acumulou filmes de alcance internacional na fase final de sua carreira, como os thrillers hollywoodianos “Desconhecido” (2011), de Jaume Collet-Serra, e “O Conselheiro do Crime” (2013), de Ridley Scott, o romance “Trem Noturno para Lisboa” (2013), de Bille August, o cult escandinavo de vingança “O Cidadão do Ano” (2014), de Hans Petter Moland – refilmado neste ano como “Vingança a Sangue Frio” – , o drama “Memórias Secretas” (2015), de Atom Egoyan, a comédia “A Festa” (2017), de Sally Potter, e o ultraviolento “A Casa que Jack Construiu” (2018), de Lars Von Trier, em que deu vida ao poeta Virgílio, acompanhando o serial killer interpretado por Matt Dillon numa jornada para o Inferno. No ano passado, os médicos o diagnosticaram com um câncer intestinal, mas, mesmo passando por tratamento com quimioterapia, ele continuou filmando. O ator deixou três longas inéditos, entre eles “Radegund”, do americano Terrence Malik. Para se ter ideia da importância de Ganz para o cinema e o teatro alemães, ele era portador do Anel de Iffland, uma honraria lendária do século 18, que apenas o melhor ator em língua alemã pode usar, e sua utilização é vitalícia, passando a outro intérprete apenas após sua morte.
Robby Müller (1940 – 2018)
Morreu Robby Müller, um dos diretores de fotografia mais influentes dos últimos anos, com uma filmografia repleta de trabalhos cultuadíssimos. Ele faleceu nessa quarta (4/7) aos 78 anos de idade. O holandês ficou conhecido por suas colaborações com os cineastas Wim Wenders, Jim Jarmusch e Lars Von Trier, que lhe rendeu uma reputação de “mestre da luz”, por conta de sua ênfase em iluminação e cores no cinema. Müller começou sua parceria com Wenders em “Summer in the City” (1970) e ela rendeu diversos clássicos, como “O Medo do Goleiro Diante do Pênalti” (1972), “Alice nas Cidades” (1974), “Movimento em Falso” (1975), “O Amigo Americano” (1977), até culminar em “Paris, Texas” (1984), a obra-prima do diretor alemão. A repercussão deste filme o colocou em contato com diretores “malditos” do cinema americano, como Alex Cox, para quem fotografou o cultuado “Repo Man: A Onda Punk” (1986), William Friedkin, com quem trabalhou em outro cult, “Viver e Morrer em Los Angeles” (1985), e principalmente Jim Jarmusch, que se tornou seu segundo grande parceiro, estendendo as colaborações para todos os filmes do diretor, de “Daunbailó” (1986) até “Sobre Café e Cigarros” (2003), último longa-metragem do diretor de fotografia. Entre os filmes de Jarmusch, Müller ainda registrou as imagens de dois filmes de Lars Von Trier: “Ondas do Destino” (1996) e “Dançando no Escuro” (2000), este último com a cantora Björk no elenco. Ele também assinou o visual de um cult britânico: “A Festa Nunca Termina” (2002), do inglês Michael Winterbottom. Três vezes vencedor da premiação da Academia Alemã, o Oscar do cinema alemão, Müller nunca foi indicado ao Oscar, fato amplamente criticado na comunidade de cinematógrafos em Hollywood. Já o sindicato americano da categoria lhe rendeu um tributo pela carreira em 2013.
Submersão mergulha nos mistérios da existência sem encontrar novidades
Numa mistura de suspense e romance, “Submersão”, o novo filme do cineasta alemão Wim Wenders, trata de duas questões distintas, mas vinculadas à realidade global do planeta. O amor aqui une o agente secreto britânico James (James McAvoy), em missão na Somália para caçar fontes de terroristas suicidas, a Danny (Alicia Wikander), biomatemática que trabalha num projeto envolvendo as profundezas do mar. Só que ambos têm missões perigosas, capazes de afastá-los indefinidamente. Ele, enfrentando os riscos do terrorismo internacional. Ela, pondo a vida em perigo num submergível pelo tempo necessário para realizar sua pesquisa. O interessante é a ideia que a move, a de que a vida do planeta emergiu das camadas mais profundas do mar e de lá pode ressurgir ou se transformar. Wenders gosta de lidar com questões inusitadas, surpreendentes e desafiadoras, em busca de respostas que jamais serão claras. A justaposição dos dois universos, que estão no romance de J. M. Legard, em que se baseou o filme, não ajuda a situação a evoluir. Mas a água e o mar compõem um elemento estético a ser apreciado. O filme também instiga a pensar sobre os mistérios da existência. Já a ameaça constante do terror não traz novidade, em sua extrema brutalidade.
Sem blockbusters, cinemas recebem filmes de José Padilha, Wim Wendes e Hirokazu Kore-Eda
Em semana sem blockbusters, a programação de cinema ganha perfil de festival internacional, com lançamentos de Wim Wenders, Hirokazu Kore-Eda, José Padilha e do retorno de Ruy Guerra após mais de uma década. Mas só os nomes famosos não garantem bons filmes. Até o terror horroroso com maior distribuição, que abre em 380 salas, é de um diretor francês conhecido. “Exorcismos e Demônios” tem direção de Xavier Gens, que retorna ao gênero que o consagrou em “(A) Fronteira” (2007), após fracassar em produções mais convencionais. Baseado numa história real, conta a história do exorcismo de uma jovem freira esquizofrênica por um padre psicopata, com requintes de crueldade. O fato chocou a Romênia e inspirou um filmão. Não este, mas “Além das Montanhas” (2012), do romeno Cristian Mungiu. A versão de terror, porém, não passa de um sub-“O Exorcismo de Emily Rose” (2005), que conseguiu uma rara unanimidade entre a crítica norte-americana: atingiu 0% (zero por cento) de aprovação no site Rotten Tomatoes. Um horror de ruim. Festival internacional “7 Dias em Entebbe” é o segundo filme internacional de José Padilha e, como “RoboCop” (2014), trata de história já vista antes, a quarta filmagem de uma das missões de resgate e combate ao terror mais famosas de todos os tempos: o salvamento dos passageiros de um voo da Air France vindo de Tel Aviv, que teve sua trajetória desviada para Entebbe, em Uganda, por sequestradores em 1976. Em vez de destacar a ação de resgate como as produções B anteriores – entre elas, telefilmes com Charles Bronson (“Desejo de Matar”) e Linda Blair (“O Exorcista”) – , Padilha optou por enfatizar o aspecto político da trama, em especial a causa palestina. Para completar a revisão, ainda minimizou o papel do comandante da missão, considerado herói em Israel – e que era irmão do atual Primeiro Ministro de Israel Benjamin Netanyahu. O resultado desarma um longa que estampa metralhadoras e militares em seu pôster, em favor de cenas demasiadamente discursivas. A crítica norte-americana bocejou, com 22% de aprovação no Rotten Tomatoes. O longa do alemão Wim Wenders, “Submersão”, é um melodrama romântico, em que a sueca Alicia Vikander (“Tomb Raider”) e o inglês James McAvoy (“X-Men: Apocalipse”) se apaixonam e são separados por seus trabalhos arriscados, que flertam com tragédias. Ele viaja à Somália para libertar prisioneiros de jihadistas, enquanto ela explora as profundezas do oceano num mini-submersível. Diante de situações de morte iminente, resta aos dois as lembranças de um encontro na véspera de Natal ocorrido em uma praia. Vale dizer que o trailer é ótimo. Já o filme demora quase duas horas para contar o que se vê na prévia de dois minutos. Lento de doer, tem apenas 16% de aprovação. Ao contrário dos demais, “O Terceiro Assassinato” tem avaliação positiva, 90% no Rotten Tomatoes. Mas mesmo entre os elogios se constata um consenso de que é um trabalho menor do japonês Hirokazu Kore-Eda. O que começa com tons de suspense logo se transfigura num drama de tribunal. A trama gira em torno do julgamento de um assassino confesso, que seu advogado suspeita ser inocente, e a situação vira uma discussão metafísica do que seria a verdade. O alemão “De Encontro com a Vida”, de Marc Rothemund (“Uma Mulher Contra Hitler”) é o mais previsível da lista. Baseado numa história real, acompanha um jovem que perde 90% da visão, mas consegue fingir não ter deficiência para conseguir um emprego num hotel de luxo. A trama edificante logo vira uma comédia romântica, quando uma camareira entra na história. Seleção brasileira “Todo Clichê do Amor” vai da comédia rasgada à conversa dramática em três histórias diferentes, amarradas por um cacoete estilístico do ator e diretor Rafael Primot em seu segundo longa – após o surpreendente “Gata Velha Ainda Mia” (2014). Apesar do elenco atuar em volume histérico, há nuances que sobrevivem aos clichês do título. O bom elenco feminino inclui Maria Luisa Mendonça (série “Magnífica 70”), Débora Falabella (“O Filho Eterno”) e Marjorie Estiano (“Sob Pressão”) como uma dominatrix. “Quase Memória”, o “novo” longa de Ruy Guerra, foi exibido pela primeira vez no Festival do Rio de… 2015, o que comprova a dificuldade enfrentada pelos filmes brasileiros para chegar aos cinemas. Se uma obra do diretor de clássicos como “Os Cafajestes” (1962), “Os Fuzis” (1964), “Ópera do Malandro” (1986), “Kuarup” (1989) e “Estorvo” (2000) sofre com isso, o que dirá um diretor estreante. E olha que se trata da adaptação de um best-seller nacional, o livro homônimo de Carlos Heitor Cony, com mais de 400 mil exemplares vendidos, e estrelado por um dos atores mais populares do país, Tony Ramos, que volta a protagonizar um filme após o ótimo trabalho em “Getúlio” (2014). Expoente do Cinema Novo, Ruy Guerra não filmava desde “O Veneno da Madrugada” (2005) e retorna com um filme “borgiano”, em que um homem velho (Ramos) encontra sua versão jovem (Charles Fricks) e idealista, e ambos lembram do pai (vivido por João Miguel). Se o encontro se dá em tom teatral, as lembranças têm abordagem quase surrealista, ao se desdobrarem numa história fabulosa de tom circense, pela distorção causada pela memória distante. O elenco da produção ainda inclui Mariana Ximenes (“Uma Loucura de Mulher”) e Antonio Pedro (“A Casa da Mãe Joana”). Por fim, o documentário “Construindo Pontes” tem a plasticidade que se espera da diretora de fotografia de “Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo” (2009) e “Lixo Extraordinário” (2010), apesar de ser construído em cima de conversas entre Heloísa Passos e seu pai, Álvaro, que viveu o auge de sua carreira de engenheiro civil durante o “milagre econômico” da ditadura militar. Esquerdista convicta de que o Brasil sofreu um golpe com o Impeachment de Dilma Rousseff, ela não consegue aceitar o saudosismo do pai pela ditadura e seu apoio a Sergio Moro, o juiz que participa do acordo das elites para tirar Lula das eleições deste ano. As discussões entre os dois ilustram a polarização em que se encontra o país. Mas, de forma inconsciente, também a cegueira de quem polariza, já que inicia com uma filmagem em super-8 das Sete Quedas, as cachoeiras destruídas para dar lugar à hidrelétrica Itaipu, uma das obras faraônicas do governo militar, no que se supõe uma crítica à direita, mas não termina com imagens de Belo Monte, a Itaipu do PAC petista, que causou desastre maior, por ir além do crime ambiental, afetando comunidades indígenas para favorecer interesses de corruptos. A não construção desta ponte metafórica é que causa a polarização do país.
Submersão: Trailer legendado mostra romance trágico de Alicia Vikander e James McAvoy
A California Filmes divulgou o trailer legendado de “Submersão” (Submergence), novo filme do alemão Wim Wenders (“Paris, Texas”). A produção é um melodrama romântico, em que a sueca Alicia Vikander (“Tomb Raider”) e o inglês James McAvoy (“X-Men: Apocalipse”) se apaixonam e são separados por seus trabalhos arriscados, que flertam com tragédias. Na trama, enquanto não estão namorando, o casal central aparece arriscando a vida em missões perigosas. Ele viaja à Somália para libertar prisioneiros de jihadistas, enquanto ela explora as profundezas do oceano num mini-submersível. Diante de situações de morte iminente, resta aos dois as lembranças de um encontro na véspera de Natal ocorrido em uma praia. O filme tem roteiro de Erin Dignam (“O Lenço Amarelo”) e é baseado no romance homônimo escrito por J.M Ledgard. A estreia está marcada para 12 de abril no Brasil, um dia antes do lançamento nos Estados Unidos. Além do trailer brasileiro, também foram divulgados pôsteres internacionais da produção. Confira abaixo
Sam Shepard (1943 – 2017)
O ator, roteirista e dramaturgo Sam Shepard morreu na última quinta-feira (26/7), aos 73 anos, em sua casa no estado americano de Kentucky. Ele foi vítima de complicações da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e estava cercado pela família no momento da morte, segundo anunciou um porta-voz na segunda-feira (31/7). Vencedor do Pulitzer por seu trabalho teatral – pela peça “Buried Child” (1979) – e indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Os Eleitos” (1983), Samuel Shepard Rogers III nasceu em 1943, no estado de Illinois, filho de pai militar. Antes de ficar conhecido em Hollywood, ele tocou bateria na banda The Holy Modal Rounders (que está na trilha de “Sem Destino/Easy Rider”), e decidiu escrever peças num momento em que buscava trabalhos como ator em Nova York. Em 1971, escreveu a peça “Cowboy Mouth” com a então namorada Patti Smith, que marcou sua traumática estreia nos palcos. Já no início das apresentações, Shepard ficou tão perturbado por se apresentar diante do público que abandonou o palco e, sem dar nenhuma explicação, foi embora da cidade. Ele decidiu se concentrar em escrever. Acabou assinando até roteiros de cinema, como o clássico hippie “Zabriskie Point” (1970), de Michelangelo Antonioni, e a adaptação da controvertida peça “Oh! Calcutta!” (1972). Também escreveu, em parceria com Bob Dylan, “Renaldo and Clara” (1978), único longa de ficção dirigido por Dylan. O filme marcou a estreia de Shepard diante das câmeras, numa pequena figuração. Sentindo menos pânico para atuar em estúdio, enveredou de vez pela carreira de ator, trabalhando a seguir no clássico “Cinzas do Paraíso” (1978), de Terrence Malick, como o fazendeiro que emprega Richard Gere e Brooke Adams. Fez outros filmes até cruzar com Jessica Lange em “Frances” (1982). A cinebiografia trágica da atriz Frances Farmer iniciou uma longa história de amor nos bastidores entre os dois atores, que só foi encerrada em 2009. Na época, ele já era casado e o divórcio só aconteceu depois do affair. Shepard finalmente se destacou em “Os Eleitos”, o grandioso drama de Philip Kaufman sobre os primeiros astronautas americanos, no qual viveu Chuck Yeager, que quebrou a barreira do som e sucessivos recordes como o piloto mais veloz do mundo. Sua história corria em paralelo à conquista do espaço, mas chegava a ofuscar a trama central, a ponto de lhe render indicação ao Oscar – perdeu a disputa para Jack Nicholson, por “Laços de Ternura” (1983). Fez seu segundo filme com Lange, “Minha Terra, Minha Vida” (1984), enquanto escrevia o fabuloso roteiro de “Paris, Texas” (1985), dirigido por Wim Wenders, que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Paralelamente, ainda alinhavou a adaptação de sua peça “Louco de Amor” (1986). Dirigido por Robert Altman, “Louco de Amor” foi o filme que consagrou Shepard como protagonista, na pele do personagem-título, apaixonado por Kim Basinger a ponto de largar tudo para encontrá-la num motel de beira de estrada e convencê-la a dar mais uma chance ao amor. O ator e roteirista resolveu também virar diretor, e foi para trás das câmeras em “A Casa de Kate é um Caso” (1988), comandando sua mulher, Jessica Lange, num enredo sobre uma família que passou anos separada até finalmente decidir acertar as contas. O filme não teve a menor repercussão e Shepard só dirigiu mais um longa, o western “O Espírito do Silêncio” (1993), que nem sequer conseguiu lançamento comercial. Por outro lado, entre estes trabalhos ele se tornou um ator requisitado para produções de temática feminina, como “Crimes do Coração” (1986) e “Flores de Aço” (1989), que giravam em torno de vários mulheres e seus problemas, e de histórias de amor, como “O Viajante” (1991), “Unidos pelo Destino” (1994) e “Amores e Desencontros” (1997). Como contraponto a essa sensibilidade, também fez thrillers de ação em que precisou mostrar-se frio e calculista, como “Sem Defesa” (1991), de Martin Campbell, “Coração de Trovão” (1992), de Michael Apted, e “O Dossiê Pelicano” (1993), de Alan J. Pakula. Ele conseguiu o equilíbrio e se manteve requisitado, aparecendo em alguns dos filmes mais famosos do começo do século, como o thriller de guerra “Falcão Negro em Perigo” (2001), de Ridley Scott, e “Diário de uma Paixão” (2004), de Nick Cassavetes. Em 2005, estrelou seu último filme com Lange, “Estrela Solitária”, dirigido por Wim Wenders, como um astro de filmes de cowboy que abandona uma filmagem e tenta se reconectar com a família, apenas para descobrir que tem um filho que não conhece. Dois anos depois, fez um de seus melhores trabalhos como ator, “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (2007), de Andrew Dominik, no papel de Frank James, o irmão mais velho de Jesse, interpretado por Brad Pitt. Ele voltou a trabalhar com o diretor e com Pitt em “O Homem da Máfia” (2012). Entre seus últimos trabalhos ainda se destacam o suspense político “Jogo de Poder” (2010), de Doug Liman, o thriller de ação “Protegendo o Inimigo” (2012), de Daniel Espinosa, e os dramas criminais “Amor Bandido” (2012), de Jeff Nichols, “Tudo por Justiça” (2013), de Scott Cooper, e “Julho Sangrento” (2014), de Jim Mickle. Em alta demanda, Shepard permaneceu requisitado e desempenhando bons papéis até o fim da vida. Só no ano passado estrelou três filmes (“Ithaca”, “Destino Especial” e “Batalha Incerta”). Mas depois de tanto viver namorado e amante, no fim da carreira especializou-se em encarnar o pai de família. Eles fez vários filmes recentes nesta função, como “Entre Irmãos” (2009), de Jim Sheridan, como o pai de Jake Gyllenhaal e Tobey Maguire, e “Álbum de Família” (2013), de John Wells, cuja morte volta a reunir a família disfuncional, formada por Julia Roberts, Meryl Streep e muitos astros famosos. A sua última e marcante aparição foi na série “Bloodline”, da Netflix, como o patriarca da família Rayburn, sobre a qual girava a trama de suspense. A atração completou sua trama na 3ª temporada, lançada em maio deste ano. Sam Shepard deixa três filhos — Jesse, Hannah e Walker.
Jeanne Moreau (1928 – 2017)
Morreu a atriz Jeanne Moreau, ícone da nouvelle vague e uma das maiores intérpretes do cinema francês em todos os tempos. Ela tinha 89 anos e foi encontrada morta em sua casa em Paris, na manhã desta segunda-feira (31/7). Mais que estrela francesa, ela foi um mito mundial, tendo estrelado mais de 130 filmes, inclusive no Brasil, para alguns dos maiores cineastas que já existiram. A impressionante relação de diretores que a endeusaram inclui François Truffaut, Elia Kazan, Michelangelo Antonioni, Luis Bunuel, Rainer Werner Fassbinder, Louis Malle, Joseph Losey, Wim Wenders, Theodoros Angelopoulos, Manoel de Oliveira e Orson Welles, que a descreveu como “a melhor atriz do mundo”. “Se foi uma parte da lenda do cinema”, afirmou o presidente francês Emmanuel Macron em um comunicado, no qual descreve Moreau como uma mulher “livre, rebelde e a serviço das causas nas quais acreditava”. Jeanne Moreau nasceu em 23 de janeiro de 1928, em Paris, filha de uma pai restaurador e uma mãe dançarina inglesa. O pai conservador foi responsável por seu feminismo latente. Em entrevista, ela o descreveu como “um homem criado por pais do século 19”, que não suportava o fato de não poder controlar sua mulher. “Isso me marcou pela raiva de ver como uma mulher poderia deixar-se intimidar”, disse, ao descrever a relação de seus pais e a motivação para viver personagens libertárias. Aos 19 anos, após o Conservatório, fez sua estreia no teatro. Mais especificamente na Comédie-Française que, para ela, representava “disciplina, rigor”. A estreia no cinema veio dois anos depois, em 1949, como coadjuvante em “Dernier Amour” (1949), um melodrama de Jean Stelli. As câmeras se apaixonaram pela atriz, que em pouco tempo saiu do elenco de apoio para os papéis principais. Em “Os Amores de uma Rainha” (1954) já viveu a personagem-título, a trágica Rainha Margot, e passou a reinar no cinema. Encarnou a persona de sedutora sensual em “Segredos de Alcova” (1954) e virou uma femme fatale, com “Alma Satânica (As Lobas)” (1957) e “Perversidade Satânica” (1958), estereótipos que acompanharam sua carreira, indissociáveis de sua beleza. Ela já era uma estrela em ascensão quando foi filmada por Louis Malle em “Ascensor para o Cadafalso” (1958), seu primeiro trabalho para um cineasta da nouvelle vague. Foi também sua estreia como cantora no cinema, gravando a voz numa trilha composta e interpretada por Miles Davis, mais elogiada que o próprio filme. Um ano depois, Moreau retomou a parceria com Malle em “Amantes” (1959), que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza. Filme “escandaloso” na época, mostrava a atriz tendo um caso com um estranho na mansão do próprio marido. Este enredo foi considerado “obsceno” em muitos países, inclusive nos Estados Unidos, e marcou Moreau como uma atriz “corajosa”. Após um papel em “Os Incompreendidos” (1959), filme de estreia de François Truffaut, ela voltou a encarnar uma sedutora fatal em “Ligações Amorosas” (1959), a versão de Roger Vadim para o romance “Ligações Perigosas”, de Choderlos de Laclos, no qual viveu a manipuladora Juliette de Merteuil. Já considerada estrela, quis conhecer a escritora Marguerite Duras. “Uma vez que me tornei uma estrela, poderia impor o tema, o diretor, o ator, então disse a mim mesma: vou conhecer esta mulher. Escrevi para ela, ela me recebeu”, contou. Moreau estrelou a adaptação de “Duas Almas em Suplício” (1960), roteirizada pela própria escritora, e venceu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. As duas ficaram amigas e voltariam a trabalhar juntas outras vezes, inclusive na estreia de Duras como diretora, “Nathalie Granger” (1972). Ao final, a atriz até interpretou Duras em “Cet Amour-là” (2001). Sua fama ficou ainda maior ao cruzar fronteiras com o clássico italiano “A Noite” (1961), em que foi dirigida por Michelangelo Antonioni e contracenou com Marcello Mastroianni. Um dos filmes mais influentes de sua época, tornou-se famoso pela atmosfera, ao retratar uma noite na vida de um casal entediado com a própria relação e com la dolce vitta. Mas não foi seu principal papel. Este viria no reencontro com Truffaut, “Jules e Jim – Uma Mulher para Dois” (1962). O filme foi um turbilhão – e incluía uma canção chamada “Le Torubillon” – ao pregar o amor livre no começo dos anos 1960 e sintetizar o júbilo da juventude numa corrida em direção à câmera, que era uma corrida contra o próprio tempo. Filmes de Godard já tinha estabelecido uma nova estética, mas foi “Jules e Jim” que estabeleceu o novo discurso. A nouvelle vague virava com ele o cinema mais jovem e libertário do mundo, conforme Jean Moreau corria sem amarras para inspirar gerações. Não mais uma garota sexy, mas uma mulher moderna. E os grandes cineastas vieram correndo atrás dela. Joseph Losey a filmou em “Eva” (1962), Orson Welles em “O Processo” (1962), Jacques Demy em “A Baía dos Anjos” (1963), até seu antigo parceiro Louis Malle no espetacular “Trinta Anos Esta Noite” (1963), Luis Bunuel em “O Diário de uma Camareira” (1964), John Frankenheimer em “O Trem” (1964). Louis Malle conseguiu realizar o que muitos invejaram ao juntar Moreau com Brigitte Bardot na comédia western “Viva Maria!” (1965) e ela foi parar na capa da revista americana Time – além de vencer o BAFTA (o Oscar inglês). O sucesso só aumentou seu status, mas ela recusou propostas comerciais para continuar suas parcerias com mestres do cinema, boa parte deles renegados pela própria Hollywood, como Orson Welles, que revisitou em “Falstaff – O Toque da Meia Noite” (1965), “História Imortal” (1968) e “The Deep” (1970). Também filmou mais dois textos de Margarite Duras com o diretor inglês Tony Richardson, “Chamas de Verão” (1966) e “O Marinheiro de Gibraltar” (1967). E voltou a trabalhar com Truffaut em outro filme emblemático, “A Noiva Estava de Preto” (1968), que retomou sua aura noir, de atriz noturna, sombria, antes de virar do avesso as aparências e se tornar tropical. Em 1973, Jean Moreau virou a “Joanna Francesa” do título do filme de Cacá Diegues. No longa brasileiro, ela abandonava o marido – ninguém menos que o estilista Pierre Cardin – para se aventurar com sexo nacional e MPB. Até gravou a música “Joana Francesa”, composta por Chico Buarque. Voltou a experimentar o amor a três e a chocar “valores burgueses” em “Corações Loucos” (1974), de Bertrand Blier, antes de se lançar como diretora. Incentivada por Orson Welles, estreou atrás das câmeras com “No Coração, a Chama” (1976), bisou a experiência com “A Adolescente” (1979) e a encerrou com um documentário sobre sua musa inspiradora, a estrela do cinema mudo Lillian Gish (“Órfãs da Tempestade”) em 1983. Apesar de prestigiada nos Estados Unidos, ela só foi filmar uma superprodução de Hollywood em 1976, “O Último Magnata”, adaptação da obra de F. Scott Fitzgerald em que contracenou com Robert De Niro e foi dirigida por Elia Kazan. Curiosamente, no mesmo ano também estrelou “Cidadão Klein” (1976) para o outsider Joseph Losey, americano que fez carreira no exterior e a dirigiu três vezes – a última em “La Truite (1982). Sua fama de “corajosa” a levou a “Querelle” em 1982, adaptação de Jean Genet com direção de Rainer Werner Fassbinder que virou um marco do cinema gay, pela forma crua como retratou relações sexuais entre homens. Exibido no Festival de Veneza, o filme polarizou opiniões, a ponto do Presidente do Júri, o veterano cineasta Marcel Carné, divulgar um manifesto durante a premiação, lamentando a decisão dos colegas de não premiarem a obra. “Ame ou odeie, um dia o filme de Fassbinder vai encontrar o seu lugar na história do cinema.” Na época, porém, a repercussão foi brutal. E até Moreau, acostumada com escândalos, preferiu uma saída estratégica para a televisão francesa. Só foi voltar ao cinema cinco anos depois, numa comédia leve, “Ladrão de Milagres” (1987). Em 1990, participou de “Nikita – Criada Para Matar”, thriller de ação dirigido por Luc Besson, que se tornou uma das maiores bilheterias internacionais do cinema francês. E assim voltou ao mundo. Seu itinerário cinematográfico a levou literalmente “Até o Fim do Mundo” (1991), com o alemão Win Wenders, obra seguida por “O Passo Suspenso da Cegonha” (1991), do grego Theodoros Angelopoulos, “O Mapa do Coração” (1992), do neozelandês Vincent Ward, “O Amante” (1992), do francês Jean-Jacques Annaud, “As Cento e Uma Noites” (1995) da belga Agnes Varda, “Além das Nuvens” (1995), parceria de Antonioni e Wenders, até conduzi-la de volta a Hollywood, com o romance “Bem-Me-Quer, Mal-Me-Quer” (1996), que juntava o casal Jude Law e Claire Danes, e o sucesso “Para Sempre Cinderela” (1998), com Drew Barrymore. No mesmo ano, ela recebeu das mãos de Sharon Stone um Oscar honorário por toda a sua carreira. A homenagem da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos foi apenas uma dentre as inúmeras honrarias que a estrela recebeu nos últimos anos por sua vasta filmografia. A lista inclui um Leão de Ouro em 1992, um Urso de Ouro em 2000, uma Palma de Ouro em 2003 e um “Super César” (o Oscar francês) em 2008, em celebração aos 60 anos de sua carreira. Ela também foi a única atriz convidada a presidir duas vezes o júri do Festival de Cannes (em 1975 e 1995). E mesmo com tantas homenagens ao seu passado, nem cogitava a aposentadoria. Seu último grande filme francês foi “O Tempo que Resta” (2005), de François Ozon, mas isto porque cineastas de todo o mundo disputavam filmá-la. O israelense Amos Gitai fez nada menos que quatro filmes com ela: “Aproximação” (2007), “Mais Tarde, Você Vai Entender” (2008), “Carmel” (2009) e “A Guerra dos Filhos da Luz contra os Filhos das Trevas” (2009). Mas Moreau também filmou com o bósnio Ahmed Imamović (“Go West”), o estoniano Ilmar Raag (“Uma Dama em Paris”), o malaio Tsai Ming-liang (“Face”) e o português Manoel de Oliveira em seu último longa-metragem, “O Gebo e a Sombra” (2012). Em 2013, ela estrelou uma série francesa que era uma verdadeira homenagem a seu talento, “Le Tourbillon de Jeanne”, que contou com a participação de grandes astros do cinema francês. “Mas não sou o tipo de pessoa que pensa ‘Oh meu Deus, não era maravilhoso quando eu tinha 25 anos?'”, ela afirmou, em entrevista ao jornal New York Times em 2000, quando se tornou a primeira mulher eleita para integrar a Academia de Belas Artes francesa. Foi nesta ocasião, como notou o jornal americano, que ela se tornou “oficialmente” imortal. Mesmo que já fosse considerada mitológica há muitos e muitos anos.
Festival de Toronto anuncia sua seleção com filmes de George Clooney e Angelina Jolie
Considerado o evento de cinema mais importante da América do Norte, o Festival de Toronto anunciou parte da programação de sua 42ª edição. E, como sempre, a seleção está cheia de filmes com potencial para disputar o Oscar. Entre os selecionados, estão os novos longas-metragem de Darren Aronofsky (“mother!”), Guillermo del Toro (“The Shape of Water”), Stephen Frears (“Victoria and Abdul”), Scott Cooper (“Hostiles”), Joe Wright (“Darkest Hour”), Craig Gillespie (“I, Tonya”), George Clooney (“Suburbicon”), Angelina Jolie (“First They Killed My Father: A Daughter of Cambodia Remembers”) e o casal Jonathan Dayton e Valerie Faris (“Battle of the Sexes”), além de obras de cineastas europeus renomados, como Wim Wenders (“Submergence”) e Joachim Trier (“Thelma”), e obras premiadas em Cannes que buscam vaga no Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira Na edição deste ano — que teve a programação reduzida em 20%, após pedidos da crítica —, 33 filmes serão exibidos na mostra de “Exibições Especiais”, e apenas 14 terão sua estreia no Festival, na mostra “Gala”. Isto se deve à concorrência cada vez mais acirrada de outros festivais – Toronto acontece simultaneamente a eventos em Telluride, nos Estados Unidos, e Veneza, na Itália, e ainda sofre a competição do Festival de Nova York por premières exclusivas. No ano passado, “La La Land”, do diretor Damien Chazelle, foi o vencedor do festival canadense e acabou premiado com seis estatuetas no Oscar 2017. A edição deste ano acontece entre os dias 7 e 17 de setembro na cidade de Toronto, no Canadá. Confira abaixo a lista completa dos primeiros títulos anunciados. MOSTRA DE GALA “Breathe”, de Andy Serkis “Stronger”, de David Gordon Green “The Catcher Was a Spy”, de Ben Lewin “Darkest Hour”, de Joe Wright “Film Stars Don’t Die in Liverpool”, de Paul McGuigan “Kings”, de Deniz Gamze Ergüven “Long Time Running”, de Jennifer Baichwal e Nicholas de Pencier “Mary Shelley”, de Haifaa Al-Mansour “Depois Daquela Montanha”, de Hany Abu-Assad “Mudbound”, de Dee Rees “The Wife”, de Björn Runge “Woman Walks Ahead”, de Susanna White EXIBIÇÕES ESPECIAIS “Battle of the Sexes”, de Jonathan Dayton e Valerie Faris “120 battements par minute”, de Robin Campillo “The Brawler”, de Anurag Kashyap “The Breadwinner”, de Nora Twomey “Call Me By Your Name”, de Luca Guadagnino “Catch the Wind”, de Gaël Morel “The Children Act”, de Richard Eyre, “The Current War”, de Alfonso Gomez-Rejon “Disobedience”, de Sebastián Lelio “Downsizing”, de Alexander Payne “A Fantastic Woman”, Sebastián Lelio “First They Killed My Father: A Daughter of Cambodia Remembers”, de Angelina Jolie “The Guardians”, Xavier Beauvois “Hostiles”, de Scott Cooper “The Hungry”, de Bornila Chatterjee “I, Tonya”, de Craig Gillespie “Lady Bird”, de Greta Gerwig “mother!”, de Darren Aronofsky “Novitiate”, de Maggie Betts “Omerta”, de Hansal Mehta “Plonger”, de Mélanie Laurent “The Price of Success”, de Teddy Lussi-Modeste “Professor Marston & the Wonder Woman”, de Angela Robinson “The Rider”, de Chloé Zhao “A Season in France”, de Mahamat-Saleh Haroun “The Shape of Water”, de Guillermo del Toro “Sheikh Jackson”, de Amr Salama “The Square”, de Ruben Östlund “Submergence”, de Wim Wenders “Suburbicon”, de George Clooney. “Thelma”, de Joachim Trier “Three Billboards Outside Ebbing, Missouri”, de Martin McDonagh “Victoria and Abdul”, de Stephen Frears
Wim Wenders está filmando documentário sobre o Papa Francisco
O diretor alemão Wim Wenders está trabalhando num documentário sobre o Papa Francisco. O projeto tem a participação do pontífice e abordará temas como a ecologia, os migrantes e a justiça social, segundo anúncio da produtora Focus Features. “É um filme de não-ficção significativo, não uma biografia sobre o papa e sim um filme com ele”, destacou a produtora no comunicado. Wim Wenders, que tem já teve três documentários indicados ao Oscar – “Buena Vista Social Club” (1999), “Pina” (2011) e “O Sal da Terra” (2015) – , explicou seu interesse no papa por ele ser “um exemplo vivo de um homem que defende o que diz”. Intitulado “Pope Francis: A Man of his Word” (“Papa Francisco: Um Homem de Palavra”), o filme trará o líder religioso respondendo a perguntas enviadas por pessoas de diferentes países. A ideia é mostrar “a visão do papa Francisco do mundo contemporâneo”, de acordo com o monsenhor Dario Edoardo Vigano, prefeito da Secretaria de Comunicação da Santa Sé, citado no texto. Além da entrevista exclusiva, o filme incluirá imagens de arquivo do Vaticano, que mostram o papa em suas viagens, apresentando suas ideias em vários países. A vida do Papa argentino já rendeu um longa de ficção, “Papa Francisco, Conquistando Corações” (2015), de Beda Docampo Feijóo. A crítica pode ser lida aqui.
Festival do Rio anuncia programação internacional com vencedores de Cannes e Veneza
O Festival do Rio anunciou na manhã desta sexta-feira (23/9) a sua programação internacional. São cerca de 250 filmes de mais de 60 países, que serão exibidos em diversas mostras entre os dias 6 e 16 de outubro. Entre os destaques estão os vencedores dos festivais de Cannes e Veneza deste ano, respectivamente “Eu, Daniel Blake”, do inglês Ken Loach, que levou a Palma de Ouro, e “A Mulher que se Foi”, do filipino Lav Diaz, detentor do Leão de Ouro. Além destes, a programação inclui três outros filmes premiados em Cannes: “Toni Erdmann”, da alemã Maren Ade, que venceu prêmio da crítica e é um dos mais cotados para o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, “É Apenas o Fim do Mundo”, do canadense Xavier Dolan, que levou o Grande Prêmio do Juri, e “Personal Shopper”, estrelado por Kristen Stewart, que rendeu o troféu de Melhor Direção ao francês Olivier Assayas. Já a lista do Festival de Veneza inclui os dois filmes que dividiram o Leão de Prata de Melhor Direção: “La Región Salvaje”, do mexicano Amat Escalante, e “Paradise”, do russo Andrei Konchalovsky. Há ainda novos trabalhos de Terrence Malick (“Voyage of Time”), Wim Wenders (“Os Belos Dias de Aranjuez”), André Téchiné (“Being 17”), Bruno Dumont (“Mistério na Costa Chanel”), Jeff Nichols (“Loving”), Bertrand Bonello (“Sarah Winchester, Ópera Fantasma e Nocturama”), Hong Sang-soo (“Você e os Seus”), Werner Herzog (“Eis os Delírios do Mundo Conectado”), Jim Jarmusch (“Gimme Danger”), Ira Sachs (“Melhores Amigos”), Andrzej Zulawski (“Cosmos”), Sergei Loznitsa (“Austerlitz”), Johnnie To (“Three”), Kelly Reichardt (“Certain Women”), Todd Solondz (“Wiener-Dog”), Terence Davies (“A Canção do Pôr do Sol”) e Kevin Smith (“Yoga Hosers”). Entre os nacionais, a maior curiosidade fica por conta de “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, que tentará vaga no Oscar 2017, e “Elis”, de Hugo Prata, ambos exibidos fora de competição. Já a mostra competitiva terá novos filmes de Eliane Caffé, Andrucha Waddington e José Luiz Villamarim. Clique aqui para ver a lista completa dos filmes brasileiros selecionados para o festival.
Veneza: Wim Wenders transforma conversa de casal em filme 3D
Wim Wenders volta a dramatizar o 3D com “Les Beaux Jours d’Aranjuez”, seu terceiro longa rodado com a tecnologia, após o documentário “Pina” (2011) e o melodrama “Tudo Vai Ficar Bem” (2015). Exibido na competição do 73º Festival de Veneza, o novo filme é uma antítese do que se imagina numa produção tridimensional. Adaptação da peça homônima de Peter Handke, roteirista de “Asas do Desejo” (1987), um dos filmes mais famosos do próprio Wenders, trata-se de um drama intimista, de assumida inspiração teatral, construído em torno de uma longa conversa entre um homem e uma mulher, que acontece nos jardins de uma casa de campo nos arredores de Paris. O plano inicial localiza a locação, ao abrir com imagens de uma Paris deserta, afastando-se da cidade até encontrar seu protagonista em meio à natureza, ocupado com a máquina de escrever. A casa que ele habita pertenceu à famosa atriz francesa Sarah Bernhardt, e se localiza no meio da mata das colinas que cercam Paris, de onde se tem uma bela vista da capital francesa à distância, no horizonte. Segundo Wenders, o cenário “pode ser descrito como o Jardim do Éden, o paraíso bíblico, original”. E inclui, de forma descarada, uma maçã entre o homem e a mulher. “O 3D me deu a possibilidade de colocar o espectador nesse lugar, onde podemos ouvir o canto dos pássaros, o farfalhar das folhas das árvores. É uma linguagem e tecnologia muito suave, muito muito gentil e terna para esse tipo de assunto do que o 2D”, ele explicou, durante a entrevista coletiva do festival. Primeiro filme do cineasta alemão falado em francês, “Les Beaux Jours d’Aranjuez” tem até as afetações do cinema feito na França, como a busca pelo experimentalismo e a tendência à verborragia. Metade da crítica presente à exibição bocejou. A outra metade aplaudiu O diretor até chegou a considerar montá-lo nos palcos, devido a trama ser “um diálogo fora do tempo, da notícia e de qualquer contexto histórico e social”, de acordo com a definição de Handke. Mas achou mais apropriada uma versão filmada em locação real, para dar novas “dimensões” ao texto. Seus personagens não tem nome e a narrativa se desenvolve conforme o homem, calmamente sentado, faz perguntas de cunho sexual para a mulher, que lhe responde de forma poética, com o objetivo de frisar a diferença entre os sexos. O “homem” e a “mulher” são interpretados respectivamente por Reda Kateb (“Os Cavaleiros Brancos”) e Sophie Semin (“Além das Nuvens”), mas também há participações especiais do próprio Handke e do roqueiro Nick Cave, velho amigo e colaborador do diretor. “A peça é repleta das questões sobre o relacionamento entre homem e mulher, e as perspectivas de cada um sobre o mundo, mas o filme não pretende responder a nenhuma delas”, disse Wenders. “A relação entre homem e mulher já motivou guerras, mas também uma das melhores coisas do mundo, que são as histórias de amor, inclusive em filme. Hoje em dia parece que o diálogo entre os dois encolheu, no meio dessa discussão sobre gêneros. Por isso, acho que o texto do Handke chega em um momento bastante oportuno”, concluiu.
Festival de Veneza divulga filmes que disputarão o Leão de Ouro em 2016
A organização do Festival de Veneza divulgou a lista dos filmes que disputarão o Leão de Ouro em 2016, além das exibições especiais, fora de competição, e a seleção da prestigiosa mostra Horizontes. Infelizmente, nenhuma obra brasileira foi selecionada. Mas a lista é repleta de nomes de prestígio do cinema mundial, como os cineastas americanos Terrence Malick (“A Árvore da Vida”), Derek Cianfrance (“O Lugar Onde Tudo Termina”) e Damien Chazelle (“Whiplash”), os franceses François Ozon (“Dentro da Casa”) e Stephane Brizé (“O Valor de um Homem”), o alemão Wim Wenders (“O Sal da Terra”), o chileno Pablo Larraín (“O Clube”), o filipino Lav Diaz (“Norte, o Fim da História”), o canadense Denis Villeneuve (“Sicário”), o mexicano Amat Escalante (“Heli”), o sérvio Emir Kusturica (“Underground – Mentiras de Guerra”), o italiano Giuseppe Piccioni (“Giulia Não Sai à Noite”) e o russo Andrei Konchalovsky (“O Quebra Nozes: A História Que Ninguém Contou”), entre outros. Alguns dos filmes em destaques da competição são “Nocturnal Animals”, segundo drama dirigido pelo estilista Tom Ford, a cinebiografia “Jackie”, estreia de Larraín em Hollywood, que traz Natalie Portman no papel de Jacqueline Kennedy, o melodrama “A Luz Entre Oceanos”, de Cianfrance, com Michael Fassbender e Alicia Vikander, o documentário “Voyage of Time”, de Terrence Malick, e “La La Land”, musical de Damien Chazelle com Emma Stone e Ryan Gosling, que abrirá o evento. Fora de competição, Veneza ainda exibirá o remake de “Sete Homens e Um Destino”, que vai abrir o Festival de Toronto, o drama de guerra “Hacksaw Ridge”, primeiro filme dirigido por Mel Gibson em dez anos, e os dois primeiros episódios da série “The Young Pope”, dirigidos pelo italiano Paolo Sorrentino (do vencedor do Oscar “A Grande Beleza”). O 73º Festival Internacional de Cinema de Veneza acontece este ano entre os dias 31 de agosto e 10 de setembro. Confira a lista completa dos filmes selecionados abaixo. Programação do Festival de Veneza 2016 Competição oficial The Bad Batch, de Ana Lily Amirpour (Estados Unidos) Une Vie, de Stephane Brizé (França, Bélgica) La La Land – Cantando Estações, de Damien Chazelle (Estados Unidos) A Luz Entre Oceanos, de Derek Cianfrance (Estados Unidos, Australia, Nova Zelândia) El ciudadano ilustre, de Mariano Cohn e Gaston Duprat (Argentina, Espanha) Spira Mirabilis, de Massimo D’Anolfi e Martina Parenti (Itália, Suíça) The Woman Who Left, de Lav Diaz (Filipinas) La Region Salvaje, de Amat Escalante (México) Nocturnal Animals, de Tom Ford (Estados Unidos) Piuma, de Roan Johnson (Itália) Paradise, de Andrei Konchalovsky (Rússia, Alemanha) Brimstone, de Martin Koolhoven (Países Baixos, Alemanha, Bélgica, França, Reino Unido, Suécia) On the Milky Road, de Emir Kusturica (Sérvia, Reino Unido, Estados Unidos) Jackie, de Pablo Larraín (Estados Unidos, Chile) Voyage of Time, de Terrence Malick (Estados Unidos, Alemanha) El Cristo ciego, de Christopher Murray (Chile, França) Frantz, de Francois Ozon (França) Questi Giorni, de Giuseppe Piccioni (Itália) Arrival, de Denis Villeneuve (Estados Unidos) The Beautiful Days of Aranjuez, de Wim Wenders (França, Alemanha) Fora de competição The Young Pope, de Paolo Sorrentino (Itália, França, Espanha, Estados Unidos) The Bleeder, de Philippe Falardeau (Estados Unidos, Canadá) Sete Homens e Um Destino, de Antoine Fuqua (Estados Unidos) Hacksaw Ridge, de Mel Gibson (Estados Unidos) The Journey, de Nick Hamm (Reino Unido) A jamais, de Benoit Jacquot (França, Portugal) Gantz: O, de Yasushi Kawamura (Japão) The Age of Shadows, de Kim Jee-woon (Coréia do Sul) Monte, de Amir Naderi (Itália, Reino Unido, França) Tommaso, de Kim Rossi Stewart (Itália) Our War, de Bruno Chiaravallotti, Claudio Jampaglia e Benedetta Argentieri (Iália, Estados Unidos) I Called Him Morgan, de Kasper Collin (Suécia, Estados Unidos) One More Time with Feeling, de Andrew Dominik (Reino Unido) Austerlitz, de Sergei Loznitsa (Alemanha) Assalto al cielo, de Francesco Munzi (Itália) Safari, de Ulrich Seidl (Austria, Dinamarca) American Anarchist, de Charlie Siskel (Estados Unidos) Mostra Horizontes Tarde para la ira, de Raul Arévalo (Espanha) King of the Belgians, de Peter Brosens e Jessica Woolworth (Bélgica, Países Baixos, Bulgária) Through the Wall, de Rama Burshtein (Israel) Liberami, de Federica Di Giacomo (Itália, França) Big Big World, de Reha Erdem (Turquia) Gukuroku, de Ishikawa Kei (Japão) Maudit Poutine, de Karl Lemieux (Canadá) Sao Jorge, de Marco Martins (Portugal, França) Dawson City: Frozen Time, de Bill Morrison (Estados Unidos, França) Reparer les vivants, de Katell Quillevere (França, Bélgica) White Sun, de Deepak Rauniyar (Nepal, Estados Unidos, Catar, Países Baixos) Malaria, de Parviz Shahbazi (Irã) Kekszakallu, de Gaston Solnicky (Argentina) Home, de Fien Troch (Bélgica) Die Einsiedler, de Fien Troch (Alemanha, Austria) Il più grande sogno (Itália) Boys in the Trees, de Nicholas Verso (Austrália) Bitter Money, de Wang Bing (China) Exibições especiais Dark Night, de Tim Sutton (Estados Unidos) Planetarium, de Rebecca Zlotowski (França, Bélgica)











