Ex-diretor da Globo, Marcius Melhem é denunciado criminalmente por assédio sexual
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) ofereceu, na tarde desta terça-feira (8/8), a primeira denúncia oficial contra Marcius Melhem, ex-chefe do humor da Globo, por assédio sexual. A promotora Isabela Jourdan, cuja atuação no caso é questionada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela defesa do acusado, deu aval à denúncia. A decisão ainda precisa ser homologada pela juíza do caso, Juliana Benevides de Barros Araújo. Entre as vítimas está a atriz Carol Portes, que já havia relatado ter sido assediada por Melhem, então idealizador, ator e redator final do programa “Tá no Ar”, exibido pela TV Globo. Além de Carol Portes, a denúncia é baseada nos depoimentos da atriz Georgiana Góes e de outra funcionária, M.T.C.L., que preferiu ter a identidade preservada. As acusações foram feitas por oito mulheres e ganharam notoriedade quando a atriz Dani Calabresa, uma das mais conhecidas vítimas, denunciou o ex-diretor. No entanto, a denúncia feita por Calabresa, que causou maior repercussão pública, foi arquivada, segundo a revista Veja. Apesar disso, o Ministério Público decidiu prosseguir com outros três casos que constam do mesmo inquérito. Globo contesta assédio sexual Na época das denúncias, a rede Globo fez sua própria investigação interna e afirma que o suposto assédio sexual não foi comprovado pelo setor de Compliance da emissora e do Ministério Público Federal, afastando a hipótese. A empresa está atualmente enfrentando uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), que alega que ela permitiu casos de assédio no ambiente de trabalho ao longo dos últimos anos. Essa informação foi revelada em um documento de 2,5 mil páginas obtido pela revista Veja e divulgado em maio passado. Após avaliar os materiais apresentados tanto a favor quanto contra Marcius Melhem, o Compliance da Globo concluiu, segundo o documento, que “restou, de fato, constatada a inadequação do artista com seus subordinados, sem que fosse possível comprovar prática deliberada de assédio sexual, dados os contornos legais que a conduta exige para sua caracterização”. Polêmica envolvendo a promotora Durante uma live em julho, Marcius Melhem afirmou que as acusadoras teriam realizado uma “reunião secreta” com Luciano Mattos, procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro. Ele argumenta que o encontro teria favorecido a escolha de uma nova promotora, Isabela Jourdan da Cruz Moura, após dois anos de trabalhos sem que houvesse encontrado mérito para aceitar a denúncia de assédio. A defesa de Melhem levou a questão para o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo os advogados do ex-diretor da Globo, a escolha de Jourdan viola o princípio do promotor natural, que determina que o promotor de justiça deve ser o primeiro na lista de antiguidade na respectiva entrância ou promoção. A reclamação está nas mãos do ministro Gilmar Mendes desde 17 de julho. Se o ministro acatar a reclamação, os atos da promotora poderão ser anulados. Em resposta, o Ministério Público afirmou que a reunião de fato aconteceu, mas não foi secreta. “Não houve reunião secreta em relação ao caso, que se encontra em investigação em inquérito policial. A reunião foi formalizada a pedido do Núcleo de Apoio às Vítimas (NAV/MP-RJ), órgão que promove a ligação das vítimas com os promotores e que solicitou uma audiência do procurador-geral com as inúmeras vítimas. Elas solicitaram celeridade na análise por parte da instituição”, informou o comunicado oficial. Além disso, o órgão confirmou que não houve incoerência na escolha da nova promotora. “A designação foi feita com base nas leis e no regramento interno, que concede tais poderes ao PGJ, não havendo qualquer violação ao promotor natural”, alegou. Desde que foi instaurado, o inquérito já teve quatro delegados diferentes e trocou de promotor três vezes, sem conseguir formalizar denúncia. Promotora descarta opinião da delegada De acordo com a revista Veja, a primeira atitude de Jourdan foi requisitar a remessa eletrônica dos autos que estão na Delegacia de Atendimento à Mulher no Rio de Janeiro (Deam). A titular responsável pelo inquérito, Alriam Miranda Fernandes, vinha prometendo nos bastidores que faria um relatório para se posicionar a respeito do inquérito, sem se curvar a qualquer tipo de pressão. Assim, a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra Melhem abriu mão da opinião da delegada que estava à frente da investigação. Além disso, Jourdan iniciou dentro do Ministério Público outra investigação contra Melhem, fora dos autos do inquérito na Deam. Segundo nota oficial do MPRJ, foi instaurado por ordem dela um Procedimento Investigativo Criminal (PIC) para apuração de caso envolvendo violência psicológica. Segundo o MPRJ, a denúncia foi enviada para lá pelo Ministério Público de São Paulo. A defesa de Melhem A defesa de Melhem ainda não comentou a denúncia por assédio sexual feita na tarde desta terça. A respeito do caso do PIC, por meio de uma nota, os advogados dele afirmaram que não tinham conhecimento da investigação, acrescentando o seguinte: “Só podendo imaginar tratar-se de mais uma tentativa de dar uma sobrevida às inverídicas acusações feitas no Inquérito 912-01533/2021, que está perto de completar três anos e no qual Marcius Melhem refutou, com farto conteúdo probatório, cada uma das acusações que lhe foram feitas. Além disso, houvesse qualquer desvio de conduta desta natureza por parte de Melhem no curso da investigação, tal desvio deveria ser levado ao Juízo natural, onde há uma medida protetiva que o impede de fazer qualquer contato, por qualquer meio, com as supostas vítimas. Isso não foi feito”. Início do caso Melhem é investigado desde dezembro de 2019, quando Dani Calabresa e outras mulheres o denunciaram como “assediador” no compliance da Globo. O caso se tornou público no mesmo mês, numa nota do colunista Leo Dias. Em março de 2020, o comitê de compliance do Grupo Globo absolveu o comediante das denúncias. Mesmo assim, a empresa encerrou o contrato com o então chefe de departamento da emissora, divulgando um texto elogioso sobre o profissional em agosto. Em outubro de 2020, as acusações contra Melhem deixaram de ser boatos e assumiram o peso de denúncia de uma advogada, Mayra Cotta, que se apresentou como representante das mulheres supostamente assediadas nas páginas do jornal Folha de S. Paulo. Em dezembro, a revista Piauí publicou a primeira reportagem sobre o caso, repleta de informações detalhadas – algumas desmontadas – sobre os casos de assédio de Melhem contra ex-funcionárias, especialmente Dani Calabresa. A publicação gerou ira nas redes sociais contra Melhem, que entrou na justiça contra a revista, a advogada, Calabresa e vários colegas comediantes que o chamaram de assediador. O caso chama especial atenção por conta desse detalhe. Não foram as supostas vítimas, mas o acusado que decidiu tirar tudo à limpo, ao fazer, em dezembro de 2020, uma interpelação extrajudicial para que Dani Calabresa confirmasse ou desmentisse o teor da reportagem da revista Piauí, que não cita fontes nem usa declarações entre aspas. Foi só depois disso que a advogada entrou com ação criminal por assédio contra o humorista. Melhem então passou a dar entrevistas e apresentar as mensagens trocadas com Calabresa como prova de sua versão dos fatos. As mensagens apresentadas à Folha e à rede Record demonstravam que os dois mantinham uma relação íntima e amigável entre os anos de 2017 e 2019, época em que, segundo a revista Piauí, ele teria assediado a atriz moral e sexualmente. Dois dias depois, a defesa de Calabresa entrou na Justiça para impedir a divulgação dos textos e áudios, e com um pedido de indenização por danos morais por Melhem ter revelado conversas privadas. A alegação é que a atriz estava tendo sua “vida íntima devassada”. Além disso, a defesa das atrizes alegou que as peças estavam sendo tiradas do contexto e usadas para tentar constrangê-las. Passaram-se quase dois anos, mas a Justiça negou o pedido de Calabresa, dando direito a Melhem de se defender na mídia, onde estava sendo atacado. Dificuldades do processo Apesar do inquérito ter apresentado inicialmente relatos de oito mulheres, uma das envolvidas afirmou que nunca se apresentou como vítima. Suzana Pires declarou ser apenas uma testemunha disposta a continuar colaborando, o que reduziu para sete denúncias. O MP acabou descartando mais acusações, incluindo de Dani Calabresa. Segundo a Veja, as acusadoras representadas pela advogada Mayra Cotta enfrentaram o desafio de provar a consistência das denúncias realizadas. A situação engloba um assunto bastante complexo e discutido na mídia. Apesar disso, a falta de casos similares para análise judicial no Brasil dificulta ainda mais o processo.
Vigor é cancelada por comercial com Dani Calabresa: “Não cai bem no estômago”
A marca de laticínios Vigor sofreu um cancelamento por conta de um comercial de Dani Calabresa, lançada no final de junho. Nas redes sociais, os internautas rasgaram críticas à comediante envolvida nas denúncias de assédio contra Marcius Melhem. Segundo a lógica dos consumidores, Calabresa estaria mentindo sobre seu amor pelos produtos da marca assim como teria feito durante as investigações. A credibilidade da Vigor também pesou, já que a empresa andou apagando alguns comentários negativos. “Se pode mentir em inquérito policial, imagina em propaganda paga”, esbravejou uma usuária do Instagram. “O marketing lacrador acabando com a marca! Colocar pessoas que mentem e incriminam pessoas falsamente é absurdo”, pontuou outro perfil. “Produto Vigor com Calabresa não cai bem no estômago”, ironizou mais um. Na última sexta-feira (14/7), o jornalista Ricardo Feltrin, que apontou dúvidas nas denúncias da atriz, mostrou-se impressionado com o volume de postagens contrárias à campanha feita pela Vigor. O canal Tribo Urbana também se surpreendeu com o cancelamento da empresa, num vídeo publicado no YouTube. A Vigor e a agência DM9 ainda não emitiram nenhum comunicado sobre o assunto. Propagandas de Calabresa Por ironia ou não, a participação de Dani Calabresa no comercial das Óticas Diniz não se tornou alvo dos ataques digitais. A campanha foi lançada na semana passada. A publicação com a atriz, no entanto, teve baixíssima visualização e conseguiu apenas 470 likes no perfil oficial da empresa no Instagram. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Vigor Brasil (@vigorbrasil)
Marcius Melhem reclama de manipulação em denúncia de assédio
Marcius Melhem se mostrou indignado com a nova atualização no processo contra Dani Calabresa e outras mulheres que o acusam de assédio sexual. Segundo uma reportagem publicada pela Veja, a promotora Isabela Jourdan da Cruz Moura foi incluída no processo para auxiliar no caso. O humorista e ex-ator da Globo afirma que a decisão foi tendenciosa. Durante uma live na última quarta-feira (12/7), Melhem afirmou que as acusadoras teriam realizado uma “reunião secreta” com Luciano Mattos, procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro. Ele argumenta que o encontro teria favorecido a escolha da nova promotora. “Aconteceu alguma coisa no caso que justificasse essa intempestiva nomeação?”, questionou na live. “O que aconteceu após uma reunião em que as advogadas das acusadoras tiveram com a procuradoria? […] Elas também foram recebidas em Brasília. […] Levaram até câmera, pessoal de documentário. Tudo divulgado com antecedência, com fotos e vídeos de cada reunião. Por que a reunião delas com a procuradoria ficou escondida, já que era republicana?”, continuou. Melhem é investigado desde 2019 pelas acusações feitas pelo grupo de mulheres. Para que o ator se torne réu, a Justiça terá que aceitar uma denúncia feita pela nova promotora. “Não é a primeira pessoa que vai entrar na ação predisposta a me acusar. Elas geralmente leem e saem. Por que ninguém dá um fim, que seria o arquivamento? A verdade é que a pressão é muito grande”, argumentou. Na reportagem da Veja, a equipe de defesa de Melhem destacou a questão como desfavorável ao humorista. “A designação de uma promotora para atuar em um inquérito específico de outra promotoria, na qual há um promotor em exercício, viola frontalmente a garantia constitucional do promotor natural”, afirmaram. “Essa designação especial, sem justa causa, fere princípio fundamental do devido processo legal, na medida em que se está permitindo que o Estado escolha quem vai acusar o cidadão investigado, de acordo com a conveniência da situação”. Reunião esclarecida Em resposta às queixas de Melhem, o Ministério Público do Rio de Janeiro esclareceu que a reunião com suas acusadoras realmente aconteceu, mas não foi secreta. “A reunião foi formalizada a pedido do Núcleo de Apoio às Vítimas (NAV/MP-RJ), órgão que promove a ligação das vítimas com os promotores e que solicitou uma audiência do procurador-geral com as inúmeras vítimas”, disse o órgão em comunicado. “Elas solicitaram celeridade na análise por parte da instituição”. O órgão público ainda afirmou que a inclusão de Isabela Jourdan da Cruz Moura, delegada titular da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Violência Doméstica da área Oeste/Jacarepaguá no Rio de Janeiro, não fere a legislação. “A designação foi feita com base nas leis e no regramento interno, que concede tais poderes ao PGJ, não havendo qualquer violação ao promotor natural”, concluiu o texto. Da mesma forma, a procuradoria geral do RJ se manifestou em defesa da inclusão da promotora para auxiliar na ação. “Considerando que o promotor titular está afastado, a designação do membro que irá atuar é do procurador-geral de Justiça, que poderá escolher o substituto. […] Ela foi nomeada para prestar auxílio especificamente no procedimento”, comunicou a procuradoria. Pronunciamento das acusadoras O grupo de mulheres encabeçado por Dani Calabresa também se posicionou e ressaltou a gravidade da situação. “O caso reúne quase duas dezenas de pessoas, homens e mulheres, entre vítimas e testemunhas, e será um grande exemplo da resposta que a Justiça pode dar à sociedade em casos de assédio sexual”, disseram. “Entendemos e respeitamos que o processo tem tempo próprio, mas confiamos no Judiciário brasileiro para que, dois anos e meio depois da abertura do inquérito, esta resposta venha logo, à altura do que um caso emblemático como esse exige para as vítimas e para a sociedade”, completaram. Início do caso O caso Melhem veio a à tona em dezembro de 2019, numa nota do colunista Leo Dias. Em março de 2020, o comitê de compliance do Grupo Globo absolveu o comediante das denúncias. Mesmo assim, a empresa encerrou o contrato com o então chefe de departamento da emissora, divulgando um texto elogioso sobre o profissional em agosto. Em outubro de 2020, as acusações contra Melhem deixaram de ser boatos e assumiram o peso de denúncia de uma advogada, Mayra Cotta, que se apresentou como representante das mulheres supostamente assediadas nas páginas do jornal Folha de S. Paulo. Em dezembro, a revista Piauí publicou a primeira reportagem sobre o caso, repleta de informações detalhadas – algumas desmontadas – sobre os casos de assédio de Melhem contra ex-funcionárias, especialmente Dani Calabresa. A publicação gerou ira nas redes sociais contra Melhem, que entrou na justiça contra a revista, a advogada, Calabresa e vários colegas comediantes que o chamaram de assediador. O caso chama especial atenção por conta desse detalhe. Não foram as supostas vítimas, mas o acusado que decidiu tirar tudo à limpo, ao fazer, em dezembro de 2020, uma interpelação extrajudicial para que Dani Calabresa confirmasse ou desmentisse o teor da reportagem da revista Piauí, que não cita fontes nem usa declarações entre aspas. Foi só depois disso que a advogada entrou com ação criminal por assédio contra o humorista. Melhem então passou a dar entrevistas e apresentar as mensagens trocadas com Calabresa como prova de sua versão dos fatos. As mensagens apresentadas à Folha e à rede Record demonstravam que os dois mantinham uma relação íntima e amigável entre os anos de 2017 e 2019, época em que, segundo a revista Piauí, ele teria assediado a atriz moral e sexualmente. Dois dias depois, a defesa de Calabresa entrou na Justiça para impedir a divulgação dos textos e áudios, e com um pedido de indenização por danos morais por Melhem ter revelado conversas privadas. A alegação é que a atriz estava tendo sua “vida íntima devassada”. Passaram-se quase dois anos, mas a Justiça negou o pedido de Calabresa, dando direito a Melhem de se defender na mídia, onde estava sendo atacado. Últimas atualizações Apesar do inquérito ter apresentado inicialmente relatos de oito mulheres, uma das envolvidas afirmou que nunca se apresentou como vítima. Suzana Pires declarou ser apenas uma testemunha disposta a continuar colaborando, o que reduziu para sete denúncias. Ela continua envolvida no processo, mas não é mais representada pela equipe do grupo. Segundo a Veja, as acusadoras representadas pela advogada Mayra Cotta enfrentam o desafio de provar a consistência das denúncias realizadas. Enquanto isso, o relatório do inquérito ainda está sendo realizado por Alriam Miranda Fernandes, delegada na Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAM). A situação engloba um assunto bastante complexo e discutido na mídia. Apesar disso, a falta de casos similares para análise judicial no Brasil dificulta ainda mais o processo.
Globo recria núcleo de Humor após escândalo de Marcius Melhem
A Globo comunicou na noite desta quinta-feira (22/6) uma grande reformulação em sua estrutura. A rede televisiva planeja ressuscitar o núcleo responsável pela avaliação e produção de projetos humorísticos, que estava suspenso desde a demissão de Marcius Melhem – posteriormente acusado de assédio sexual e moral de suas subordinadas na emissora. Patricia Pedrosa, diretora artística de sucessos como “Cine Holliúdy” e “Todas as Mulheres do Mundo” (2020), foi a escolhida para liderar o novo núcleo. Mudança de gênero no humor A escolha é significativa depois das denúncias de Melhem por funcionárias da emissora. Será a primeira vez que uma mulher ficará responsável pelo departamento de Humor da Globo. O escândalo envolvendo Marcius Melhem levou à paralisação de todos os projetos de humor da Globo e ao cancelamento dos programas do gênero. Agora, sob a direção de Patricia Pedrosa, a emissora busca um novo começo no setor. Patricia, que também tem no currículo trabalhos em “A Grande Família” (2001-2014), “Chapa Quente” (2015-2016) e “A Fórmula” (2017), assumirá o departamento e será responsável por desenvolver produções para todos os formatos e plataformas. Com isso, o conteúdo original para o Globoplay também estará sob sua responsabilidade. O novo núcleo de Direção de Gênero Humor funcionará de maneira independente do de Dramaturgia, uma mudança em relação à época de Melhem. Assim, Patricia irá gerir o setor sem interferências do trabalho desenvolvido por José Luis Villamarim, que assumiu o setor de Dramaturgia após a saída de Ricardo Waddington. Outras reformulações Além do núcleo de Humor, a Globo também anunciou a criação da Direção de Gênero Auditório, que será chefiada por Mônica Almeida. Atualmente, ela está produzindo o documentário de Xuxa Meneghel para a Globoplay. Mônica ficará encarregada de trabalhar com os apresentadores e diretores de “Domingão com Huck”, “Caldeirão com Mion” e “Altas Horas”. O Núcleo de Filmes de Janela Curta é outra novidade, e funcionará dentro da Direção de Gênero Dramaturgia. Raphael Cavalo assumirá como gerente de produção, e José Luiz Villamarim se encarregará da produção de longas para atender às demandas da TV Globo e do Globoplay, além de ser o “guardião” das novelas. Segundo Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, “a nova estrutura de gestão e criação dos Estúdios Globo trará maior sinergia e eficiência entre os nossos ativos e oportunidades para os talentos da Globo”. Ele também ressaltou que as mudanças trarão novas parcerias com o mercado audiovisual, especialmente nos projetos de filmes.
Carlos Alberto de Nóbrega propõe entrada de Marcius Melhem no SBT
Carlos Alberto de Nóbrega sugeriu a contratação de Marcius Melhem no SBT. No YouTube, o humorista avisou que fará a sugestão para Daniela Beyruti, a filha de Silvio Santos que assumiu a vice-presidência da emissora. A dupla de comediantes se uniu em uma transmissão ao vivo, quando Carlos fez sua proposta inédita. “Sempre gostei de você, você sempre foi um cavalheiro comigo, você deu a chance a muitos comediantes… Eu gostaria muito se você um dia viesse para o SBT fazer um programa de humor”, afirmou. Melhem, por sua vez, aceitou o convite sem pensar duas vezes. “Eu também gostaria muito. Muito, muito mesmo”, garantiu o comediante. “Se você me permite, está havendo uma nova mentalidade agora com a posse da Daniela, filha do Silvio. Hoje, o dia inteiro, houve um encontro lá, mais de 400 pessoas”, detalhou Carlos Alberto. O comandante de “A Praça É Nossa” disse que poderá sugerir um novo programa de humor para ser comandado por Melhem: “Se você me permite, eu vou sugerir um programa de humor. Eu gostaria muito se um dia você pudesse esbarrar comigo no corredor”, comentou ele. Marcius Melhem está afastado da TV há três anos, envolvido em acusações de assédio moral e sexual contra atrizes e roteiristas da Globo.
Dani Calabresa diz que Globo comprovou assédio de Marcius Melhem e ele rebate
Dani Calabresa afirmou no podcast “Quem Pode, Pod” que a rede Globo comprovou que ela foi assediada por Marcius Melhem. A humorista explicou que a emissora chegou a investigar o caso antes de demiti-lo. Segundo a artista, a emissora reconheceu que as denúncias de assédio eram reais. “A empresa viu que é inadmissível, investigaram, comprovaram, resolveram, graças a Deus“, declarou ela. Na sequência, Dani afirmou que “conta muito com a Justiça” para que o comediante seja responsabilizado pelos seus atos criminosos. A humorista ainda disse que passou por “uma coisa muito absurda, injusta, desleal” ao ter sua voz silenciada. “Todo assediador, abusador, tem a mesma estratégia de culpar as mulheres. [Ele diz:] ‘mas essa ela ria, mas essa ela estava bêbada, ela deu mole, mas essa eu peguei’, como se alguma dessas coisas descredibilizasse assédio.” A humorista ainda esclareceu as estratégias adotadas por assediadores antes de jogar a responsabilidade para as vítimas. “Até pra mim eu pensava também quando alguém vinha me contar, eu pensava: ‘mas essa pessoa ficou com ele?’. Depois fui entendendo que você pode ficar com uma pessoa. Só que, assim, a pessoa não chega no dia seguinte e enfia a mão na sua bunda”, analisou. “O não é não! Você pode ser casado com a pessoa, você pode namorar… Ninguém pode passar do limite, e essa é a estratégia do assediador. Nada autoriza assédio. Nenhuma brincadeira. Estou aprendendo isso nesse momento de dor, agora fortalecida, porque não sou só eu, é um grupo de mulheres, a gente teve que vir a público”, ela seguiu. Ainda na entrevista, Dani Calabresa contou que pensou em se demitir da Globo, mas recebeu apoio da atriz Maria Clara Gueiros. A ajuda da colega de trabalho foi essencial para ela criar coragem para denunciar Marcius Melhem. “Tem coisas que a gente só mexe quando não tem mais opção. Não dá pra ir trabalhar chorando. Eu não conseguia passar o crachá na portaria 3. Eu só me via feliz quando saía da empresa. Se tornou uma situação insuportável e insustentável”, lembrou a humorista. “A Maria Clara Gueiros pegou na minha mão e quis dizer: ‘você não tá louca’. Porque a gente normaliza tantos comportamentos bizarros, inadmissíveis, que às vezes a gente não entende o que é machismo e o que é assédio, é meio normalizado o homem ser tarado”, pontuou. Dani Calabresa também pontuou que a sociedade precisa aprender a lidar com casos de assédio. “Espera aí, onde que a gente normaliza isso? Onde que a gente tem que sacar na hora? Porque a gente não quer estragar. Se você está feliz, gravando, acontece um problema, você quer solucionar. Às vezes, você não tem condições de lidar com aquilo naquele momento”, opinou. A artista acrescentou ter sido vítima de Melhem durante uma fase conturbada, quando ela estava se divorciando de Marcelo Adnet. Na época, Dani tentava se apegar ao trabalho como fonte de “alegria”. “Então, passar por uma situação no trabalho, eu não queria nem enxergar, só que chegou uma hora que foi tão bizarro, estava tão óbvio, e afetou tanto a minha saúde, que a Maria Clara falou para mim: ‘Isso não existe, não é brincadeira, é serio, você tem que falar, tem que denunciar, eu vou com você’. Eu abriria mão da minha carreira”, afirmou Dani Calabresa. Apesar das dificuldades, Dani Calabresa disse que acertou na decisão de não se manter calada. Contudo, a humorista não queria que o assunto fosse parar na imprensa. “Eu não queria comprar essa briga. Não quero que esse assunto faça parte da minha vida, não queria jamais que isso fosse para a imprensa”, lamentou. “Não queria nunca ter que responder isso, ser marcada com o nome de uma pessoa que não faz parte da minha vida, que eu nunca tive nada, que eu nunca fiquei nem sozinha com essa pessoa e tenho agora matérias com o nome, provocação, é um absurdo, é uma loucura, e é difícil.” A defesa de Marcius Melhem rebateu as declarações e alegou que a comediante “mente desde o início”. Eles afirmam que a Globo enviou um documento à Justiça que comprovaria que não foi atestado a prática de assédio nos bastidores. “Sua calculada vingança já está muito clara para todos. Segue mentindo agora tentando dizer que a TV Globo demitiu Marcius Melhem por assédio na semana em que vem a público um documento em que a própria Globo diz à Justiça, com todas as letras, que não comprovou assédio nenhum”, afirmou. A defesa acrescentou que outras declarações da humorista foram caluniosas. “Dani Calabresa já teve sua série de mentiras expostas há tempos. Vale sempre lembrar que o que ela hoje chama de ‘assédio’, antes era tratado como ‘vantagem’”, concluiu. Dani Calabresa no Quem Pode, Pod parte 1 pic.twitter.com/uPemChjnOs — WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) May 24, 2023 Dani Calabresa no Quem Pode, Pod parte 2 pic.twitter.com/WqvLvIR0ic — WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) May 24, 2023 Dani Calabresa no Quem Pode, Pod parte 3 pic.twitter.com/fu4VhA1zTu — WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) May 24, 2023
Luís Miranda é acusado de assédio sexual por três atores da Globo
Depois de apoiar Dani Calabresa nas acusações de assédio sexual contra Marcius Melhem, o ator Luís Miranda se tornou alvo de denúncias pelo mesmo motivo. Segundo o jornalista Ricardo Feltrin, o artista teria assediado ao menos três atores homens da Globo. De acordo com a reportagem, as vítimas, que preferiram não ser identificados, relataram incômodo com as atitudes inadequadas de Luís Miranda durante o trabalho na emissora, como toques na cintura e conversas ao pé do ouvido. Um deles também acusou dois diretores. Os casos teriam ocorrido entre 2013 e 2015. Na época, a Globo não havia o compliance, departamento que deu voz às denúncias de Calabresa. Portanto, os atores não prestaram queixas com medo de perder o emprego. Hoje, apenas uma das vítimas continua na emissora. Além disso, uma das supostas vítimas disse ter feito um relato público sobre o caso durante as gravações da novela “Geração Brasil” (2014). Na trama, Luís Miranda interpretou a socialite transgênero Dorothy Benson. Luís Miranda, por sua vez, rebateu às acusações e afirmou tratar todos os funcionários com respeito. Além de negar as acusações, o ator disse “que isso é coisa plantada e jogo sujo de Melhem”, que teria se revoltado com sua defesa de Dani Calabresa. No entanto, o jornalista Ricardo Feltrin afirmou que os atores da Globo não eram do mesmo núcleo do ex-diretor da área de humor.
Globo diz à Justiça que assédio de Marcius Melhem não foi provado
No desenrolar do caso de suposto assédio envolvendo o comediante e ex-chefe do Departamento de Humor da Globo Marcius Melhem (“Tá no Ar”), a emissora atestou que a acusação não foi provada, de acordo com seu setor de Compliance. A empresa está atualmente enfrentando uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), que alega que a Globo permitiu casos de assédio no ambiente de trabalho ao longo dos últimos anos. Essa informação foi revelada em um documento de 2,5 mil páginas obtido pela revista Veja e divulgado nesta quarta-feira (17/5). Após avaliar os materiais apresentados tanto a favor quanto contra Marcius Melhem, o Compliance da Globo concluiu, segundo o documento, que “restou, de fato, constatada a inadequação do artista com seus subordinados, sem que fosse possível comprovar prática deliberada de assédio sexual, dados os contornos legais que a conduta exige para sua caracterização”. Questionada pela imprensa, a assessoria da Globo afirmou que a empresa não comenta questões relacionadas a Compliance e que todas as informações sobre o caso já foram fornecidas às autoridades competentes. Até o momento, o escritório Tenório da Veiga Advogados, que representa a emissora, não se pronunciou sobre o assunto. Em relação ao processo em si, a assessoria do MPT ressaltou que o caso está sob sigilo, e seu setor de imprensa adicionou que não possui mais detalhes a serem divulgados. Marcius Melhem foi acusado de assédio por Dani Calabresa e outras 10 mulheres, entre vítimas e testemunhas, num processo que corre na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) do centro do Rio de Janeiro. Por meio de sua assessoria de imprensa, o humorista comentou a revelação do documento da Globo: “A declaração da Globo trazida na matéria da Veja não causa surpresa, pois não pode ser comprovado algo que nunca existiu. Cada vez mais se confirma o que digo desde o início: nunca cometi assédio sexual. A verdade continua aparecendo.” Até o momento, Dani Calabresa e sua advogada, Mayra Cotta, que também representa outras denunciantes, não se pronunciaram sobre a declaração.
Luís Miranda descreve assédios de Marcius Melhem como “jogo sujo de poder”
O ator Luís Miranda confirmou que Marcius Melhem teria usado o sexo como uma “prática de exercer poder” e revelou, em entrevista ao colunista Guilherme Amado, ter presenciado episódios de assédio no “Zorra”, um dos programas do núcleo de Humor da Globo que era chefiado pelo humorista. Na entrevista, o ator ainda confirmou que Melhem tinha atitudes inapropriadas nos bastidores. “Marcius tinha um comportamento íntimo demais para a hierarquia da casa. Como, por exemplo, entrar no camarim enquanto a Dani [Calabresa] estava trocando de roupa ou experimentando uma peça. E muitas brincadeiras e piadas de cunho sexualizado, além de armações de articulação do poder. Com mulheres, [Marcius] tinha esse excesso de elogios às formas físicas”, contou ele. Em seguida, Miranda disse ter ouvido de Dani que o comediante havia mostrado o pênis durante a festa dos cem episódios do “Zorra”. No entanto, ele confessou que sentiu dúvidas sobre ter sido um abuso sexual ou apenas “mais uma brincadeira” de Marcius Melhem. Vale lembrar que o evento virou investigação da Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro. “Eu liguei para o Maurício Farias e depois consequentemente para o Mauro Farias para tirar umas opiniões sobre o assunto. Eu queria entender se aquilo partia de uma coisa que era uma queixa dela porque ele tinha tirado o programa [que Calabresa queria estrelar] e ela estava chateada, ou se de fato realmente a coisa do abuso sexual fazia parte”, disse Miranda. Apesar da dúvida, Miranda admitiu que ficou perturbado depois que entendeu a gravidade do caso. “Porque naquele momento a gente entendia aquilo como uma brincadeira. Mas depois eu pensei: ‘Pô, seria uma brincadeira se fosse comigo ou com os outros que faziam parte do elenco’. Mas, quando é chefe, a coisa é mais complicada”, analisou ele. Após a declaração, Marcius Melhem enviou, por meio de sua assessoria de imprensa, uma nota em que também inclui Miranda no círculo de pessoas que estariam envolvidas num complô contra ele e questionou por que o ator não é testemunha na investigação que corre na delegacia. “No mais, o golpe vai ficando claro, à medida que se revelam os movimentos de Dani Calabresa e as datas em que ela começa a agir”, afirmou, em referência à tese do complô. Diante dessa reação, Luís Miranda acrescentou que o humorista deveria buscar tratamento psicológico antes de acusar as vítimas de vingança. “Eu sinto que, muitas vezes, a gente faz um personagem para tentar jogar aquele jogo. É um jogo sujo das escalações. É um jogo sujo do poder, e no ‘Zorra’ foi muito sujo. Muito sujo mesmo, de dar ascensão e lugar às pessoas por puxa-saquismo”, afirmou ao Splash. “Isso tem que ser tratado por ele. Ele tinha que estar num psicólogo tratando o grau elevado da sexualidade dele. Tratando a prática de exercer poder dessa maneira. Isso é uma doença, ele tem uma doença que precisa ser tratada. E é triste, é lamentável, é penoso ver um doente relutar contra a cura.” Na sequência, Miranda confessou que o humorístico era “o sonho de todo mundo” e que ninguém gostaria de perder, embora tivesse “que enfrentar espécimes desse nível, que manipulam relações, comportamentos, que minam as coisas”. O ator acrescentou que Melhem não aceitava um “corte de intimidade” e que era uma maneira de se colocar fora dos projetos. Luís Miranda ainda antecipou que o humorista “vai trabalhar” em cima de suas entrevistas, mas não deve reconhecer suas atitudes abusivas. “Nunca sabe o que está dentro das pessoas, o que magoou aquelas pessoas. Não passa por esse critério. Não tem avaliações pessoais, sentimentais, sobre o mal que causa aos outros. É sobre o mal que causou a muitas pessoas. É sobre o mal que causou a um departamento. É sobre milhares e milhares de pessoas despedidas, passando necessidade, que ele matou, que ele minguou, por conta desse projeto de poder”, pontuou o ator. “É sobre esse projeto de poder que eu estou aqui falando. Não sobre Marcius, ele para mim já não tem nem valia. Eu gostaria de encontrar ele na rua e dizer: que pena, né, cara, que você não conseguiu gerir a sua vida. Gostaria, mas assim: cada vez que ele abre a boca, ele me afasta mais da conexão com ele”, concluiu.
Atriz de “Tá no Ar” acusa Marcius Melhem de assédio sexual
A atriz Carol Portes é a mais recente ex-funcionária da Globo a denunciar na imprensa Marcius Melhem por assédio. Ela acusou o ex-diretor do núcleo de Humor da emissora de beijá-la à força em 2014. Portes é a oitava mulher a acusar Melhem de praticar assédio sexual. Ele nega todas as acusações. Em entrevista ao UOL, a atriz contou que os assédios aconteceram na época em que ela trabalhava no “Tá no Ar”, programa que tinha Melhem como ator e redator final. Portes conta que o chefe pediu para tomar banho em seu apartamento. Ao sair do banheiro, usando apenas uma toalha, Melhem agarrou a atriz à força. “Ele saiu de toalha e me… me beijou à força, e… enfim, eu me desvencilhei, e aí superconstrangida. Bom, qualquer mulher já passou por isso, assim, de… desvencilhar, sabe? Ah, não, não, não… E aí eu: ‘Não, não, vamos, quero ir logo, vamos logo’, tipo, vamos embora, né? Não vai rolar nada”, explicou. Marcius Melhem nega ter assediado Carol Portes. Segundo o ator, os dois tiveram um “relacionamento de uma noite”, em que apenas trocaram um beijo consensual e que durou por, no máximo, cinco minutos. Além do ocorrido, Portes relata que constantemente recebia investidas de Melhem por mensagens de texto e presencialmente, no ambiente de trabalho – inclusive com toques inadequados. “De a gente estar no corredor e… aí passar, assim, pegar a nossa mão e colocar no membro dele, assim, sabe? Meio rápido, assim? Aí falar: ‘Ah, eu fiz isso?”, conta Portes. Até agora, oito atrizes já denunciaram Marcius Melhem. A primeira denúncia foi feita em 2019 por Dani Calabresa. Entretanto, o inquérito foi aberto apenas em 2021 e ainda não há previsão para a sua conclusão.
Ex-diretor da Globo acusa Marcius Melhem de abuso moral
O cineasta Maurício Farias (“Hebe: A Estrela do Brasil”), que também é ex-diretor de programas de humor da TV Globo, como “Zorra” e “Tá no ar”, falou pela primeira vez sobre os episódios de abuso moral que presenciou de Marcius Melhem, ex-diretor do núcleo de humor da emissora, acusado de assédio sexual. Em entrevista ao Metropolis, Farias afirmou que Melhem tinha um comportamento agressivo e constrangia muito os profissionais da emissora. Para começar, Farias discordou das afirmações de Melhem, que afirmou ser natural em um ambiente de trabalho de humoristas a existência de práticas que ele mesmo admitiu ter, como sarrar o pênis em colegas. Para Farias, “porque você faz humor, não significa que você pode passar a mão em ninguém”. Sobre o hábito de Melhem sarrar colegas, Farias revelou ter tomado conhecimento de um relato sobre esse tipo de conduta de Melhem e afirmou que a colega ficou constrangida e com nojo. “O comportamento de uma cena de proximidade é todo combinado: ‘Posso colocar a mão aqui? Pode aparecer isso? Podemos colocar a câmara aqui?’. É uma coisa técnica, não estamos fazendo pornô. Precisa de consentimento. As pessoas precisam ter liberdade para dizer ‘sim’ e ‘não’. Usar esse argumento de que o ambiente do humor é permissivo ajuda a confundir muito. Nós estávamos em um ambiente de trabalho”, defendeu. Em seu relato, Faria disse só ter testemunhado abusos morais e chegou a ver pessoas com vontade de chorar, tamanho era a agressividade e a força que Melhem usava como chefe. “No trabalho, o Marcius tinha um comportamento que se aproximava de um abuso moral. Isso aconteceu com pessoas próximas a mim e eu tive que intervir algumas vezes”, afirmou. Ele contou que freava Melhem quando ele tinha desentendimentos com diretores e editores, e disse que quando um colega fazia uma queixa, conversava com Melhem, mas eles tinham vários atritos. Mas disse que só soube das histórias de assédio sexual quando já não era mais diretor do “Zorra”. “Quando as atrizes vieram falar comigo, foi um choque. Eu percebi que não era só a Dani Calabresa, entendi que era algo sistemático”, disse, lamentando o fato de Melhem ter se colocado como um intermediário entre o elenco e a direção. O cineasta afirmou que acredita que Melhem escondia dele esse lado e que o humorista era muito inteligente e capaz de simular muito bem. O caso de Marcius Melhem ganhou repercussão em dezembro de 2019, quando a humorista Dani Calabresa o acusou de assédio moral e sexual em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Desde então, outras mulheres vieram a público com relatos semelhantes, e Melhem deixou a TV Globo em agosto de 2020. Desde que as acusações de assédio sexual vieram à tona, a TV Globo abriu uma investigação interna sobre o caso e afastou o humorista de suas atividades na emissora. Em agosto de 2020, Melhem e Globo encerraram a parceria, após 17 anos de trabalho, e logo em seguida vieram à tona as denúncias das atrizes, que agora processam Melhem na Justiça.
Dani Calabresa e testemunhas descrevem abusos de Marcius Melhem na Globo
A comediante Dani Calabresa voltou a acusar o roteirista e ator Marcius Melhem de assédio. Em uma entrevista ao portal Metrópolis, Calabresa e outras 10 pessoas, incluindo vítimas e testemunhas, revelaram o ambiente tóxico em que trabalhavam. Além de Calabresa, também participaram da entrevista as atrizes Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom e Maria Clara Gueiros, as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky, os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias, e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht. Durante a conversa, eles apontaram os diversos tipos de abusos que aconteciam nos bastidores do núcleo de humor da rede Globo, como tentativas de assédios, avanços indesejados, exibicionismo, entre muitos outros. “Estava insustentável trabalhar em um ambiente em que eu comecei a perceber que eu era barrada dos convites; que eu não era liberada para as coisas; que eu estava trabalhando com tremedeira; que ele se aproveita das brincadeiras para brincar [com o pênis] ereto; que ele pega de verdade; ele tenta enfiar a língua de verdade. Não é selinho, não é piada, não é brincadeira”, resumiu Dani Calabresa. “Para mim, o ambiente do Núcleo de Humor da Globo era muito divertido, mas tinham momentos de constrangimento, que eu demorei para entender que não eram normais e tinham o nome de assédio”, disse a atriz Georgiana Góes. Ao comentar sobre esses constrangimentos, a atriz Veronica Debom explicou que “ele detonava nossa autoestima para manter todo mundo sob controle, por isso ele tinha tantos gênios debaixo da asa dele”. Além disso, supostamente houveram ocasiões em que Melhem se exibia para a equipe. A roteirista Luciana Fregolente lembrou de uma vez que ele abriu a porta vestindo apenas uma cueca. “Eu paralisei quando vi aquilo, ao mesmo tempo era o emprego dos meus sonhos, sabe? Eu tava chegando ali, trabalhar com o humor na maior emissora do Brasil, e eu tava super feliz e de repente o chefe abre a porta de cueca”, disse ela. Debom disse que, no caso dela, Melhem foi ainda mais longe. Após ela atuar em um esquete de humor, ele teria feito uma insinuação sexual. “O Marcius olhou para mim e falou assim: ‘Você fez bem essa cena, você é talentosa. E pensar que você estava escondida em outra emissora, né? Você me deve um b*quete!’”, revelou ela. As mulheres também afirmam que Melhem “colocava a língua” durante as cenas de beijo, e sempre arranjava uma desculpa para repetir a cena. E o ator Marcelo Adnet disse ainda que Melhem sempre escalava a si mesmo para as “cenas mais quentes”. A conversa recupera a acusação original de 2019, quando a história chegou pela primeira vez na imprensa. “Quando saiu na imprensa a notícia sobre o assédio sofrido pela Dani, eu entendi todos os comportamentos típicos de assédio que estavam acontecendo, tudo o que eu tinha ouvido falar quando comecei na TV Globo. Eu entendi que era verdade, que eu tentei bloquear um tempo como se não fosse”, contou a roteirista Carolina Warchavsky. Calabresa também disse que Melhem refutou suas acusações de assédio afirmando que, na verdade, era ela quem dava abertura para suas investidas. “Tem esse lugar de tentar confundir a opinião das pessoas expondo a gente num tom: ‘Mas ela ria’. Mas tenta se colocar no meu lugar… Eu amava trabalhar nesse ambiente e, para não criar uma briga com o meu chefe, eu fingia que achava engraçado. Eu corto pessoalmente e compenso na mensagem”, disse ela. “É um discurso para tentar convencer a nossa sociedade, que é machista, que nós somos loucas, vingativas, piranhas, vagabundas. E isso não é verdade! Isso era um ambiente de trabalho. Ele é um chefe. Essa insistência é assédio. Para a gente é um aprendizado usar a palavra ‘assédio’. A gente fala: ‘Ele tá chato. Que tarado! Ele também fica passando a mão em você?’. É difícil a gente usar a palavra ‘assediador’. É difícil a gente chegar nesse estágio, mas acho que quanto mais a gente vai falando, as pessoas vão se identificando”, completou. O Metrópolis também realizou uma entrevista separada com Marcius Melhem, em que ele apresentou a sua versão dos fatos e se defendeu das acusações. Na entrevista, o ex-diretor da Globo admitiu que “eu fiz brincadeiras na época, que eu como chefe não deveria ter feito”. Porém, ele negou outras acusações, como as de que ele encostava seu pênis nas mulheres ou tentava beijá-las à força. “Eu nunca encostei pênis ereto em nenhuma mulher. Nunca forcei beijo. Eu tinha uma brincadeira com um redator de brincar, de chegar, só com os meninos e não todos, só com quem tinha mais intimidade. Que era chegar e encostar o pênis no homem. Não tinha nada de erótico nisso”, afirmou ele. Em relação ao relato de que ele abriu a porta para Luciana Fregolente apenas de cueca, Melhem disse que “ela amava essa brincadeira. Era uma brincadeira lá do passado, de trote. Você recebia a pessoa no primeiro dia de cueca. Homens e mulheres. Tomavam aquele susto, brincadeira babaca”. Ele também acusou a roteirista de tentar dar um golpe depois que viu que estava perdendo espaço na Globo. “Ela queria o crédito que ela não teve, ela saiu do ‘Zorra’ porque estava sem ambiente”. “A TV Globo me chamou pra ser chefe e eu topei”, disse ele. “O que eu acho que hoje já existe, eu deveria ter tido um treinamento. Olha, agora você não é mais colega, agora você é chefe. Isso você não pode mais fazer, ‘nos 50 anos da TV Globo já aconteceu isso, isso e isso’”, disse ele. Por fim, o humorista disse que muitas das pessoas que o estão acusando agora foram convencidas que eram vítimas. “Eu acho que tem gente ai de bom coração. Tem gente que está ai com sentimento de causa, de pertencimento, que inclusive nem sabe que é vítima. Que foi convencido por essa tríade”, concluiu ele.








