Academia Australiana elege Bela Vingança como Melhor Filme do ano
A Academia Australiana de Cinema e Televisão (AACTA, na sigla em inglês) anunciou os vencedores de seu 10º Prêmio AACTA Internacional, com “Bela Vingança”, estrelado por Carey Mulligan, levando o prêmio de Melhor Filme. O thriller de humor negro ainda rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Mulligan, enquanto o falecido Chadwick Boseman foi eleito Melhor Ator por “A Voz Suprema do Blues”. “Os 7 Chicago” também levou dois prêmios: Melhor Roteiro, vencido por Aaron Sorkin, e Melhor Ator Coadjuvante para Sacha Baron Cohen. Olivia Colman ficou com o AACTA de Melhor Atriz Coadjuvante por “Meu Pai” Já o prêmio de Melhor Direção ficou com Chloé Zhao, primeira mulher a receber este troféu da AACTA, por “Nomadland”. Entre os resultados da TV, “O Gâmbito da Rainha” foi o mais premiado, conquistando o troféu de Melhor Série Dramática e Melhor Atriz para Anya Taylor-Joy. Veja abaixo a lista completa dos premiados. Prêmio AACTA International de Melhor Filme “Bela Vingança” Prêmio AACTA Internacional de Melhor Direção Chloé Zhao – “Nomadland” Prêmio Internacional ACTA de Melhor Roteiro Aaron Sorkin – “Os 7 Chicago” Prêmio AACTA International de Melhor Ator Chadwick Boseman – “A Voz Suprema do Blues” Prêmio AACTA International de Melhor Atriz Carey Mulligan – “Doce Vingança” Prêmio AACTA International de Melhor Ator Coadjuvante Sacha Baron Cohen – “Os 7 Chicago” Prêmio AACTA International de Melhor Atriz Coadjuvante Olivia Colman – “Meu Pai” Prêmio Internacional AACTA de Melhor Série Dramática “O Gâmbito da Rainha” Prêmio AACTA International de Melhor Série de Comédia “Schitt’s Creek” Prêmio AACTA International de Melhor Ator em Série Aaron Pedersen – “Mystery Road” Prêmio AACTA International de Melhor Atriz em Série Anya Taylor-Joy – “O Gâmbito da Rainha”
Festival de Berlim premia filme em que atores usam máscaras de proteção
O Festival de Berlim 2021 revelou nesta sexta (5/3) os vencedores de seus prêmios. De forma significativa, em um ano sem público, com exibição online restrita para um punhado de membros da indústria cinematográfica e imprensa, o Urso de Ouro foi para um filme estrelado por um elenco que aparece com máscaras de proteção em todas as cenas. O vencedor foi o filme romeno “Bad Luck Banging or Loony Porn” (em tradução livre: “Sexo Azarado ou Pornô de Malucos”), do diretor Radu Jude, gravado inteiramente durante o lockdown do coronavírus, e com elenco assumindo a situação diante das câmeras, com o uso das máscaras. Na trama, uma professora (Katia Pascariu) precisa lidar com o vazamento de sua sex tape na internet, em plena pandemia. Ao anunciar o prêmio, o júri definiu a obra da seguinte forma: “É um filme elaborado, mas também selvagem. Inteligente, mas infantil. Geométrico, mas vibrante. Impreciso, mas da melhor forma possível. Ataca o espectador, evoca a discordância, mas não deixa que ninguém o ignore.” Com a vitória, Radu Jude coloca um segundo Urso de Ouro em sua estante. Ele já tinha vencido o Festival de Berlim em 2015 com a aventura “Aferim!”. O júri ainda deu Ursos de Prata para o japonês “Wheel of Fortune and Fantasy”, de Ryusuke Hamaguchi e para o alemão “Mr. Bachmann and His Class”, de Maria Speth. O Brasil era representado por “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi (“Ex-Pajé”), que foi selecionado para participar da mostra paralela Panorama, mas saiu sem prêmios, embora com muitos elogios da crítica. A 71ª edição do festival também marcou a primeira vez que a Berlinale concedeu um prêmio de interpretação “sem gênero”, em vez dos prêmios de melhor ator e atriz. Trata-se de uma inovação inédita entre as principais competições internacionais, mas que já vinha sendo adotada há alguns anos em eventos mais populares, como o MTV Movie & TV Awards. A organização agora espera realizar uma segunda parte do evento, prevista para acontecer de 9 a 20 de junho, quando serão exibidos os filmes premiados para o público e entregues os troféus aos vencedores dos Ursos de Prata e de Ouro. Confira abaixo a lista com todos os filmes premiados. Urso de Ouro – Melhor Filme “Bad Luck Banging or Loony Porn”, de Radu Jude (Romênia) Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri “Wheel of Fortune and Fantasy”, de Ryusuke Hamaguchi (Japão) Urso de Prata – Prêmio do Júri “Mr Bachmann and His Class”, de Maria Speth (Alemanha) Melhor Direção Dénes Nagy, por “Natural Light” (Hungria) Melhor Intérprete Maren Eggert, por “I’m Your Man” (Alemanha) Melhor Intérprete Coadjuvante Lilla Kizlinger, por “Forrest: I See You Everywhere” (Hungria) Melhor Roteiro Hong Sangsoo, por “Introduction” (Coreia do Sul) Melhor Contribuição Artística Yibran Asuad, pela edição de “A Cop Movie” (México) Melhor Filme da Seção Panorama “We” (França) Prêmio de Júri da Seção Panorama “Taste” (Vietnã) Menção Especial da Seção Panorama “Rock Bottom River” (EUA) Melhor Direção da Seção Panorama Ramon & Silvan Zürcher, por “The Girl and the Spider” (Suíça) Denis Côté, por “Social Hygiene” (Canadá)
Annie Awards: Soul e Wolfwalkers lideram indicações do “Oscar da animação”
O Annie Awards, prêmio mais importante da animação, considerado o Oscar do gênero, divulgou a lista de indicados para sua 48ª edição. A disputa pelos principais troféus destaca “Soul”, da Disney+, e “Wolfwalkers” da Apple TV+, empatados com o maior número de indicações. Cada um teve 10 nomeações. “Wolfwalkers”, entretanto, não entrou na disputa do Melhor Longa Animado, concorrendo na categoria alternativa de Melhor Animação Independente. Os cinco título indicados a Melhor Longa Animado do ano tem, inclusive, dobradinha da produtora Pixar, da Disney. Além de “Soul”, “Dois Irmãos” também concorre ao prêmio, junto com duas continuações da DreamWorks, “Os Croods 2: Uma Nova Era” e “Trolls 2”. A lista se completa com “Os Irmãos Willoughby”, da Netflix. Entre as séries, as mais lembradas foram “She-Ra e as Princesas do Poder” (DreamWorks/Netflix), “Star Wars: The Clone Wars” (Lucasfilm/Disney+) e “Harley Quinn” (Warner/HBO Max), a série da Arlequina. Confira abaixo os indicados às 11 principais categorias da premiação, que premia mais de 30 categorias diferentes (incluindo curtas, comerciais de TV, filmes universitários e animação computadorizada em longas live-action). Melhor Longa-Metragem Animado Dois Irmãos (Pixar) Soul (Pixar) Os Croods 2: Uma Nova Era (DreamWorks) Os Irmãos Willoughby (Netflix/Creative Wealth Media) Trolls 2 (DreamWorks) Melhor Animação Independente Shaun o Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca (Aardman/Netflix) Calamity Jane (Maybe Movies) On-Gaku: Our Sound (Rock’n Roll Mountain) Ride Your Wave (Science Saru) Wolfwalkers (Cartoon Saloon / Melusine) Melhor Produção Animada de TV – Pré-escolar Buddi (Unanico Group) Muppet Babies (Oddbot/Disney Junior) Stillwater (Gaumont/Scholastic) Paddington (Blue-Zoo Animation/Nickelodeon) Xavier Riddle and the Secret Museum (9 Story/Brown Bag Films) Melhor Produção Animada de TV – Infantil Hilda (Silvergate/Netflix) O Despertar das Tartarugas Ninja (Nickelodeon) She-Ra e as Princesas do Poder (DreamWorks) Star Wars: The Clone Wars (Lucasfilm) Victor e Valentino (Cartoon Network Studios) Melhor Produção Animada de TV – Geral Close Enough (Cartoon Network Studios) Primal (Cartoon Network Studios) Harley Quinn (Warner Bros. Animation) Rick e Morty (Adult Swim) The Midnight Gospel (Titmouse/Netflix) Melhor Direção em Série Animada Primal – Genndy Tartakovsky Great Pretender – Hiro Kaburagi Mao Mao: Heróis de Coração Puro – Michael Moloney O Despertar das Tartarugas Ninja – Alan Wan O Mundo Maravilhoso de Mickey Mouse – Eddie Trigueros Melhor Direção em Filme Animado Calamity Jane – Rémi Chayé A Caminho da Lua – Glen Keane Ride Your Wave – Masaaki Yuasa Soul – Pete Docter e Kemp Powers Wolfwalkers – Tomm Moore e Ross Stewart Melhor Trilha Sonora em Série Animada Blood of Zeus (Powerhouse Animation/Netflix) Mira Royal Detective (Wild Canary/Disney Junior) Star Trek: Lower Decks (CBS/Titmouse) Star Wars: The Clone Wars (Lucasfilm) The Tiger That Came to Tea (Lupus Films) Melhor Trilha Sonora em Filme Animado Dois Irmãos (Pixar) A Caminho da Lua (Netflix/Glen Keane Productions) Soul (Pixar Animation Studios) Os Irmãos Willoughby (Netflix/Creative Wealth Media) Wolfwalkers (Cartoon Saloon/Melusine) Melhor Roteiro de Série Animada Big Mouth (Netflix) O Mundo de Greg (Cartoon Network Studios) Fancy Nancy (Disney Television Animation) Harley Quinn (Warner Bros. Animation) She-Ra e as Princesas do Poder (DreamWorks) Melhor Roteiro de Filme Animado Shaun o Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca (Aardman/Netflix) Dois Irmãos (Pixar) A Caminho da Lua (Netflix/Glen Keane Productions) Soul (Pixar) Wolfwalkers (Cartoon Saloon/Melusine)
Globo de Ouro tem pior audiência de todos os tempos
A exibição do Globo de Ouro 2021 nos EUA resultou na pior audiência da premiação em todos os tempos. De acordo com o levantamento preliminar da consultoria Nielsen, a transmissão da rede NBC atraiu uma média de apenas 5,42 milhões de telespectadores, obtendo uma classificação de 1,2 ponto no principal grupo demográfico, de adultos de 18 a 49 anos. O resultado é 60% mais abaixo que os números preliminares do ano passado (14,76 milhões e 3,8 ponto). Uma queda impressionante. Mas vale observar que os números da madrugada de domingo (28/2) não incluem a exibição do programa ao vivo no fuso horário do Pacífico. Esses números serão incluídos na contagem final do dia, divulgada na manhã de terça-feira, e irão aumentar um pouco o total (atualização: o total subiu para 6,9 milhões), embora permaneçam longe de aproximar-se dos últimos anos, garantindo o recorde negativo da premiação. O único parâmetro para a audiência atual do Globo de Ouro foi quando a greve dos roteiristas forçou o cancelamento da cerimônia em 2008. No lugar do evento, uma entrevista coletiva televisionada anunciou os vencedores e atraiu um pouco mais de 6 milhões de telespectadores. A audiência da cerimônia deste ano teria sido afetada pelo desinteresse do público em assistir a uma festa sem as tradicionais bebedeiras e encontros de celebridades, que sempre foram os atrativos do evento. Devido à pandemia, a transmissão aconteceu com participação remota, via videoconferência, das celebridades indicadas a prêmios. Além disso, a realização do Globo de Ouro foi antecedida por forte polêmica sobre os bastidores da premiação, relativa à falta de representatividade dos responsáveis pelo troféu. A Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) foi denunciada numa reportagem do jornal Los Angeles Times, que trouxe à tona seu histórico de subornos e a completa ausência de integrantes negros em seus quadros. Os dois fatores resultaram num programa televisivo mais contido que o habitual, uma transmissão descrita pela maioria da crítica americana como “morna”, em que apresentadores e premiados mediram cada palavra ao se manifestarem ao vivo. Uma campanha de repúdio ao Globo de Ouro também foi encampada nas redes sociasi pela organização Time’s Up, que surgiu após as denúncias de abuso sexual de Hollywood com o objetivo de defender maior representatividade feminina e racial nos EUA.
Time’s Up reage ao Globo de Ouro 2021: “O Globo não é mais de Ouro”
A organização Time’s Up não ficou satisfeita com as declarações genéricas feitas pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) a respeito da falta de inclusão de membros negros em sua organização. A entidade civil, que surgiu após as denúncias de abuso sexual de Hollywood com o objetivo de advogar por maior representatividade feminina e racial nos locais de trabalho dos EUA, esteve à frente dos protestos nas redes sociais contra a falta de representatividade da HFPA, que resultou na ausência de longas sobre a experiência negra da disputa de Melhor Filme de Drama no Globo de Ouro 2021. Durante a transmissão do prêmio na noite de domingo (28/2), os líderes da HFPA comprometeram-se desajeitadamente a melhorar sua representatividade, sem fornecer muitos detalhes sobre que reformas aconteceriam. “Reconhecemos que temos nosso próprio trabalho a fazer”, disse a vice-presidente da Associação, Helen Hoehne, ao subir no palco. “Assim como no cinema e na televisão, a representação negra é vital. Devemos ter jornalistas negros em nossa organização”. E o presidente do grupo, Ali Sar, acrescentou que “esperamos um futuro mais inclusivo”, fazendo uma declaração genérica sem o menor senso de urgência. Após esse discurso, Tina Tchen, presidente da Time’s Up, enviou duas cartas abertas à imprensa, uma endereçada à NBCUniversal, dona da rede NBC, que transmite o Globo de Ouro, e outra aos representantes da HFPA que apareceram durante a cerimônia do prêmio. “Três anos atrás, a Time’s Up deu início a um movimento no Globo de Ouro. Comprometendo-se a trabalhar com aliados em todo o país – em todo o mundo – exigimos locais de trabalho livres de assédio sexual e exigimos que instituições afetadas pela desigualdade abram suas portas e criem maiores oportunidades para todos. Estamos à sua porta agora para discutir seu local de trabalho”, diz Tchen na carta à HFPA. “Sim, a falta de representação diversa em seus membros é significativa e uma vergonha por si só”, ela continua. “No entanto, é apenas uma das muitas preocupações de inclusão e respeito documentadas pelo Los Angeles Times, New York Times e na maioria dos jornais que cobrem o setor. Vocês estão cientes de todas as alegações”. O texto segue: “As declarações do HFPA hoje à noite e nos últimos dias indicam uma falta fundamental de compreensão da profundidade dos problemas em questão. Sua versão declarada de mudança é cosmética – encontrar pessoas negras. Isso não é uma solução.” “Os problemas com a HFPA não podem ser resolvidos simplesmente pela busca por novos membros que atendam aos seus critérios de adesão autodeclarada. Esse critério reflete uma falta fundamental de compreensão dos problemas em questão. A mudança só ocorre a partir da consciência de problemas culturais maiores, bem como de um compromisso de longo prazo com a mudança sistêmica. A filiação a uma associação privada pequena e exclusiva geralmente não merece uma preocupação tão ampla. No entanto, é inquestionável que a premiação do HFPA tem um impacto descomunal na indústria do entretenimento e, por extensão, em nossa cultura geral”, conclui a primeira carta. Na mensagem enviada à NBCUniversal, Tchen disse: “Grande parte da credibilidade do Globo de Ouro vem de sua afiliação com sua rede. A NBCUniversal tem grande interesse em corrigir esses problemas. Fazer isso é consistente com o compromisso de seu presidente, Brian Roberts, de que ‘a empresa tentará desempenhar um papel integral na condução de reformas duradouras’. A carta prossegue dizendo: “Reconhecemos a importância do Globo de Ouro para a temporada de premiações, mas isso não garante uma isenção da falta de obrigação com os padrões éticos que a indústria está adotando. Ao contrário, torna-se mais que uma obrigação. Instamos a NBCUniversal a liderar esse esforço. Nós da Time’s Up estamos prontos para trabalhar por mudanças reais. O Globo não é mais de Ouro. É hora de agir. ”
Globo de Ouro abafa protestos com risos amarelos e troféus dourados. Veja quem venceu
Deu “Nomadland” e “Borat: Fita de Cinema Seguinte” na premiação de cinema do Globo de Ouro 2021. “The Crown”, “Schitt’s Creek” e “O Gambito da Rainha” venceram na TV. E nenhuma das produções ruins que disputavam troféus foi premiada. Nenhuma manifestação de protesto ocupou as telas. O Globo de Ouro da polêmica se transformou na premiação dos risos amarelos. Militantes nas redes sociais, astros preferiram prestigiar e agradecer a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood ao vivo, na noite de domingo (28/2), a cada troféu conquistado. Nem parecia que, horas antes, reclamavam nas redes sociais contra a falta de inclusão do prêmio. De repente, Chlóe Zhao, a diretora de “Nomadland”, o Melhor Filme de Drama, se tornou a segunda mulher a vencer o Globo de Ouro de Melhor Direção em 78 anos da premiação… De repente, todas as categorias com atores negros na disputa consagraram esta opção. John Boyega (“Small Axe”), Daniel Kaluuya (“Judas e o Messias Negra”), Andra Day (“Estados Unidos Vs Billie Holiday”) e o falecido Chadwick Boseman (“A Voz Suprema do Blues”) foram celebrados como se simbolizassem a representatividade do evento. A cantora Andra Day, inclusive, foi a primeira negra ganhadora do Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama em 35 anos! Representatividade? Ou ação rápida para disfarçar o elefante no palco, que foi abordado logo na abertura pelas apresentadoras Tina Fey e Amy Poehler? “A Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood é formada por cerca de 90 jornalistas internacionais – nenhum negro – que comparecem a encontros de cinema todos os anos em busca de uma vida melhor”, afirmou Fey. “Dizemos por volta dos 90, porque alguns deles podem ser fantasmas e há rumores de que o membro alemão é apenas uma salsicha em que alguém desenhou um pequeno rosto”. Poehler disse: “Todo mundo está compreensivelmente chateado com a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood e suas escolhas. Olha, muito lixo espalhafatoso foi nomeado. Mas isso acontece. Isso é coisa deles. Mas vários atores negros e projetos liderados por negros foram esquecidos”. Fey acrescentou: “Todos nós sabemos que premiações são estúpidas. A questão é que, mesmo com coisas estúpidas, a inclusão é importante e não há membros negros na Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood”. As duas instaram a organização a incluir membros negros em suas fileiras. Quando os líderes da organização subiram ao palco, comprometeram-se envergonhadamente a melhorar sua representatividade, sem fornecer muitos detalhes sobre que reformas aconteceriam. “Reconhecemos que temos nosso próprio trabalho a fazer”, disse a vice-presidente da Associação, Helen Hoehne. “Assim como no cinema e na televisão, a representação negra é vital. Devemos ter jornalistas negros em nossa organização”. E o presidente do grupo, Ali Sar, acrescentou que “esperamos um futuro mais inclusivo”, numa declaração genérica sem o menor senso de urgência. E foi isso. Os discursos protocolares que se seguiram, de cada vencedor, parecia refletir cenas de “The Crown”, produção francamente favorita dos membros da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood, que faturou quatro Globos de Ouro, inclusive Melhor Série de Drama. Um dos raros contrastes no tom apreciativo veio na segunda aparição de Sasha Baron Cohen, que lembrou de agradecer ironicamente “aos integrantes da Associação Totalmente Branca da Imprensa Estrangeira em Hollywood” por suas vitórias – como Melhor Ator de Comédia e responsável pelo Melhor Filme de Comédia (“Borat: Fita de Cinema seguinte”). Notoriamente engajada, Jane Fonda, que recebeu uma homenagem pela carreira, também fez um aparente aceno à crise de diversidade da premiação, argumentando que Hollywood precisava fazer mais para oferecer oportunidades para mulheres e pessoas de cor. “Vamos todos nos esforçar para expandir essa tenda, para que todos se levantem e a história de todos tenha a chance de ser vista e ouvida”, disse ela, animando a colega Viola Davis, vista comemorando o comentário na edição televisiva. Entre a contenção de danos de imagem, o Globo de Ouro só não conseguiu evitar a atenção criada pela quantidade de agradecimentos feitos à Netflix, que chegou a evocar os velhos tempos da Miramax, quando Harvey Weinstein (ele mesmo) recebia mais citações que Deus no discurso dos vencedores, após investir fortunas nas conquistas de seus filmes. A Netflix levou mais da metade dos prêmios televisivos: 6 dos 11 troféus disponíveis. Amazon e Apple ficaram com um cada um, o que ajudou a tornar o domínio do streaming amplo na premiação. O mesmo domínio se repetiu nas categorias de cinema, onde a Netflix foi a distribuidora que mais conquistou vitórias: quatro. Chadwick Boseman garantiu um prêmio como Melhor Ator de Drama por “A Voz Suprema do Blues”, Rosamund Pike venceu como Melhor Atriz de Comédia por “Eu Me Importo”, Aaron Sorkin foi o Melhor Roteirista por “Os 7 de Chicago” e a dupla Diane Warren e Laura Pausini emplacou o troféu de Melhor Canção por “Rosa e Momo”. O Globo de Ouro não é considerado um indicador de rumos para o Oscar. No ano passado, os vencedores foram “1917” e “Era uma vez em Hollywood”, que perderam para “Parasita” na premiação da Academia. Mas este ano, mais que nos anteriores, a decisão de barrar filmes sobre a experiência negra, como “Destacamento Blood”, “Uma Noite em Miami”, “Judas e o Messias Negro”, “A Voz Suprema do Blues”, “Estados Unidos Vs Billie Holiday” e até mesmo a história asiática de “Minari – Em Busca da Felicidade”, da disputa de Melhor Filme, deixa o termômetro do Globo de Ouro totalmente imprestável. Veja abaixo a lista completa dos premiados. CINEMA Melhor Filme – Drama “Nomadland” Melhor Filme – Comédia ou Musical “Borat: Fita de Cinema Seguinte” Melhor Direção Chloé Zhao (“Nomadland”) Melhor Ator – Drama Chadwick Boseman (“A Voz Suprema do Blues”) Melhor Atriz – Drama Andra Day (“Estados Unidos Vs Billie Holiday”) Melhor Ator – Comédia ou Musical Sacha Baron Cohen (“Borat: Fita de Cinema Seguinte”) Melhor Atriz – Comédia ou Musical Rosamund Pike (“Eu Me Importo”) Melhor Ator Coadjuvante Daniel Kaluuya (“Judas e o Messias Negra”) Melhor Atriz Coadjuvante Jodie Foster (“The Mauritanian”) Melhor Roteiro Aaron Sorkin (“Os 7 de Chicago”) Melhor Trilha Original Trent Reznor, Atticus Ross, Jon Batiste (“Soul”) Melhor Canção Original “Io Si (Seen)” (de “Rosa e Momo”) – Diane Warren, Laura Pausini, Niccolò Agliardi Melhor Animação “Soul” Melhor Filme de Língua Estrangeira “Minari – Em Busca da Felicidade” (EUA) TELEVISÃO Melhor Série – Drama “The Crown” Melhor Série – Comédia ou Musical “Schitt’s Creek” Melhor Minissérie ou Telefilme “O Gambito da Rainha” Melhor Ator – Drama Josh O’Connor (“The Crown”) Melhor Atriz – Drama Emma Corrin (“The Crown”) Melhor Ator – Comédia Jason Sudeikis (“Ted Lasso”) Melhor Atriz – Comédia Catherine O’Hara (“Schitt’s Creek”) Melhor Ator – Minissérie ou Telefilme Mark Ruffalo (“I Know This Much Is True”) Melhor Atriz – Minissérie ou Telefilme Anya Taylor-Joy (“O Gambito da Rainha”) Melhor Ator Coadjuvante – Minissérie ou Telefilme John Boyega (“Small Axe”) Melhor Atriz Coadjuvante – Minissérie ou Telefilme Gillian Anderson (“The Crown”)
Hollywood protesta em peso contra falta de diversidade do Globo de Ouro
A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) chega ao dia de sua premiação anual sob críticas e manifestações de repúdio das estrelas de Hollywood. Embora as acusações de suborno não sejam novidade, a revelação de que a associação não tem integrantes negros – o que explicaria a falta de indicações a filmes sobre temas raciais no Globo de Ouro 2021 – , mobilizou famosos a pressionarem a HFPA por mudanças em seus quadros e políticas, sob o risco de um boicote que a entidade não pode se dar ao luxo de enfrentar. Na quinta-feira passada (25/2), após uma reportagem do jornal Los Angeles Times trazer à luz os bastidores obscuros da premiação, a HFPA emitiu um comunicado jurando que mudaria para preservar seu contrato de US$ 60 milhões com a rede NBC. “Estamos totalmente comprometidos em garantir que nossa associação reflita as comunidades em todo o mundo que amam o cinema, a TV e os artistas que os inspiram e educam. Entendemos que nós precisamos trazer membros negros, bem como membros de outras origens sub-representadas, e vamos trabalhar imediatamente para implementar um plano de ação para atingir esses objetivos o mais rápido possível”, disse o texto oficial. Mas apesar da declaração de intenções, a promessa genérica pareceu insuficiente para muitos. A organização Time’s Up, que surgiu após as denúncias de abuso sexual de Hollywood, visando incentivar maior representatividade feminina e racial nos locais de trabalho dos EUA, tomou a frente dos protestos na sexta-feira, usando as redes sociais para apontar a falta de membros negros na HFPA e acrescentar: “Uma correção cosmética não é suficiente. #TIMESUPGlobes”. A mensagem foi publicada em anúncio de página inteira na imprensa americana, ampliando o alcance do protesto. Além disso, vários astros proeminentes de Hollywood compartilharam a mensagem, incluindo seus próprios comentários sobre a polêmica. A cineasta Gina Prince-Bythewood (“The Old Guard”) escreveu no Instagram: “Sem desculpas (não há nenhuma). Sem desculpas (não acreditamos em você). Sem gestos vazios (correções cosméticas não são suficientes). Mude o jogo. #Timesupglobes #timesupnow” A também diretora Ava DuVernay (“Selma”) tuitou: “Notícia velha. Nova energia. #TimesUpGlobes”. O texto foi repostado pela atriz Jurnee Smollett (“Lovecraft Contry”), que acrescentou a frase do Time’s Up: “Uma correção cosmética não é suficiente. #TimesUpGlobes #TimesUp”. Os comediantes Patton Oswalt (“Jovens Adultos”) e Amy Schumer (“Descompensada”) tuitaram as mesmas palavras, assim como as atrizes America Ferrera (“Superstore”), Lupita Nyong’o (“Pantera Negra”), Alyssa Milano (“Charmed”), Lena Dunham (“Girls”), Jennifer Aniston (“Friends”), os atores Mark Ruffalo (“Vingadores: Ultimato”) e Simon Pegg (“Missão: Impossível – Efeito Fallout”), entre muitos outros. O diretor Judd Apatow (“Bem-vindo aos 40”) expandiu a queixa no Twitter: “Tantas coisas malucas sobre o Globo de Ouro e a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, mas isso é horrível. #Timesupglobes”. Kerry Washington, estrela de “Scandal” e “A Festa de Formatura”, citou uma frase do ativista James Baldwin em seu protesto: “Nem tudo que enfrentamos pode ser mudado, mas nada pode ser mudado até que o enfrentemos”. A premiada Viola Davis (“A Voz Suprema do Blues”) apontou que dizer que vai mudar não é o mesmo que mudar: “A jornada de um artista negro está repleta de obstáculos para que possa criar, desenvolver e ser reconhecido por seu trabalho. Se continuarmos em silêncio, a geração mais jovem de artistas terá exatamente a mesma carga para carregar. Sem mais desculpas. #TIMESUPGlobes”. Ao lado de um vídeo antigo do evento, Eva Langoria (“Desperate Housewives”) lembrou que o problema existe há tempos: “Há cinco anos atrás, com America Ferrera, nos posicionamos sobre a falta de diversidade. É uma vergonha que ainda estejamos batendo na mesma tecla hoje”. A atriz Constance Zimmer (“UnReal”) concluiu que “O Globo de Ouro não é tão dourado”, da mesma forma que Cynthia Nixon (“Sex and the City”), ao afirmar que se “sentiria mais honrada em concorrer se houvesse representativade real entre os demais indicados”. Já a produtora Shonda Rhimes (de “Grey’s Anatomy” e “Bridgerton”) escreveu apenas “Basta”. “Totalmente absurdo”, ecoou a atriz e diretora Olivia Wilde (“Fora de Série”). Um dos textos mais longos foi publicado por Sterling K. Brown, primeiro negro a vencer o Globo de Ouro de Melhor Ator de Série Dramática em 2018. Ele escreveu, sob aplausos de seus colegas da série “This Is Us” e outros: “Ser nomeado para um Globo de Ouro é uma tremenda honra, ganhar é um sonho tornado realidade. Pode afetar a trajetória de uma carreira… e certamente afetou a minha. Eu vou apresentar o prêmio na televisão neste fim de semana para homenagear todos os contadores de histórias, principalmente os negros, que alcançaram esse momento extraordinário em seus carreiras… E tenho minhas críticas sobre as 87 pessoas da HFPA que têm esse poder tremendo. O fato de qualquer órgão responsável por uma premiação atual de Hollywood ter essa falta de representatividade ilustra um nível de irresponsabilidade que não deve ser ignorado. Com o poder que você tem, HFPA, você tem a responsabilidade de garantir que sua constituição reflita totalmente o mundo em que vivemos. Quando você tem essa consciência, você deve fazer melhor. E ter uma multidão de apresentadores negros não te absolve de sua falta de diversidade. Este é o seu momento de fazer a coisa certa. É minha esperança que você faça. #timesupglobes”. Outra apresentadora confirmada no evento desta noite, Bryce Dallas Howard (estrela da franquia “Jurassic World”), fez outra crítica contundente, ao afirmar que “um corpo eleitoral composto por 87 pessoas sem nenhum membro negro é outro exemplo do abuso de poder e do racismo sistêmico que permeia Hollywood e nosso país. O consenso sobre a necessidade da expansão da representatividade eleitoral na HFPA já deveria ter ocorrido há muito tempo. Todos nós devemos fazer melhor”. Por fim, a estrela da série “Grey’s Anatomy”, Ellen Pompeo, preferiu dirigir-se a seus colegas brancos com um apelo. “Eu peço carinhosamente a todos os meus colegas brancas nesta indústria, uma indústria que amamos e que nos concede um enorme privilégio…. para se posicionar, vir e resolver esse problema”, escreveu ela. “Vamos mostrar aos nossos colegas negros que nos importamos e estamos dispostos a trabalhar para corrigir os erros que criamos. Agora não é hora de ficar em silêncio. Temos uma questão de ação real aqui, vamos fazer isso.” Em resposta à comoção, o HFPA repostou em sua conta do Instagram a declaração que havia emitido na quinta-feira, acompanhada por um texto adicional, em que afirma: “Nós divulgamos esta declaração do HFPA mais cedo e estamos comprometidos com mudanças. Vamos abordar isso em nosso programa no domingo. ” O Globo de Ouro 2021 será transmitido ao vivo no Brasil, a partir das 22h, pelo canal pago TNT. Veja abaixo um pouco da repercussão da polêmica nas redes sociais de Hollywood. 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New energy. #TimesUpGlobes pic.twitter.com/AzJhTA42W8 — Ava DuVernay (@ava) February 26, 2021 So many crazy things about the @goldenglobes and the Hollywood Foreign press but this is awful. #timesupglobes pic.twitter.com/C5PYs5zFRr — Judd Apatow (@JuddApatow) February 26, 2021 A cosmetic fix isn’t enough #TimesUpGlobes #TimesUp https://t.co/9S45FNQVzz — jurnee smollett (@jurneesmollett) February 26, 2021 Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Golden Globes (@goldenglobes)
No Globo de Ouro das polêmicas o que menos importa é o prêmio
O Globo de Ouro 2021, que acontece às 22h deste domingo (28/2) com transmissão ao vivo no Brasil pelo canal pago TNT, é diferente de todas as cerimônias que o precederam. Para começar, não tem tapete vermelho, já que os indicados a prêmios participarão à distância, virtualmente de suas casas. Além disso, pela primeira vez será apresentado em dois palcos distintos, com Tina Fey comandando a cerimônia no The Rainbow Room em Manhattan, enquanto Amy Poehler assume a transmissão na casa habitual da premiação, o Beverly Hilton, em Los Angeles. Mas estas não são as principais mudanças. A expectativa gerada pelo evento é completamente diversa dos outros anos, refletida na falta de artigos sobre quais filmes, séries e artistas merecem vencer o troféu. Em vez disso, o foco da imprensa mais séria, nesta reta final, tem sido os bastidores da organização responsável pelo prêmio. Não que o prêmio tenha sido, algum dia, levado à sério pela imprensa que cobre Hollywood. Só que sua falta de seriedade nunca foi tão discutida quanto neste ano, após a divulgação de seus indicados. A falta de sensibilidade da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) na escolha dos candidatos ao prêmio reverberou com um peso inesperado. A lista apontou duas supremacias: a supremacia da Netflix entre o total de indicados e uma supremacia branca. A HFPA optou por barrar completamente os filmes sobre a experiência negra (e asiática) em sua relação de Melhores do Ano, justamente no ano em que filmes do gênero, como “Destacamento Blood”, “Uma Noite em Miami”, “Judas e o Messias Negro”, “A Voz Suprema do Blues”, “Estados Unidos Vs Billie Holiday” e “Minari – Em Busca da Felicidade” foram considerados as principais novidades. Também ignorou aquela que é considerada a melhor série do ano pela imprensa, “I May Destroy You”, criada e estrelada pela artista negra Michael Coel, enquanto produções destruídas pela crítica, como o filme “Music” e a série “Emily em Paris”, se destacaram entre as indicações. Assim que a relação foi divulgada, a imprensa reagiu. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre a seleção apresentada pela HFPA. Ninguém falou abertamente em racismo. Mas a acusação ficou implícita – e cada vez mais evidente – a cada novo comentário. Na semana passada, o jornal Los Angeles Times publicou uma reportagem que jogou definitivamente por terra a credibilidade do prêmio. O artigo confirmou aquilo que o próprio apresentador do Globo de Ouro Ricky Gervais acusava em suas piadas. “O Globo de Ouro é para o Oscar o que Kim Kardashian é para Kate Middleton – mais histérico, inútil e bêbado. E mais facilmente comprável, dizem. Nada foi provado”, chegou a brincar Gervais ao apresentar o prêmio em 2012. A reportagem afirmou que os boatos não são brincadeira. A HFPA não teria integridade por aceitar e incentivar que estúdios e produtores ofereçam “presentes” e privilégios (subornos) para seus 87 membros, como forma de influenciar as votações para o Globo de Ouro. O jornal citou um exemplo recente deste tipo de ação, ao revelar que a Paramount Television hospedou 30 membros da HFPA em um hotel cinco estrelas de Paris, com diárias de até US$ 1,4 mil (R$ 7,6 mil) em 2019, para divulgar “Emily em Paris”. Considerada medíocre pelos outros críticos, a atração da Netflix foi indicada como Melhor Série de Comédia ou Musical no prêmio desta noite. Mas o que repercutiu com maior gravidade, aos olhos da comunidade cinematográfica, foi a constatação definitiva do problema racial da HFPA. Ao contrário da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, que inclui milhares de trabalhadores de todas as áreas da indústria, a HFPA é formada por 87 supostos jornalistas de vários países que vivem em Los Angeles e escrevem sobre cinema. Muitos publicam críticas para blogs sem representatividade alguma. E nenhum deles é negro. O quadro de votantes inclui Margaret Gardiner, celebridade sul-africana que ganhou o Miss Universo, Yola Czaderska-Hayek, uma socialite autointitulada “a primeira-dama polonesa de Hollywood”, Alexander Nevsky, um fisicultor russo que virou ator e produtor, e Noel de Souza, que fez uma aparição como Gandhi num episódio de “Star Trek: Voyager”. Mais: um de seus integrantes aparentemente é cego. Estas pessoas são consideradas “imprensa estrangeira em Hollywood” por assinar seis artigos por ano no site da própria HFPA. É isto que os credenciaria a eleger os vencedores do troféu. E eles relutam em deixar novos integrantes (como jornalistas de verdade) entrarem em seu clubinho, porque o dinheiro que circula nos bastidores lhes garante vida de milionários. A NBC paga US$ 60 milhões pelos direitos de transmitir a premiação. Durante décadas, a HFPA justificou sua relevância com o apoio dos estúdios e estrelas de Hollywood. A participação de grandes astros, como Leonardo DiCaprio, Catherine Blanchett e Brad Pitt, sempre deram aval à sua festa de premiação. E ninguém jamais questionou porque Sterling K. Brown se tornou o primeiro negro a vencer O Globo de Ouro de Melhor Ator de Série Dramática apenas em 2018, na 75ª edição da celebração. De fato, o Globo de Ouro só existe porque sua transmissão televisiva garante boa audiência para a rede NBC. O dia em que deixar de atrair as estrelas de Hollywood, vai perder público e desaparecer. Por isso, os organizadores sempre se esforçaram para indicar celebridades, em vez de artistas mais merecedores, de forma a garantir o interesse dos espectadores. O mesmo motivo alimentava o costume de liberar bebidas durante o evento, para deliciar o público com a expectativa de vexames de famosos. Isto não vai acontecer este ano, com os famosos em suas casas, participando por videoconferência. A expectativa pelo Globo de Ouro 2021 é completamente diferente. Desta vez, pouco importa quem vai levar prêmio. O que muitos esperam ver é como o presidente da HFPA vai abordar a polêmica em seu discurso anual. Mais que isso: como o Globo de Ouro vai evitar ser atacado ao vivo pelos próprios astros com quem conta para permanecer no ar nos próximos anos. O principal motivo para sintonizar na TNT nesta noite não é o prêmio, mas os discursos, que pela primeira vez não devem ser de agradecimento.
Reportagem denuncia racismo e “subornos” por trás do Globo de Ouro
Há menos de uma semana de sua entrega de prêmios, o Globo de Ouro 2021 já tem um grande perdedor: a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), responsável por sua realização. Após sofrer críticas por apresentar uma lista de indicados completamente desconectada com a realidade da indústria cinematográfica, vista por muitos como sinal de racismo da instituição, o jornal Los Angeles Times publicou uma reportagem devastadora, denunciando o fato de que a HFPA não possui nem nunca teve negros entre seus membros. Questionado sobre a falta de representatividade, a HFPA respondeu de forma vaga que “está comprometida a corrigir” este problema, sem citar medidas específicas. Ao contrário da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, que inclui milhares de trabalhadores de todas as áreas da indústria, a HFPA é formada por 87 jornalistas de vários países que vivem em Los Angeles e escrevem sobre cinema. Muitos publicam críticas para blogs sem representatividade alguma. Em 2021, este grupo decidiu excluir ou marginalizar projetos premiados concebidos por artistas negros, como a série “I May Destroy You”, considerada pelo resto da crítica como uma das melhores do ano, e o filme “Destacamento Blood”, de Spike Lee. A reportagem do Los Angeles Times também confirmou boatos que circulam há anos sobre a falta de integridade da HFPA, ao revelar que a associação, ao contrário da Academia e outros grupos de premiação, aceita e incentiva que estúdios e produtores ofereçam “presentes” e privilégios (subornos) para seus 87 membros, como forma de influenciar as votações para o Globo de Ouro. O jornal cita um exemplo recente deste tipo de ação. A Paramount Television hospedou 30 membros da HFPA em um hotel cinco estrelas de Paris, com diárias de até US$ 1,4 mil (R$ 7,6 mil) em 2019, para divulgar “Emily in Paris”. Destruída pelos outros críticos, a atração da Netflix foi indicada ao Globo de Ouro, inclusive como Melhor Série de Comédia ou Musical.
Premiação do cinema indie britânico consagra Rocks, Anthony Hopkins, terror e Rhiz Ahmed
A premiação do Cinema Independente Britânico, conhecida como BIFA (abreviatura de British Independent Film Awards), consagrou o filme adolescente “Rocks” nesta quinta (18/2), em cerimônia virtual apresentada por Tom Felton (da franquia “Harry Potter”) e com participação de vários astros famosos – entre eles, Zendaya, Daniel Kaluuya, Emma Corrin e Riz Ahmed. Dirigido por Sarah Gavron, “Rocks” acompanha um grupo de garotas de rua em Londres e venceu cinco prêmios, incluindo o de Melhor Filme Independente Britânico do ano. A premiação também destacou o veterano astro Anthony Hopkins, que venceu como Melhor Ator por seu papel no drama “Meu Pai”, na primeira indicação ao BIFA de sua carreira. “Meu Pai” ainda conquistou mais dois prêmios, incluindo Melhor Roteiro. O novo cinema de terror teve boa representatividade no evento, com três vitórias para “O Que Ficou Para Trás”, incluindo Melhor Direção para Remi Weekes e Melhor Atriz para Wumni Mosaku, e “Saint Maud”, com dois troféus, incluindo Melhor Diretor Estreante para a cineasta Rose Glass. Entre as participações individuais, o destaque ficou com o ator Riz Ahmed, reconhecido em nova função. Ele venceu como Melhor Roteirista Estreante por “Mogul Mowgli” e ainda escreveu o filme premiado como Melhor Curta Britânico, “The Long Goodbye”. Veja a lista completa dos vencedores abaixo do trailer (repleto de elogios) de “Rocks”. Melhor Filme Independente Britânico “Rocks” Melhor Direção Remi Weekes, “O Que Ficou Para Trás” Melhor Roteiro Florian Zeller e Christopher Hampton, “Meu Pai” Melhor Atriz Wunmi Mosaku, “O Que Ficou Para Trás” Melhor Ator Anthony Hopkins, “Meu Pai” Melhor Atriz Coadjuvante Kosar Ali, “Rocks” Melhor Ator Coadjuvante D’angelou Osei Kissiedu, “Rocks” Melhor Diretor Estreante Rose Glass, “Saint Maud” Melhor Producer Estreante Irune Gurtubai, “Limbo” [também produzido por Angus Lamont] Melhor Roteirista Estreante Riz Ahmed, “Mogul Mowgli” [também escrito por Bassam Tariq] Novato Mais Promissor Kosar Ali, “Rocks” Melhor Documentário “The Reason I Jump” The Raindance Discovery Award (Melhor Filme de Baixo Orçamento) “Perfect 10” Melhor Curta-Metragem Britânico “The Long Goodbye” Melhor Filme Independente Internacional “Nomadland” (EUA) Melhor Elenco Lucy Pardee, “Rocks” Melhor Fotografia Ben Fordesman, “Saint Maud” Melhor Figurino Charlotte Walter, “Miss Revolução” Melhor Edição Yorgos Lamprinos, “Meu Pai” Melhores Efeitos Visuais Pedro Sabrosa e Stefano Pepin, “O Que Ficou Para Trás” Melhor Maquiagem e Penteados Jill Sweeney, “Miss Revolução” Melhor Música Paul Corley, “Mogul Mowgli” Melhor Desenho de Produção Jacqueline Abrahams, “O Que Ficou Para Trás” Melhor Som Nick Ryan, Ben Bairde Sara de Oliveira Lima, “The Reason I Jump”
Sindicato dos Roteiristas destaca filmes de streaming em indicações de prêmio
O Sindicato dos Roteiristas dos Estados Unidos (WGA, na sigla em inglês) divulgou nesta terça-feira (16/2) a lista dos indicados ao seu prêmio anual, WGA Awards, que será entregue em 21 de março. As nomeações ajudam a reforçar a campanha de “Judas e o Messias Negro”, chamam atenção para a seriedade com que a indústria trata a comédia “Borat: Fita de Cinema Seguinte”, alertam para o subestimado “Palm Springs”, insistem no superestimado “O Som do Silêncio”, preparam a vitória de “Os 7 de Chicago” e incluem “O Tigre Branco”, que até então só tinha sido lembrado pelo Spirit Awards. Mas as surpresas ocupam vagas de filmes esperados, como “Minari – Em Busca da Felicidade”, “Nomadland”, “Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre” e “First Cow”, exemplares do bom cinema indie americano, premiados mundialmente e que não foram lançados em streaming. Em compensação, a WGA indicou nove filmes de streaming, dos quais quatro foram produzidos pela Netflix. De forma impressionante, todos os cinco indicados na categoria de Melhor Roteiro Adaptado são produções de streaming, numa competição particular entre Netflix e Amazon. Confira abaixo a lista dos roteiros de filmes que concorrem a prêmios. Melhor Roteiro Original “Judas e O Messias Negro” – Will Berson, Shaka King, Kenny Lucas e Keith Lucas; Warner Bros. “Palm Springs” – Andy Siara e Max Barbacow; Hulu “Bela Vingança” – Emerald Fennell; Focus Features “O Som do Silêncio” – Darius Marder, Abraham Marder e Derek Cianfrance; Amazon Studios “Os 7 de Chicago” – Aaron Sorkin; Netflix Melhor Roteiro Adaptado “Borat: Fita de Cinema Seguinte” – Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Baynham, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman, Lee Kern e Nina Pedrad; Amazon Studios “A Voz Suprema do Blues” – Ruben Santiago-Hudson; Netflix “Relatos do Mundo” – Paul Greengrass e Luke Davies; Netflix “Uma Noite em Miami” – Kemp Powers; Amazon Studios “O Tigre Branco” – Ramin Bahrani; Netflix Melhor Roteiro de Documentário “Até o Fim: A Luta Pela Democracia” – Jack Youngelson; Amazon Studios “The Dissident” – Mark Monroe e Bryan Fogel; Briarcliff Entertainment “Herb Alpert Is…” – John Scheinfeld; Abramorama “Red Penguins” – Gabe Polsky; Universal Pictures “Totally Under Control” – Alex Gibney; Neon
Oscar 2021 será transmitido ao vivo de vários locais
A cerimônia do Oscar 2021 será um evento transmitido ao vivo de vários locais, disseram os organizadores da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA nesta quarta-feira (10/2). “Neste ano único que tanto pediu a tantos, a Academia está determinada a apresentar um Oscar como nenhum outro, priorizando a saúde pública e a segurança de todos os que irão participar. Para criar o show presencial que nosso público global deseja ver, mas adaptado aos requisitos da pandemia, a cerimônia será transmitida ao vivo de vários locais, incluindo o famoso Dolby Theatre”, disse um porta-voz da Academia em um comunicado. O Dolby Theatre (que já se chamou Kodak Theatre) é o palco tradicional do evento. O comunicado também informa que a Academia divulgará em breve mais detalhes. Originalmente prevista para 28 de fevereiro, a cerimônia do Oscar de 2021 foi adiada, devido à pandemia de coronavírus, para 25 de abril. Esse adiamento mexeu com todo o calendário da temporada de premiações e ampliou o período de elegibilidade dos filmes que podem ser indicados a troféus. Com isso, títulos que estrearem até o final de fevereiro poderão ser nomeados ao Oscar. Algumas categorias, porém, já fecharam suas listas e realizaram peneiras para diminuir a quantidade de concorrentes às vagas. A disputa por uma nomeação na categoria de Melhor Filme Internacional, por exemplo, reduziu os candidatos a 15 semi-finalistas e o Brasil, que buscava espaço com o documentário “Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou”, já ficou de fora da premiação.
Bacurau é premiado pelos críticos de Toronto, no Canadá
A Associação de Críticos de Cinema de Toronto, no Canadá, considerou “Bacurau” como Melhor Filme Estrangeiro do ano. O longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles superou “Druk – Mais uma Rodada” (da Dinamarca) e “Uma Mulher Alta” (da Rússia), que ficaram em 2º e 3º lugares. Esta é a segunda premiação da crítica norte-americana vencida pela produção brasileira. “Bacurau” já havia vencido a mesma categoria na premiação da Associação de Críticos de Nova York. Lançado nos cinemas norte-americanos em março do ano passado, o filme também foi indicado ao Spirit Awards 2021 (o Oscar do cinema independente).












