Diretor vencedor do Oscar protesta contra prisão de atriz de seus filmes no Irã
O premiado cineasta iraniano Asghar Farhadi protestou contra a prisão da atriz Taraneh Alidoosti, ocorrida no último sábado (17/12), depois de ela participar de manifestações contra a opressão das mulheres pelo regime iraniano. Os dois trabalharam juntos quatro vezes, inclusive no longa-metragem “O Apartamento” (2016), vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Alidoosti foi presa pela polícia iraniana uma semana depois de fazer uma postagem no Instagram expressando solidariedade ao primeiro homem executado por crimes supostamente cometidos durante os protestos recentes no país. Ela também foi acusada de se solidarizar com cineastas iranianos presos pelo governo, como Jafar Panahi (“Táxi Teerã”) e Mohammad Rasoulof (“Não Há Mal Algum”). “Eu trabalhei com Taraneh em quatro filmes e agora ela está na prisão por seu legítimo apoio a seus compatriotas e sua oposição às sentenças injustas emitidas”, escreveu Farhadi em perfil no Instagram. “Se mostrar tal apoio é um crime, então dezenas de milhões de pessoas nesta terra são criminosos”, continuou ele. Vários iranianos estão protestando contra a política conservadora do país, após uma mulher de 22 anos ter sido agredida até a morte pela polícia por um detalhe fútil. Ela não arrumou direito o véu sobre sua cabeça, deixando aparecer um pedaço de seu cabelo, o que foi considerado um crime extremamente ofensivo e lhe causou a morte. Em sua publicação, Farhadi assumiu uma postura clara de confronto ao regime, afirmando que apoia Taraneh e exigiu “sua libertação ao lado de seus colegas cineastas Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof e todos os outros prisioneiros menos conhecidos, cujo único crime é a tentativa de uma vida melhor”. Taraneh Alidoosti é uma das atrizes mais famosas do Irã. “O Apartamento” foi o quarto filme em que trabalhou com o premiado cineasta Asghar Farhadi, sempre em papéis em que precisa lidar com os costumes conservadores do Irã. Seu desempenho mais famoso foi como a liberal Elly de “Procurando Elly” (2009), cujo desaparecimento/morte precipita uma crise moral num grupo de amigos. O filme deu muito o que falar e rendeu o prêmio de Melhor Direção para Farhadi no Festival de Berlim, além de vencer o Festival de Tribeca, em Nova York. O anúncio de sua detenção é o mais recente de uma série de prisões de celebridades, incluindo jogadores de futebol, atores e influenciadores, devido ao apoio às manifestações antigovernamentais, que já duram três meses no país. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Asghar Farhadi (@asgharfarhadiofficial)
Jafar Panahi envia carta da prisão para o Festival de Veneza
O cineasta iraniano Jafar Panahi, que se encontra preso pelo regime ultraconservador de seu país, enviou uma mensagem em desafio à censura do Irã, que foi revelada no Festival de Veneza neste sábado (3/9). Um dos diretores mais premiados do Irã, que já venceu o Leão de Ouro de Veneza com “O Círculo” (2009), Panahi participa do festival deste ano com seu novo filme, “No Bears”, apesar de estar preso desde o mês passado, condenado a seis anos de encarceramento por fazer “propaganda contra o governo”. A propaganda consiste em filmes de temática social e o apoio do diretor aos protestos de 2009 contra a reeleição do ultraconservador Mahmud Ahmadinejad como presidente da República Islâmica. Detido por dois meses em 2010, ele já tinha passado 12 anos em prisão domiciliar e proibido de filmar por 25 anos. Apesar da sentença, ele conseguiu enviar a carta de sua cela na prisão, que o diretor do festival, Alberto Barbara, leu no início de um painel do festival intitulado “Cineastas sob ataque: fazendo um balanço, agindo”. “Somos cineastas, para nós viver é criar”, escreveu Panahi. “O trabalho que criamos não é encomendado [portanto] alguns de nossos governos nos veem como criminosos… alguns [cineastas] foram proibidos de fazer filmes, outros foram forçados ao exílio ou reduzidos ao isolamento. E, no entanto, a esperança de criar novamente é uma razão de existência.” Panahi foi o terceiro cineasta iraniano a ser preso no país em agosto. Além dele, também foram jogados em prisões Mohammad Rasoulof, que venceu o Urso de Ouro de Berlim com “Não Há Mal Algum” (2020), e Mostafa Aleahmad (“Poosteh”), em meio a uma onda de repressão aos artistas em todo o país. Panahi foi preso depois de protestar contra as prisões de Rasoulof e Aleahmad. O produtor de “Não Há Mal Algum”, Kaveh Farnam, disse no painel de Veneza, que o governo do Irã realiza “um grande ataque ao cinema iraniano independente, aos cineastas e tudo que não compartilha 100% da mesma ideologia do governo”. Fazer cinema no Irã, disse Farnam, “não é um direito, é um privilégio. O governo dá o privilégio a quem faz propaganda ou apresenta outra imagem [positiva] do país”. Quem não se sujeitar a isso ou não faz cinema ou é preso. Ele agradeceu à comunidade internacional por “fazer barulho” em apoio aos cineastas iranianos, mas alertou que a repressão “ainda não terminou” e outros cineastas correm riscos. Além da situação no Irã, o painel discutiu a perseguição de cineastas em outros países, com destaque para a repressão na Turquia, Egito e Mianmar. Um dos casos mais absurdos lembrados foi o do cineasta turco Cidgem Mater, que não foi preso por fazer um filme, mas “por pensar em fazer um filme” sobre um assunto proibido. Mater também enviou uma carta a Veneza, escrita de sua cela na prisão, agradecendo à comunidade cinematográfica internacional por seu apoio. Vanja Kalurdjercic, diretora do Festival Internacional de Cinema de Roterdã e uma das fundadoras da Comissão Internacional de Cineastas em Risco (ICFR, na sigla em inglês), disse que é necessário que a comunidade cinematográfica global “soe um alarme muito alto” sobre o “aumento dramático” de censura, prisão e abuso de cineastas em todo o mundo. Até agora, o ICFR arrecadou 420 mil euros para ajudar cineastas na Ucrânia e conseguiu ajudar centenas de integrantes da indústria cinematográfica do Afeganistão a fugir do país em segurança, após a nova ascensão do Talebã.
Vencedor do Urso de Ouro, Jafar Panahi vai passar seis anos em prisão do Irã
O cineasta iraniano Jafar Panahi voltou a ser preso na semana passada em Teerã e condenado a cumprir seis anos de prisão, anunciaram as autoridades judiciais iranianas nesta terça-feira (19/7). A sentença se refere a um processo de 2010, que ele cumpriu em prisão domiciliar – desconsiderada na nova sentença. Segundo declaração oficial do porta-voz Masud Setayeshi, ele já foi transferido para o centro de detenção de Evin para cumprir sua pena. O cineasta foi considerado culpado de “propaganda contra o governo” por apoiar os protestos de 2009 contra a reeleição do ultraconservador Mahmud Ahmadinejad como presidente da República Islâmica. Detido por dois meses em 2010, ele foi colocado em prisão domiciliar e proibido de filmar por 25 anos. Mas Panahi resistiu. Continuou fazendo filmes de forma ilegal. O documentário “Isto Não É um Filme” (2011), que retratou seu cotidiano sob as restrições do governo, foi levado para o Festival de Cannes em 2011 dentro de um bolo de aniversário. “Cortinas Fechadas” também teve que ser contrabandeado para fora do país. Em ambos os casos, ele filmou dentro dos limites de sua prisão domiciliar. Mas, em enfrentamento declarado, foi às ruas disfarçado para rodar “Táxi Teerã”, vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim de 2015. Após o final do período previsto de prisão domiciliar, esteve ainda mais à vontade para filmar “3 Faces”, que venceu o troféu de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2018. A decisão de envia-lo para uma prisão, porém, deu-se por um motivo sem relação aos filmes que rodou. Na segunda passada (11/7), Panahi decidiu acompanhar o caso de outro vencedor do Urso de Ouro, Mohammad Rasulof (“Não Há Mal Algum”), preso pelo regime. Ao chegar ao tribunal de Teerã, foi preso em flagrante, apesar do período cumprido em prisão domiciliar. Rasoulof foi detido junto com seu colega Mostafa Aleahmad por participar de protestos relacionados ao desabamento de um um prédio no sudoeste do país em maio. A tragédia provocou vários protestos no país em solidariedade com as famílias das vítimas e contra as autoridades, acusadas de corrupção e incompetência. O acúmulo de prisões de cineastas no Irã tem despertado protestos na comunidade cinematográfica mundial. Os organizadores do Festival de Cannes declararam que condenam veementemente as prisões, bem como “a onda de repressão realizada pelo Irã contra seus artistas”. Por sua vez, o Festival de de Veneza pediu a “libertação imediata” dos diretores de cinema, enquanto o festival de Berlim disse que se sente “consternado e indignado” com a prisão. Na sexta-feira (15/7), o Ministério das Relações Exteriores da França denunciou um fenômeno que ilustra “a perturbadora deterioração da situação dos artistas no Irã”. Entretanto, não são apenas diretores de cinema que incomodam as autoridades iranianas. Qualquer comportamento considerado impróprio tem rendido dura repressão. Em maio de 2014, a polícia prendeu homens e mulheres que gravaram um vídeo em que dançavam a música “Happy”, de Pharrell Williams. Apesar da repercussão internacional, inclusive com apelo do músico, os detidos foram condenados a seis meses de prisão e 91 chicotadas.
Diretor vencedor do Urso de Ouro é preso no Irã
As autoridades iranianas prenderam na sexta-feira (8/7) um dos cineastas mais importantes do país. O premiado diretor Mohammad Rasoulof foi detido junto com seu colega Mostafa Aleahmad por participar de protestos relacionados ao desabamento de um um prédio no sudoeste do país em maio, informou a agência estatal de noticias Irna. O edifício Metropol, que estava em construção em Abadan, uma das principais cidades da província de Khuzestan, sudoeste do país, desabou parcialmente em uma rua muito movimentada. A tragédia provocou vários protestos no país em solidariedade com as famílias das vítimas e contra as autoridades, acusadas de corrupção e incompetência. Durante as manifestações, a polícia iraniana usou gás lacrimogêneo, deu tiros de advertência e anunciou detenções. Muitos iranianos pediram o julgamento dos responsáveis pela tragédia. Em vez disso, a polícia do país foi atrás de quem protestou. Rasoulof e Aleahmad foram presos por “incitar distúrbios e perturbar a segurança psicológica da sociedade”, segundo a IRNA. Os produtores iranianos de seus filmes divulgaram um alerta, transmitido pela distribuidora americana Kino Lorber, de que os dois cineastas foram enviados para detenção em um local desconhecido. Reconhecido mundialmente por seu talento artístico, Rasulof venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim em 2020 pelo filme “Não Há Mal Algum”, mas já na época sofreu consequências da repressão do país, que não lhe permitiu viajar à Alemanha para participar do evento. Rasulof teve seu passaporte confiscado depois do lançamento de seu filme anterior, “Um Homem Íntegro”, em 2017, exibido no Festival de Cannes, onde também foi premiado – venceu a mostra Um Certo Olhar. Ele também encontra-se proibido de fazer filmes, porque estaria usando o cinema para fazer “propaganda contra o sistema”. “Não Há Mal Algum” acompanhava quatro histórias que questionavam até que ponto a liberdade individual poderia ser expressa sob um regime despótico e suas ameaças aparentemente inescapáveis. O “sistema” iraniano deu a resposta na prática.
Festival de Berlim 2021 anuncia júri com vencedores do Urso de Ouro
A organização do Festival de Berlim anunciou os membros do júri de sua edição deste ano, que acontecerá em março totalmente online. A lista é composta por seis cineastas premiados com o Urso de Ouro em edições anteriores e, excepcionalmente, não destaca um presidente do júri. Os membros incluem o iraniano Mohammad Rasoulof (premiado em 2020 por “There Is No Evil”), o israelense Nadav Lapid (de “Sinônimos”, 2019), a romena Adina Pintilie (“Não Me Toque”, 2018), a húngara Ildikó Enyedi (“Corpo e Alma”, 2017), o italiano Gianfranco Rosi (“Fogo no Mar”, 2016) e a bósnia Jasmila Zbanic (“Em Segredo”, 2006). Esses seis diretores “não só expressam diferentes formas de fazer filmes intransigentes e de criar histórias corajosas, mas também representam uma parte da história do Festival de Berlim”, afirmou em nota o diretor artístico do festival, Carlo Chatrian. Os filmes selecionados para a competição principal serão anunciados em 11 de fevereiro. Já o festival acontecerá de 1 a 5 de março, com uma competição online que premiará o melhor com o Urso de Ouro. A Berlinale, responsável pelo evento, ainda planeja realizar exibições dos filmes de 9 a 20 de junho em telas grandes, tanto em salas quanto ao ar livre, ocasião em que, inclusive, serão entregues os prêmios aos vencedores.
Nova Ordem abre a Mostra de São Paulo com exibições em drive-in e online
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo tem início neste quinta (22/10), com uma cerimônia de abertura para convidados às 19h, no Belas Artes Drive-in, no Memorial da América Latina. Mas para o público em geral, a programação só começa à meia-noite. O filme de abertura é “Nova Ordem”, de Michel Franco, vencedor do Grande Prêmio do Júri no recente Festival de Veneza. Na trama, um casamento luxuoso da elite dá errado, enquanto a Cidade do México ferve com protestos. Pelo ponto de vista de Marianne, a jovem e simpática noiva, e dos criados, o filme retrata o colapso de um sistema político e um golpe de Estado violento. O público poderá ver “Nova Ordem” pela plataforma de streaming da Mostra, a Mostra Play (https://mostraplay.mostra.org/), por 24 horas, entre esta meia-noite e a próxima. A programação, que será exibida até 4 de novembro, também estará disponível no Spcine Play e Sesc Digital, que exibirão sessões gratuitas, enquanto os filmes da Mostra Play terão ingresso a R$ 6. Já as sessões presenciais serão realizadas no Belas Artes Drive-In e no Sesc Drive-In (do Sesc Parque Dom Pedro). Além do polêmico filme do mexicano Michel Franco, a seleção ainda inclui entre seus destaques “Não Há Mal Algum”, do iraniano Mohammad Rasoulof, vencedor do último Festival de Berlim, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, do português João Botelho, baseado no livro homônimo de José Saramago, “Berlim Alexanderplatz”, do alemão-afegão Burhan Qurbani, “Gênero, Pan”, do filipino Lav Diaz, “Mães de Verdade”, da japonesa Naomi Kawase, “Crianças do Sol” (Sun Children), do iraniano Majid Majidi, “Miss Marx”, da italiana Susanna Nicchiarelli, além dos documentários “Kubrick por Kubrick”, do francês Gregory Monro, sobre o diretor Stanley Kubrick, “Sportin’ Life”, do americano Abel Ferrara, e “Coronation”, do chinês Ai Weiwei, que mostra o começo da pandemia de covid-19 em Wuhan. O pôster do evento foi criado pelo cineasta chinês Jia Zhang-Ke, que também estará presente com seu documentário “Nadando Até o Mar Ficar Azul”. A arte de Zhang-Ke também virou a vinheta da Mostra, mostrando um acendedor de incensos de Fenyang, cidade natal do cineasta, durante um ritual para o Deus da Literatura. Já os destaques nacionais incluem as premières de “Verlust”, de Esmir Filho, que reúne Andrea Beltrão e a cantora Marina Lima no elenco, “Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda Maria, exibido nos festivais de Cannes, Toronto e San Sebastian, e “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani, que integrou a Mostra Panorama do Festival de Berlim e foi adquirido pela Netflix. Com 36 filmes, a seleção brasileira traz ainda “Ana. Sem Título”, de Lúcia Murat, “O Lodo”, de Helvécio Ratton, “Curral”, de Marcelo Brennand, e “Mulher Oceano”, estreia da atriz Djin Sganzerla na direção, entre outras produções. Apesar do número de títulos ter caído drasticamente em relação a anos anteriores, a Mostra conseguiu reunir quase 200 filmes – exatamente 198 produções de 71 países – para sua edição da pandemia. São bem menos obras que as 327 do ano passado, mas mais países que os 65 representados em 2019. Do total, 88 títulos concorrerão ao troféu Bandeira Paulista na seção Novos Diretores, que premia obras de novos cineastas – que realizam seu primeiro ou segundo longa-metragem. As condições diferenciadas deste ano também significam que a Mostra não trará convidados internacionais para acompanhar as exibições. A presença dos diretores e de profissionais dos filmes selecionados se dará por meio de vídeos enviados previamente, entrevistas especiais gravadas e também lives. Veja abaixo o trailer do filme de abertura.
Mostra de São Paulo anuncia programação com sessões virtuais e drive-in
A organização da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo revelou neste sábado (10/10), numa live no YouTube, que a 44ª edição do evento vai acontecer de forma virtual e com projeções em cines drive-in, mesmo com a liberação dos cinemas na capital paulista neste fim de semana. A programação, que será exibida entre 22 de outubro e 4 de novembro, estará disponível no Spcine Play, Sesc Digital e num novo aplicativo do evento, Mostra Play. As duas primeiras plataformas exibirão sessões gratuitas, enquanto os filmes da Mostra Play terão ingresso a R$ 6,00. Já as sessões presenciais serão realizadas no Belas Artes Drive-In e no Sesc Drive-In (do Sesc Parque Dom Pedro). Alguns títulos de filmes também foram revelados durante a transmissão online. O longa-metragem escolhido para a abertura é o polêmico mexicano “Nova Ordem” (foto acima), de Michel Franco, vencedor do Grande Prêmio do Júri no recente Festival de Veneza. A seleção ainda inclui entre seus destaques “Não Há Mal Algum”, do iraniano Mohammad Rasoulof, vencedor do último Festival de Berlim, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, do português João Botelho, baseado no livro homônimo de José Saramago, “Berlim Alexanderplatz”, do alemão-afegão Burhan Qurbani, “Gênero, Pan”, do filipino Lav Diaz, “Mães de Verdade”, da japonesa Naomi Kawase, “Crianças do Sol” (Sun Children), do iraniano Majid Majidi, “Miss Marx”, da italiana Susanna Nicchiarelli, além dos documentários “Kubrick por Kubrick”, do francês Gregory Monro, sobre o diretor Stanley Kubrick, “Sportin’ Life”, do americano Abel Ferrara, e “Coronation”, do chinês Ai Weiwei, que mostra o começo da pandemia de covid-19 em Wuhan. O pôster do evento foi criado pelo cineasta chinês Jia Zhang-Ke, que também estará presente com seu documentário “Nadando Até o Mar Ficar Azul”. A arte de Zhang-Ke também virou a vinheta da Mostra, mostrando um acendedor de incensos de Fenyang, cidade natal do cineasta, durante um ritual para o Deus da Literatura. Já os destaques nacionais incluem as premières de “Verlust”, de Esmir Filho, que reúne Andrea Beltrão e a cantora Marina Lima no elenco, “Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda Maria, exibido nos festivais de Cannes, Toronto e San Sebastian, e “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani, que integrou a Mostra Panorama do Festival de Berlim e foi adquirido pela Netflix. Com 36 filmes, a seleção brasileira traz ainda “Ana. Sem Título”, de Lúcia Murat, “O Lodo”, de Helvécio Ratton, “Curral”, de Marcelo Brennand, e “Mulher Oceano”, estreia da atriz Djin Sganzerla na direção, entre outras produções. Apesar do número de títulos ter caído drasticamente em relação a anos anteriores, a Mostra conseguiu reunir quase 200 filmes – exatamente 198 produções de 71 países – para sua edição da pandemia. São bem menos obras que as 327 do ano passado, mas mais países que os 65 representados em 2019. Do total, 88 títulos concorrerão ao troféu Bandeira Paulista na seção Novos Diretores, que premia obras de novos cineastas – que realizam seu primeiro ou segundo longa-metragem. As condições diferenciadas deste ano também significam que a Mostra não trará convidados internacionais para acompanhar as exibições. A presença dos diretores e de profissionais dos filmes selecionados se dará por meio de vídeos enviados previamente, entrevistas especiais gravadas e também lives. Veja abaixo a vinheta oficial da 44ª edição.
Diretor vencedor do Festival de Berlim é condenado à prisão no Irã
O Irã resolveu comemorar a vitória de “There Is No Evil” no Festival de Berlim, no fim de semana passado, de forma característica dos regimes autoritários. O diretor Mohammad Rasoulof, premiado com o Urso de Ouro, recebeu ordem de prisão. Rasoulof estava proibido de filmar e com mobilidade restrita. Tanto que não pôde viajar a Berlim para participar do festival. Na premiação, foi representado por sua filha, Baran Rasoulof, que atua em “There Is No Evil”. O Urso de Ouro não foi sua primeira consagração internacional. Em 2011, ele foi considerado o Melhor Diretor do Festival de Cannes pelo filme “Goodbye”. Mas esta vitória lhe rendeu uma condenação de prisão domiciliar e a proibição de filmar por 20 anos por fazer “propaganda anti-regime”. A nova sentença da justiça iraniana é mais dura, pois troca sua prisão domiciliar por pena na cadeia. Ele foi condenado a um ano de prisão em regime fechado, segundo informaram seus advogados à imprensa internacional. Rasoulof não se entregará às autoridades e recorrerá da ordem, especialmente devido ao atual surto de coronavírus no Irã, disseram os advogados. As autoridades já enviaram 54 mil presos para casa temporariamente, em uma tentativa de impedir que o vírus se espalhasse pelo sistema penal do país. Até o momento, não houve nenhuma notificação oficial da mídia estatal sobre a condenação de Rasoulof, nem nenhum comentário das autoridades judiciais do país. Considerado um dos maiores diretores iranianos da atualidade, Rasoulof é também um dos mais censurados. Ele jamais teve seus filmes exibidos em seu país.
Drama iraniano filmado em segredo por preso político vence Festival de Berlim
O filme “There Is No Evil”, do iraniano Mohammad Rasoulof, venceu o Urso de Ouro do 70º Festival de Berlim, em uma edição de forte caráter político. O júri presidido pelo ator britânico Jeremy Irons concedeu o prêmio máximo à obra de Rasoulof, que alinha histórias protagonizadas por militares encarregados de executar condenados pelo estado. O longa foi filmado em segredo, porque o diretor é considerado preso político e está supostamente proibido de filmar. Rasoulof, inclusive, cumpre prisão domiciliar devido a seu longa anterior, “Lerd”, que denunciou a corrupção no Irã e foi premiado em Cannes em 2017. O governo iraniano considerou o filme um “perigo para a segurança nacional” e peça de “propaganda contra o regime islâmico”. Para piorar seu caso, ele é reincidente, pois também foi condenado por “Manuscritos não Queimam”, igualmente premiado em Cannes em 2013. Foi nesta ocasião que foi proibido de filmar por 20 anos. “There Is No Evil” já é seu segundo filme desde esta proibição. “Gostaria que ele estivesse aqui. Muito obrigado a toda esta equipe incrível que arriscou sua vida para estar no filme”, disse o produtor Farzad Pak ao receber o troféu, junto da filha do diretor, Baran Rasoulof, que também atuou no longa. Favorito da crítica presente no festival, “Never Rarely Sometimes Always”, da americana Eliza Hittman, que causou comoção ao defender o direito ao aborto, levou o Grande Prêmio do Júri, considerado o 2º lugar da premiação. O drama de duas adolescentes do interior da Pensilvânia que viajam a Nova York para terminar uma gravidez indesejada já havia sido premiado em Sundance, em janeiro, e ainda deve dar muito o que falar ao longo do ano. A onda sul-coreana que impulsionou “O Parasita” durante sua trajetória vitoriosa de Cannes ao Oscar continuou em Berlim na premiação de Hong Sang-soo como Melhor Diretor por “The Woman Who Ran”, sobre encontros de uma jovem casada com amigas do passado. O Urso de Prata de Melhor Atriz foi conquistado pela alemã Paula Beer, por “Undine”, de Christian Petzold, que vive uma guia de turismo de Berlim numa história de amor relacionada ao mito das sereias, enquanto a estatueta prateada de Melhor Ator ficou com o italiano Elio Germano por “Hidden Away” (Volevo Nascordermi), de Giorgio Diritti, no qual interpreta um pintor com problemas físicos e psicológicos. A Itália também levou o troféu de Melhor Roteiro, vencido pelos irmãos Damiano e Fabio D’Innocenzo por “Favolacce”, que eles também dirigiram. “Irradieted”, do cambojano Rithy Panhm, foi eleito o Melhor Documentário da seleção oficial. O único candidato brasileiro na mostra competitiva, “Todos os Mortos”, não recebeu nenhuma menção. O trabalho dos diretores Marco Dutra e Caetano Gotardo foi recebido com frieza pela crítica internacional. Confira abaixo a lista completa dos vencedores. Urso de Ouro – Melhor Filme “There Is No Evil”, de Mohammad Rasoulof – Irã Grande Prêmio do Júri “Never Rarely Sometimes Always”, de Eliza Hittman – EUA Melhor Direção Hong Sang-soo, por “The Woman Who Ran” – Coreia do Sul Melhor Atriz Paula Beer, por “Undine” – Alemanha Melhor Ator Elio Germano, por “Hidden Away” (Volevo Nascordermi) – Itália Melhor Roteiro “Favolacce”, de Damiano D’Innocenzo e Fabio D’Innocenzo – Itália Melhor Contribuição Artística Fotografia de “DAU. Natasha”, de Ilya Khrzhanovskiy e Jekaterina Oertel – Rússia Prêmio Especial da 70º Berlinale “Effacer l’Historique”, de Benoìt Delépine e Gustave Kervern – França Melhor Documentário “Irradiated”, de Rithy Panh – Camboja
Drama iraniano clandestino vence a mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes
O drama iraniano “Lerd” (A Man Of Integrity) foi o vencedor da mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes 2017. Filmado em segredo pelo diretor Mohammad Rasoulof, o longa é uma crítica ao regime opressor iraniano. A trama se concentra num professor perseguido politicamente por ter feito protestos contra a qualidade da comida de uma fábrica. É a terceira vez que Rasoulof é premiado na mostra Um Certo Olhar. Em 2011, conquistou o prêmio de Melhor Diretor por “Goodbye”, mas já na ocasião enfrentou censura política, tendo sido proibido de sair de seu país para participar do festival francês. Ele acabou condenado a seis anos de prisão pela mensagem “subversiva” de seus filmes. Mesmo assim, rodou clandestinamente “Manuscritos não Queimam”, justamente sobre a experiência de ser um preso político, premiado pela crítica na Um Certo Olhar de 2013. Destinada a exibir obras com uma linguagem mais experimental, a mostra Um Certo Olhar é a seção paralela de maior prestígio de Cannes, seguida pela Semana da Crítica, cuja edição deste ano foi vencida pelo filme brasileiro “Gabriel e a Montanha”, de Fellipe Barbosa O júri presidido pela atriz Uma Thurman também premiou o americano Taylor Sheridan como Melhor Diretor, por “Wind River”, um thriller violento sobre a morte de uma jovem numa reserva indígena nos Estados Unidos, estrelado por Jeremy Renner e Elizabeth Olsen (ambos de “Vingadores: Era de Ultron”). Neste ano, Sheridan já tinha sido indicado ao Oscar como Roteirista, por “A Qualquer Custo”. Os demais premiados foram o mexicano “Las Hijas de Abril”, de Michel Franco, sobre a gravidez de uma adolescente, que venceu o Prêmio do Júri, a atriz italiana Jasmine Trinca, como Melhor Intérprete por “Fortunata”, e o francês Mathieu Almaric com uma Menção Honrosa pela direção “Barbara”. Vencedores da Mostra Um Certo Olhar 2017 Melhor Filme “Lerd” (A Man Of Integrity) – Irã Melhor Direção Taylor Sheridan (“Wind River”) – Estados Unidos Melhor Atuação Jasmine Trinca (“Fortunata”) – Itália Prêmio do Juri “Las Hijas de Abril” – México Menção Honrosa Mathieu Almaric (“Barbara”) – França







