“Marte Um” vence o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro
O filme “Marte Um” foi o maior vencedor da 22ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em cerimônia realizada na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira (23/8). A obra do diretor Gabriel Martins conquistou um total de oito estatuetas, incluindo Melhor Filme, Direção, Roteiro, Ator e Ator Coadjuvante. A premiação não chegou a surpreender, uma vez que a tradição do GPCB é premiar o filme escolhido para representar o Brasil no Oscar. Acontece que tanto a escolha do Oscar quanto o GPCB são organizados pela mesma entidade, a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais. Neste ano, “Marte Um” foi selecionado pela comissão da ABCAA para disputar uma vaga no evento da Academia dos EUA, mas não conseguiu passar pela peneira dos candidatos. O longa acompanha uma família de periferia que tenta viver seus sonhos. Enquanto a mãe comemora mais trabalhos de faxina, o filho mais novo revela seu desejo de deixar de jogar futebol para virar astrofísico e ir à Marte Diretor e atores Além de conquistar o troféu de Melhor Filme, a consagração de “Marte Um” se estendeu por várias categorias. Só Gabriel Martins levou três troféus, por Filme, Roteiro e Direção. Seus atores ainda se emocionaram no palco, ao receberem seus troféus. Cícero Lucas, jovem de 17 anos premiado com o troféu de Melhor Coadjuvante, recebeu muitos aplausos ao dedicar o prêmio aos pais e ao samba, revelando que foi descoberto por Gabriel em uma roda de samba. Carlos Francisco, intérprete de seu pai no filme, ficou com a estatueta de Melhor Ator. Atrizes O sucesso de “Marte Um” representou frustração para “Medida Provisória”, recordista em indicações com 15 estatuetas. A sci-fi distópica de Lázaro Ramos saiu da cerimônia com apenas um troféu para Adriana Esteves como Melhor Atriz Coadjuvante. Já o prêmio de Melhor Atriz ficou com Dira Paes, por seu desempenho no papel título do filme-denúncia “Pureza”. Outros prêmios O drama de época “A Viagem de Pedro”, de Laís Bondanzky, foi um dos mais premiados em categorias técnicas, com três estatuetas: Melhor Figurino, Maquiagem e Direção de Arte. E “Eduardo e Mônica”, de René Sampaio, conquistou o primeiro troféu da noite para Melhor Trilha Sonora. Política cultural Entre homenagens a artistas falecidos, a noite também foi marcada por discursos políticos, com pedidos de ações em defesa das “cotas de tela” e a regulação do streaming, medidas importantes para a continuidade da produção do cinema brasileiro, cuja necessidade urgente não parece sensibilizar a classe política. Vencedores A premiação também inclui séries e filmes de nicho. “Bem-Vinda a Quixeramobim” foi eleito a Melhor Comédia, “Pluft, o Fantasminha” o Melhor Longa-Metragem Infantil, e “Manhã de Setembro” a Melhor Série de Ficção. Confira a seguir a lista com todos os indicados e os respectivos vencedores de cada categoria da premiação. Melhor Longa-Metragem de Ficção “Marte Um” (vencedor) “A Viagem de Pedro” “Eduardo e Mônica” “Medida Provisória” “Paloma” Melhor Longa-Metragem Documentário “Kobra Auto Retrato” (vencedor) “A Jangada de Welles” “Amigo Secreto” “Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo” “O Presidente Improvável” Melhor Longa-Metragem Comédia (Voto Popular) “Bem-Vinda a Quixeramobim” (vencedor) “Jesus Kid” “O Clube dos Anjos” “Papai É Pop” “Vale Night” Melhor Longa-Metragem Infantil “Pluft, o Fantasminha” (vencedor) “Alice dos Anjos” “Alice no Mundo da Internet” “DPA 3 – Uma Aventura no Fim do Mundo” “Pequenos Guerreiros” Melhor Longa-Metragem Animação “Tarsilinha” (vencedor) “Além da Lenda – O Filme” “Meu Amigãozão – O Filme” “Meu Tio José” “Tromba Trem – O Filme” Melhor Direção Gabriel Martins, por “Marte Um” (vencedor) Laís Bondanzky, por “A Viagem de Pedro” Marcelo Gomes, por “Paloma” René Sampaio, por “Eduardo e Mônica” Rosane Svartman, por “Pluft, o Fantasminha” Melhor Primeira Direção de Longa-Metragem Carolina Markowicz, por “Carvão” (vencedora) Angelo Defanti, por “O Clube dos Anjos” Bruno Torres, por “A Espera de Liz” Caio Blat, por “O Debate” Lázaro Ramos, por “Medida Provisória” Melhor Atriz Dira Paes, por “Pureza” (vencedora) Alice Braga, por “Eduardo e Mônica” Andréa Beltrão, por “Ela e Eu” Kika Sena, por “Paloma” Marcélia Cartaxo, por “A Mãe” Melhor Ator Carlos Francisco, por “Marte Um” (vencedor) Alfred Enoch, por “Medida Provisória” Antonio Pitanga, por “Casa de Antiguidades” Cauã Reymond, por “A Viagem de Pedro” Gabriel Leone, por “Eduardo e Mônica” Melhor Atriz Coadjuvante Adriana Esteves, por “Medida Provisória” (vencedora) Camila Márdila, por “Carvão” Camilla Damião, por “Marte Um” Drica Moraes, por “As Verdades” Helena Ignez, por “A Mãe” Melhor Ator Coadjuvante Cícero Lucas, por “Marte Um” (vencedor) André Abujamra, por “O Clube dos Anjos” Augusto Madeira, por “O Clube dos Anjos” Emicida, por “Medida Provisória” Flávio Bauraqui, por “Medida Provisória” Melhor Direção de Fotografia Leonardo Feliciano, por “Marte Um” (vencedor) Adrian Teijido, por “Medida Provisória” Felipe Reinheimer, por “Pureza” Gustavo Hadba, por “Eduardo e Mônica” Pedro J. Marquez, por “A Viagem de Pedro” Pepe Mendes, por “Carvão” Melhor Roteiro Original Gabriel Martins, por “Marte Um” (vencedor) Bruno Torres e Simone Iliescu, por “A Espera de Liz” Carolina Markowicz, por “Carvão” Laís Bodanzky, por “A Viagem de Pedro” Marcelo Gomes, Armando Praça e Gustavo Campos, por “Paloma” Melhor Roteiro Adaptado Angelo Defanti, por “O Clube dos Anjos” (vencedor) Aly Muritiba, por “Jesus Kid” Jorge Furtado e Guel Arraes, por “O Debate” Lusa Silvestre, Lázaro Ramos, Elisio Lopes Jr. e Aldri Anunciação, por “Medida Provisória” Matheus Souza, Claudia Souto, Jessica Candal e Michele Frantz, por “Eduardo e Mônica” Melhor Direção de Arte Adrian Cooper, por “A Viagem de Pedro” (vencedor) Fernanda Carlucci, por “O Clube dos Anjos” Filipe Cunha, por “Marte Um” Joana Mureb, por “Eduardo e Mônica” Renata Pinheiro, por “Carvão” Melhor Montagem Ficção Aline Werlang, por “Pureza” (vencedora) Diogo R. Pimentão, por “Eduardo e Mônica” Flavio Zettel, por “Carvão” Karen Akerman, por “A Mãe” Lucas Gonzaga, por “Marte Um” Melhor Montagem Documentário Caio Cavechini, por “O Presidente Improvável” (vencedor) Bruna Finelli, por “Kobra Auto Retrato” Guilherme Fiúza, por “Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo” Marcelo Campaña, por “A Jangada de Welles” Rafael Figueiredo, por “Amigo Secreto” Melhor Som Pedro Lima, por “Marte Um” (vencedor) Alessandro Laroca, por “Carvão” Beto Ferraz e Gustavo Loureiro, por “O Debate” Cristiano Maciel, por “A Mãe” Simone Petrillo, por “A Viagem de Pedro” Melhores Efeitos Visuais Sandro di Segni, por “Pluft, o Fantasminha” (vencedor) Eduardo Schaal, Guilherme Ramalho e Hugo Gurgel, por “A Viagem de Pedro” Gabriel Martins, por “Marte Um” Leonardo Sindlinger, Michel Takahashi e Karlos Shirmer, por “Jesus Kid” Marcelo Siqueira, por “A Espera de Liz” Paulo Barcellos, por “Medida Provisória” Melhor Trilha Sonora Plínio Profeta, por “A Viagem de Pedro” (vencedor) Caetano Veloso, por “Marte Um” João de Barro e Josué de Castro, por “O Debate” João Donato e Arismar do Espírito Santo, por “Eduardo e Mônica” Max Viana, por “Ela e Eu” Melhor Canção “Marte Um”, por “Marte Um” (vencedora) “Eu Sei Que Vou Te Amar”, por “Eduardo e Mônica” “Mente Sem Medo”, por “Carvão” “Só Pra Você”, por “A Viagem de Pedro” “Vento de Lá”, por “A Viagem de Pedro” Melhor Longa Ibero Americano “Argentina, 1985” (Argentina), de Santiago Mitre (vencedor) “1976” (Argentina/Chile), de Manuela Martelli “As Bestas” (Espanha), de Rodrigo Sorogoyen “La Jauría” (Colômbia), de Andrés Ramírez Pulido “Restos do Vento” (Portugal), de Tiago Guedes Melhor Longa Internacional “Elvis” (Estados Unidos), de Baz Luhrmann (vencedor) “1982” (Líbano), de Oualid Mouaness “A Mulher Rei” (Estados Unidos), de Gina Prince-Bythewood “Avatar: o Caminho da Água” (Estados Unidos), de James Cameron “Boa Sorte, Leo Grande” (Reino Unido), de Sophie Hyde “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” (Estados Unidos), de Ryan Coogler “Top Gun: Maverick” (Estados Unidos), de Joseph Kosinski Melhor Série Ficção “Manhãs de Setembro” – 2ª Temporada (Amazon Prime Video) (vencedora) “Bom Dia, Verônica” – 2ª Temporada (Netflix) “Rota 66: A Polícia que Mata” – 1ª Temporada (Globoplay) “Sob Pressão” – 5ª Temporada (Globoplay) “Turma da Mônica: A Série” – 1ª Temporada (Globoplay) Melhor Série Documental “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez” – 1ª Temporada (HBO Max) (vencedora) “Em Casa com os Gil” – 1ª Temporada (Amazon Prime Video) “Lei da Silva: A História do Jogo do Bicho” – 1ª Temporada (Canal Brasil) “O Caso Celso Daniel” – 1ª Temporada (Globoplay) “PCC: Poder Secreto” – 1ª Temporada (HBO Max) Melhor Série Animação “Vamos Brincar com a Turma da Mônica” – 1ª Temporada (Giga Gloob) (vencedora) “Cordélicos” – 1ª Temporada (TV O Povo) “O Show da Luna!” – 7ª Temporada (Discovery Kids) “Passagens da Independência” – 1ª Temporada (Canal Futura/Globoplay) Melhor Curta Ficção “Big Bang”, de Carlos Segundo (vencedor) “Ainda Restarão Robôs nas Ruas do Interior Profundo”, de Guilherme Xavier Ribeiro “Fantasma Neon”, de Leonardo Martinelli “Infantaria”, de Laís Santos Araújo “Sobre Amizades e Bicicletas”, de Júlia Vital “Último Domingo”, de Joana Claude e Renan Brandão Melhor Curta Documental “Território Pequi”, de Takumã Kuikuro (vencedor) “A Última Praga de Mojica”, de Cédric Fanit, Eugenio Puppo, Matheus Sundfeld e Pedro Junqueira “Carta para Glauber”, de Gregory Baltz “Peixes Não se Afogam”, de Anna Azevedo “Trópico de Capicórnio”, de Juliana Antunes Melhor Curta Animação “A Menina Atrás do Espelho”, de Iuri Moreno (vencedor) “Em Busca da Terra-Música Prometida”, de Gabriel Bitar “Meu Nome É Maalum”, de Luisa Copetti “Nonna”, de Maria Augusta V. Nunes “O Senhor do Trem”, de Aída Queiroz e Cesar Coelho
Estreias: 10 filmes novos pra ver em casa
A programação de estreias digitais destaca a nova animação do diretor de “Moana” e muitas opções para os adultos da casa, incluindo a maior bilheteria de terror da história do cinema taiwanês. Confira abaixo as 10 sugestões da semana – incluindo três títulos nacionais – , selecionadas entre os melhores lançamentos dos serviços de assinatura e locadoras online. | A FERA DO MAR | NETFLIX A nova animação de Chris Williams, diretor de dois dos maiores sucessos recentes da Disney, “Operação Big Hero” e “Moana – Um Mar de Aventuras”, é, como a última, uma aventura marítima empreendida por uma jovem heroína. A trama acompanha a insistente Maisie Brumble, uma menina que sonha em viver grandes aventuras e não aceita respostas negativas. Ela embarca clandestinamente no navio do seu grande ídolo, o caçador de monstros Jacob Holland, para participar de uma jornada da era das caravelas rumo a mares nunca dantes navegados, onde vivem terríveis e gigantescas criaturas marinhas. Não falta ação, mas a trama desafia as expectativas com referências a “Moby Dick” e filmes de monstros como “Kong vs. Godzilla”, além de embutir um questionamento subversivo nas perguntas feitas por sua pequena heroína, que mira a guerra, a ganância e a hipocrisia das mentiras oficiais. O elenco de vozes em inglês destaca Karl Urban (“The Boys”), Jared Harris (“Chernobyl”), Dan Stevens (“Legion”) e a jovem Zaris-Angel Hator (“Black Earth Rising”) no papel principal. | DÍVIDA DE HONRA | MUBI Dirigido e estrelado por Tommy Lee Jones (“Homens de Preto”), o western traz o ator como um cowboy que, ao ser salvo de uma morte violenta, fica em dívida e é convencido a embarcar numa jornada que pode voltar a colocá-lo em situação mortal. Quem o salva é uma fazendeira vivida por Hilary Swank (“Away”) e a missão é ajudá-la a transportar três mulheres insanas pela pradaria americana, em meio a índios, foras-da-lei e loucura generalizada. O elenco fenomenal conta com Meryl Streep (“Não Olhe para Cima”), Miranda Otto (“O Mundo Sombrio de Sabrina”), John Lithgow (“The Crown”), Jesse Plemons (“Ataque dos Cães”), James Spader (“The Blacklist”), Tim Blake Nelson (“Watchmen”), Grace Gummer (“Mr. Robot”) e Hailee Steinfeld (“Gavião Arqueiro”). | MARCAS DA MALDIÇÃO | NETFLIX O terror taiwanês segue a linha dos falsos documentários e vídeos encontrados, que são tradição no gênero desde “Holocausto Canibal” (1980). Vagamente inspirado em uma história real, a trama segue uma jovem que começa a ver coisas que não existem. A explicação é fornecida por sua mãe, que revela ter violado um templo sagrado há muitos anos, quando dirigia um canal de caçadores de fantasmas no YouTube. Sem saber, ela atraiu uma maldição para si e para as pessoas ao seu redor. A exibição nos cinemas de Taiwan gerou um frenesi coletivo, transformando “Marcas da Maldição” na maior bilheteria do ano e no maior sucesso de terror de todos os tempos no pais. Não por acaso, uma continuação já está em desenvolvimento. | A CARGA | VOD* Passado na Sérvia, durante os conflitos contra Kosovo em 1999, o drama psicológico acompanha um motorista que recebe a missão de transportar uma carga misteriosa de Kosovo a Belgrado para a OTAN, atravessando uma região devastada de caminhão, com ordens de não parar e não chamar atenção. Nenhuma informação é dada sobre o conteúdo transportado, mas com o desemprego e o caos da guerra, a proposta se torna irrecusável. Um encontro casual com um jovem caroneiro oferece alguma companhia, mas a trama é essencialmente a odisseia solitária de um homem que aceita fazer o que for preciso para sobreviver, mesmo quando sua consciência lhe aconselha a refletir. O primeiro filme de ficção de Ognjen Glavonic (“Zivan Makes a Punk Festival”) aproveita a experiência do diretor sérvio com documentários para oferecer um retrato realista e melancólico de um horror histórico, com revelações poderosas tanto para seu personagem quanto para o espectador. Aclamado pela crítica, atingiu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e venceu 16 prêmios internacionais. | QUANDO CHEGA A CALMARIA | VOD* A sci-fi apocalíptica começa após um ciclone devastador arrasar o mundo e inundar completamente Hong Kong. É nesse cenário desolado que uma jovem tenta sobreviver, isolada e escondida nas ruínas de um condomínio residencial, com receio de quem mais possa ter sobrevivido à tempestade e esteja desesperado por comida. Até que um dia uma criança aparece flutuando a sua frente, levando-a a abandonar sua rotina. Com ritmo mais lento que os filmes de catástrofe convencionais, a produção chinesa também tem momentos de ação, especialmente no final. Destaque do elenco, a atriz Kara Wang está atualmente nos cinemas no blockbuster “Top Gun: Maverick”. | THE COLOUR ROOM | VOD* Em seu primeiro longa-metragem, Phoebe Dynevor (a Daphne de “Bridgerton”) dá vida à ceramista Clarice Cliff, uma jovem determinada que subverteu as relações trabalhistas na década de 1920 para comandar seu próprio estúdio de criação de cerâmicas personalizadas, tornando-se uma das maiores designers da Art Déco. A biografia tem direção de Claire McCarthy (“Ofelia”) e inclui em seu elenco Matthew Goode (“A Descoberta das Bruxas”), David Morrissey (“The Walking Dead”), Darci Shaw (“Judy: Muito Além do Arco-Íris”), Kerry Fox (“A Vingança Está na Moda”) e Luke Norris (“Poldark”). | PUREZA | VOD* Inspirado numa história real, “Pureza” é um filme-denúncia sobre a situação de trabalho escravo que ainda persiste no Brasil. Dira Paes (“Pantanal”) interpreta a personagem do título, Dona Pureza, uma mulher sem notícias do filho, que partiu para um garimpo na Amazônia e sumiu. Ao iniciar sua busca, ela acaba testemunhando o aliciamento e cárcere privado de trabalhadores rurais, que, após serem enganados com ofertas de emprego, são forçados a trabalhar como escravos numa fazenda sob a mira de armas. Dona Pureza vira cozinheira dessa gente e, enquanto recolhe provas dos crimes, descobre que o filho foi vítima do mesmo esquema, preso em outra fazenda do grupo de criminosos. O que acontece a seguir é spoiler do desfecho, mas foi fundamental para o enfrentamento contra o trabalho análogo à escravidão no território brasileiro. Em 1997, a Dona Pureza verdadeira recebeu em Londres o prêmio anti-escravidão da mais antiga organização de combate a esse tipo de exploração no mundo. “Pureza” é o segundo longa de ficção de Renato Barbieri, especializada em documentários sobre o Brasil profundo, que em 2019 fez um registro documental da escravidão atual na Amazônia, no filme “Servidão”. Mas se o tema de “Pureza” arrancou elogios unânimes, a realização dividiu a crítica. Foi chamado de “filme de Oscar” e também de narrativa convencional. | A FELICIDADE DAS COISAS | VOD* A coisa que a protagonista (Patrícia Saravy, de “Tentei”) do drama nacional imagina que possa lhe trazer felicidade é uma piscina, que ela sonha em construir para os filhos na modesta casa de praia em que mora com a mãe. Ela está grávida do terceiro filho e os problemas financeiros tornam cada vez mais difícil ser feliz, mas ela insiste, lutando por seu objeto de desejo, contra tudo e todos, como um símbolo de resistência por suas crianças. A diretora Thais Fujinaga (“A Cidade onde Envelheço”) se inspirou em sua infância para conceber seu segundo longa, que foi filmado na região em que passava os verões na adolescência. Os críticos de carteirinha gostaram. “A Felicidade das Coisas” venceu o prêmio de Melhor Estreia Brasileira, entregue pela Abraccine na Mostra de São Paulo do ano passado. | OS PRIMEIROS SOLDADOS | VOD* Premiado no Festival de Tiradentes, o drama de Rodrigo de Oliveira (“Todos os Paulos do Mundo”) chega simultaneamente no cinema e nas plataformas digitais. A trama se passa em 1983 durante o começo da epidemia da Aids e acompanha um jovem biólogo, uma transexual e um videomaker, que tentam sobreviver à doença em meio ao desespero da falta de informação e do futuro incerto. Os papéis principais são vividos por Johnny Massaro (“Verdades Secretas”), Renata Carvalho (“Pico da Neblina”) e Victor Camilo (“A Mata Negra”). E tem algumas curiosidades: Carvalho passou uma década como agente de prevenção de DSTs, trabalhando com travestis e transexuais na prostituição. e Massaro se assumiu gay durante as filmagens. | THIS MUCH I KNOW TO BE TRUE | MUBI Belo complemento para o filme “One More Time With Feeling” (2016), o novo documentário de Andrew Dominik (“O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”) registra o relacionamento criativo de Nick Cave e Warren Ellis enquanto criam músicas de dois de seus últimos álbuns de estúdio, “Ghosteen” e “Carnage”, com participação especial de Marianne Faithfull. * Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Google Play, Microsoft Store, Loja Prime, Vivo Play e YouTube, entre outras, sem necessidade de assinatura mensal.
Com destaque para “Pureza”, cinemas exibem 10 estreias na semana
Os cinemas brasileiros recebem 10 filmes novos nesta quinta (19/5). E como se não fosse bastante, “Top Gun: Maverick” tem “pré-estreias” em sessões concorridas no sábado e no domingo (22/5). Os dois lançamentos americanos da programação oficial têm distribuição mais ampla, mas é um drama brasileiro que desperta maior atenção. “Pureza” rendeu até matéria no “Fantástico” no domingo passado (15/5), relembrando a história real que o inspirou. Continue lendo abaixo para saber mais sobre esta e as demais estreias da semana. | PUREZA | Inspirado na história real de uma mãe, “Pureza” é um filme-denúncia sobre a situação de trabalho escravo que ainda persiste no Brasil. Dira Paes (“Pantanal”) interpreta a personagem do título, Dona Pureza, uma mulher sem notícias do filho, que foi para um garimpo na Amazônia e sumiu. Ao partir em sua busca, ela acaba testemunhando o aliciamento e cárcere privado de trabalhadores rurais, que, após serem enganados com ofertas de emprego, são forçados a trabalhar como escravos numa fazenda sob a mira de armas. Dona Pureza vira cozinheira dessa gente e, enquanto recolhe provas dos crimes, descobre que o filho foi vítima do mesmo esquema, preso em outra fazenda do grupo de criminosos. O que acontece a seguir é spoiler do desfecho, mas foi fundamental para a história de combate ao trabalho análogo à escravidão no território brasileiro. Em 1997, a Dona Pureza, que inspirou o filme, recebeu em Londres o prêmio anti-escravidão da mais antiga organização de combate a esse tipo de exploração no mundo. “Pureza” é o segundo longa de ficção de Renato Barbieri, especializada em documentários sobre o Brasil profundo, que em 2019 fez um registro documental da escravidão atual na Amazônia, no filme “Servidão”. Mas se o tema arrancou elogios unânimes, a realização dividiu a crítica. Foi chamado de “filme de Oscar” e também de narrativa convencional. | DOG – A AVENTURA DE UMA VIDA | Primeiro filme dirigido por Channing Tatum (“Kingsman: O Círculo Dourado”), a comédia “Dog” traz o ator contracenando com um cachorro. O aspecto mais curioso é que os dois interpretam veteranos de guerra, em viagem para o funeral de um colega soldado. O projeto foi concebido pela entourage do ator. A história partiu de Brett Rodriguez, um assistente, dublê e consultor militar dos filmes de Tatum. E o roteiro final foi assinado por Reid Carolin (produtor-roteirista de “Magic Mike”), que é sócio e parceiro do astro há mais de uma década, e também dividiu a direção do filme com o amigão. O enredo é de um road movie rumo à superação, com um soldado que reluta em aceitar a vida civil e um cachorro que não aceita nenhum substituto para seu dono querido – o militar morto cujo funeral eles pretendem atender. Embora previsível como todo filme de jornada, gera empatia e conquistou a crítica americana – 76% de aprovação no Rotten Tomatoes. | CHAMAS DA VINGANÇA | O livro “A Incendiária” (1980) de Stephen King, é uma das principais influências de “Stranger Things” e foi filmado pela primeira vez em 1984 com ninguém menos que Drew Barrymore, então com 9 anos de idade, no papel principal. A protagonista é uma garotinha superpoderosa, capaz de incendiar objetos – e pessoas! – com a força do pensamento, que passa a ser perseguida por uma agência governamental secreta com o objetivo de transformar seu dom numa arma. Inspiração clara para a personagem Eleven, a menina é agora interpretada por Ryan Kiera Armstrong, de 11 anos – que coadjuvou na série infantil “Anne with an E” e na sci-fi “A Guerra do Amanhã”. E o elenco ainda inclui Zac Efron (“Vizinhos”) como seu pai e Sydney Lemmon (“Helstrom”) como sua mãe, além de Gloria Reuben (“Mr. Robot”) como a vilã principal. Vale apontar que o público americano ignorou o remake (abriu em 4º lugar na semana passada nos EUA), e a crítica lamentou ter precisado vê-lo – míseros 12% de aprovação no Rotten Tomatoes. | A MEDIUM | Longe de ser um terror hollywoodiano, “A Médium” é uma história assustadora baseada na espiritualidade tailandesa. O diretor Banjong Pisanthanakun é especialista no gênero, responsável pelo sucesso “Espíritos” (2004), que virou franquia, e vários outros horrores made in Thailand. Sua abordagem segue de perto a escola “found footage” (mais “Holocausto Canibal” que “A Bruxa de Blair”), com equipe de (falsos) documentaristas mobilizada para acompanhar um exorcismo com rituais muito diferentes dos apresentados nos terrores católicos. Na trama, Nim, uma importante médium que mora ao norte da Tailândia, percebe comportamentos cada vez mais sinistros em sua jovem sobrinha Mink, indicando que talvez ela esteja sendo possuída por uma entidade maligna ancestral. A médium logo descobre que a jovem é vítima de algo que aconteceu em sua família, muitos anos atrás. E a câmera tremida deixa tudo muito mais realista e arrepiante. | O PAI DA RITA | Este é apenas o segundo longa de ficção de Joel Zito Araújo, o diretor do premiado “Filhas do Vento”, vencedor de nada menos que oito kikitos no Festival de Gramado de 2005. Desde então, ele fez alguns curtas e documentários, mas a demora em retornar ao cinema autoral não deixa de ser significativa para ilustrar as dificuldades que enfrentam os cineastas negros no Brasil, especialmente quando decidem filmar histórias negras com atores negros. “O Pai da Rita” é uma comédia, de premissa até bem comercial, não muito diferente do novo sucesso de Maisa na Netflix, “Pai em Dobro”, mas com um ponto de vista inverso e tendo como pano de fundo a celebração do samba. Ailton Graça (“Galeria Futuro”) e Wilson Rabelo (“Dom”) vivem dois compositores da velha guarda da Vai-Vai, que compartilham uma kitnet, décadas de amizade, o amor por sua escola de samba e uma dúvida do passado: o que aconteceu com a passista Rita, paixão de ambos. O surgimento da Ritinha (Jéssica Barbosa, de “Mormaço”), filha da passista, traz uma nova dúvida e ameaça desmoronar essa grande amizade. O detalhe é que há um terceiro possível pai nesta história: o cantor e compositor Chico Buarque, que compôs uma música sobre sua paixão por Rita no começo da carreira. A música existe mesmo: “A Rita”. E este é apenas um dos muitos elementos que enriquecem a produção, que ainda comenta a situação do samba, a crise econômica, a especulação imobiliária e muito mais. | QUATRO AMIGAS NUMA FRIA | A nova comédia de Roberto Santucci, diretor dos blockbusters “De Pernas pro Ar” e “Até que a Sorte nos Separe”, é um filme de turismo passado em Barriloche. Maria Flor (“Irmãos Freitas”), Fernanda Paes Leme (“Cinderela Pop”), Micheli Machado (“Auto Posto”) e Priscila Assum (“Reality Z”) são as quatro amigas do título, brasileiras que resolvem passar as férias no sul da Argentina e sentem o choque térmico – e cultural. Achando que vão se dar bem, começam a se dar cada vez mais mal. Mas só até a reviravolta romântica, é claro. | A FELICIDADE DAS COISAS | A coisa que a protagonista (Patrícia Saravy, de “Tentei”) do drama nacional imagina que possa lhe trazer felicidade é uma piscina, que ela sonha em construir para os filhos na modesta casa de praia em que mora com a mãe. Ela está grávida do terceiro filho e os problemas financeiros tornam cada vez mais difícil ser feliz, mas ela insiste, lutando por seu objeto de desejo, contra tudo e todos, com um símbolo de resistência por suas crianças. A diretora Thais Fujinaga (“A Cidade onde Envelheço”) se inspirou em sua infância para conceber seu segundo longa, que foi filmado na região em que passava os verões na adolescência. Os críticos de carteirinha gostaram. “A Felicidade das Coisas” venceu o prêmio de Melhor Estreia Brasileira, entregue pela Abraccine na Mostra de São Paulo do ano passado. | MENTES EXTRAORDINÁRIAS | A comédia dramática francesa escrita, dirigida e estrelada por Bernard Campan (“Les Trois Frères”) mostra como um encontro fortuito com um rapaz com deficiência física e intelectual muda a vida de um agente funerário. Após quase atropelar o deficiente rejeitado, o personagem de Campan tenta ajudá-lo. Mas logo cria um vínculo e acaba levando-o numa viagem rumo a um funeral, dando início a uma amizade inesperada. | MISS FRANÇA | A comédia francesa de Ruben Alves (“A Gaiola Dourada”) trata de identidade de gênero. Alexandre Wetter (visto em “Emily in Paris”) é um jovem que, desde a infância sonha virar Miss França. E quando começa a assumir cada vez mais características femininas, resolve se inscrever no disputado concurso beleza, surpreendendo muitos ao conseguir ser aprovado. Apoiado por sua excêntrica família, Alex vai enfrentando as fases do concurso e descobrindo um mundo de beleza, exigência e sofisticação, no qual o maior prêmio será a felicidade de ser ele mesmo – mesmo que esta sinopse, baseada no roteiro, insista em lhe chamar pelo pronome errado. | TWENTY ONE PILOTS CINEMA EXPERIENCE | O documentário musical acompanha uma apresentação em estúdio do Twenty One Pilots, feita durante a pandemia, em celebração ao lançamento do álbum “Scaled and Icy”, de 2021. A produção traz áudio e imagem remasterizados para a tela grande, acompanhado por conteúdo inédito para os fãs da dupla.
Pureza: Dira Paes denuncia trabalho escravo em trailer de filme importante
A Downtown Filmes divulgou o pôster e o trailer de “Pureza”, drama em que Dira Paes vive uma mãe desesperada em busca do filho desaparecido e se transforma em testemunha da prática do trabalho escravo no interior do Brasil. Na trama, Pureza (Dira) segue os passos do filho, “contratado” para trabalhar como boia fria, e vira cozinheira de uma fazenda onde jagunços impõem com terror e violência a escravidão de trabalhadores braçais, enganados com a promessa de emprego e transformados em prisioneiros. Ela escapa e tenta denunciar a tortura e até assassinatos que presenciou, mas o esquema é forte e desdenha de sua acusação “sem provas”, enquanto o abuso segue sendo feito em propriedades de pessoas poderosas. Só que Pureza também é muito forte e empoderada. A trama é baseada na história real de uma mãe, Dona Pureza Lopes Loyola, que se tornou símbolo da luta contra o trabalho escravo no Brasil e ganhou o Prêmio Antiescravidão, oferecido pela organização não-governamental britânica Anti-Slavery International. O diretor e roteirista Renato Barbieri já tinha assinado um documentário sobre o tema, “Servidão” (2019). Filmado no Pará e em Brasília em 2018, “Pureza” foi exibido no Festival do Rio de 2019 e rendeu o troféu de Melhor Atriz para Dira Paes no Festival Inffinito, antigo Brazilian Film Festival de Miami. A expectativa é que o lançamento aconteça nos cinemas em dezembro. Ver essa foto no Instagram Cartaz oficial de "Pureza", filme inspirado na história real de uma mãe que luta para livrar seu filho do trabalho escravo. ⠀ Dira Paes interpreta Dona Pureza, que luta contra um sistema forte e perverso, protagonizando este longa-metragem emocionante, sucesso de festivais e premiado internacionalmente. ⠀ ….. #PraCegoVer #PraTodosVerem Na imagem vemos o cartaz oficial do filme Pureza. Podemos ver a protagonista em primeiro plano com expressão de indignação nos olhos, enquanto ao fundo, homens trabalham na lavoura embaixo de sol escaldante. Na parte inferior do cartaz, há casas sob um solo de terra e algumas árvores complementam a composição. Fim da descrição. ⠀ #audiovisual #oscar2021 #purezaofilme #dtfilmes Uma publicação compartilhada por DOWNTOWN FILMES (@dtfilmes) em 10 de Nov, 2020 às 9:04 PST
Multas de trabalho escravo são destinadas a financiamento de filmes e séries no Brasil
Dinheiro originário de multas pagas por condenados por explorar trabalho escravo no Brasil tem sido destinado para financiamento de produções de desenhos animados, longas-metragens e séries com o intuito de sensibilizar o público sobre violação de direitos humanos. A revelação foi feita pela agência Reuters. As produções vão de desenhos animados e filmes sobre trabalho infantil até uma minissérie da HBO. O juiz do trabalho Jonatas Andrade destinou R$ 1 milhão ao filme “Pureza”, estrelado por Dira Paes e Matheus Abreu, que conta a história da ativista Pureza Lopes (Dira), que viajou pelo Brasil à procura de seu filho (Abreu), escravizado em uma fazenda. E o procurador Luiz Carlos Fabre costurou um acordo para que o Ministério Público do Trabalho financiasse, no valor de cerca de R$ 200 mil, uma série sobre trabalho infantil para a HBO Latin America, ainda sem data de lançamento. De acordo com a lei brasileira, esse tipo de recurso deve ser destinado às vítimas ou gasto de forma a ajudar a comunidade afetada. “Opinião pública é fundamental”, disse Fabre à Reuters, justificando o investimento. Segundo a agência internacional, a falta de critério pelos quais o dinheiro das multas tem sido usado preocupa alguns analistas. Entretanto, a Reuters cita não quem seriam estes analistas. Vale lembrar que em 30 de julho o presidente Jair Bolsonaro disse que no Brasil há uma “minoria insignificante” que explora seus trabalhadores de forma semelhante à escravidão, e que pretende mudar a legislação sobre o tema, porque ela “leva o terror para o produtor”. O objetivo é justamente eliminar ou diminuir essas multas.




