Beatriz Segall (1926 – 2018)
A atriz Beatriz Segall morreu nesta quarta-feira (5/9), aos 92 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em consequência de problemas respiratórios. Ela marcou a história da TV brasileira com uma das maiores vilãs já vistas numa novela, Odete Roitman, a personagem mesquinha, vaidosa e arrogante de “Vale Tudo” (1988), principal sucesso de sua carreira – e de todos os envolvidos na produção, inclusive o autor Gilberto Braga. Mas para chegar lá, teve que lutar contra a própria família, que não queria vê-la seguir carreira de atriz. Fazer teatro nos anos 1950 era algo mal visto para mocinhas da classe média como Beatriz de Toledo, seu nome de batismo. Ela só virou Beatriz Segall após se destacar na companhia teatral Os Artistas Unidos, da atriz francesa Henriette Morineau, receber uma bolsa do governo francês para cursar língua e teatro na Sorbonne, em Paris, e lá conhecer, se apaixonar e se casar com Mauricio Segall, filho do famoso pintor Lasar Segall. O casamento aconteceu em 1954 e também a transformou em mãe de três filhos, entre eles o diretor de cinema Sérgio Toledo (que fez “Vera”, longa de 1986 que valeu a uma estreante Ana Beatriz Nogueira o Urso de Ouro de melhor atriz em Berlim). A maternidade afastou-a da carreira artística até 1964, quando substituiu Henriette Morineau em “Andorra”, do Teatro Oficina, dirigida por José Celso Martinez Corrêa. O acirramento trazido pelo golpe militar no período fez com que o teatro se tornasse uma opção de vida, inspirando o projeto de reerguer, ao lado do marido, o Theatro São Pedro, em São Paulo. Mas a preferência por peças de teor político acabou colocando os Segall na lista daqueles considerados subversivos, o que culminou na prisão e tortura de Mauricio em 1970, supostamente por sua ligação com a ANL, grupo que aderiu à luta armada contra o regime militar. Com a carreira voltada ao teatro e pouca experiência em cinema (onde estreou em 1951, em “A Beleza do Diabo”, do francês Romain Lesage), Beatriz teve sua trajetória completamente alterada ao ser escalada para a primeira novela das 20h de Gilberto Braga. Ao viver a Celina de “Dancin Days” (1978), ela conheceu o sucesso de massa e reinventou sua trajetória como estrela da Globo. “Até fazer ‘Dancin Days’, eu execrava televisão. Achava tudo muito pobre, sem recursos. A partir de ‘Dancin Days’ me dei conta de que não podia mais ignorar o veículo, a TV tinha melhorado muito”, comentou dez anos depois, em entrevista ao jornal O Globo. A partir do verdadeiro fenômeno cultural que foi “Dancin Days”, influenciando música, moda e comportamento, Beatriz passou a emendar uma novela atrás da outra. Seguiram-se papéis em “Pai Herói” (1979), “Água Viva” (1980), “Sol de Verão” (1982), “Champagne” (1983), “Carmen” (1987), “Barriga de Aluguel” (1990), “De Corpo e Alma” (1992), “Sonho Meu” (1993) e “Anjo Mau” (1997), além de, claro, a famosa Odete Roitman de “Vale Tudo” (1988). A vilã virou ícone por representar o desprezo da elite contra os mais pobres. Mas apesar das maldades, Beatriz adorava as frases escritas por Gilberto Braga, em que destilava também algumas verdades sobre o país. “A Odete diz coisas que são consideradas impatrióticas, mas que são verdades”, disse na época, na entrevista já citada. “Isso provoca alguns tipos de ações ou reações”, acrescentou, explicando que, por causa disso, “todo mundo se envolveu muito com a Odete Roitman”. Mas a maldita era tão odiada que acabou assassinada na trama. No entanto, isto só ajudou a entronizá-la no inconsciente coletivo nacional. O mistério noveleiro em torno de quem matou Odete Roitman chegou a parar o Brasil. O sucesso na TV lhe deu grande visibilidade. Até a filmografia curta deu uma espichada, e com papéis em filmes históricos como “Os Amantes da Chuva” (1979), de Roberto Santos, “Pixote: A Lei do Mais Fraco” (1981), de Hector Babenco, e “Romance” (1988), de Sergio Bianchi. O ritmo de trabalho só foi diminuir nos anos 2000, quando o hiato entre as novelas aumentou e ela se dedicou cada vez mais ao teatro. Mesmo assim, fez “O Clone” (2001), “Esperança” (2002), “Bicho do Mato (2006) e “Lado a Lado” (2012), além dos filmes “Desmundo” (2002) e “Família Vende Tudo” (2011), ambos de Alain Fresnot. Em 2013, a atriz caiu em um buraco em uma calçada do bairro da Gávea, no Rio, machucando-se seriamente. Na ocasião, ela chegou a receber uma ligação e um pedido de desculpas do prefeito Eduardo Paes. Mas isso impactou sua carreira e ela só foi voltar a interpretar um último papel dramático na TV em 2015, no primeiro episódio da série “Os Experientes”, da Globo. Apesar da saída de cena definitiva, Beatriz continua no ar até hoje, eternizada como Odete Roitman pelo canal pago Viva, que está reprisando “Vale Tudo”. E não só a personagem, como a própria trama da novela permanece assustadoramente atual. Passados 30 anos, o Brasil ainda mostra a mesma cara de 1988. Aguinaldo Silva, que ajudou a escrever “Vale Tudo”, despediu-se da amiga com uma reflexão, em depoimento para O Globo. “Beatriz foi uma grande atriz de teatro também, mas ficou conhecida pelas figuras mágicas que interpretou na TV. Ela era completamente diferente dos personagens que fazia, mas sabia fazer uma vilã muito bem. Odete Roitman, criação genial do Gilberto, está marcada entre as cinco maiores vilãs da TV brasileira. O trabalho dela foi meticuloso ao longo da vida, e talvez não tenha sido reconhecida como merecia, embora respeitada. A vida segue e as vilãs renascem, mas Odete será sempre inesquecível.
Verdades Secretas vence o Emmy Internacional como Melhor Novela
“Verdades Secretas” foi a melhor novela do mundo em 2016, na opinião da Academia Internacional das Artes & Ciências Televisivas. A produção da rede Globo venceu o Emmy Internacional de sua categoria, em cerimônia realizada na noite de segunda (21/11), em Nova York. Passada no mundo da moda, a trama de Walcyr Carrasco acompanhou sucessos e escândalos, especialmente o de uma modelo que se afunda no vício do crack. Pela interpretação de Larissa, a atriz Grazi Massafera disputou o Emmy de Melhor Atriz, mas acabou perdendo para a alemã Christiane Paul, pelo telefilme “Unterm Radar”. “‘Verdades secretas’ foi uma novela onde mergulhei profundamente, um trabalho feito com a alma”, afirmou Carrasco, que foi ao palco da premiação acompanhado das atrizes Camila Queiroz, Grazi Massafera, Guilhermina Guinle e Agatha Moreira, dos diretores-gerais André Felipe Binder e Natalia Grimberg, do diretor Allan Fiterman e da produtora de elenco Bruna Bueno. O autor destacou que a trama “foi uma novela inovadora, que trouxe assuntos polêmicos, como a prostituição no mundo da moda – o famoso book rosa – e a destruição humana causada pelo crack”. E concluiu: “Foi libertador escrevê-la. Em si só, uma viagem profunda ao meu interior como artista”. A Globo coleciona, agora, 15 estatuetas do Emmy Internacional, premiação mais importante da TV mundial. Em comunicado, Carlos Henrique Schroder, Diretor-Geral da Globo, exaltou o trabalho das equipes envolvidas e o histórico de sucesso da emissora na premiação. “Mais uma cerimônia do Emmy Internacional e a Globo fez bonito de novo. Outra vez, nosso talento, nossa qualidade e nossa criatividade foram reconhecidos no exterior. Levamos a estatueta de Melhor Novela, com ‘Verdades Secretas’. Também fizeram bonito os outros finalistas, que estão entre os melhores do mundo”. Além da disputa de Melhor Novela, a Globo apareceu em outras quatro categorias. Grazi Massafera disputava como Melhor Atriz, Alexandre Nero foi indicado a Melhor Ator por seu trabalho em “A Regra do Jogo”, “Zorra” estava na concorrida categoria de Melhor Comédia e “Os Experientes” na categoria de Telefilme/Minissérie. Uma produção da MTV, “Adotada”, completava a lista de programas brasileiros, na categoria de entretenimento sem roteiro. Entre os vencedores, produções da Alemanha e do Reino Unido dividiram a maioria dos prêmios, inclusive os principais. O troféu de Melhor Série de Drama ficou com o excelente trillher de espionagem “Deutschland 83”, passado na Berlim dividida da Guerra Fria, enquanto a britânica “Hoff the Record” venceu como Melhor Série de Comédia. O veterano ator Dustin Hoffman levou o prêmio de interpretação masculina por sua performance na produção britânica “Roald Dahl’s Esio Trot”, e a TV do Reino Unido ainda faturou o prêmio de Melhor Minissérie por “Capital”, estrelada por Toby Jones, que explora temas polêmicos como a divisão de classes e o temor causado pelos imigrantes. Confira abaixo a lista completa dos vencedores. Vencedores do Emmy Internacional 2016 Melhor Série de Drama Deutschland 83 – Alemanha Melhor Série de Comédia Hoff the Record – Reino Unido Melhor Minissérie ou Telefilme Capital – Reino Unido Melhor Novela Verdades Secretas – Brasil Melhor Ator Dustin Hoffman por Roald Dahl’s Esio Trot – Reino Unido Melhor Atriz Christiane Paul por Unterm Radar – Alemanha Melhor Documentário War of Lies – Alemanha Melhor Programa de Artes The Man Who Shot Hiroshima – Japão Melhor Entretenimento Sem Roteiro Allt För Sverige – Suécia Melhor Programa Americano em Língua Estrangeira Francisco, El Jesuita – Estados Unidos
Grazi Massafera está “besta”, Alexandro Nero “baba”. Confira as reações dos indicados ao Emmy Internacional
Os indicados brasileiros ao Emmy Internacional estão em êxtase. Em entrevista ao vivo ao programa “Vídeo show”, Grazi Massafera, que concorre como Melhor Atriz da TV mundial, disse estar “besta e retardada” com a indicação ao Emmy por seu trabalho na novela “Verdades Secretas”, que também foi indicada como Melhor Novela. Na manhã desta segunda-feira, ela já havia falado sobre a importância da indicação. “A Larissa me deu muitas alegrias e um desejo imenso de continuar trabalhando e aprendendo cada vez mais, com tudo e todos à minha volta. Nada disso teria sido possível se eu não tivesse contado com a ajuda dos meus amigos de cena, da caracterização, dos meus diretores, da produção, a técnica, os câmeras… É uma gratidão imensa, que vou carregar comigo para sempre”, disse Grazi. A atriz, que concorrerá com a veterana Judi Dench, entre outras candidatas, agradeceu a confiança do autor Walcyr Carrasco, após viver uma série de mocinhas sem graça, até conquistar seu grande papel: a modelo fracassada entregue ao vício. Em entrevista ao jornal Extra, Walcyr Carrasco falou também sobre a importância da indicação ao Emmy de Melhor Novela. “Estou muito feliz, porque foi uma novela que me entreguei inteiramente, que escrevi com alma”. Já Alexandre Nero, que concorre como Melhor Ator pelo desempenho em “A Regra do Jogo”, em que viveu o bandido Romero Rômulo, usou o Facebook para externar sua felicidade. “Aquele momento em que você recebe a notícia que foi indicado ao Emmy de Melhor Ator, ao lado de um tal (rs) Dustin Hoffman, começa a gritar e babar no chão, mas posta nas redes sociais de maneira que possa parecer algo absolutamente corriqueiro e cotidiano (afinal, você precisa manter a linha de artista cult rsrs)”, escreveu Nero. A novela que ele estrelou, “A Regra do Jogo”, também concorre ao prêmio da categoria, disputando com “Verdades Secretas” e produções de outros países. Mas não foram apenas programas da rede Globo, já acostumada a vencer o Emmy Internacional, que receberam indicações neste ano. O programa “Adotada”, da MTV Brasil, também apareceu na disputa de Melhor Programa Não Roteirizado de Entretenimento. A apresentadora da produção, Maria Eugênia Suconic, também revelou ter passado mal, em um post no Facebook. “Era uma segunda normal até você descobrir que…. (Não consegui escrever mais porque estou em choque)”, ela postou, junto da foto da indicação de “Adotada”. Foram, ao todo, sete indicações para produções e artistas brasileiros no Emmy Internacional de 2016. Além dos citados, o programa “Zorro” concorre como Melhor Comédia e “Os Eperientes” como Melhor Minissérie. A cerimônia de premiação do Emmy Internacional vai acontecer no dia 21 de novembro em Nova York, nos Estados Unidos.
Alexandre Nero e Grazi Massafera vão disputar o Emmy Internacional de Melhor Ator e Atriz da TV mundial
O Brasil vai concorrer a sete prêmios no International Emmy Awards 2016. Os nomes dos indicados foram anunciados nesta segunda-feira (26/6), pela Academia de Televisão dos EUA. Os principais destaques são as inclusões dos atores Alexandre Nero (por “A Regra do Jogo”) e Grazi Massafera (“Verdades Secretas”) nas categorias de Melhor Ator e Atriz da televisão mundial (menos a norte-americana, é claro). “A Regra do Jogo” e “Verdades Secretas”, por sinal, também concorrem na categoria de Melhor Novela. Os demais indicados foram o repaginado “Zorra” como Melhor Série de Comédia, “Os Experientes” como Melhor Minissérie e a produção da MTV “Adotada” como Melhor Programa de Entretenimento Não Roteirizado. Alexandre e Grazi terão concorrentes de peso na competição. Entre os atores, aparece ninguém menos que Dustin Hoffman, enquanto a disputa das atrizes inclui Judi Dench. Ambos concorrem pelo telefilme britânico “Roald Dahl’s Esio Trot”. A disputa inclui atrações de 15 países, num total de 40 indicados em 10 categorias. Confira a lista completa aqui. A Globo já venceu 14 prêmios no International Emmy Awards, considerado o Oscar da TV mundial. No ano passado, “Doce de Mãe” e “Império” conquistaram os prêmios de Melhor Série de Comédia e Melhor Novela. Além disso, Fernanda Montenegro venceu o Emmy de Melhor Atriz por “Doce de Mãe”, em 2013, e uma indicação da série “Como Aproveitar o Fim do Mundo” rendeu um remake americano, que estreia em 4 de outubro na rede CW com o título de “No Tomorrow”.



