10 filmes novos pra ver em casa no feriadão
A programação digital de lançamentos está intensa neste feriadão, repleta de boas novidades. Além de dois sucessos que estiveram recentemente nos cinemas, disponibilizados nas locadoras virtuais, há muitas estreias exclusivas nas plataformas de streaming. E muitas estrelas famosas também, como Taís Araújo, Sandra Bullock, Chris Hemsworth, Dakota Johnson, Andy Garcia e outros. Entre os 10 principais destaques, 9 já podem ser vistos nesta quinta (16/6). Apenas “Pleasure” precisa ser “agendado”, já que só chega no MUBI na sexta-feira. Confira abaixo os títulos, os trailers e mais detalhes das sugestões desta semana. | MEDIDA PROVISÓRIA | VOD* A estreia de Lázaro Ramos como diretor de cinema produziu o filme mais falado do Brasil em 2022. Prenúncio do que virou o país, foi originalmente concebido em 2017 e adapta uma peça teatral de 2011, mas bolsonaristas veem claramente o governo de seu mito retratado no pesadelo descrito na tela. É mesmo infernal, para usar uma palavra da atriz Taís Araújo, uma das estrelas do elenco ao lado do inglês Alfred Enoch (“How to Get Away with Murder”) e Seu Jorge (“Marighella”). A trama distópica se passa num futuro não muito distante, em que uma nova lei do governo federal de direita manda deportar todos os brasileiros de “melanina acentuada” para o continente africano. Com a desculpa de se tratar de uma reparação histórica, a iniciativa também visa acabar de vez com o racismo no Brasil, deixando o país só com brancos. Aplaudido pela crítica mundial, o filme foi comparado a “Corra!” e “The Handmaid’s Tale” nos EUA, atingindo 92% de aprovação no site americano Rotten Tomatoes. Tem sido exibido e premiado em festivais internacionais desde 2020, mas levou dois anos para chegar ao Brasil por enfrentar dificuldades envolvendo a Ancine, a Agência Nacional do Cinema – problema semelhante ao que também atrasou “Marighella”, de Wagner Moura, outro filme politizado com protagonista negro. | CHA CHA REAL SMOOTH | APPLE TV+ A dramédia indie que venceu o prêmio do público no Festival de Sundance deste ano conta como um jovem recém-formado acaba num emprego de animador de festas infantis, onde conhece e se envolve com uma jovem mãe solteira, vivida por Dakota Johnson (“Cinquenta Tons de Cinza”). Escrito, dirigido e estrelado por Cooper Raiff (“Shithouse”), o filme tem o nome de um meme americano, ilustrado por uma estátua horrorosa do dinossauro Barney, que é usado para se referir a alguém que fez algo idiota achando que arrasou. Vale lembrar que o vencedor de Sundance do ano passado, “No Ritmo do Coração”, também foi adquirido pela Apple… e venceu o Oscar de Melhor Filme de 2022. | PALM SPRINGS | STAR+ O conceito do “loop temporal” virou fenômeno pop com a comédia “Feitiço do Tempo” (1993). E depois de passar pela sci-fi, terror e até por séries, finalmente volta ao gênero original neste filme divertidíssimo, em que Cristin Milioti (“How I Met Your Mother”) e Andy Samberg (“Brooklyn Nine-Nine”) acordam sempre no mesmo dia. Presos num reboot infinito, os dois decidem viver como se não houvesse amanhã. E literalmente não há. O roteiro de Andy Siara (“Lodge 45”) foi indicado ao prêmio do Sindicato dos Roteiristas e premiado no Spirit Awards. O filme dirigido pelo curtametragista Max Barbakow ainda atingiu 95% de aprovação no Rotten Tomatoes. E seu elenco ainda inclui em seu elenco J.K. Simmons (“Counterpart”), Peter Gallagher (“Covert Affairs”), Camila Mendes (“Riverdale”) e Tyler Hoechlin (“Superman e Lois”). | CIDADE PERDIDA | CLARO TV+, VOD* A comédia estrelada por Sandra Bullock (“Imperdoável”) e Channing Tatum (“Magic Mike”) segue uma escritora de romances de aventura que se vê forçada a fazer uma turnê literária com o modelo de capa de seu novo livro. Irritada com a companhia do bonitão sem conteúdo, ela se vê numa situação ainda mais indesejável ao ser sequestrada. Mas até isso piora, quando o tal modelo sem noção resolve tentar salvá-la, fazendo com que os dois acabem perdidos na selva. No meio dessa confusão, ainda há uma trama de tesouro perdido, um vilão vivido por Daniel Radcliffe (o “Harry Potter”) e participação especial de Brad Pitt (“Era uma Vez… em Hollywood”). O roteiro é da dupla Dana Fox (“Megarrromântico”) e Oren Uziel (“Mortal Kombat”) e a direção dos irmãos Adam e Aaron Nee (“The Last Romantic”). | SPIDERHEAD | NETFLIX O diretor Joseph Kosinski, que atualmente voa alto nas bilheterias mundiais com “Top Gun: Maverick”, assina este thriller estrelado por Chris Hemsworth (“Thor”). A trama é baseado num conto de ficção científica de George Saunders e se passa em um futuro próximo, quando condenados podem se voluntariar como pacientes de experiências médicas para encurtar suas sentenças. Os testes a que se submetem são de drogas que alteram as emoções. Mas a situação logo sai de controle, quando as emoções passam do amor para a raiva, com resultados sangrentos. O filme tem roteiro da dupla Rhett Reese e Paul Wernick (“Deadpool”) e destaca em seu elenco Miles Teller (“Top Gun: Maverick”), Jurnee Smollett (“Aves de Rapina”), Tess Haubrich (“Treadstone”) e Charles Parnell (outro de “Top Gun: Maverick”). | THE GIRL AND THE SPIDER | MUBI O segundo filme dos gêmeos suíços Ramon e Silvan Zürcher, quase uma década após sua estreia com o premiado “A Gatinha Esquisita” (2013), usa a experiência renovadora e traumatizante de uma mudança para explorar o simbolismo da situação. Sem muitas explicações, os personagens surgem entre caixas transportadas, reformas e plantas imobiliárias, para apenas aos poucos servir à tensão entre uma jovem que festeja sua nova moradia e outra que sofre uma experiência contrastante, ajudando na mudança sem ir junto, deixada no antigo apartamento com suas emoções. Vendeu dois troféus na mostra Encounters do Festival de Berlim, dedicada a filmes com uma perspectiva independente: Melhor Direção e o Prêmio da Crítica. | PLEASURE | MUBI Uma das produções mais provocantes do ano – em mais de um sentido – , a estreia premiada da diretora sueca Ninja Thyberg mostra com crueza realista os bastidores da indústria de filmes adultos. A câmera acompanha uma jovem de 19 anos (Sofia Kappel), que deixa sua pequena cidade da Suécia para se aventurar em Los Angeles com o objetivo de se tornar Jessica, a próxima grande estrela pornô mundial. Mas o caminho para esta consagração se prova mais acidentado do que ela imagina. Com cenas explícitas, mas artísticas – ao estilo de Gaspar Noé – , e com integrantes reais da indústria pornô californiana (Zelda Morrison é a principal coadjuvante), o filme traz um ponto de vista diferente da pornografia, desnudando as negociações de cenas adultas e as relações de poder entre artistas e empresários, em busca de sucesso nesse business. A obra chegou a disputar o prêmio de Descoberta do ano da Academia Europeia de Cinema. Perdeu para “Bela Vingança”, mas venceu outros oito troféus internacionais, inclusive o Prêmio do Júri no Festival de Deauville, na França. | O PAI DA NOIVA | HBO MAX Andy Garcia (de “Onze Homens e um Segredo”) tem o papel-título na versão latina (cubana-americana) da conhecida premissa, em que um pai orgulhoso prepara o casamento da filha (Adria Arjona, de “Morbius”) com o noivo (Diego Boneta, de “O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio”). Na nova adaptação, ele também guarda um segredo sobre seu próprio casamento (com a cantora Gloria Estefan), que se encaminha para um divórcio. Baseada num romance de Edward Streeter, esta história tem sido filmada desde 1960, quando Spencer Tracy foi o pai da noiva, e até virou uma série em 1961, mas é mais lembrada pela adaptação de 1991, estrelada por Steve Martin, que chegou a ganhar sequência quatro anos depois. A nova versão foi escrita por Matt Lopez (“O Aprendiz de Feiticeiro”) e dirigida por Gary Alazraki (“Club de Cuervos”). | CRUSH: AMOR COLORIDO | STAR+ Depois de divertidas rom-coms com adolescentes enrustidos, “Crush” abre o arco-íris LGBTQIAP+ com uma história moderna sobre uma estudante de high school assumidíssima em busca do primeiro amor. Na trama, a jovem Page decide ir contra todas suas inclinações artísticas para entrar no time de atletismo da escola, apenas para se aproximar da menina por quem sempre foi apaixonada. Só que lá fica mais próxima da irmã de seu crush, e percebe que seu coração começa a balançar. Um detalhe interessante desse triângulo lésbico é que ele formado por estrelas da Disney. Page é vivida por Rowan Blanchard (protagonista da serie do Disney Channel “Garota Conhece o Mundo”) e seus crushes são Isabella Ferreira (atualmente na rom-com gay “Love, Victor”) e Auli’i Cravalho (ninguém menos que a “Moana”). “Crush” é o primeiro longa da diretora Sammi Cohen (da série “CollegeHumor Originals”) e seu elenco ainda inclui Megan Mullally (da pioneira sitcom gay “Will & Grace”) como a mãe da protagonista e Tyler Alvarez (“Eu Nunca…”) no papel de seu melhor amigo. | NOITES QUENTES DE VERÃO | Vivo Play, VOD* Timothée Chalamet (“Duna”) vive um traficante adolescente nesta comédia de humor sombrio passada nos anos 1980. Na trama, ele descobre o submundo das drogas quando um desconhecido entra no estabelecimento em que ele trabalha e pede para esconder um punhado de maconha, segundos antes da polícia aparecer. Vítima de bullying na escola, o jovem imagina que esse acesso às drogas pode lhe tornar descolado e oferece ao traficante uma parceria para explorar o mercado potencial do Ensino Médio. Ele até fica com a garota de seus sonhos. Mas ser traficante tem seus percalços, como descobre entre socos e tiros de parceiros perturbadores. Escrito e dirigido pelo estreante Elijah Bynum, o filme ainda traz em seu elenco Alex Roe (série “Sirens”) como o parceiro mais velho, Maika Monroe (“Corrente do Mal”) como o interesse romântico e ainda William Fichtner (“12 Heróis”), Thomas Jane (série “The Expanse”), Emory Cohen (“Brooklyn”), Maia Mitchell (“The Fosters”) e Jack Kesy (“The Strain”). * Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Google Play, Microsoft Store, Loja Prime e YouTube, entre outras, sem necessidade de assinatura mensal.
“Doutor Estranho 2” leva 3,5 milhões de brasileiros aos cinemas
“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” registrou a maior estreia do ano no Brasil. Em apenas quatro dias, o novo filme da Marvel levou 2,8 milhões de espectadores aos cinemas e faturou R$ 61,9 milhões, segundo dados da Comscore. Ao somar os números da pré-estreia (sessões adiantadas no começo da semana passada), a bilheteria do filme se torna ainda mais imponente, chegando a R$ 75,3 milhões e 3,5 milhões de espectadores no país. Mas talvez seja ainda mais impressionante constatar que todos, absolutamente todos os demais filmes exibidos entre quinta e domingo passado (8/5) tiveram somente 300 mil espectadores. A diferença é de quase 1000%. Sério, seríssimo. A concentração de público e renda é resultado direto da monopolização de 70% de todas as salas de cinema existentes no país para a exibição de um único título. Antes do governo Bolsonaro, a Ancine atuava junto às distribuidoras e ao circuito exibidor para impedir que isso acontecesse. Mas a regra atual é não ter regra – não se trata de uma hipotética “lei de mercado”, já que todo o mercado é regulado para evitar, justamente, monopólios. Assim, para “abrir espaço” para um único filme, outros saíram de cartaz ou ficaram com espaço reduzido, apesar do bom desempenho comercial. Isto aconteceu, por exemplo, com “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos. O ator e cineasta sentiu o impacto e reclamou. “É preciso de regulamentação e fiscalização. ‘Medida Provisória’ acabou de alcançar uma marca importante (350 mil espectadores), atingindo em três semanas números que outros filmes levam muito mais tempo para alcançar, e ainda assim o número de salas reduziu bastante”, ele disse ao jornal O Globo. “O público brasileiro mostrou que queria assistir ao filme e se fez presente nas salas, mas esse desejo do público precisa ser mais reconhecido e respeitado”, completou. Com a diminuição do circuito, o filme de Lázaro Ramos levou apenas 20 mil pessoas aos cinemas e arrecadou R$ 374 mil em ingressos vendidos nos últimos quatro dias. Desde a estreia, a produção acumula público de 368 mil espectadores. Veja abaixo a lista das 10 maiores bilheterias do Brasil no fim de semana, segundo a Comscore. #Top10Bilheteria #Filmes #Cinema 5 -9 Maio:1. #MultiversoDaLoucura 2. #SonicMovie2 3. #AnimaisFantasticos #Dumbledore 4. #CidadePerdida5. #JujutsuKaisen0 6. #DetetivesPredioAzul37. #MedidaProvisoriaOFilme 8. #DowntonAbbey2 9. #APiorPessoaDoMundo9. #AFratura — Comscore Movies BRA (@cSMoviesBrazil) May 9, 2022
“Animais Fantásticos 3” segue como filme mais visto no Brasil
“Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” manteve-se como o filme mais visto dos cinemas brasileiros pelo terceiro fim de semana consecutivo. Segundo dados da ComScore, o longa teve público de 254,9 mil entre quinta e domingo (1/5) e uma arrecadação de R$ 5,52 milhões nas bilheterias. Em 2º lugar, “Sonic 2: O Filme” rendeu R$ 4,67 milhões com 239,8 mil espectadores, enquanto o anime “Jujustu Kaisen 0”, estreante da semana, fechou o pódio com R$ 2,81 milhões e 141,3 mil ingressos vendidos. Dos títulos nacionais em cartaz, “Detetives do Prédio Azul 3: Uma Aventura no Fim do Mundo” e “Medida Provisória” ficaram em 5º e em 6º lugares, respectivamente com 90,9 mil espectadores e faturamento de R$ 1,83 milhão e 50,2 mil espectadores e R$ 1,05 milhão nas bilheterias. Ao todo, 928,2 mil pessoas foram aos cinemas entre quinta-feira e domingo, uma queda significativa em relação ao fim de semana anterior, quando a marca foi de 1,56 milhão — 41% menos público. A expectativa é de reversão desses números a partir de quinta (5/5), quando estreia “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, o novo filme da Marvel. #Top10Bilheteria #Filmes #Cinema 28/4 – 1/5:1. #AnimaisFantasticos #Dumbledore 2. #SonicMovie2 3. #JujutsuKaisen #JujutsuKaisen0 4. #CidadePerdida 5. #DetetivesPredioAzul36. #MedidaProvisoriaOFilme 7. #Morbius8. #DowntonAbbey2 9. #Batman 8. #ACriançaDiabo — Comscore Movies BRA (@cSMoviesBrazil) May 2, 2022
“Animais Fantásticos 3” lidera bilheterias brasileiras
O prólogo de “Harry Potter” nem tomou conhecimento do “Harry Potter brasileiro”. Segundo dados da consultoria Comscore, “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” foi o filme mais visto do Brasil no fim de semana, com 550 mil espectadores e R$ 11,8 milhões de faturamento. Em duas semanas no circuito nacional, o filme do universo de “Harry Potter” já acumulou 1,9 milhão de espectadores e R$ 39 milhões em ingressos vendidos. “Sonic 2: O Filme” foi o segundo filme que mais levou pessoas aos cinemas no país: 462 mil, o que rendeu R$ 9 milhões de bilheteria. A estreia de “Cidade Perdida” ficou em 3º lugar, com público de 195 mil e arrecadação de R$ 4,1 milhões. Outra estreia de quinta passada (21/4), “Detetives do Prédio Azul 3: Uma Aventura no Fim do Mundo” conquistou o quarto maior público. A aventura infantil com bruxas nacionais teve 172 mil espectadores e R$ 3,4 milhões em ingressos vendidos. Mas como teve “pré-estreia” antecipada na semana passada, o filme já foi assistido por mais de 200 mil espectadores e chegou a R$ 4 milhões em bilheteria. O Top 5 se completa com outra produção brasileira. “Medida Provisória” atraiu 97,5 mil pessoas e arrecadou R$ 2 milhões em seu segundo fim de semana em cartaz. Desde a estreia oficial, em 14 de abril, a sci-fi distópica de Lázaro Ramos acumula público de 237 mil pessoas e R$ 4,6 milhões em bilheteria. E segue como segundo filme nacional mais visto do ano, atrás somente dos mais de 500 mil espectadores de “Tô Ryca 2”. Confira abaixo o ranking das 10 maiores bilheterias do fim de semana no Brasil, de acordo com levantamento da Comscore. #Top10Bilheteria #Filmes #Cinema 21 -24/4:1. #AnimaisFantasticos #Dumbledore 2. #Sonic #Sonic2 3. #CidadePerdida 4. #DetetivesDoPredioAzul35. #MedidaProvisoriaOFilme 6. #Morbius7. #Batman 8. #SEVENTEEN #PowerOfLove_TheMovie 9. #APiorPessoaDoMundo10. #ANoiteDoTriunfo — Comscore Movies BRA (@cSMoviesBrazil) April 25, 2022
“Medida Provisória” tem segunda maior estreia nacional de 2022
“Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” foi o filme mais visto em seu primeiro fim de semana de exibição no Brasil, segundo dados da consultoria Comscore. A produção da Warner Bros. levou cerca de 1 milhão de pessoas aos cinemas e arrecadou R$ 19,2 milhões, derrotando os líderes das semanas anteriores, respectivamente “Sonic 2: O Filme” (agora em 2º lugar, com 495 mil espectadores e R$ 9,6 milhões) e “Morbius” (3º lugar, com 122 mil pagantes e R$ 2,5 milhões). O lançamento nacional da quinta passada (14/4), “Medida Provisória”, ficou no 4º lugar, com 85,5 mil ingressos vendidos para um faturamento de R$ 1,8 milhão. Trata-se da segunda melhor estreia nacional de 2022 em termos de arrecadação, atrás apenas de “Tô Ryca 2”, que em sua abertura em fevereiro fez R$ 2,2 milhões. Além do filme de estreia de Lázaro Ramos como diretor, outros dois títulos nacionais figuraram na lista das 10 maiores bilheterias do fim de semana. O mais bizarro é que um deles não “estreou”. Apenas com sessões de pré-estreia (que no Brasil ganhou conotação de estreia disfarçada), “Detetives do Prédio Azul 3: Uma Aventura no Fim do Mundo” emplacou em 6º lugar, com 27 mil espectadores e R$ 587 mil. O filme só “estreia” oficialmente na próxima quinta (21/4). “Alemão 2” fecha o ranking com 1,3 mil pessoas e R$ 31 mil em bilheteria. Confira abaixo o Top 10 completo, segundo a Comscore. #Top10 #Bilheteria #Filmes #Cinema 14-17/4:1. #AnimaisFantasticos #Dumbledore 2. #Sonic #Sonic2 3. #Morbius 4. #MedidaProvisoriaOFilme 5. #Batman 6. #DetetivesPredioAzul (pré estreia)7. #CidadePerdida (pré estreia)8. #APiorPessoaDoMundo9. #OsCarasMalvados10. #Alemão2 — Comscore Movies BRA (@cSMoviesBrazil) April 18, 2022
Faladíssimo, “Medida Provisória” é o filme pra ver no cinema nesta semana
Repercutindo durante toda a semana, graças à cobertura ampla da mídia e divulgação espontânea de perfis bolsonaristas contrariados, “Medida Provisória” chega aos cinemas com um dos filmes mais falados do Brasil nos últimos tempos. Nem parece que vai enfrentar um lançamento do universo de “Harry Potter”, tamanha a diferença de expectativa gerada por sua estreia, ainda que “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” chegue em mais telas. A programação se completa com um documentário de K-pop e três títulos europeus de 2019, que aguardaram três anos por vaga no circuito limitado, além de sessões de pré-estreia de “DPA 3 – Uma Aventura no Fim no Mundo”, que vai disputar o público infantil de sexta (15) a domingo (17/4), antes do lançamento oficial. MEDIDA PROVISÓRIA A estreia de Lázaro Ramos como diretor de cinema produziu o filme mais falado do Brasil em 2022, da repercussão causada por sua exibição no “BBB” às redes sociais de políticos da extrema direita em busca de views. Prenúncio do que viraria o Brasil, foi planejado em 2017 e adapta uma peça teatral de 2011, mas bolsonaristas veem claramente o governo de seu mito retratado no pesadelo descrito na tela. Podia ser irônico, mas é mesmo infernal, para usar uma palavra da atriz Taís Araújo. A trama distópica se passa num futuro não muito distante, em que uma nova lei do governo federal de direita manda deportar todos os brasileiros de “melanina acentuada” para o continente africano. Com a desculpa de se tratar de uma reparação histórica, a iniciativa também visa acabar de vez com o racismo no Brasil, deixando o país só com brancos. Aplaudido pela crítica mundial, o filme foi comparado a “Corra!” e “The Handmaid’s Tale” nos EUA, atingindo 92% de aprovação no site americano Rotten Tomatoes. Tem sido exibido e premiado em festivais internacionais desde 2020, mas levou dois anos para chegar ao Brasil por enfrentar dificuldades envolvendo a Ancine, a Agência Nacional do Cinema, problema semelhante ao que também atrasou “Marighella”, de Wagner Moura, outro filme politizado com protagonista negro. Seu elenco destaca o inglês Alfred Enoch (de “Harry Potter” e “How to Get Away with Murder”), Seu Jorge (o “Marighella”), Taís Araújo (“Mister Brau”), Mariana Xavier (“Minha Mãe É uma Peça”), Adriana Esteves (“Benzinho”), Luís Miranda (“Crô em Família”), Renata Sorrah (“Árido Movie”), Jéssica Ellen (“Três Verões”) e o rapper Emicida. ANIMAIS FANTÁSTICOS: OS SEGREDOS DE DUMBLEDORE O terceiro prólogo de “Harry Potter” levanta a questão do quanto a nova franquia é realmente relevante para os fãs do bruxinho e qual a necessidade de estender sua narrativa de nota de rodapé por mais dois filmes, conforme planos da escritora/roteirista J.K. Rowling e do diretor David Yates, responsáveis por todos os capítulos lançados. Considerado medíocre pela crítica americana (56% de aprovação no Rotten Tomatoes), o filme “revela” os segredos de Dumbledore (Jude Law na versão mais jovem) já conhecidos pelos fãs da franquia: sua paixão pelo maior rival, Grindelwald (Madds Mikkelsen na versão politicamente correta). Representando a emergência do fascismo nos anos 1930, época em que o filme se passa, o vilão tenta transformar seus planos de extermínio em plataforma político-eleitoral, ao mesmo tempo em que o suposto protagonista Newt Scamander (Eddie Redmayne) embarca numa nova missão para justificar a quantidade absurda de coadjuvantes sem função na história, incluindo desta vez uma bruxa vivida pela brasileira Maria Fernanda Cândido (quase sem diálogos). O TRAIDOR O lançamento tardio do vencedor do David Di Donatello (o Oscar italiano) de 2020 coloca dois filmes com Maria Fernanda Cândido simultaneamente nos cinemas. Coprodução com o Brasil parcialmente bancado pela produtora nacional Gullane, o longa de Marco Bellocchio (“A Bela Que Dorme”) é uma cinebiografia de Tommaso Buscetta (vivido por Pierfrancesco Favino, da série “Marco Polo”), o o primeiro chefe de alto escalão da máfia a se transformar em informante da justiça – o traidor do título. Buscetta viveu o Brasil por um período e a produção tem cenas rodadas no Rio de Janeiro. Em seu primeiro papel internacional, Maria Fernanda interpreta a mulher do mafioso, que o convence a tomar a decisão de cooperar com a justiça italiana em 1984. A repercussão positiva da produção, que conquistou 21 prêmios importantes, abriu as portas para a atriz atuar no exterior. Depois do hollywoodiano “Animais Fantásticos 3”, ela já tem engatilhado o novo filme da francesa Lisa Azuelos (“Rindo à Toa”). VITALINA VARELA Mistura de documentário e ficção, o filme do premiado diretor português Pedro Costa (“Cavalo Dinheiro”) conta a história da mulher do título, nascida em Cabo Verde, que viu o marido ir embora para Lisboa em 1977, quando arranjou trabalho como pedreiro, e só foi conhecer Portugal recentemente quando ele morreu, para participar do enterro – que perdeu por chegar atrasada. O retrato de sua amargura chama atenção por ser lindamente fotografado, com cada frame assumindo aparência de pintura – visual reforçado pela predileção de filmagens noturnas e em ambientes internos de pouca luz, que conferem às cenas um visual expressionista. Venceu nada menos que 23 prêmios internacionais, inclusive o Sophia (o Oscar português) de 2020 nas categorias de Melhor Filme, Diretor, Atriz (a própria Vitalina Varela), Roteiro, Fotografia e Som (importante por ser um filme quase sem diálogos). LOLA E O MAR Indicado ao César (o Oscar francês) de 2020, o drama belga conta a história de Lola, uma adolescente trans que conta com o apoio de sua mãe para fazer a transição e mudar de vida. Só que a mãe morre repentinamente, o que leva Lola a bater de frente com seu pai distante e homofóbico, embarcando com ele numa jornada rumo ao mar para cumprir o último desejo da pessoa mais querida de sua vida. A estreante Mya Bollaers, que interpreta Lola, é um grande achado do diretor Laurent Micheli e sua performance valoriza muito a produção. SEVENTEEN POWER OF LOVE – THE MOVIE A banda de K-pop Seventeen ganha seu primeiro documentário depois de cinco álbuns de platina na Coreia do Sul, trazendo performances musicais e depoimentos de cada um de seus 13 (e não seventeen) integrantes.
Ataque de bolsonarista a “Medida Provisória” reforça denúncia do filme
O ex-chefe da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, retomou seus ataques ao filme “Medida Provisória”, confundindo a trama de ficção com o governo do qual fazia parte até recentemente. Em tuítes publicados nesta terça (12/3), Camargo afirma que o diretor Lázaro Ramos acusa Bolsonaro de deportar os cidadãos negros de volta para a África. E, por conta disso, pede que o filme seja boicotado. Mas o detalhe mais bizarro é que Camargo completou seu ataque sugerindo que negros de esquerda fossem realmente enviados para países africanos, sem se dar conta que seu ataque só reforça o argumento do filme, cada vez mais parecido com a realidade. Com estreia marcada para esta quinta (14/4), “Medida Provisória” é o primeiro longa dirigido pelo ator Lázaro Ramos. Conta a história de um Brasil distópico no qual o governo decide enviar a população negra para países africanos, num ato racista que tenta se passar por uma reparação histórica. Bolsonaro não é mencionado nenhuma vez no longa, que começou a ser produzido em 2017, dois anos antes do início do governo atual. A história, na verdade, é uma adaptação da peça “Namíbia, Não!”, escrita pelo também ator baiano Aldri Anunciação, que foi encenada para mais de 100 mil espectadores em 234 apresentações em 10 estados brasileiros, desde 2011. Em 2012, o texto foi publicado em livro e venceu o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria Ficção para Jovens, tornando Aldri Anunciação o primeiro negro a receber este prêmio por uma obra de ficção. Aparentemente, o ex-presidente da Fundação Palmares não tem muito conhecimento sobre a cultura afrodescendente, a ponto de ignorar a origem do filme e o marco de Anunciação. Esta foi a segunda vez que Camargo acusou o filme de Ramos de denunciar racismo do governo Bolsonaro. A primeira foi há 13 meses, em março de 2021. Na época, acusou sem ver o filme, espalhando fake news sobre seu conteúdo. Mas a cada nova manifestação, o candidato a deputado parece confirmar a denuncia artística exibida nas telas, pelo menos com negros que não votam em Bolsonaro. A assessoria do longa afirma que “qualquer ataque ao filme apenas representa o dirigismo cultural que, neste momento, quer determinar quais filmes podem ser realizados no país”. Já exibido e premiado em festivais internacionais desde 2020, “Medida Provisória” conta com 92% de aprovação no site americano Rotten Tomatoes e chega ao Brasil após enfrentar dificuldades envolvendo a Ancine, a Agência Nacional do Cinema, numa experiência semelhante à de “Marighella”, de Wagner Moura, outro filme com protagonista negro. Para Ramos, teria havido manobra burocrática para dificultar ou impedir (censura) a exibição do longa para o público brasileiro.
Lázaro Ramos denuncia falta de inclusão na Globo e é apoiado por autor de “Lado a Lado”
Lázaro Ramos soltou a língua contra a Globo, ao falar sobre o que motivou sua saída da empresa em que trabalhou por 18 anos e onde interpretou diversos personagens icônicos. Durante a entrevista coletiva do filme “Medida Provisória”, que marca sua estreia como diretor, Ramos escancarou que enfrentou dificuldades para lançar projetos com equipes negras na emissora carioca. “Troquei a Globo pela Amazon por estar um pouco cansado de pedir, como se eu fosse um pedinte, como se eu tivesse de implorar por uma coisa que é poderosa, que são os nossos profissionais, a nossa história”, declarou o ator, colocando na berlinda a baixa inclusão de profissionais negros na emissora. Para o artista, o mercado audiovisual brasileiro está muito “atrasado” em relação a outros países pela falta de representatividade. Por isso, destacou a importância de produzir um filme como “Medida Provisória”, que tem uma trama de fundo racial, é escrito e protagonizado por atores negros, como Taís Araújo, Seu Jorge e Alfred Enoch, e traz profissionais negros em várias funções. A denúncia de falta de inclusão da Globo foi endossada por João Ximenes Braga, que escreveu a novela “Lado a Lado”, estrelada por Ramos. “O maior ator brasileiro de sua geração e, apesar de estar na idade perfeita para isso, só foi protagonista – protagonista de fato, primeiro nome nos créditos – de uma única novela em toda sua carreira na emissora”, escreveu Braga no Facebook. O autor ainda apontou um responsável pela situação, ao lembrar que Silvio de Abreu estava à frente do departamento de dramaturgia da emissora durante os tempos criticados por Ramos. “Aqueles do ‘te detesta porque você é politicamente correto’, do ‘faz dela a nega burra’, da incrível novela baiana sem personagens negros, que cancelou ‘Cidade dos Homens’ apesar do sucesso, e que gestou a novela passada no período da escravidão em que atores negros eram segregados”, acusou. João Ximenes Braga também criticou Abreu ao lembrar do prestígio de “Lado a Lado”. “Outro dia me disseram que uma professora da USP, em meio a uma aula sobre letramento racial para os autores e pesquisadores da Globo, disse que ‘Lado a Lado’ era uma ‘ilha de excelência’ e que não entendia porque a emissora nunca mais fez novela similar – no tocante à questão racial. A resposta é tão simples. O que aconteceu depois de “Lado a Lado”? Ué, entrou a gestão em questão. E não será diferente em nova empresa [HBO Max]. Certos animais não mudam suas pintas, ou listras, se preferirem”, detonou. O filme “Medida Provisória” estreia na próxima quinta-feira (14/4), após ser premiado em festivais internacionais e atingir 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Em seguida, a Amazon vai lançar o segundo filme dirigido por Lázaro Ramos, “Um Ano Inesquecível – Outono”, que ainda não tem previsão de estreia.
“Medida Provisória” chega ao Festival do Rio sofrendo “operação padrão” da Ancine
A Ancine aproveitou a première nacional de “Medida Provisória”, primeiro longa de Lázaro Ramos, marcada para acontecer no Festival do Rio nesta quarta (15/12), para tentar se justificar em relação ao motivo que mantém o filme sem previsão de estreia comercial no Brasil. O entrave burocrático, que parece surgir apenas diante de determinados títulos, é o mesmo que fez “Marighella” demorar dois anos para ser lançado. Trata-se da retenção de verba do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) destinada a auxiliar a distribuição do filme. Não é verba pública, sempre é bom salientar. É dinheiro do próprio setor audiovisual, que paga uma taxa específica (Condecine) para investimento em conteúdo nacional. Esta verba é controlada pela Ancine, que desde o governo Bolsonaro tem um déficit de centenas de milhões – talvez bilhão – de reais que foram arrecadados e não direcionados para o audiovisual brasileiro – uma caixa preta para o próximo governo. O método adotado para manter o dinheiro distante de seu objetivo tem sido a burocracia. Reuniões específicas do FSA, que costumavam ser feitas no começo do ano fiscal durante os governos anteriores, agora acontecem no final do ano, engolindo-se assim 12 meses de verba sem destinação. E “filtros” pedidos publicamente por Bolsonaro tem encontrado alvos evidentes. Todos os filmes citados nominalmente pelo governo tem sofrido algum tipo de revés na Ancine, desde projetos LGBTQIAP+ que o presidente citou numa live e foram reprovados em edital, até a aplicação de “operação padrão” – nome dado à realização de um serviço seguindo os procedimentos operacionais padrão com rigor excessivo com o objetivo explícito de retardar ou dificultar – em produções que desagradam a chamada “ala ideológica” (extremistas radicais) do governo. Em sua nota oficial, a Ancine usou os argumentos de praxe para tentar transparecer que não há censura, mas trâmites burocráticos (isto é, operação padrão). “A Ancine informa que o filme “Medida Provisória” recebeu para a sua produção o valor total de R$ 2,7 milhões, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Atualmente o projeto encontra-se na fase de análise do pedido de investimento para a sua distribuição em salas de cinema. O investimento em distribuição é uma opção do Fundo para aumento da sua rentabilidade, a ser decidido após conclusão da análise técnica. O projeto, portanto, segue o trâmite normal no âmbito da Agência”, informou a agência. A orientação para usar burocracia como entrave encontra eco numa declaração do ex-PM que atualmente é secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciuncula. Em uma audiência da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), órgão independente da OEA (Organização dos Estados Americanos), ele confirma que aquilo que os críticos chamam de censura são na verdade “meras regras burocráticas”. De fato, é isto. A censura via burocracia voltou a ser denunciada pela Trigo Agência, responsável pela assessoria de imprensa do filme “Medida Provisória”, após a manifestação da Ancine. Em nota, a assessoria esclareceu que “a inscrição em opção de comercialização foi regularmente feita pela produtora dentro do prazo estabelecido para este procedimento”. “O que impede o lançamento da obra é, na verdade, a demora da Ancine em concluir os trâmites necessários para a troca de distribuidora do filme. Embora a Análise de Alteração Técnica realizada pela Coordenação de Análise Técnica e Seleção em 20/08/2021 não tenha encontrado óbices para aprovação da nova distribuidora, até o momento a Superintendência de Fomento não tomou as devidas providências. Com isso, a data de lançamento do filme já precisou ser alterada duas vezes”, segue o texto. “Esta situação gera profunda insegurança jurídica para as produtoras e distribuidoras envolvidas, pois a ausência de uma posição da Ancine impede que sejam tomadas as medidas necessárias para divulgação do filme e, consequentemente, para definição da data de lançamento comercial em cinemas no Brasil”, aponta a assessoria. Apesar da demora do seguimento das “meras regras burocráticas”, a Trigo Agência espera “muito em breve poder divulgar a data de lançamento do filme ‘Medida Provisória'”, conclui o texto. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Trigo Agência de Ideias 💡 (@trigopress)
Lázaro Ramos lança teaser de “Medida Provisória”, filme com estreia “travada” no Brasil
O ator Lázaro Ramos divulgou em suas redes sociais o primeiro teaser de “Medida Provisória”, filme que marcou sua estreia na direção e será exibido, em première nacional, na quarta-feira (15/12) no Festival do Rio Já exibido e premiado em festivais internacionais desde o ano passado, o filme que tem 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes atravessa o mesmo périplo de “dificuldades” que “Marighella” encontrou junto à Ancine para chegar aos cinemas brasileiros. No momento, ele segue sem previsão de lançamento comercial no próprio país. A assessoria responsável por sua divulgação informou que, ao longo de mais de um ano, os produtores trocaram dezenas de e-mails com a Ancine, que não teria dado retorno. “Questões burocráticas seguem sem retorno conclusivo da agência desde novembro de 2020”, explicou a assessoria Trigo Agência de Ideias, em nota. A coincidência que acompanha “Marighella” e “Medida Provisória” é que ambos são estrelados por atores negros, são politizados e contradizem a visão ufanista de extrema direita que o atual governo tenta implantar no país. Vale lembrar que o polêmico presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, vem pedindo boicote a “Medida Provisória”, que ele não viu, desde março do ano passado. Nos posts, ele justificou a iniciativa com uma fake news, método tradicional dos funcionários do desgoverno atual. Camargo disse que o filme que ele não viu “acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo”. Mentira sem vergonha, claro. “Medida Provisória” é uma adaptação da tragicomédia “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que Lázaro Ramos já tinha dirigido no teatro em 2011 – quando a presidente era Dilma Rousseff! Além disso, o filme foi inteiramente rodado antes da eleição de Bolsonaro. O ator principal, o inglês descendente de brasileiros Alfred Enoch, viajou ao Brasil para se aclimatar ao país para as filmagens no início de 2019, meses antes das eleições à presidência da República. Na época, nem os piores pesadelos apontavam uma possível vitória do pior candidato. A trama de “Medida Provisória” se passa num Brasil do futuro em que uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no governo federal, que promulga uma nova lei para deportar todos os brasileiros de “melanina acentuada” para o continente africano. A reação de Sérgio Camargo ajuda a comprovar como o cenário distópico da produção reflete o país criado após a eleição de Bolsonaro. Se o filme foi feito como ficção futurista, o tempo acabou por transformá-lo numa importante advertência sobre o tempo presente. Afinal, em julho do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito e pediu esclarecimentos a Sérgio Camargo sobre o fato de que ele “teria negado a existência do racismo, a importância da luta do povo negro pela sua liberdade e a importância do Movimento Negro em nosso país”. Como vocês pediram, segue o primeiro teaser do filme que tive a honra de dirigir, Medida Provisória.🎬 Ainda sem data de estreia nos cinemas, teremos uma exibição pontual dia 15/12 no @festivaldorio. Esperamos encontrá-los em breve.#MedidaProvisoria pic.twitter.com/OQ37Nn6J2W — Lázaro Ramos (@olazaroramos) December 13, 2021
Estreia de Lázaro Ramos na direção tem dificuldades para estrear no Brasil
Depois de “Marighella” enfrentar “problemas burocráticos” e demorar dois anos para ser lançado no Brasil, o filme “Medida Provisória”, primeiro longa de ficção dirigido por Lázaro Ramos, atravessa o mesmo périplo de “dificuldades” junto à Ancine para chegar aos cinemas brasileiros. Já exibido e premiado em festivais internacionais desde o ano passado, o filme que tem 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes ganhará sua primeira exibição no país na próxima semana, em 15 de dezembro, durante o Festival do Rio. No entanto, segue sem previsão de lançamento comercial em seu próprio país. A assessoria responsável por sua divulgação informou que, ao longo de mais de um ano, os produtores trocaram dezenas de e-mails com a Ancine, que não teria dado retorno. “Questões burocráticas seguem sem retorno conclusivo da agência desde novembro de 2020”, explicou a assessoria Trigo Agência de Ideias, em nota. A coincidência que acompanha “Marighella” e “Medida Provisória” é que ambos são estrelados por atores negros, são politizados e contradizem a visão ufanista de extrema direita que mal e porcamente o atual governo tenta implantar no país. Vale lembrar que o polêmico presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, pediu boicote ao “Medida Provisória”, que ele não viu, em postagens nas redes sociais de março do ano passado. Nos posts, ele justificou a iniciativa com uma fake news, método tradicional dos funcionários do desgoverno atual. Camargo disse que o filme que ele não viu “acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo”. Mentira deslavada, claro. “Medida Provisória” é uma adaptação da tragicomédia “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que Lázaro Ramos já tinha dirigido no teatro em 2011 – quando a presidente era Dilma Rousseff! Além disso, o filme foi inteiramente rodado antes da eleição de Bolsonaro. O ator principal, o inglês descendentes de brasileiros Alfred Enoch, viajou ao Brasil para se aclimatar ao país para as filmagens no início de 2019, meses antes das eleições à presidência da República. Na época, nem os piores pesadelos apontavam uma possível vitória do pior candidato. A trama de “Medida Provisória” se passa num Brasil do futuro em que uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no governo federal, que promulga uma nova lei para deportar todos os brasileiros de “melanina acentuada” para o continente africano. A reação de Sérgio Camargo só comprova como o cenário distópico da produção reflete o país criado após a eleição de Bolsonaro. Se o filme foi feito como ficção futurista, o tempo acabou por transformá-lo numa importante advertência sobre o tempo presente. Sinal disto é que, em julho do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito e pediu esclarecimentos a Sérgio Camargo sobre o fato de que ele “teria negado a existência do racismo, a importância da luta do povo negro pela sua liberdade e a importância do Movimento Negro em nosso país”.
Presidente da Fundação Palmares usa fake news para pedir boicote a filme de Lázaro Ramos
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, pediu boicote ao filme “Medida Provisória”, que ele não viu, em postagens nas redes sociais. A atitude foi tomada após elogios rasgados da crítica americana e prêmios em festivais internacionais ao longa-metragem brasileiro, que marca a estreia na direção de Lázaro Ramos. Camargo diz que o filme que ele não viu “acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo”. “O filme, bancado com recursos públicos, acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo — deportar todos os cidadãos negros para a África por Medida Provisória. Temos o dever moral de boicotá-lo nos cinemas. É pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso presidente”, protestou Camargo, em seu perfil, nas redes sociais. Além de dar o registro, é preciso desmentir mais esta “fake news”, ferramenta seguidamente utilizada por integrantes do governo Bolsonaro contra a Cultura, liberdade de expressão e, durante a pandemia, as vidas dos brasileiros. “Medida Provisória” é uma adaptação da tragicomédia “Namíbia, Não!”, peça que Lázaro Ramos já tinha dirigido no teatro em 2011 – quando a presidente era Dilma Rousseff. Escrito por Aldri Anunciação, o texto foi publicado em livro pela Editora Edufba em 2012 e no ano seguinte venceu o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria ficção juvenil. Os “recursos públicos” citados por Sérgio Camargo são os incentivos que o governo Bolsonaro travou na Ancine. O filme foi inteiramente rodado antes da eleição de Bolsonaro. O ator principal, o inglês descendentes de brasileiros Alfred Enoch, viajou ao Brasil para se aclimatar ao país para as filmagens no início de 2019, meses antes das eleições à presidência da República. Na época, nem os piores pesadelos apontavam uma possível vitória de Bolsonaro. A trama de “Medida Provisória” se passa num Brasil do futuro em que uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no governo federal, que promulga uma nova lei para deportar todos os brasileiros de “melanina acentuada” para o continente africano. A reação de Sérgio Camargo só comprova como o cenário distópico da produção reflete o país criado após a eleição de Bolsonaro. Se o filme foi feito como ficção futurista, o tempo acabou por transformá-lo numa importante advertência sobre o tempo presente. Lázaro Ramos também se manifestou, após se deparar com as fake news de Camargo nas redes sociais, lembrando a cronologia da produção de “Medida Provisória” – em desenvolvimento há quase uma década – e colocando sua trama distópica no mesmo nicho de “Handmaid’s Tale” (que também poderia ser atacado por Camargo ao descrever um país similar a este que virou pária mundial) e “Black Mirror”. “Qualquer comentário sobre o filme é feito em cima de suposições ou desejo de polêmica, pois ninguém assistiu a obra a não ser quem esteve nos festivais onde o filme foi exibido com extremo sucesso, vide as mais de 24 críticas positivas da obra”, completou o ator e diretor. Em julho do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito e pediu esclarecimentos a Sérgio Camargo sobre o fato de que ele “teria negado a existência do racismo, a importância da luta do povo negro pela sua liberdade e a importância do Movimento Negro em nosso país”. A investigação foi precipitada por um áudio em que Camargo chamou o movimento negro de “escória maldita” e criticou o Dia da Consciência Negra. Para os promotores, a apuração dos fatos foi necessária porque os “fatos noticiados são graves” e violam, em tese, a Constituição Federal.







