Morre Paulo Sérgio de Almeida, diretor de sucessos da Xuxa e fundador do site Filme B
Cineasta dirigiu longas infantis e fundou o portal referência em mercado cinematográfico brasileiro
Bilheteria dos cinemas brasileiros cresce 12% e tem melhor semestre desde 2019
Circuito exibidor ultrapassa R$ 1,2 bilhão de bilheteria e público de 61,2 milhões, impulsionado por sucessos infantis e filmes nacionais
“Ainda Estou Aqui” supera estreia de “Wicked” e “Gladiador 2” nas bilheterias
Filme de Walter Salles é filme mais visto do Brasil contra lançamentos de blockbusters de Hollywood
Tim Burton fará remake da sci-fi clássica “A Mulher de 15 Metros”
O diretor Tim Burton (“Wandinha”) e a roteirista Gillian Flynn (“Garota Exemplar”) estão colaborando em um remake do cultuado filme B “A Mulher de 15 Metros” para a Warner Bros. A história, que mescla ficção científica e horror, narra a trajetória de uma herdeira rica que, após um encontro alienígena, transforma-se em uma gigante e busca vingança contra seu marido infiel. Ainda não foi divulgado se a nova versão seguirá de perto o enredo do filme original de 1958, que teve Allison Hayes no papel principal e foi produzido com um orçamento de apenas US$ 88 mil. Pelos nomes envolvidos, espera-se que a produção conte com recursos financeiros bem maiores que o original e até que o remake anterior, “15 Metros de Mulher”, estrelado por Daryl Hannah em 1993, que foi feito para a televisão e saiu direto em vídeo no Brasil. Burton, que atualmente desenvolve a sequência de seu filme de 1988, “Beetlejuice”, também na Warner Bros., ainda está envolvido atualmente com a 2ª temporada de “Wandinha”. Já Flynn foi recentemente contratada para adaptar seu romance “Lugares Escuros” em uma minissérie da HBO – a história já rendeu um filme de 2015 com Charlize Theron.
Kevin James surpreende com papel de vilão sádico em suspense ultraviolento
A distribuidora indie Quiver lançou nesta sexta (5/6) nos EUA o candidato a cult “Becky”, um suspense ultraviolento de baixo orçamento, que se diferencia da vasta quantidade de títulos similares em VOD pelo elenco famoso e inesperado. Para começar, o vilão é vivido pelo comediante Kevin James (“Segurança de Shopping”), que não só desempenha um raro papel dramático como o interpreta com excesso de sadismo. Ele encarna o líder de uma gangue neonazista que invade a casa de uma família para torturar os pais da personagem-título, uma adolescente rebelde que conhece o paradeiro de algo que os criminosos procuram. Outro comediante, Joel McHale (“Community”), vive o pai, enquanto Amanda Brugel (“The Handmaid’s Tale”) interpreta a madrasta. Mas o grande destaque da produção é Lulu Wilson, que já tinha chamado atenção em “Objetos Cortantes”, “A Maldição da Residência Hill” e “Annabelle 2: A Criação do Mal”. Com apenas 15 anos, ela tem uma filmografia maior que muitos veteranos e pode ser considerada o principal atrativo da produção. Na trama, Lulu é a terrível Becky, que dá enorme trabalho para os pais. Mas por pior que se comporte, isso não é nada perto do que a mini-Rambo faz com os invasores. Além de “Rambo”, outra comparação possível é com o Kevin de “Esqueceram de Mim”, num contexto de terror de sobrevivência. Filme B assumido em todos os seus exageros viscerais, “Becky” é o terceiro longa da dupla Cary Murnion e Jonathan Milott, que também assina os cultuados “Cooties: A Epidemia” (2014), com Elijah Wood, e “Ataque a Bushwick” (2017), com Dave Bautista. Ainda sem previsão para chegar ao Brasil, “Becky” dividiu a crítica, agradando mais aos jornalistas profissionais (67% de aprovação dos críticos top do Rotten Tomatoes) que aos blogueiros amadores (57%). Ficou curioso? Confira abaixo o trailer e o pôster, divulgados no começo da semana.
Chris Evans vai estrelar remake musical de A Pequena Loja dos Horrores
O ator Chris Evans (“Vigadores: Ultimato”) vai estrelar o remake da comédia musical “A Pequena Loja dos Horrores”, que será dirigida por Greg Berlanti (que dirigiu “Com Amor, Simon” e produz as séries do “Arrowverso”). Ele terá o papel do dentista sádico Orin Scrivello, que foi interpretado por Jack Nicholson no filme original de 1960 e por Steve Martin no remake de 1986. O próprio Evans postou uma notícia de que negociava o papel em suas redes sociais, numa confirmação da escalação com direito a um emoji de dente. Veja abaixo. O filme pode voltar a reunir Evans com sua velha amiga Scarlett Johansson, que também negocia um papel – como a protagonista feminina, Aubrey. Os intérpretes da Viúva Negra e do Capitão América nos filmes da Marvel compartilham cenas no cinema desde 2004, quando estrelaram a comédia “Nota Máxima”. Por enquanto, apenas Billy Porter (“Pose”) tem seu nome confirmado na produção – provavelmente como a voz da planta carnívora Audrey II – , mas o elenco também deve incluir Taron Egerton (“Rocketman”), que negocia o papel principal de Seymour Krelborn. Originalmente um terror barato, filmado em preto e branco ao longo de uma semana de 1960 pelo diretor Roger Corman, a história do funcionário de uma floricultura que cultiva uma planta carnívora acabou adaptada como musical da Broadway e fez enorme sucesso, já tendo ganhado um remake musical em 1986. O terceiro filme desta história será o quarto longa dirigido por Berlanti, que anteriormente comandou dramas modestos, como “O Clube dos Corações Partidos” (2000), “Juntos Pelo Acaso” (2010) e “Com Amor, Simon” (2018). O longa deve começar a ser filmado no meio de 2020 e ainda não tem previsão de estreia. 🦷! https://t.co/onDaTINGwM — Chris Evans (@ChrisEvans) February 24, 2020
Dick Miller (1928 – 2019)
O ator Dick Miller, que ficou conhecido por atuar em filmes cultuados dos cineastas Roger Corman e Joe Dante, morreu nesta quarta-feira (30/1) aos 90 anos, em Toluca Lake, na Califórnia. Com longa carreira no cinema, ele foi lançado por Corman, o lendário rei dos filmes B, durante os anos 1950. Reza a lenda que Miller procurou Corman para tentar emplacar um roteiro. Mas o cineasta respondeu que não precisava de roteiros e sim de atores. E assim o roteirista sem dinheiro Richard Miller virou Dick Miller, o ator de salário mínimo. De cara, ele estrelou dois westerns de Corman, “Pistoleiro Solitário” (1955) e “A Lei dos Brutos” (1956), antes de entrar nos clássicos de sci-fi e terror baratos que tornaram o nome do diretor mundialmente conhecido, como “O Conquistador do Mundo” (1956), “O Emissário de Outro Mundo” (1957), “Um Balde de Sangue” (1959), “A Loja dos Horrores” (1960), “Obsessão Macabra” (1962), “Sombras do Terror” (1963) e “O Homem dos Olhos de Raio-X” (1963), entre muitos outros. Ele também apareceu nos filmes de surfistas, motoqueiros e hippies da época, entre eles os cultuadíssimos “Os Anjos Selvagens” (1966) e “Viagem ao Mundo da Alucinação” (The Trip, 1967), ambos estrelados por Peter Fonda e dirigidos por Corman. O sucesso dos filmes baratos do diretor acabaram criando uma comunidade. Corman passou a contratar aspirantes a cineastas para transformar sua produtora numa potência, lançando mais filmes que qualquer outro estúdio de Hollywood, e isso fez com que Miller trabalhasse com Paul Bartel (em “Corrida da Morte – Ano 2000”), Jonathan Demme (em “Loucura da Mamãe”) e principalmente Joe Dante. Miller e Dante ficaram amigos desde que fizeram “Hollywood Boulevard” (1976) para Corman e essa amizade rendeu uma colaboração duradoura e cheia de clássicos, como “Piranha” (1978), “Grito de Horror” (1981), “Gremlins” (1985) e muito mais. Na verdade, todos os filmes de Dante tiveram participação do ator, até o recente “Enterrando Minha Ex” (2014). Querido pela comunidade cinematográfica, Miller também trabalhou com os mestres Martin Scorsese (“New York, New York” e “Depois das Horas”), Steven Spielberg (“1941”), Samuel Fuller (“Cão Branco”), Robert Zemeckis (“Febre de Juventude”, “Carros Usados”) e James Cameron (“O Exterminador do Futuro”). Ao atuar por sete décadas e aparecer em mais de 100 lançamentos, muitos deles reprisados até hoje na TV, tornou-se um dos rostos mais conhecidos de Hollywood. Por outro lado, por sempre interpretar papéis secundários, acabou não tendo uma projeção à altura da sua filmografia. Mas ele era reconhecido, sim, como apontou um documentário de 2014, que chamava atenção para o fato de todos já terem visto “That Guy Dick Miller” (aquele cara Dick Miller) em algum filme na vida. E ele ainda brincou com isso para batizar sua biografia de “You Don’t Know Me, But You Love Me” (você não me conhece, mas me ama). Ainda ativo, Miller tinha recém-finalizado o terror “Hanukkah”, que celebrava uma curiosidade de sua filmografia: era o sétimo filme em que o ator interpretava um personagem chamado Walter Paisley, costume inaugurado por Corman há 60 anos, em “Um Balde de Sangue”. No Twitter, o diretor Joe Dante lamentou a morte do grande parceiro. “Estou devastado em dizer que um dos meus melhores amigos e um dos meus colaboradores mais valiosos morreu”, escreveu. “Eu cresci assistindo Dick Miller em filmes dos anos 1950 e fiquei emocionado em tê-lo no meu primeiro filme”, disse. “Nós nos divertimos muito juntos e todo roteiro que eu escrevia tinha em mente um papel para o Dick – não apenas porque ele era meu amigo, mas porque eu amava vê-lo atuando! Ele deixa mais de 100 atuações, uma biografia e um documentário – nada mal para um cara que não gostava de personagens principais”, completou Dante.
Laurie Mitchell (1928 – 2018)
Morreu a atriz Laurie Mitchell, que foi rainha do planeta Vênus no clássico “Rebelião dos Planetas” (1958), no qual lutou contra Zsa Zsa Gabor. Ela tinha 90 anos. Ela morreu de causas naturais na quinta-feira (20/9), em uma instituição de saúde em Perris, na Califórnia. A atriz, que nasceu com o nome de Mickey Koren, foi criada em Nova York, mas se mudou com a família para a Califórnia quando era adolescente, o que lhe permitiu estudar atuação com o veterano ator Ben Bard (“O Sétimo Céu”). Loira de corpo escultural, ela se especializou em interpretar mulheres sexy e malvadas. Sua estréia no cinema foi no papel de uma prostituta que acompanha Kirk Douglas no começo de “20.000 Léguas Submarinas” (1954). E ela ainda figurou em dois filmes de presidiárias, “Mulheres Condenadas” (1955) e “As Lobas da Penitenciária” (1956), antes de conseguir seu primeiro destaque. A história de “Rebelião dos Planetas” foi concebida por Ben Hecht, roteirista vencedor do Oscar e responsável pelo clássico “Interlúdio” (1946), de Alfred Hitchcock. A trama se passa no começo da era espacial, em 1985, quando uma nave a caminho de uma estação no espaço perde o controle e acaba em Vênus. Lá, os quatro tripulantes são capturados por mulheres de mini-saias armadas, lideradas por uma rainha que odeia os homens e planeja destruir a Terra. Ela só não prevê a traição de sua cientista Talleah (Zsa Zsa Gabor), que se encanta com os astronautas. O papel da Rainha Yllane deu a Mitchell o status de sex symbol e de figura cultuada, além de convites para participar de convenções de sci-fi por várias décadas. No mesmo ano de 1958, ela apareceu em outras duas ficções científicas de baixo orçamento, “Terríveis Monstros da Lua”, em que voltou a viver uma alienígena sexy, e “Dr. Encolhedor”, consolidando seu status cult. Mas sua filmografia incluiu filmes muito mais famosos, como a comédia clássica “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), na qual interpretou uma integrante da banda feminina de Marilyn Monroe. Ela chegou a dizer que participar desse filme de Billy Wilder tinha sido “a experiência mais emocionante da minha carreira no show business”. Também figurou como showgirl em outra comédia famosa, “Carícias de Luxo” (1962), com Cary Grant e Doris Day, participou do romance “Amor Daquele Jeito” (1963), com Paul Newman, e trabalhou no saloon de “Fúria de Brutos” (1963), com Audie Murphy. Mas os papéis de figurante não lhe abriram novas portas. Com a carreira estagnada no cinema, ela passou a aparecer em inúmeras séries, de “Perry Mason” até “A Família Addams”, coadjuvando por mais de uma década na televisão. Ela quase encerrou a carreira com um papel no cinema, contracenando com o eterno Batman Adam West no suspense “A Garota que Sabia Demais”, em 1969. Mas depois disso ainda fez uma última aparição televisiva, na série “The Bold Ones: The New Doctors”, em 1971. Casada, mãe de família e distante de Hollywood, acabou redescoberta por fãs de seus filmes nos anos 1980, voltando a ser coroada rainha, no circuito das convenções de ficção científica.
Jason Momoa enfrenta traficantes em trailer de filme de ação
O astro Jason Momoa (“Aquaman”) é o destaque do trailer de “Brazen”, um filme de ação barato, que marca a estreia na direção do coordenador de dublês Lin Oeding, responsável por coreografar lutas nos filmes de super-heróis da DC Comics. A trama se passa no inverno congelado e envolve uma cabana, onde traficantes esconderam drogas, que por coincidência é usada pelo lenhador vivido por Momoa. Quando os criminosos retornam para pegar sua cocaína, encontram o lenhador e o sogro, vivido por Stephen Lang (“Um Homem nas Trevas”), e assim começam os tiros e socos do gênero. O elenco também conta com Jill Wagner (série “Teen Wolf”), Garret Dillahunt (série “The Gifted”), Zahn McClarnon (série “Longmire”) e Brendan Fletcher (série “Gracepoint”). “Brazen” estreia em 18 de janeiro nos Estados Unidos e não tem previsão de lançamento no Brasil.
Trailer de Kickboxer Retaliation traz Ronaldinho Gaúcho e Mike Tyson como treinadores de MMA
A Well Go USA divulgou o pôster e o trailer de “Kickboxer Retaliation”, continuação do remake de “Kickboxer”, que volta a trazer o dublê Alain Moussi (“Pompeia”) num dos papéis mais famosos de Jean-Claude Van Damme (“Os Mercenários 2”) nos anos 1980. O próprio Van Damme faz parte do elenco, repetindo o papel de mentor do novo discípulo, que j[s havia encenado no remake de 2016. Na trama, Kurt Sloane (Moussi) agora está preso e precisa treinar com outros detentos, entre eles o brasileiro Ronaldinho Gaúcho e o ex-boxeador Mike Tyson, para enfrentar um novo desafio: ninguém menos que o homem mais forte do mundo, o islandês Hafthor Júlíus Bjornsson (o Montanha da série “Game of thrones”). Por curiosidade, Ronaldinho vai interpretar Ronaldo, um especialista em artes marciais que mostrará ao protagonista como refinar seu chute mortal. O filme também inclui no elenco o veterano Christopher Lambert (“Mortal Kombat”) e marca a estreia da lutadora Paige Vanzant como atriz. Com direção de Dimitri Logothetis (“Código Mortal”), “Kickboxer Retaliation” chega aos cinemas americanos em 26 de janeiro, mas não tem previsão de lançamento no Brasil.
Wheelman: Frank Grillo é motorista de fuga caçado por criminosos em trailer legendado
A Netflix divulgou o pôster e o trailer legendado de “Wheelman”, que teve o azar de ser produzido logo após “Em Ritmo de Fuga”. As tramas são similares, mas a estética e o orçamento são completamente diferentes. Frank Grillo (“12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição”) vive um motorista de fuga para criminosos. E assim que deixa dois assaltantes armados no local de um crime, recebe uma ligação misteriosa, que se identifica como quem contratou seus serviços e ordena que deixe os dois para trás, porque eles planejam matá-lo. Isto dá início a uma perseguição, com vários tiros trocados entre o protagonista e criminosos, enquanto a indefectível voz misteriosa ao telefone segue lhe passando informações incompletas e fazendo ele temer pela vida de sua família. O filme B ainda inclui em seu elenco Garret Dillahunt (série “Raising Hope”), Caitlin Carmichael (série “Z Nation”), o dublê John Cenatiempo (“Assassino a Preço Fixo 2”) e a esposa de Grillo, Wendy Moniz (série “House of Cards”). Roteiro e direção são do estreante Jeremy Rush e a estreia está marcada para 20 de outubro na plataforma de streaming.
Filme B: “A fragmentação da programação acontece no mundo inteiro e é uma tendência também no Brasil”
A discrepância entre o números de salas de cinema disponíveis no Brasil e a quantidade de salas ocupadas pelos blockbusters lançou luz sobre uma solução criativa do parque exibidor para driblar a falta de telas no país. Ao passar a exibir mais de um filme por sala, as distribuidoras aumentaram o alcance nacional de seus títulos. Mas criaram novos problemas, como a implosão de um critério importante da contabilização das bilheterias e a diminuição da transparência do circuito. Tudo isso foi detalhado aqui. Responsável por lidar diretamente com os dados dos exibidores, Gustavo Leitão, editor do Filme B, uma das empresas especializadas na análise do desempenho do mercado, respondeu a perguntas por email, contando como está lidando com esse novo e inusitado paradigma. Confira abaixo. Como é feito o levantamento do circuito? São os exibidores ou distribuidores que informam? O nosso Plantão, que é a equipe responsável pela coleta de dados do sistema Filme B Box Office, que trabalha dia e noite, incluindo fins de semana, mantém uma lista atualizada das salas em operação no Brasil. Os exibidores informam as rendas detalhadas dos seus circuitos, portanto sabemos quais são as salas em atividade. O monitoramento também lista as salas fechadas, mesmo que provisoriamente para obras, e as inaugurações e ampliações. Como 3 mil salas conseguem dobrar de tamanho e virar 6 mil salas na contabilidade do circuito? A fragmentação da programação acontece no mundo inteiro e é uma tendência também no Brasil. Por aqui, nos circuitos de arte, constantemente são exibidos até três filmes por sala. Nas redes de perfil mais comercial, essa prática também acontece: filmes infantis pegam os horários vespertinos, enquanto os de perfil adulto ocupam a programação da noite. Ainda há os festivais e as pré-estreias que não são realizadas em todas as sessões das salas. Desde quando a tendência de exibir mais de um filme por sala passou a ser dominante (norma e não exceção) no mercado? Essa tendência se fortaleceu com a digitalização do circuito, que começou a ganhar força no país em 2012 e hoje é uma realidade dominante. A digitalização facilita a operação porque não exige espaço de armazenamento de rolos de filme, os arquivos podem ser facilmente transportados em HDs ou transmitidos por satélite. Isso deu mobilidade para os cinemas programarem muitos filmes e agilidade para trocar títulos de sala e encolher ou expandir o número de sessões. Isto tem relação com o fato de que o parque exibidor cresceu com muito menos força em 2016 do que vinha crescendo nos últimos anos? Não, a fragmentação da programação é uma tendência que tem pouco a ver com o tamanho do circuito. Vivemos em uma época no cinema mundial de superblockbusters que ganham lançamentos muito amplos e conseguem levar muita gente aos cinemas porque se transformam em fenômenos com aura de imperdíveis. Filmes médios e de nicho hoje concorrem mais fortemente com o entretenimento caseiro (e outras formas de diversão) e têm uma brecha menor no circuito tradicional. O digital também facilitou a produção, aumentou a oferta em uma estrutura de escoamento que não cresce na mesma proporção. Tudo isso favorece a programação fragmentada. Ela pode até desagradar algum tipo de espectador, mas ajuda enormemente os cinemas menores do interior, que assim podem oferecer mais variado. O fim de semana passado foi o primeiro em que 3 filmes ocuparam 3 mil salas simultaneamente. Já é sinal de tendência para 2017, ano de muitos candidatos a blockbuster? Difícil precisar se foi mesmo a primeira vez. Teria que fazer uma análise semana a semana dos últimos anos. Mas certamente não é a primeira vez que os circuitos do top 20 do fim de semana somados superam o total de salas no país. Isso acontece continuamente há bastante tempo. O ano que vem deverá repetir essa tendência, já que os blockbusters têm aumentando sua participação – até novembro de 2016, por exemplo, os dez mais (as maiores rendas) cresceram 22,7% em ingressos vendidos na comparação com o mesmo período do ano passado – e os lançamentos têm ultrapassado com frequência as 1.000 salas no primeiro fim de semana. A tendência, dizem os especialistas, é de concentração nas primeiras semanas dos blockbusters (aberturas mais amplas, portanto), com carreiras mais curtas. A prática de exibir mais de um filme por sala ajuda a obscurecer o circuito exibidor, uma vez que um filme exibido em mil salas, com uma sessão por dia em cada sala, teria menos sessões que um exibido integralmente em 300? Isso também não torna sem sentido a informação relativa a arrecadações por sala, visto que embaraça quantas sessões efetivamente um filme tem por sala? A média por sala é um padrão histórico da métrica de desempenho dos filmes que cada vez tem menos relevância. Justamente a fragmentação fez com que esse número perdesse confiabilidade. Como cada mudança deve envolver a rede de exibidores do país inteiro, tecnicamente essa medida por sessão ainda não é possível de coletar. Há uma intenção da Ancine de fazer esse tipo de acompanhamento, mas não sei em que pé está. Da nossa parte, estamos estudando com os agentes do mercado a possibilidade de usar como parâmetro a média por cinema, já empregada nos EUA, que tem mais precisão. Em janeiro, o nosso ranking deve incorporar essa mudança. Deve-se aceitar essa distorção como inevitável, típica do jeitinho brasileiro, ou buscar outra quantificação, como, por exemplo, o número de sessões de um filme em vez do número de salas que ele é exibido? Os parâmetros da métrica do mercado devem acompanhar as mudanças da atividade. Portanto, o ideal é sempre estar atento às informações que têm relevância e as que não servem mais para diagnosticar com precisão o momento. Portanto, sim, como disse antes, estamos estudando outras possibilidades. No levantamento realizado junto ao circuito, há informações sobre quantas cópias são exibidas dubladas? Isso não é um dado relevante, que merece ser mais bem divulgado? Sim, temos levantamento do desempenho dos filmes tanto por tecnologia (2D, 3D, IMAX) como entre dublado e legendado. O mercado tem acesso a todos esses relatórios através do site Filme B Box Office. Já publicamos uma matéria a respeito na Revista Filme B e pontualmente abordamos esses aspectos na análise do ranking do fim de semana no Boletim, são relevantes para um filme específico. Ter cada vez mais filmes por sala, com predomínio de cópias dubladas, é o que se pode esperar do circuito para 2017? Aqui não se pode falar em tendência porque os dois fatores dependem do tipo de filme lançado. Filmes que dividem salas são geralmente aqueles que têm um público mais restrito: de arte, infantis, já em carreira avançada, documentários segmentados… São várias as possibilidades. A dublagem, idem: mais forte nos blockbusters, nas animações. O espectador brasileiro gosta de filmes dublados. Por ano, mais da metade dos ingressos costuma vir desse tipo de sessão. Pode chegar a mais de 70% dependendo do título. Se o mercado só oferece opção de dublados em 70% do circuito, não seria natural que 70% do circuito consumisse dublados? Considera-se neste “gostar de dublados” o fato de que todas as animações são lançadas dubladas e, como se dá no resto do mundo, acabam puxando as maiores bilheterias? Os exibidores e distribuidores sabem o que funciona em cada tipo de filme. Se percebem que para uma animação de perfil infantil a sala com opção dublada está indo melhor que a outra, com versão legendada, naturalmente isso vai influir nesse balanço no próximo lançamento similar. Idem com o 3D. Mercados que aceitam melhor essa tecnologia terão naturalmente mais oferta. Ninguém gosta de perder dinheiro. Os agentes estão sensíveis às demandas do público, que é quem manda no fim das contas. O crescimento dos dublados tem a ver com a expansão do circuito exibidor, que hoje entra em cidade de interior, com a cultura da televisão forte no país, com a recente ascensão da classe C, que passou a frequentar mais o cinema. São vários os fatores.











