Novela “A Viagem” vai ganhar continuação
Globo desenvolve filme inspirado no sucesso televisivo dos anos 1990 com a volta de Alexandre
Guilherme Fontes é picado por cobra venenosa em sua casa no Rio de Janeiro
Ator relata incidente com jarajaca na Gávea e orienta seguidores sobre como proceder após picada
“A Viagem” será reprisada no Vale a Pena Ver de Novo
Novela de Ivani Ribeiro retorna à programação da Globo em maio, como parte das comemorações de 60 anos do canal
Os Outros: 2ª temporada tem roteiros prontos com mudança significativa
A 2ª temporada da série “Os Outros”, da Globoplay, já está com os roteiros finalizados e revela uma mudança significativa na história. De acordo com informações do jornal O Globo, a 2ª temporada da série vai se passar em um novo condomínio. Embora os nomes não tenham sido revelados, apenas parte do elenco original deve retornar. As gravações têm previsão de início para o mês de outubro deste ano, ainda sem muitos detalhes sobre a história. Lançada em maio no streaming, a trama apresenta a vida de duas famílias que residem em um condomínio de classe média na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O enredo se intensifica quando os filhos de ambos os casais se envolvem em uma briga na quadra de esportes, o que acaba se expandindo e afetando profundamente a vida dos pais. Intolerância e problemas de diálogo Durante entrevista ao Gshow, o criador comentou o enredo da série, que aborda temas importantes como a intolerância e a dificuldade de diálogo. “O caminho do afeto é sempre a melhor resposta que a gente dá para qualquer conflito na sociedade e dentro da nossa história também”, declarou Paraizo. “Conforme a série vai avançando, a gente desarma a lógica dos personagens e esperamos que ao longo da série a gente possa desarmar a lógica do público também”, explica. “Eu acredito muito que quanto mais a gente dialoga, mais conseguimos isso. A história começa da premissa que é o seguinte: o que acontece quando todo mundo acha que tem razão? E a partir daí a gente propõe soluções”. O elenco da 1ª temporada inclui Adriana Esteves (“Medida Provisória”), Thomás Aquino (“Bacurau”), Maeve Jinkings (“Aquarius”), Milhem Cortaz (“O Lobo Atrás da Porta”), Eduardo Sterblitch (“Os Parças”), Guilherme Fontes (“O Silêncio da Chuva”) e Drica Moraes (“Sob Pressão”). Por enquanto, a Globoplay disponibilizou os três primeiros episódios de “Os Outros”, com os demais lançados semanalmente.
Os Outros: Nova série da Globoplay ganha trailer tenso
A Globoplay divulgou o primeiro trailer de “Os Outros”, sua próxima série exclusiva de streaming. A prévia carrega o clima de tensão, mostrando como a briga entre dois adolescentes num condomínio da Barra da Tijuca, no Rio, vira guerra declarada entre suas famílias, culminando em surtos de violência que envolvem todos os vizinhos. O argumento foi criado pela atriz Fernanda Torres (“Os Normais”) e desenvolvido por Lucas Paraizo, o autor de “Sob Pressão”. A série ainda conta com direção de Luisa Lima, que assina “Onde Está Meu Coração”. Segundo Paraizo, “Os Outros” traz uma discussão sobre intolerância e dificuldade de diálogo na sociedade atual. Durante participação no evento Rio2C nesta semana, ele explicou a premissa. “A história começa da premissa que é o seguinte: o que acontece quando todo mundo acha que tem razão? E a partir daí a gente propõe soluções”, declarou. “O caminho do afeto é sempre a melhor resposta que a gente dá para qualquer conflito na sociedade e dentro da nossa história também. Conforme a série vai avançando a gente desarma a lógica dos personagens e esperamos que ao longo da série a gente possa desarmar a lógica do público também”, acrescentou. O elenco inclui Adriana Esteves (“Medida Provisória”), Thomás Aquino (“Bacurau”), Maeve Jinkings (“Aquarius”), Milhem Cortaz (“O Lobo Atrás da Porta”), Eduardo Sterblitch (“Os Parças”), Guilherme Fontes (“O Silêncio da Chuva”) e Drica Moraes (“Sob Pressão”). Sem data de estreia marcada, a série é esperada para 2023.
Foto mostra Eduardo Sterblitch em sua primeira série dramática
A Globo divulgou a primeira foto do ator Eduardo Sterblitch em sua primeira série dramática. Mais lembrado por papéis em comédias como o filme “Os Penetras” e a série “Shippados”, ele viverá um ex-policial na nova atração de Lucas Paraizo (“Sob Pressão”). Passada num condomínio da Barra da Tijuca, no Rio, a trama vai abordar questões como intolerância e conflitos numa sociedade polarizada. O elenco também inclui Adriana Esteves (“Marighella”), Thomás Aquino (“Bacurau”), Maeve Jinkings (“Aquarius”), Milhem Cortaz (“O Lobo Atrás da Porta”), Guilherme Fontes (“O Silêncio da Chuva”) e Drica Moraes (“Sob Pressão”), que tem o papel da síndica do condomínio. Já renovada para a 2ª temporada, a série tem direção de Luísa Lima (“Onde Está Meu Coração”), mas ainda não ganhou previsão de estreia.
Boca de Ouro é a versão mais violenta de Nelson Rodrigues
Um filme como “Boca de Ouro”, com um elenco estelar, tempos atrás teria ótimas chances de conseguir uma boa bilheteria. Mas está passando em cinemas vazios. Tempos estranhos estes de pandemia. Há vários motivos para ver o filme. Para começar, o texto de Nelson Rodrigues, que é um autor que costuma garantir o sucesso de suas adaptações. Há também a volta de Daniel Filho na direção, depois de um hiato longo – desde a comédia “Sorria, Você Está Sendo Filmado”, de 2014. E há um elenco muito atraente, que traz outra volta, Malu Mader, e destaca nomes como Marcos Palmeira no papel-título, Guilherme Fontes, Fernanda Vasconcellos, Anselmo Vasconcelos, além do próprio Daniel Filho. Apesar disso, o grande atrativo acaba sendo a revelação da jovem Lorena Comparato, no papel de Celeste, a mulher casada que cai nas graças do gângster de dentes de ouro. Outro ator jovem, mais conhecido pelas telenovelas, Thiago Rodrigues, faz o papel de seu marido, Leleco, personagem que, na adaptação de Nelson Pereira dos Santos, exibida em 1963, tinha sido interpretado pelo próprio Daniel Filho. A estrutura, por sinal, é igual à do filme de Nelson Pereira dos Santos, uma espécie de “Rashomon” (1950), com a personagem de Malu Mader contando três histórias diferentes, ao mesmo tempo contraditórias e complementares sobre o temido Boca de Ouro, bicheiro que acabou de ser encontrado morto. A dupla de repórteres que entra na casa de Guigui (Mader) para colher depoimentos, acaba por ouvir essas histórias, mudadas de acordo com o humor ou a vontade da narradora. As narrativas se equilibram em momentos muito bons e outros menos interessantes, mas todas elas são atraentes e poderosas no uso da violência rodrigueana e que agora pode ser vista de maneira mais explícita. Daniel Filho segue um caminho de sangue e nudez, que já era trilhado pelos melhores especialistas em adaptações de Nelson Rodrigues, como Neville D’Almeida e Braz Chediak. Mas em “Boca de Ouro” ela é mais gráfica, derivada do cinema de horror, e mais bonita plasticamente. É uma violência que vai além do visual, já que Boca de Ouro é um personagem extremamente perturbador, seja quando procura estuprar uma mulher e matar seu marido, quando faz concurso de seios mais bonitos e quando planeja a execução de uma mulher em sua casa. Assim, há espaço para fazer bombear fortemente o coração do espectador diversas vezes, com os atos cruéis desse fascinante personagem da literatura brasileira.
Chatô – O Rei do Brasil e Socorro Virei uma Garota são premiados em festival de cinema da Rússia
O filme “Chatô – O Rei do Brasil”, dirigido por Guilherme Fontes, venceu o Prêmio de Ouro do Festival de Cinema Echo Brics, na Rússia, voltado a produções cinematográficas do bloco conhecido como Brics – sigla de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (em inglês, South Africa). O longa brasileiro dividiu o prêmio máximo do festival com o russo “The Victory will be My Gift to You”, de Arsen Agadzhanyan. Mas não foi o único representante nacional premiado. A comédia “Socorro Virei uma Garota”, de Leandro Neri, ficou com o Prêmio de Prata, o segundo lugar da premiação, também empatado com outro título, o drama indiano “The Last Color”, do estreante Vikas Khanna. Nenhum dos concorrentes era exatamente novo, devido ao critério de inscrição, que permite a participação de títulos lançados nos últimos cinco anos. Também há limites para a quantidade de títulos que podem concorrer por cada país. Afinal, os filmes dos demais Brics raramente chegam na Rússia, tornando o evento uma espécie de première russa dos candidatos. Embora a maioria dos inscritos tivesse sido lançada no ano passado, “Chatô – O Rei do Brasil” era justamente o longa mais antigo, com estreia oficial em 2015, mas com uma trajetória de duas décadas de produção. A cinebiografia de Assis Chateaubriand quase virou lenda na história do cinema nacional por ter demorado 20 anos para ser concluída, desde que Guilherme Fontes começou a produzir o projeto, em 1995. O diretor foi acusado de irregularidade no uso de dinheiro público pela demora em concluir o filme, que a certa altura parecia não existir, chegando a ser multado em R$ 66,2 milhões. Mas a estreia no fim de 2015 mudou tudo. Elogiado pela crítica, isentado pelo Tribunal de Contas da União e bastante premiado, “Chatô” conseguiu um epílogo digno da mitologia que cerca sua produção. Diante da covid-19, o evento deste ano não foi aberto ao público em Moscou e os integrantes do júri assistiram aos longas-metragens concorrentes cada um em sua casa, para depois votar naqueles que consideravam os melhores.
Ministério Público exige devolução de R$ 1,4 milhão do filme Chatô, o Rei do Brasil
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ajuizou na quarta-feira (20/12) uma ação civil pública contra Guilherme Fontes Filmes Ltda, produtora responsável pelo filme “Chatô, o Rei do Brasil”, pedindo o ressarcimento de R$ 1,484 milhão. O valor é referente a contratos assinados com a Rio Filme, empresa pública vinculada à prefeitura do Rio de Janeiro. Segundo o MPRJ, a fraca divulgação da obra por uma negligência unilateral justifica o ressarcimento do valor, pago em forma de adiantamento em troca de direitos concedidos à Rio Filme. Na ação, também se pleiteia que a produtora seja condenada a indenizar a coletividade em valor a ser arbitrado pela Justiça para ser aplicado em ações de proteção aos bens públicos artísticos ou históricos. Dirigido por Guilherme Fontes, o filme foi baseado no livro de mesmo nome do escritor Fernando Morais e conta a história de Assis Chateaubriand, jornalista e empresário que nos anos 1920 fundou os Diários Associados, grupo de mídia que lançou a TV no Brasil. A produção levou mais de 20 anos entre o começo das filmagens em 1994 e seu lançamento em 2015. Mas foi muito bem recebido pela crítica, tornando-se o segundo filme mais premiado do Grande Prêmio Brasil do Cinema Brasileiro 2016. Foram quatro troféus, entre eles o de Melhor Ator, para Marco Ricca, intérprete de Chatô. Mesmo assim, ce acordo com nota divulgada pelo MPRJ, houve pouco caso com a produção, que foi concluída em 21 anos, após sucessivos atrasos. Além disso, a Rio Filmes firmou contratos com a produtora Guilherme Fontes Filmes Ltda nos quais se previa a entrega de uma primeira cópia do filme em 2004, mas isso só ocorreu em 2015, mais de 10 anos após o prazo estabelecido. “No decorrer desse tempo, a obra se tornou desinteressante para a população e para a Rio Filme, vindo inclusive a ser motivo de chacota entre o meio artístico e social. Tais fatos influenciaram direta e intensivamente no pouco alcance que essa produção de grande valor histórico e cultural acabou tendo com a população em geral. O que feriu, portanto, o maior objetivo que se pretendia alcançar, que era o de divulgar, da forma mais ampla possível, os relevantes fatos históricos contidos nessa obra cinematográfica”, diz o texto. De acordo com a ação, a Rio Filme teria o direito de promover e contratar, com exclusividade, a exploração econômica do filme nas salas de cinema e em outros meios de exibição. Em contrapartida, seria feito um repasse de R$ 1,06 milhão na modalidade de adiantamento sobre receita de comercialização. Tal valor seria recuperado através da retenção prioritária de 100% dos rendimentos com a comercialização da obra. Além disso, a Rio Filme destinou mais R$ 260 mil como coprodução e se comprometeu a reservar a quantia de R$ 440 mil para a cobertura de despesas com o lançamento do filme. Esta não é a primeira polêmica judicial envolvendo o filme. A produção captou cerca de R$ 8,6 milhões por meio da Lei de Incentivo à Cultura e da Lei do Audiovisual. Estes recursos seriam usados não apenas no longa-metragem, mas também em uma série de 25 documentários sobre a história da República no Brasil, exibidos pela Globosat, e em um documentário em curta-metragem sobre Assis Chateaubriand, que recebeu o título de “Dossiê Chatô”. No final de 2014, embora os demais produtos já tivessem sido finalizados, o filme estava há 20 anos em produção sem conclusão. Por conta disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que fossem estornados à Ancine (Agência Nacional do Cinema) o valor de R$ 66,27 milhões. Este seria o valor corrigido dos R$ 8,6 milhões captados. Além disso, a condenação impôs ainda duas multas de R$ 2,5 milhões cada, totalizando um débito superior a R$ 71 milhões. Dois anos mais tarde, Guilherme Fontes protocolou uma cópia da obra concluída no TCU. A corte aceitou o filme finalizado como prova dentro de um recurso que pedia a revisão da condenação. Outra ação também foi arquivada em 2015 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Neste processo, Guilherme Fontes foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa. A ação foi ajuizada em 2010 e apontava que a produção recebeu R$ 51 milhões e até então não tinha sido concluída. Também se questionou a falta das prestações de contas. Entretanto, a acusação não tinha mérito e foi retirada. O crime de improbidade administrativa deve ter sempre como réu pelo menos um agente público envolvido no ato ilícito, o que não era o caso.
16 filmes brasileiros disputarão uma indicação no Oscar 2017
Dezesseis filmes brasileiros foram inscritos na comissão do Ministério da Cultura, que irá selecionar o representante do país na busca por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017. A lista das produções inscritas foi divulgada pela Secretaria do Audiovisual e conta, entre outros, com “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e “Chatô – O Rei do Brasil”, de Guilherme Fontes. “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, e “Para Minha Amada Morta”, de Aly Muritiba, não foram incluídos na seleção por decisão de seus diretores, como protesto contra uma suposta “imparcialidade questionável” da comissão, no dizer de Mascaro, que colocaria o resultado em cheque. Os três diretores seguiram deixa de Kleber Mendonça Filho, que denunciou em carta aberta a inclusão do crítico Marcos Petrucelli, de visão política diferente da sua, como uma conspiração do “governo ilegítimo” contra seu filme “Aquarius”. Petrucelli criticou a photo-op de “Aquarius” no Festival de Cannes, quando Filho e seu elenco ergueram cartazes, em francês e inglês, para denunciar que “o Brasil não é mais uma democracia” por ter sofrido um “golpe de estado”. Além dos três cineastas desistentes, a própria comissão sofreu baixas, com as saídas do cineasta Guilherme Fiúza Zenha, que alegou motivos pessoais, e da atriz Ingra Lyberatto, que revelou ter sofrido pressões extremas da classe. Os dois foram substituídos pelos cineastas Bruno Barreto e Carla Camurati. Além disso, a presença de Petrucelli foi garantida pelo Secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini. Os demais integrantes do comitê julgador são Adriana Rattes, Luiz Alberto Rodrigues, George Torquato Firmeza, Bruno Barreto, Carla Camurati, Paulo de Tarso Basto Menelau, Silvia Maria Sachs Rabello e Sylvia Regina Bahiense Naves. Em nota, o ministro da Cultura, Marcelo Calero, disse confiar “plenamente na isenção e na capacidade da comissão avaliadora”. “Será um trabalho difícil, pois a safra de filmes brasileiros está excelente”, afirmou. Apesar da polêmica, a quantidade de filmes inscritos é alta. No ano passado, foram apenas nove títulos. E vale registrar que o responsável por polemizar todo o processo, Kleber Mendonça Filho, não retirou seu filme da competição, deixando seus três colegas solidários no vácuo. Veja a lista completa de filmes: “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho “Chatô – O Rei do Brasil”, de Guilherme Fontes “Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo”, de Afonso Poyart “Nise – O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner “Campo Grande”, de Sandra Kogut “Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil”, de Belisário Franca “Pequeno Segredo”, de David Schürmann “O Roubo da Taça” de Caíto Ortiz “A Despedida”, de Marcelo Galvão “O Outro Lado do Paraíso”, de André Ristum “Uma Loucura de Mulher”, de Marcus Ligocki Júnior “Vidas Partidas”, de Marcos Schechtman “Tudo que Aprendemos Juntos”, de Sérgio Machado “O Começo da Vida”, de Estela Renner “A Bruta Flor do Querer”, de Andradina Azevedo e Dida Andrade “Até que a Casa Caia”, de Mauro Giuntini
Carla Camurati entra na comissão que definirá o candidato brasileiro ao Oscar 2017
Um dos maiores ícones da retomada do cinema nacional, a diretora e atriz Carla Camurati vai ocupar a vaga de Ingra Lyberato na comissão que selecionará o candidato brasileiro para disputar uma vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2017. Convidada a integrar a comissão pelo próprio Ministro da Cultura Marcelo Calero e pelo secretário de Audiovisual Alfredo Bertini, Carla surpreendeu-se com o questionamento de sua “classe” (na definição de Lyberato) sobre a imparcialidade dos integrantes, afirmando que o convite não foi acompanhado de qualquer orientação política – como, por sinal, já tinha sido dito por Lyberato. “Eu estou do lado do cinema brasileiro, e estarei sempre. Minha preocupação é com a nossa cultura de forma geral”, disse a cineasta, cujo filme “Carlota Joaquina” é apontado como divisor da cinematografia nacional. Seu sucesso de bilheteria, numa fase em que o cinema nacional andava desacreditado, marcou o início do renascimento do mercado para as produções brasileiras, a ponto de servir como referência. É o marco zero da retomada. Camurati vê com bons olhos a produção brasileira. “Temos uma variedade muito interessante tanto em termos de conteúdo como de liguagem. A comissão vai ter um bom momento para fazer sua escolha”, avaliou. Na sexta-feira (26/8), Lyberato anunciou pelas redes sociais que deixaria o comitê de seleção após ter “começado a sofrer”. Ela se referiu à “retirada de alguns filmes preciosos”, que não seriam submetidos à comissão por decisão de seus cineastas, em protesto político, e também à pressões extremas da “classe”. Esta foi a segunda substituição na comissão, que já havia perdido o cineasta Guilherme Fiúza Zenha na quinta-feira (25/8). Segundo sua alegação, “por questões pessoais”. Ele foi substituído pelo cineasta Bruno Barreto, que já chegou disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por “O Que é Isso, Companheiro?”, em 1998. Com as mudanças, a comissão ficou ainda mais forte e representativa, ainda que o espírito de confronto tenha prejudicado a escolha. Três cineastas retiraram seus filmes da disputa pela vaga ao Oscar 2017 em protesto político contra a própria comissão, devido à sua “imparcialidade questionável”, como se expressou Gabriel Mascaro, que retirou “Boi Neon” da disputa. Em comunicado, a equipe de “Para Minha Amada Morta”, de Aly Muritiba, resumiu: “Não reconhecemos a legitimidade da comissão constituída pela SaV (Secretaria do Audiovisual) para escolher o representante brasileiro na disputa do Oscar 2017”. Além deles, Anna Muylaert também retirou “Mãe Só Há Uma” da apreciação da comissão. Na ocasião, ela deu a entender, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que se tratava de uma tática para forçar a escolha de “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. “Achamos que este é o ano de ‘Aquarius’. É o filme certo”, disse. Outros diretores alinhados com o mesmo discurso não chegaram tão longe, mas assumiram participar de uma conspiração. O objetivo seria, segundo consta num texto publicado no Facebook pelo cineasta Roberto Berliner, tentar forçar a “retirada” de um membro da comissão, que desagrada a “classe” por sua postura mais crítica. Lyberato chegou a dar nome à vítima, em seu desabafo, antes de pedir para sair. “Estamos sendo extremamente pressionado por todas as notícias a ponto de ter gente pedindo para sair. Qual é o objetivo? Forçar o Petrucelli a sair? Forçar todos a sair?”, ela escreveu. O alvo era o crítico Marcos Petrucelli. Desde que seu nome foi incluído na comissão, o cineasta Kleber Mendonça Filho abriu uma frente de ataque à sua participação. Petrucelli não poderia participar da comissão, na visão dos diretores citados, por ter criticado a photo-op da equipe de “Aquarius” em Cannes, quando Filho e seus atores ergueram cartazes para denunciar, em inglês e francês, que “o Brasil não é mais uma democracia” após sofrer um “golpe de estado”. Ele não seria isento, portanto, para escolher o filme que representará o país no Oscar. Além disso, a inclusão do crítico na comissão reforçaria a tese de vitimação de Filho, que estaria sofrendo perseguição pelo protesto no país do caviar. Outro exemplo disso seria a censura de 18 anos que seu filme recebeu do Ministério da Justiça, por mostrar um pênis ereto numa cena de orgia. O diretor escreveu em seu Facebook: “Alguém no governo fortalecendo o marketing desse filme. Incrível”. Apesar de todo o jogo de cena, Filho tirou o corpo fora do protesto, vendo seus colegas-rivais saírem da disputa, sem retirar “Aquarius” da comissão. “Tenho interesse em ver o processo se completar dentro das regras democráticas”, ele afirmou ao jornal Folha de S. Paulo. Seu interesse não deixa de ser um bom exemplo e uma bela lição.
Para Minha Amada Morta abandona disputa à vaga no Oscar 2017
A pressão da panelinha aumenta. Após “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, e “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, o filme “Para Minha Amada Morta”, de Aly Muritiba, também saiu da disputa à vaga brasileira para buscar indicação na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2017. Em comunicado sucinto, postado no Facebook, Muritiba diz, em nome da equipe de “Para Minha Amada Morta”, que “não reconhecemos a legitimidade da comissão constituída pela SaV (Secretaria do Audiovisual) para escolher o representante brasileiro na disputa do Oscar 2017”. Quando anunciou sua desistência, Muylaert disse que “era o ano de ‘Aquarius'”, dando a entender a existência de um arranjo de bastidores para eleger o filme de Kleber Mendonça Filho à vaga. Visando se distanciar dessa polêmica, Muritiba ainda postou um esclarecimento na rede social: “Nós não retiramos nosso filme da disputa por filme A ou B. Nós retiramos por não reconhecer o modo como a comissão foi constituída. E acredito que os diretores que contestam a comissão deveriam fazer o mesmo”. Quem iniciou a contestação foi justamente Kleber Mendonça Filho, que atacou a participação do crítico Marcos Petrucelli na comissão. Petrucelli não poderia participar da comissão, na visão dos cineastas, por ter criticado a photo-op da equipe de “Aquarius” em Cannes, quando Filho e seus atores ergueram cartazes para denunciar, em inglês e francês, que “o Brasil não era mais uma democracia” após sofrer um “golpe de estado”. Nenhum deles enxerga ironia no ato de defender o direito de Filho protestar contra o que quiser, enquanto atacam a liberdade de expressão de um crítico, no momento em que ele faz o que lhe é mais natural em sua profissão: criticar. Ao exercer pressão para manipular a formação da comissão para “vetar” desafetos, os cineastas deixam claro que buscam o confronto, confundindo demonstração pública de intolerância e incapacidade de convivência democrática com ato libertário, num desvio nutrido pelo pior tipo de patrulhamento ideológico. Afinal, onde estava esta indignação seletiva quando, em 2010, “Lula, o Filho do Brasil” foi escolhido para representar o país no Oscar, em plena vigência do governo Lula? Em vez de protestos, Tata Amaral chegou a elogiar a politização da escolha, feita de forma unânime pela comissão da época, aparentemente mais ao gosto dos nossos cineastas democratas. Detalhe: o filme teve sua produção bancada pelas empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa e OAS, todas suspeitas de propina e lavagem de dinheiro, que tiveram seus dirigentes detidos durante a Operação Lava Jato. “Lula, o Filho do Brasil”, que teria custado R$ 17 milhões, seria fruto de um projeto criminoso? Na pior das hipóteses, representou perfeitamente o Brasil de Lula e a “classe” para o mundo inteiro. Muritiba também defende que os diretores que contestam a comissão deveriam retirar seus filmes da disputa. Mas Kleber Mendonça Filho já anunciou que não pretende renunciar, uma vez que tudo o que está acontecendo é de seu interesse. “Tenho interesse em ver o processo se completar dentro das regras democráticas”, ele afirmou ao jornal Folha de S. Paulo. Além dos três cineastas desistentes, dois integrantes da comissão também pediram para sair. Embora o diretor e produtor mineiro Guilherme Fiúza Zenha tenha alegado “questões pessoais” e dito que não falaria com a imprensa, a atriz Ingra Lyberato fez um longo desabafo no Facebook, mencionando pressões extremas da “classe”. “Estamos sendo extremamente pressionado por todas as notícias a ponto de ter gente pedindo para sair. Qual é o objetivo? Forçar o Petrucelli a sair? Forçar todos a sair?”, ela escreveu. Aparentemente, o objetivo é este mesmo. Dar a indicação a “Aquarius” por W.O. Mas isso também reforça, como opção de repúdio à tática de panelinha, a candidatura alternativa de “Chatô, o Rei do Brasil”. “‘Chatô’ tem grandes qualidades e foi feito com muito esforço. Acho que meus técnicos e atores, que tanto se empenharam, merecem”, acredita o diretor Guilherme Fontes, ao contrário do que acham os diretores desistentes a respeito de seus próprios filmes.








