Joanna Barnes (1934–2022)
A atriz e escritora Joanna Barnes, mais conhecida do grande público por ter atuado nas duas versões de “Operação Cupido”, morreu na sexta (29/4) aos 87 anos por “múltiplos problemas de saúde”, de acordo com a amiga que deu a notícia. Na versão de 1961 de “The Parent Trap” (o título original), lançada no Brasil como “O Grande Amor de Nossas Vidas”, Barnes interpretou a interesseira que tenta conquistar o pai das gêmeas vividas por Haley Mills. Já no remake de 1998 estrelado por Lindsay Lohan, ela apareceu como a mãe de sua personagem original. Barnes deu início à carreira de atriz como jornalista em 1957. Ela participou de um teste de atuação num episódio do “Ford Television Theatre”, teleteatro da rede ABC, para escrever sobre a experiência para a editora Time-Life, só que acabou conseguindo o papel e percebeu que podia fazer sucesso na nova profissão. Começou a aparecer em episódios de “Colt .45”, “Cheyenne” e “Hawaiian Eye”, e de repente conseguiu um papel fixo, como assistente de Dennis Morgan na série de detetives “21 Beacon Street”, que durou uma temporada em 1959 na NBC. Ao mesmo tempo, investiu em muitos trabalhos de figurante no cinema, até começar a receber papéis com falas. O curioso é que um ano após seu primeiro personagem identificado com nome, em “A Mulher do Século” (1958), comédia famosa estrelada por Rosalind Russell, ela já foi alçada a protagonista, vivendo nada menos que Jane na versão de “Tarzan, o Filho das Selvas”, lançada em 1959. Sua filmografia também destaca dois filmes com Kirk Douglas: o épico “Spartacus” (1960) e o western “Gigantes em Luta” (1966). E mais dois com Tony Curtis: as comédias “Um Amor do Outro Mundo” (1964) e “Não Faça Onda” (1967). Acabou abandonando o cinema em 1967 pelo cargo de apresentadora do programa “Dateline: Hollywood”, da rede ABC. Mesmo assim, trabalhando sem parar, ainda encaixou dezenas de participações em séries, praticamente ininterruptas a partir dos anos 1960, incluindo “Os Intocáveis”, “Paladino do Oeste”, “Maverick”, “Laramie”, “A Família Buscapé”, “Dr. Kildare”, “Mannix”, “Os Audaciosos”, entrando nos anos 1970 com “Havaí Cinco-0”, “Planeta dos Macacos”, “Ilha da Fantasia” e “As Panteras”, além de “Casal 20”, “Jogo Duplo”, “Assassinato por Escrito” e “Cheers” nos 1980. Ela já não atuava há nove anos quando foi convidada pela Disney para participar do remake de “Operação Cupido”, que se tornou seu último filme em 1998. Desde a década de 1970, ela tinha retomado sua profissão original. Virou crítica literária do jornal Los Angeles Times e se lançou como escritora, publicando romances bem-recebidos pela crítica especializada. Joanna Barnes foi casada três vezes, incluindo com o diretor, ator e roteirista Lawrence Dobkin entre 1961 e 1967. Ela nunca teve filhos, mas deixa três enteadas.
Jossara Jinaro (1973-2022)
A atriz brasileira Jossara Jinaro morreu de câncer na quinta-feira (27/4), aos 48 anos, revelou seu marido nas redes sociais. Ela ficou conhecida por seu trabalho em séries americanas, chegando a aparecer em episódios de “Plantão Médico” (E.R.), “Divisão Criminal” (The Closer), “Judging Amy”, “Strong Medicine” e “Animal Kingdom”. Nascida no Rio de Janeiro, Jinaro foi adotada por um diplomata e cresceu na Colômbia. Quando seu padrasto foi feito refém por guerrilheiros, a família se mudou para os Estados Unidos. Saindo de casa aos 16 anos, ela rapidamente assinou com seu primeiro agente, que lhe encontrou trabalho teatral. Mas seu primeiro papel fixo na TV só veio mais de uma década depois, quando viveu Virginia Bustos na série “Viva Vegas”, comédia da Telemundo sobre dois gêmeos argentinos em Las Vegas. A atração durou só uma temporada, exibida de 2000 a 2001, mas em seguida ela começou a aparecer, de forma recorrente, na novela diurna “Passions”. Por seu desempenho, chegou a ser indicada ao prêmio GLAAD (da comunidade LGBTQIAP+) de 2006. Nessa época, também começou a aparecer em alguns filmes cultuados, como o terror “Rejeitados pelo Diabo” (2005), de Rob Zombie, e “Garotas sem Rumo” (2005), ao lado de Anne Hathaway, e ainda se especializou em dublagens, trabalhando em dezenas de animações como “Happy Feet: O Pinguim” (2006) e “Gato de Botas” (2011), além de gravar vozes incidentais para filmes live-action. Jinaro acabou voltando para a Colômbia em 2009 para trabalhar na novela “La Bella Ceci y El Imprudente”, mas logo retornou a Los Angeles, encontrando um papel na 1ª temporada da popular série adolescente “East Los High”, lançada em 2013. Ela ainda fez vários filmes independentes, incluindo o terror “Desert Road Kill” (2012), que lhe rendeu um prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Los Angeles Reel Film Festival. Seu último trabalho foi a comédia “10 Tricks”, ainda inédita nos cinemas.
Neal Adams (1941–2022)
O gênio dos quadrinhos Neal Adams, um dos responsáveis por revitalizar Batman nos anos 1970, morreu na quinta (28/4) na cidade de Nova York, em decorrência de uma infecção generalizada, aos 80 anos. Com estilo inconfundível, seus desenhos fotorrealistas e de inspiração expressionista foram fundamentais para transformar Batman no Cavaleiro das Trevas, um personagem sombrio e torturado por traumas, radicalmente diferente do trapalhão engraçado da popular série de TV dos anos 1960. Adams começou a chamar atenção nos anos 1960 em publicações de terror em preto e branco da editora Warren, o que o levou a ser convidado pela DC para ilustrar o personagem Desafiador (Deadman), um fantasma vingador, capaz de possuir suspeitos para desvendar seu próprio assassinato. Ele ainda passou pela Marvel, desenhando os X-Men, antes de fazer História ao lado do roteirista Dennis O’Neill e o arte-finalista Dick Giordano. Em 1970, dois anos após o fim da série “Batman”, O’Neill recebeu do editor Julius Schwartz a difícil missão de fazer o público esquecer a versão cômica televisiva do herói, e buscou um especialista em terror para levar trevas ao personagem. Nesta reinvenção, escritor e desenhista trataram de afastar Robin, recriaram vilões clássicos como o Coringa e Duas Caras, transformados pela primeira vez em psicopatas assassinos, introduziram vilões monstruosos e deram ao herói um polêmico interesse amoroso, a femme fatale Talia al Ghul, filha de um novo, misterioso e perigosíssimo mestre do mal, Ra’s al Ghul. Com os desenhos de Adams (arte-finalizados por Giordano), as histórias se tornaram mais que sérias: sombrias, violentas e maduras. Não só cumpriram o objetivo de transformação de Batman como viraram algumas das mais influentes já publicadas com o personagem. A parceria entre Adams e O’Neil se estendeu a outra publicação que marcou época, “Lanterna Verde/Arqueiro Verde”, que juntou os heróis do título. A premissa era um desafio de Oliver Queen (o Arqueiro) para que Hal Jordan (o Lanterna) trocasse suas aventuras espaciais por uma jornada mais mundana para conhecer os problemas da Terra. Com isso em mente, a publicação abortou todos os temas polêmicos da época, do preconceito racial à epidemia de drogas, e se tornou a primeira revista a desfiar a censura estabelecida nos anos 1950 sobre os quadrinhos, numa edição premiadíssima de 1971, em que Ricardito (Speedy), o parceiro adolescente do Arqueiro, revelava-se viciado em heroína. Foi tão impactante que deu início a era dos quadrinhos adultos de super-heróis, não indicados para menores, 15 anos antes de Alan Moore (“Watchmen”) e Frank Miller (“O Cavaleiro das Trevas”) publicarem seus clássicos na editora. Seu último trabalho nessa passagem pela DC foi outro sucesso importante: uma edição especial de 1978 em que Superman enfrentou o campeão do boxe Muhammad Ali – situação que, por sinal, inspirou o filme “Space Jam” em muitos de seus detalhes. Adams chegou até a desenhar Pelé na capa da publicação, entre o público da luta fantasiosa. O desenhista acabou se afastando dos quadrinhos devido a seu inconformismo pela baixa remuneração e falta de reconhecimento das editoras. Ele chegou a se engajar em várias campanhas de direitos autorais, exigindo compensações justas do mercado, e foi um dos artistas mais ativos na luta para a DC reconhecer os direitos de Jerry Siegel e Joe Shuster como os criadores de Superman, após Shuster aparecer no prédio da Warner Bros. trabalhando como carteiro. Desgostoso, o artista decidiu mudar de ramo, formando a empresa Continuity Associates com o velho parceiro Dick Giordano. Os dois se especializaram em fornecer storyboards para filmes de Hollywood (desenhos de cenas descritas nos roteiros, para auxiliar a visão dos diretores). Mas quando Giordano voltou para a DC em 1980, em cargo de chefia, Adams se voltou a outros setores da indústria audiovisual. Ele chegou a desenhar um segmento para a cultuada animação “Heavy Metal – Universo em Fantasia” (1981) e até virou diretor de cinema, comandando “Death to the Pee Wee Squad” em 1988. Trash no último, o filme foi lançado direto em vídeo pela Troma e incluía em seu elenco os filhos do artista e alguns colegas dos quadrinhos. O artista também produziu a série animada “Bucky O’Hare” (1991–1992) e concebeu a atração infantil televisiva “Miss Danielle’s Preschoolbuds” (2016), além de ter colaborado com a Warner Bros. com ilustrações para vários documentários sobre Batman. Nos últimos anos, ele fez as pazes com a DC, passando a ganhar reconhecimento pela criação de diversos personagens – como John Stewart, o Lanterna Verde negro – , e acabou convencido a voltar aos quadrinhos, recebendo os maiores salários de sua carreira e tratamento de mestre em reconhecimento a sua trajetória, para trabalhar em novas minisséries de Batman, Superman e Desafiador. Até a Marvel o requisitou para ilustrar títulos dos X-Men, Novos Vingadores e Quarteto Fantástico. Seu último trabalho foi uma minissérie que colocou Batman contra uma de suas criações favoritas, o vilão Ra’s al Ghul, encerrada em março de 2021. Neal Adams deixa a mulher, Marilyn, com quem foi casado por mais de 45 anos, além de cinco filhos, seis netos, um bisneto e milhões de fãs.
Suzana Faini (1933-2022)
A atriz Suzana Faini morreu nesta segunda (25/4) no Hospital São Lucas, no Rio, por complicações de Parkinson, aos 89 anos. Faini participou de importantes novelas brasileiras, inclusive das duas versões de “Selva de Pedra” e de “Irmãos Coragem”. Filha de cantores de ópera e sobrinha do violinista Jorge Faini, ela aprendeu a tocar piano e também estudou violino por um bom tempo, antes de se descobrir atriz. A experiência como intérprete dramática começou depois de virar mãe, em 1969, quando figurou no filme “Os Paqueras”, de Reginaldo Filho, e coadjuvou em “Rosa Rebelde”, a terceira novela escrita por Janete Clair. Ela agradou tanto a escritora que se tornou presença habitual em suas produções, integrando o elenco de suas quatro novelas seguintes: “Véu de Noiva” (1969), que iniciou a febre do “quem matou” na TV, “Irmãos Coragem” (1970), o primeiro épico televisivo brasileiro, “O Homem que Deve Morrer” (1971) e a famosa “Selva de Pedra” (1972), com papel duplo de Regina Duarte. Com o sucesso, vieram novas oportunidades e a trajetória televisiva passou a ser compartilhada com papéis em filmes e no palco. Faini estrelou a peça “Hoje é Dia de Rock”, em cartaz de 1971 a 1973, e clássicos do cinema brasileiro, como “A Extorsão” (1975), de Flávio Tambellini, “Os Amores da Pantera” (1977), de Jesse Valadão, “O Crime do Zé Bigorna” (1977), de Anselmo Dias, e “A Noiva da Cidade” (1978), de Alex Viany. Por conta disso, suas participações nas novelas se tornaram mais espaçadas. Mesmo assim, apareceu em sua primeira atração das sete, “Cuca Legal” (1975), antes de retomar a parceria com Janete Clair em “Duas Vidas” (1976) e integrar a estreia de Gilberto Braga, “Dancin’ Days” (1978). Com a crise do cinema nacional nos anos 1980, Faini passou a concentrar a carreira na TV, voltando ao cinema apenas eventualmente – em “Eternamente Pagú” (1987), de Norma Bengell, e outras obras de menor alcance. Apesar da morte de sua antiga parceira Janete Clair em 1983, sua presença cristalizou-se na tela da Globo. Ela chegou a estrelar três remakes de obras da escritora, como “Selva de Pedra” (1986), “Direito de Amar” (1987) e “Irmãos Coragem” (1995). Também participou de “Malhação” (em 1995), da minissérie “Chiquinha Gonzaga” (1999) e de sucessos da “nova” geração de autores da Globo, como “A Favorita” (2008), de João Emanuel Carneiro, “Salve Jorge” (2012), de Glória Perez, “Escrito nas Estrelas” (2010) e “Espelho da Vida” (2018), de Elizabeth Jhin. Seu último trabalho foi ao ar em 2018, num episódio da série “Sob Pressão”, mas nos últimos anos tinha se voltado mais ao teatro, chegando a ser indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz em 2014 e 2015, pelas montagens de “Silêncio!” e “Família Lyons”. Em 2017, venceu o Prêmio APTR de Teatro por “O Como e o Porquê”. Suzana deixa a filha Milenka, nascida em 1963 e portadora da Síndrome de Williams.
Jacques Perrin (1941–2022)
O ator e cineasta francês Jacques Perrin, que emocionou o mundo ao estrelar “Cinema Paradiso”, morreu na quinta-feira (21/4) aos 80 anos em Paris, de causa não revelada, mas “em paz”, segundo comunicado da família. Com quase uma centena de filmes na carreira, Perrin apareceu pela primeira vez nas telas aos cinco anos de idade, como figurante em “Portas da Noite” (1946). Depois disso, só voltou ao cinema aos 16 anos, mas a partir daí nunca mais saiu da vista do público. Rapidamente, acumulou um punhado de clássicos do cinema francês, como “Os Trapaceiros” (1958), de Marcel Carné, e “A Verdade” (1960), de Henri-Georges Clouzot. Até estourar aos 20 anos com “A Garota da Valise” (1961), de Valerio Zurlini, seu primeiro trabalho como protagonista e também sua primeira produção italiana, em que contracenou com a icônica Claudia Cardinale. Perrin repetiu imediatamente a parceria com Zurlini em seu filme seguinte, “Dois Destinos” (1962), em que viveu o irmão caçula de Marcello Mastroianni. E com o sucesso passou a estrelar diversas produções italianas. Pouco tempo depois venceu a Coppa Volpi, como Melhor Ator do Festival de Veneza por seu papel no drama existencial “Um Homem Pela Metade” (1966), de Vittorio De Seta. Fez 30 longas só nos anos 1960, incluindo títulos históricos como o musical “Duas Garotas Românticas” (1967), de Jacques Demy, a comédia mod “Viver à Noite” (1968), de Marcel Camus, e o impactante drama político “Z” (1969), de Costa-Gavras, indicado ao Oscar de Melhor Filme. Costa-Gavras se tornou um de seus maiores parceiros. Perrin trabalhou durante uma década e em cinco filmes da fase mais polêmica do politizado cineasta grego, desde sua estreia em 1965, com “Crime no Carro Dormitório”. Além de estrelar, também produziu os trabalhos mais famosos do diretor: “Z”, “Estado de Sítio” (1972) e “Sessão Especial de Justiça” (1975), todos proibidos pela censura da ditadura militar no Brasil. Perrin tomou gosto pelo trabalho de produtor, e ao voltar a atuar para Zurlini, assegurou-se de ter um lugar atrás das câmeras de “O Deserto dos Tártaros” (1976), o que lhe rendeu o troféu David di Donatello (o Oscar italiano) como produtor do Melhor Filme do ano. Como ator, sua performance em “Cinema Paradiso” (1988) ainda é lembrada por ter levado o público mundial às lágrimas. Ele interpretou a versão adulta do menino Totó, criando um dos momentos mais tocantes da obra de Giuseppe Tornatore, numa homenagem à sétima arte. A parceria com o cineasta ainda se estendeu a “Estamos Todos Bem” (1990), mas logo em seguida Perrin passou a se dedicar cada vez mais aos bastidores, trabalhando como produtor, roteirista e diretor de séries e documentários, até relegar a atuação cinematográfica a pequenas participações. Ele chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Documentário como diretor do naturalista “Migração Alada” (2001) e venceu o César (o Oscar francês) da categoria por “Oceanos” (2009). Seu último trabalho como ator foi no filme “Goliath”, de Frédéric Tellier, lançado no mês passado na França, mas ainda deixou dois longas encaminhados como produtor.
Robert Morse (1931–2022)
O ator Robert Morse, que viveu o dono da agência de publicidade da série “Mad Men”, morreu nesta quinta-feira (21/4) aos 90 anos, de causa não revelada. Ele recebeu cinco indicações ao prêmio Emmy por sua atuação como Bertram Cooper, o empresário antiquado que usava gravatas-borboleta, e compartilhou uma estatueta do SAG (Sindicato dos Atores dos EUA) junto com os colegas na categoria de Melhor Elenco em Série de Drama, vencida por “Mad Men” em 2010. Sua bem-sucedida carreira, na verdade, começou no teatro. Ele fez sua estreia na Broadway em 1955 e venceu seu primeiro Tony (o Oscar do teatro dos EUA) em 1962, ao estrelar a comédia musical “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força”. Ainda venceu outro Tony em 1990 por “Tru”, sobre Truman Capote, que também lhe rendeu seu único Emmy, ao estrelar a adaptação televisiva em 1993. Dedicando-se mais ao teatro e a TV, sua filmografia inclui poucos títulos, com destaques produzidos ainda nos anos 1960, incluindo a versão de cinema de “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força” (1967) e a influente comédia “O Ente Querido” (1965), de Tony Richardson, sobre a indústria funerária. Seus últimos trabalhos audiovisuais foram a 1ª temporada de “American Crime Story” (de 2016), onde viveu um jornalista cobrindo o julgamento de O.J. Simpson, e a série animada “Os Jovens Titãs em Ação!”, na qual dublou o Papai Noel de 2015 a 2021.
Rio Hackford (1970–2022)
O ator Rio Hackford, que era filho do cineasta Taylor Hackford (“Ray”) e enteado da atriz Helen Mirren (“A Rainha”), morreu na quinta-feira passada (14/4) aos 52 anos. A notícia foi confirmada nesta segunda por seu irmão, Alex Hackford (supervisor musical do game “Death Stranding”), sem citar a causa da morte. Ele começou a carreira como figurante de “Uma Linda Mulher” (1990) e teve papéis pequenos em diversas outras produções, como “Estranhos Prazeres” (1995), de Kathryn Bigelow, “Swingers: Curtindo a Noite” (1996), de Doug Liman, “Déjà Vu” (2006), de Tony Scott, e “Jonah Hex” (2010), com Josh Brolin. As participações só se tornaram mais proeminentes quando ele passou para a televisão a partir de 2010, ocasião em que se tornou recorrente na série “Treme”. Ele interpretava o balconista Toby, funcionário de uma loja de discos de Nova Orleans, que apareceu em vários episódios da produção da HBO. Hackford também foi um detetive policial na primeira fase de “American Crime Story”, sobre o julgamento de O.J. Simpson, e deu vida (via captura de movimentos) ao androide IG-11 (dublado por Taika Waititi) na 1ª temporada de “The Mandalorian” (The Mandalorian). Seu último trabalho como ator foi uma aparição na minissérie “Pam & Tommy”, exibida nesta ano. Além de atuar, ele também era conhecido por administrar boates em Nova Orleans e em San Francisco, que eram pontos de encontro para a comunidade artística.
Catherine Spaak (1945–2022)
A atriz Catherine Spaak, que foi símbolo sexual do cinema italiano dos anos 1960, morreu em Roma aos 77 anos. Ela sofreu uma hemorragia cerebral no ano passado e sua morte foi noticiada no domingo (17/4) pela RAI News. Filha de pais belgas, Spaak nasceu na França, mas foi naturalizada italiana após começar a rodar um filme atrás do outro no país. Desde o começo da carreira, a atriz alternou-se entre produções italianas, como “Amantes e Adolescentes” (1960), de Alberto Lattuada, e francesas como “O Poço das 3 Verdades” (1961), de François Villiers. E ainda era uma coadjuvante adolescente quando chamou atenção do grande público, na comédia de viagem “Aquele que Sabe Viver” (1962), de Dino Risi. O filme que a catapultou para o estrelato foi “Um Pedaço de Mau Caminho” (1962). Ela tinha só 17 anos quando encarnou o papel-título, uma lolita loira de cabelo chanel que encanta o maduro Ugo Tognazzi. Apresentada de maiô no pôster, ela se consagrou imediatamente como sex symbol, virando uma das atrizes mais requisitadas do cinema italiano. Ao atingir a maioridade, Spaak passou a aparecer em alguns dos filmes mais picantes da Itália, destacando-se em “Vidas Ardentes” (1964), de Florestano Vancini, “Mulher de Muitos Amores” (1965), de Luigi Comencini, “Não Faço a Guerra, Faço o Amor” (1966), de Franco Rossi, “Vidas Vazias” (1963) e “Momentos Eróticos” (1969), ambos de Damiano Damiani, “Adultério à Italiana” (1966), “O Marido é Meu… e o Mato Quando Quiser” (1968), “O Mando é das Mulheres” (1968) e “Aquele Amor com Tanto Amor” (1970), os quatro de Pasquale Festa Campanile, além de diversas antologias de temáticas sexuais. A lista inclui dois longas com o maior ídolo italiano, Marcello Mastroianni: a antologia “Homem, Mulher e Dinheiro” (1965) e a comédia “Break Up (Brinquedo Louco)” (1968), ambos dirigidas por Marco Ferreri. Ela também integrou os elencos do romance francês “La Ronde” (1964), de Roger Vadim, da comédia épica “O Incrível Exército Brancaleone” (1966), de Mario Monicelli, e do cultuado terror “O Gato de Nove Caudas” (1971), de Dario Argento. Mas teve dificuldades para encontrar bons papéis após se tornar “velha” para o tipo de filme que a consagrou, ao passar da metade dos anos 1970 e dos 30 anos de idade. Depois do spaghetti western “Cavalgada Infernal” (1975), de Antonio Margheriti, a atriz passou a se dedicar a trabalhos televisivos, retornando ao cinema apenas espaçadamente e em pequenas participações. Apesar disso, seu último desempenho foi como protagonista de cinema, vivendo uma senhora com Alzheimer que faz amizade com um jovem bipolar em “Uma Amizade Inesperada”. Lançado em 2019, o filme de Enrico Iannaccone recebeu muitos elogios da crítica. Spaak também apresentou programas da televisão italiana e gravou discos, cantando músicas de Françoise Hardy. Por ocasião de seu falecimento, ela recebeu uma homenagem do ministro da Cultura da Itália, Dario Franceschini. Falando à imprensa, ele a definiu como “uma artista multifacetada, culta e elegante, que encontrou um lar em nosso país que ela acolheu e amou”.
Liz Sheridan (1929–2022)
A atriz americana Liz Sheridan, conhecida por interpretar a mãe de Jerry Seinfeld na série “Seinfeld” e também como a vizinha de “Alf, o ETeimoso”, morreu nesta sexta-feira (15/4), enquanto dormia em sua casa em Nova York, aos 93 anos. Sheridan já era uma veterana de TV e cinema quando foi escalada como Raquel Ochmonek, a vizinha excêntrica e mal-humorada de “Alf”, aparecendo em dezenas de episódios da série clássica, entre 1986 e 1990. Ela começou sua carreira nas telas em 1977, após se destacar na Broadway – ao lado de Christopher Lloyd e de uma jovem Meryl Streep no musical “Happy End”. Sua estreia se deu com uma participação num episódio de “Kojak”. Vieram várias outras aparições (“Esquadrão Classe A”, “Quem É o Chefe?”, “A Gata e o Rato”, “Jogo Duplo”), antes da atriz conseguir seu primeiro papel recorrente em “Alf, o ETeimoso”, da qual participou do começo ao fim, de 1986 a 1990. Sua chegada em “Seinfeld” aconteceu no segundo episódio da 1ª temporada e dois meses apenas após o fim de “Alf”. Também recorrente, ela marcou época como Helen Seinfeld, a mãe adorável, protetora e maior fã de Jerry, que roubou as cenas de cerca de 20 episódios, inclusive no final exibido em 1998. Sheridan era a última “parente” sobrevivente de “Seinfeld”. Barney Martin, que interpretou Morty Seinfeld, o pai de Jerry na tela, morreu em 2005. A atriz continua a trabalhar no cinema e na TV até os anos 2000, encerrando a carreira com as comédias “Um Avô Sedutor” (2009) e “Trim” (2010). Ela deixa uma filha, que teve com seu falecido marido, o trompetista de jazz William Dale Wales. Seu filho da TV, Jerry Seinfeld, publicou uma homenagem nas redes sociais, lembrando que “Liz sempre foi a mãe de TV mais doce e legal que um filho poderia desejar”. “Toda vez que ela vinha na nossa série, era a sensação mais aconchegante para mim. Que sorte tê-la conhecido”, completou. Liz was always the sweetest, nicest TV mom a son could wish for. Every time she came on our show it was the coziest feeling for me. So lucky to have known her. pic.twitter.com/ae9TDHQILU — Jerry Seinfeld (@JerrySeinfeld) April 15, 2022
Michel Bouquet (1925–2022)
O renomado ator Michel Bouquet, estrela de primeira grandeza do cinema e do teatro francês, com mais de 100 filmes no currículo, faleceu na quarta-feira (13/4) em um hospital de Paris, aos 96 anos. A causa da morte não foi revelada. Com status de gigante das artes, sua morte foi lamentada pelo presidente da França Emmanuel Macron. “Durante sete décadas, Michel Bouquet levou o teatro e o cinema ao mais alto grau de incandescência e verdade, mostrando o homem em todas as suas contradições, com uma intensidade que queimou os palcos e arrebentou a tela”, disse o líder francês em comunicado. A longa carreira começou em 1947, empregado como figurante em seus primeiros filmes. Mas em apenas dois anos ele se tornou coadjuvante importante, aparecendo em clássicos como “Anjo Perverso”, do mestre Henri-Georges Clouzot, e “Mulher Cobiçada”, de Jean Grémillon, ambos de 1949. Com uma filmografia repleta de títulos icônicos do cinema francês, Bouquet passou a ter presença constante na tela durante a era da nouvelle vague, trabalhando com François Truffaut em “A Noiva Estava de Preto” (1968) e “A Sereia do Mississipi” (1969), e iniciando uma longa parceria com Claude Chabrol, que começou em “O Tigre se Perfuma com Dinamite” (1965) e se estendeu por décadas, com “O Espião de Corinto” (1967), “A Mulher Infiel” (1969), “Trágica Separação” (1970), “Ao Anoitecer” (1971) e “Um Tira Amargo” (1985). Também trabalhou com Jean Delannoy em “As Amizades Particulares” (1964), com Jacques Deray no sucesso “Borsalino” (1970), que juntou pela primeira vez os astros Jean-Paul Belmondo e Alain Delon, e em dose dupla com André Cayatte, nos thrillers políticos “Não Há Fumaça sem Fogo” (1973) e “A Razão de Estado” (1978). Uma de suas interpretações mais famosas foi o papel do inspetor Javert na melhor versão de “Os Miseráveis”, dirigida por Robert Hossein em 1982. Outra produção marcante de sua trajetória, “Todas as Manhãs do Mundo” (1991), de Alain Corneau, venceu o César (o Oscar francês) de Melhor Filme. Ele próprio venceu o César de Melhor Ator em duas oportunidades: por “Como Matei Meu Pai” (2001), de Anne Fontaine; e “O Último Mitterrand” (2005), de Robert Guédiguian. Além disso, ainda concorreu ao prêmio em 2014 pela atuação como o pintor impressionista do título de “Renoir” (2013), de Gilles Bourdos. Bouquet também recebeu o troféu de Melhor Ator Europeu, concedido pela Academia Europeia de Cinema por “Um Homem com Duas Vidas” (1991), do belga Jaco Van Dormael – produção que ainda levou o César de Melhor Filme Estrangeiro. O reconhecimento de seu talento se estendeu aos palcos, com a conquista de dois prêmios Molière, maior honra do teatro francês, pelo trabalho em “Les Côtelettes”, de Bertrand Blier, em 1998, e por “Exit the King”, de Eugène Ionesco, em 2005. Ele ainda recebeu um troféu pelo conjunto de sua obra em 2014. Ele foi casado com a atriz Ariane Borg (“A Valsa da Neve”), entre 1954 e 1981, e desde o ano seguinte com a também atriz Juliette Carré (“Rebecca”), com quem viveu até a morte.
Kathy Lamkin (1947–2022)
A atriz Kathy Lamkin, conhecida pelos filmes “Onde os Fracos Não Têm Vez” e “O Massacre da Serra Elétrica”, morreu há uma semana (em 4/4) aos 74 anos, anunciou sua família nesta segunda-feira (11/4). De acordo com os familiares, ela faleceu em decorrência de uma doença que vinha enfrentando há pouco tempo. Lamkin fez carreira como figurante em cerca de 40 filmes, iniciando sua trajetória em 1990 com o trash “O Cabaré dos Amores”. Dos filmes lançados direto em vídeo, ela progrediu para produções mais famosas com o remake de “O Massacre da Serra Elétrica”, em 2003. No terror, a atriz tinha um pequeno papel como a “mulher do chá”, que acabou repetindo três anos depois em “O Massacre da Serra Elétrica: O Início”. Sua aparição mais famosa veio no ano seguinte, encarando Javier Bardem como gerente de um estacionamento de trailers em “Onde os Fracos Não Têm Vez” (2007). Ela também fez muitas séries, destacando-se no papel de uma mulher muito gorda atendida pelos cirurgiões plásticos de “Estética” (Nip/Tuck), num episódio exibido em 2008. A última participação foi no filme independente “Flutter”, lançado em 2014. Embora não tenha ficado famosa com esses pequenas participações, Lamkin era muito querida por seus trabalhos paralelos. Ela dava aulas de atuação para crianças numa escola do Ensino Fundamental de Houston, no Texas, e incentivava instituições de teatro independente.
Jimmy Wang Yu (1944–2022)
O ator Jimmy Wang Yu, uma das maiores estrelas do cinema de artes marciais, morreu na terça-feira (5/4) num hospital de Taiwan, vítima de uma doença não revelada, aos 79 anos. Nascido em Xangai, China, Wang mudou-se para Hong Kong e fez seu nome como estrela de ação no estúdio dos Shaw Brothers durante a década de 1960. Ele estreou em “Templo da Lotus Vermelha” (1965) já num dos papéis principais, mas só foi estourar com “Espadachim de um Braço” (1967), vivendo o personagem-título, no qual pôde demonstrar toda a sua habilidade de esgrima. Enorme sucesso, o filme se tornou a primeira produção de Hong Kong a faturar mais de HK$ 1 milhão nas bilheterias locais. O que tornou o filme do diretor Chang Cheh tão diferente foi a violência sangrenta. Numa época em que as lutas dos filmes de Hong Kong eram coreografadas ao estilo da Ópera de Pequim, os golpes de Wang Yu cortavam membros e o sangue vermelho jorrava em tecnicolor de uma ponta a outra do set. “Espadachim de um Braço” rendeu duas sequências, mas Wang reprisou seu papel apenas na primeira, “A Volta do Espadachim de um Braço”, lançada em 1969. Ele não estrelou o terceiro porque rompeu com os Shaw Brothers para iniciar a segunda e igualmente importante fase de sua carreira. Ao todo, Wang Yu atuou em 87 filmes, quase todos de ação e artes marciais. Ficou tão famoso que passou a coreografar lutas e principalmente dirigir seus próprios filmes. O astro assinou 12 longas como diretor entre 1970 e 1977 (a maioria para a produtora Golden Harvest, rival dos Shaw Brothers), mudando o foco das lutas de espadas para as lutas marciais, o que ficou bastante claro na produção de “O Lutador de um Braço Só” (1972), em que tentou repetir seu primeiro fenômeno comercial. Transformando lutas com mãos e pés em enfrentamentos tão violentos quanto os duelos com espadas, Wang Yu revolucionou os filmes de artes marciais. Não por acaso, seu primeiro filme como diretor (que ele também protagonizou), “A Morte em Minhas Mãos” (1970), costuma ser apontado como a obra que iniciou a febre do kung fu no cinema de Hong Kong. Depois de anunciar a aposentadoria em 1997, foi convencido a retornar em 2011 com o filme “Dragão” (Wu Xia), um grande sucesso de bilheteria estrelado pelo mestre moderno do kung fu Donnie Yen. O êxito da produção o manteve na ativa por mais dois anos e quatro filmes, despedindo-se finalmente das telas com o elogiado terror “Soul” em 2013. Afastado das telas, ainda foi premiado no Golden Horse Awards de 2019, em Taiwan, com um prêmio especial pelas realizações da carreira. Adorado pelos fãs do cinema de ação de Hong Kong, Jimmy Wang Yu recebeu muitas homenagens nas redes sociais. Jackie Chan escreveu no Facebook: “As contribuições que você fez para os filmes de kung fu e o apoio e a sabedoria que você deu às gerações mais jovens sempre serão lembrados na indústria. E seus filmes sempre permanecerão no coração de seus fãs. Nós sentiremos sua falta!” O diretor Ang Lee também emitiu um comunicado lamentando a morte de seu herói. “É com profundo pesar que soubemos de sua morte hoje. Para muitos fãs como eu, ele representa a vibe de uma certa época. Seus filmes e seu espírito heroico farão muita falta.”
Rae Allen (1926–2022)
A atriz Rae Allen, conhecida pela série “A Família Soprano”, morreu na quarta-feira (6/4) aos 95 anos. Outros detalhes do falecimento não foram revelados. Ela começou a carreira na Broadway durante os anos 1950 e fez sua estreia nas telas reprisando um papel que interpretou no palco, como a repórter Gloria Thorpe no musical “O Parceiro de Satanás” (Damn Yankees) em 1958. A trajetória premiada nos palcos lhe rendeu duas indicações e uma conquista do Tony (o Oscar do teatro), por “And Miss Reardon Drinks a Little”, em 1971. O sucesso teatral, porém, deixou sua filmografia em segundo plano. Quando estava no auge na Broadway, ela participou dos filmes de comédia “Um Tigre de Alcova” (1967), de Arthur Hiller, “Como Livrar-me da Mamãe” (1970), de Carl Reiner, e “Procura Insaciável” (1971), de Milos Forman, antes de concentrar sua carreira audiovisual na televisão com aparições em várias séries, incluindo “Tudo em Família”, na qual atuou em dois capítulos de anos diferentes (1972 e 1973) como a mesma personagem. Voltando a fazer de filmes após duas décadas, ela se destacou como Ma Keller, a mãe das personagens de Lori Petty e Geena Davis na comédia esportiva “Uma Equipe Muito Especial” (1992), de Penny Marshall, além de ter aparecido na sci-fi “Stargate” (1994). Ela chegou a protagonizar sua própria série de aventuras, “The Fearing Mind”, no ano 2000, cancelada devido à baixa audiência, mas seu papel mais lembrado foi a tia Quintina Blundetto de “A Família Soprano”, que desempenhou em cinco episódios de 2004. Rae Allen se despediu do cinema em “Reine Sobre Mim” (2007), um drama de Mike Binder com Adam Sandler e Don Cheadle, e da TV em dois episódios da série de comédia “Vampire Mob”, em 2010.












