Anima Mundi pode ser primeira vítima da “política cultural” de Bolsonaro
O Festival Anima Mundi, que tem sua 27ª edição prevista para julho no Rio e em São Paulo, pode se tornar o primeiro evento cinematográfico do ano cancelado pela “política cultural” do governo Bolsonaro. Um dos eventos de animação mais prestigiados do planeta, o Anima Mundi qualifica seus vencedores a disputar o Oscar da categoria. Mas Bolsonaro diz que “o Estado tem maiores prioridades”. O patrocínio da Petrobras, retirado de todos os eventos culturais por decisão presidencial, respondia por 30% do orçamento total do evento. Para tentar salvar o festival, os organizadores decidiram apelar para o financiamento coletivo. Antes de Bolsonaro, o orçamento médio do Anima Mundi era de R$ 3 milhões – por sinal, acima do teto de US$ 1 milhão estabelecido pelo governo para a nova Lei de Incentivo Cultural. Mas seria possível realizar uma versão enxuta, que mantivesse, além da mostra de filmes, alguns encontros dos profissionais com o público e debates, com R$ 800 mil de investimento, segundo Fernanda Cintra, produtora executiva do Anima Mundi. Entretanto, a expectativa é captar metade desse valor com o financiamento coletivo, para viabilizar ao menos as mostras. A campanha de financiamento coletivo do festival será lançada no dia 13 no site Benfeitoria.
Revista americana Variety destaca crise do cinema brasileiro sob Bolsonaro
A imagem internacional da cultura brasileira já é de crise nos Estados Unidos. A revista Variety, uma das mais tradicionais publicações americanas sobre o mercado de entretenimento, publicou uma reportagem sobre a paralisação da indústria de cinema e TV do Brasil, sob o governo de Jair Bolsonaro. A revista vê a cultura brasileira ameaçada por cortes de incentivos do governo, e lamenta a estagnação do prestigioso cinema brasileiro “A agência brasileira Ancine, a principal fonte de financiamento público do cinema do país, congelou todos os seus programas de incentivo potencialmente paralisando novas produções da maior indústria de cinema e TV da América Latina”, publicou a Variety. Segundo a publicação, a decisão “dramática” deixou a indústria cinematográfica do país em choque e muito preocupada com o futuro. Também houve o corte de patrocínio estatal, o fim do Ministério da Cultura e o enterro da lei Rouanet, rebatizada de Lei de Incentivo a Cultura e com diversas restrições. Mas a Variety apontou outros dados do desmantelamento da rede de apoio estatal à produção cultural brasileira, que nem a imprensa nacional chegou a noticiar com o devido destaque. A revista revelou que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) está descontinuando seu apoio financeiro para o programa Cinema do Brasil, voltado à exportação de filmes brasileiros. Até a eleição de Bolsonaro, o Departamento Cultural do Itamaraty, no Ministério das Relações Exteriores, trabalhava junto a entidades públicas e privadas do setor audiovisual para fortalecer a presença de filmes e programas televisivos brasileiros no mundo, com o objetivo de divulgar a cultura nacional e facilitar contatos com vistas à comercialização dos bens audiovisuais. Isto acabou. A Variety também destacou o fim do apoio da Petrobras aos principais eventos de cinema do Brasil, lembrando que “a Petrobras figurou por duas décadas como o maior patrocinador corporativo do setor”. “O congelamento de incentivos apareceu em um contexto de animosidade não disfarçada entre a indústria de cinema e TV e grandes parcelas do governo Bolsonaro, que vê a indústria de entretenimento brasileira como um ralo de orçamento federal”, diz a reportagem. “A grande questão para a indústria é se o congelamento de incentivos é uma moratória temporária ou parte de um desmantelamento contínuo do apoio crucial do governo à indústria brasileira de TV e cinema. A atual falta de visibilidade de qualquer resposta a essa pergunta é, em si mesma, um fator incapacitante para novas produções”, acrescenta o texto. A revista conclui que a tensão entre o governo e os produtores de cinema e TV deve gerar protestos ao longo das próximas semanas, com possíveis manifestações durante apresentações brasileiras em grandes eventos internacionais, como o Festival de Cannes.
Mudanças na ex-Lei Rouanet confirmam teto de R$ 1 milhão por projeto
O governo anunciou as mudanças na lei que garante grande parte da produção cultural do Brasil. Em vídeo publicado na página de Facebook do Ministério da Cidadania, o ministro Osmar Terra explicou algumas das diretrizes da nova Lei de Incentivo à Cultura, nome que será adotado pelo governo em substituição à denominação Lei Rouanet. Conforme anunciado há duas semanas pelo presidente Jair Bolsonaro, o limite para captação de recursos pela lei vai baixar de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão por projeto. Mas uma mesma empresa poderá apresentar várias propostas diferentes, respeitando um teto de R$ 10 milhões por ano. Embora Bolsonaro tenha dito que não haveria exceções, elas existirão. Feiras de livros e festas populares, como o Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, e o Natal Luz, em Gramado (RS), poderão captar até R$ 6 milhões. Restauração de patrimônio tombado, construção de teatros e cinemas em cidades pequenas, e planos anuais de entidades sem fins lucrativos, como museus e orquestras, também ficarão fora do limite de R$ 1 milhão, mas não foram fornecidos maiores detalhes para esses casos. As mudanças serão feitas por meio de uma instrução normativa a ser publicada na quarta-feira (24/4) no Diário Oficial da União. Assim que isso ocorrer, elas terão validade imediata e não precisarão ser referendadas pelo Congresso. “Com isso, vamos enfrentar a concentração de recursos nas mãos de poucos. Com o mesmo dinheiro, mas melhor distribuído, vamos ter muito mais atividades culturais e artistas apoiados, dando oportunidade para os novos talentos” disse Terra, a quem a Secretaria de Cultura (o finado MinC) é subordinada. Outras mudanças vão ocorrer na cota de ingressos gratuitos, que hoje é de 10%e deverá ficar entre 20% e 40% nos projetos aprovados. Além disso, o valor dos ingressos populares terá que baixar de R$ 75 para R$ 50. Também haverá editais focados no incentivo à cultura regional, em parceria com as empresas estatais, e estímulo para que estados que não sejam São Paulo e Rio de Janeiro tenham mais recursos. O objetivo é desconcentrar os projetos patrocinados, que em sua maioria estão nesses dois estados. Além disso, os beneficiados pelos repasses terão que fazer ação educativa em escolas ou na comunidade, em parceria com as prefeituras. “Os brasileiros, que estão cansados de ouvir falar dos abusos no uso dos recursos da Lei Rouanet, podem ter certeza que isso está acabando. Vamos enfrentar a concentração de recursos públicos beneficiando poucos. Nossa nova lei de incentivo vai aumentar o acesso da população brasileira à cultura, especialmente para as pessoas mais pobres. Nossas ações também terão foco no estímulo ao surgimento de novos talentos, no fortalecimento de ações de inclusão social, formando profissionais na área artística e promovendo a cultura popular”, disse Terra no vídeo. O ministro, porém, não quis responder perguntas sobre o assunto, recusando entrevistas. O estabelecimento de um teto de US$ 1 milhão atingirá com mais força os musicais, como “O Fantasma da Ópera”, autorizado a captar R$ 28,6 milhões, mas também grandes mostras de arte, como a Bienal de São Paulo, com orçamento sempre acima dos R$ 20 milhões, além de todos os festivais de cinema importantes do país: Festival do Rio, Mostra de São Paulo, Festival de Brasília, Festival de Gramado, Anima Mundi, É Tudo Verdade, etc. As mudanças da Lei Rouanet, transformada em Lei de Incentivo à Cultura, se juntam ao fim do Ministério da Cultura, ao corte do patrocínio de estatais a eventos culturais e à paralisação do investimento da Ancine em novos filmes e séries, como saldo dos primeiros 100 dias de Bolsonaro. Enquanto vários eleitores do presidente comemoram o “fim da mamata” de artistas da Globo e de petistas e compartilham apoio ao “mito”, projetos já começam a ser cancelados. Não vai demorar para se ter noção do saldo da tempestade perfeita que se abate sobre a indústria cultural brasileira, sob aplausos de uma turba barulhenta que brande foices e forcados, enquanto queima “bruxas” e celebra o incêndio que se alastra ao seu próprio redor. A Lei de Incentivo à Cultura mudou para melhor! A Lei de Incentivo à Cultura mudou para melhor! Agora, cada projeto poderá captar no máximo R$ 1 milhão, distribuindo melhor os recursos. Com as mudanças, vamos aumentar o acesso da população brasileira à cultura, principalmente das pessoas mais pobres, priorizar o estímulo de novos talentos, fortalecer as ações de inclusão social e promover a cultura popular. No vídeo, o ministro Osmar Terra explica direitinho como vai funcionar a nova Lei de Incentivo à Cultura. Confira! Publicado por Ministério da Cidadania em Segunda-feira, 22 de abril de 2019
Bolsonaro usa técnica de lavagem cerebral de Laranja Mecânica em vídeo contra Cultura
Para justificar sua política de cerco ao “setor que alguns dizem ser de cultura”, a partir da ordem de corte de patrocínios culturais da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro publicou um vídeo no mínimo questionável em seu Twitter e YouTube oficiais. O material, sem fonte clara – como tem sido praxe na comunicação do governo – , é uma versão editada de um noticiário da Globo News, submetida à tática de choque “golden shower” do presidente. Ele incorpora flashes aleatórios, alguns escatológicos, outros “apenas” preconceituosos, para forçar generalização contra o conceito de incentivo cultural. Entre os exemplos subliminares está um pôster do filme “Lula, o Filho do Brasil”, que apesar de ser um vexame, não foi feito com dinheiro da Petrobras – ao menos, não diretamente – nem usou qualquer lei de incentivo fiscal federal, estadual ou municipal. Outro exemplo é um flash de cartaz do Encontro Nacional de Arte e Cultura LGBT de 2014, com destaque para o fato de que ele ocorreu no Centro Petrobras de Cinema. A imagem entrou no momento em que a cineasta Lais Bodanzky (“Como Nossos Pais”), presidente da Spcine, falava sobre a importância do Festival do Rio, que é dos eventos ameaçados após os cortes da Petrobras. Tendo em vista que todas as imagens aleatórias tem o objetivo de “negativar” as falas apresentadas, o uso do cartaz trata a cultura LGBT como se fosse uma perversão. O vídeo editado segue incorporando fake news, preconceito e generalizações de modo subliminar, para formar opiniões a partir de presunções completamente equivocadas. É uma técnica de lavagem cerebral, popularizada durante a Guerra Fria, para fomentar ódio contra aquilo que é mostrado. Uma das cenas mais icônicas do clássico filme “Laranja Mecânica” (1971), de Stanley Kubrick, lança mão de projeções de filmes para fazer lavagem cerebral no protagonista. O objetivo é recondicionar Alex (Malcolm McDowell) a reagir com repulsa à determinadas situações exemplificadas nas imagens. O condicionamento pela repulsa se alia a outra tática de lavagem cerebral. Você conhece o ditado que diz que “uma mentira contada mil vezes se transforma em uma verdade”? Pois o cérebro humano funciona mais ou menos dessa maneira e, quando não está preparado, cai nas armadilhas da repetição e do reforço de falsidades, passando a acreditar numa visão de mundo completamente mentirosa. Contrariando a visão de mundo do presidente, a Petrobras foi responsável por salvar o cinema brasileiro, junto da Lei Rouanet, do caos criado por Fernando Collor de Mello ao extinguir a Embrafilme – isto e a popularização da música sertaneja foram os maiores legados culturais de Collor, ao passo que a destruição da Cultura nacional parece ser o projeto de Bolsonoro. Em release divulgado em dezembro passado, dias antes de Bolsonaro assumir o poder, a Petrobras ainda se dizia orgulhosa de sua atuação como incentivadora do cinema nacional. “São 22 anos e mais de 500 títulos entre longas e curtas metragens que fizeram da Petrobras a principal parceira da Retomada do Cinema Brasileiro, atuando em todos os elos da cadeia produtiva do setor audiovisual”, diz o texto, que ainda acrescenta: “Acreditamos em especial na importância do apoio aos festivais de cinema por promoverem o lançamento e circulação de novos filmes, estimularem a formação de plateia e constituírem espaços privilegiados de debate e reflexão sobre o audiovisual”. “Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil” e “O Quatrilho”, indicado ao Oscar, foram as primeiras produções cinematográficas que contaram com patrocínio da Petrobras. Com seu sucesso e repercussão internacional, os dois filmes de 1995 mudaram os rumos do cinema brasileiro, que foi quebrado por Collor, impichado por corrupção. Um dos slogans da Petrobras até o ano passado celebrava: “Para nós, Cultura é uma energia poderosa que movimenta a sociedade”. Entretanto, com Bolsonaro, a Petrobras passou a pensar ou pelo menos fazer o oposto, anunciando que não renovará o patrocínio de 13 eventos neste ano, o que inclui a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Festival de Brasília e o Anima Mundi, entre outros projetos. Em fevereiro, Bolsonaro já tinha anunciado seu espanto com o investimento da Petrobras em Cultura, ao expor números não fundamentados no Twitter. “A soma dos patrocínios dos últimos anos passa de R$ 3 BILHÕES”, tuitou o presidente, aproveitando para afirmar que o Estado “tem maiores prioridades”. Vale lembrar que, com um único telefonema no começo de abril, em que mandou reverter aumento no preço do diesel, Bolsonaro deu prejuízo de R$ 32 BILHÕES (para usar a mesma grafia inflamada do presidente) para a Petrobras. O suficiente para décadas de investimento de Cultura, segundo cálculos dele mesmo. Bolsonaro também extinguiu o Ministério da Cultura e congelou a aprovação de novos projetos na Lei Rouanet desde que assumiu a Presidência em janeiro. Nenhum projeto foi aprovado para receber incentivo em quase cinco meses de governo. E não há prazo para o descongelamento, que só deve acontecer quando forem aprovadas mudanças na Lei. O presidente pretende estabelecer o teto de R$ 1 milhão por projeto, o que também acerta os festivais de cinema do Brasil. Paralelamente, o TCU paralisou a Ancine, proibindo-a de investir em novos projetos de cinema e séries nacionais. É uma tempestade perfeita, que tende a culminar na maior catástrofe sofrida pela indústria cultural do país, com resultados já vistos sob o governo Collor: estagnação da produção cultural, aumento no índice de desempregados, quebradeira de empresas, impacto no consumo e na economia (recessão) e queda na arrecadação dos impostos que o governo deixará de receber do setor. Caso o pior aconteça, a equipe que prepara os vídeos de lavagem cerebral de Bolsonaro precisará trabalhar dobrado. Uma dica é acrescentar as técnicas do filme “Sob o Domínio do Mal” (1962). Respeitando a aplicabilidade do dinheiro público, determinamos a revisão dos contratos vigentes e possibilidades futuras da Petrobras ligados ao setor que alguns dizem ser de cultura. A ordem é saber o que fazem com bilhões da população brasileira. https://t.co/qc56MPKV7e — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 21, 2019
Bolsonaro confirma ordem de cortar financiamento ao “setor que alguns dizem ser de cultura”
O presidente Jair Bolsonaro usou sua conta pessoal no Twitter para confirmar que determinou a revisão de contratos vigentes e “possibilidades futuras” da Petrobras ligados “ao setor que alguns dizem ser de cultura”. Segundo Bolsonaro, “a ordem é saber o que fazer com bilhões da população brasileira”. “Respeitando a aplicabilidade do dinheiro público, determinamos a revisão dos contratos vigentes e possibilidades futuras da Petrobras ligados ao setor que alguns dizem ser de cultura. A ordem é saber o que fazem com bilhões da população brasileira”, escreveu. Obedecendo à determinação do presidente, a Petrobras revelou na semana passada que não renovará o patrocínio de 13 eventos neste ano, o que inclui a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Festival de Brasília e o Anima Mundi, entre outros projetos. Em fevereiro, Bolsonaro já tinha anunciado seu espanto com o investimento da Petrobras em Cultura, ao expor números não fundamentados no Twitter. “A soma dos patrocínios dos últimos anos passa de R$ 3 BILHÕES”, tuitou o presidente, aproveitando para afirmar que o Estado “tem maiores prioridades”. Vale lembrar que, com um único telefonema no começo do mês, mandando reverter aumento no preço do diesel, Bolsonaro deu prejuízo de R$ 32 BILHÕES (para usar a mesma grafia inflamada do presidente) para a Petrobras. O suficiente para décadas de investimento de Cultura, segundo cálculos dele mesmo. Bolsonaro também extinguiu o Ministério da Cultura e congelou a aprovação de novos projetos na Lei Rouanet desde que assumiu a Presidência em janeiro. Nenhum projeto foi aprovado para receber incentivo em quase cinco meses de governo. E não há prazo para o descongelamento, que só deve acontecer quando forem aprovadas mudanças na Lei. O presidente pretende estabelecer o teto de R$ 1 milhão por projeto, o que também acerta os festivais de cinema do Brasil. Paralelamente, o TCU paralisou a Ancine, proibindo-a de investir em novos projetos de cinema e séries nacionais. É uma tempestade perfeita, que tende a culminar na maior catástrofe sofrida pela indústria cultural do país, com resultados já vistos sob o governo Collor: estagnação da produção cultural, aumento no índice de desempregados, quebradeira de empresas, impacto no consumo e na economia (recessão) e queda na arrecadação dos impostos que o governo deixará de receber do setor. Para justificar seus cortes, Bolsonaro publicou um vídeo junto do texto. O material, sem fonte clara – como tem sido praxe na comunicação do governo – , é uma versão editada de um noticiário da Globo News, submetida à tática de choque “golden shower” do presidente. Ele incorpora flashes aleatórios, alguns escatológicos, outros “apenas” preconceituosos, para forçar generalização sobre “o setor que alguns dizem ser de cultura”. Entre os exemplos subliminares está um pôster do filme “Lula, o Filho do Brasil”, que apesar de ser um vexame, não foi feito com dinheiro da Petrobras – ao menos, não diretamente – nem usou qualquer lei de incentivo fiscal federal, estadual ou municipal. Outro exemplo foi o flash de cartaz de um Encontro Nacional de Arte e Cultura LGBT de 2014, com destaque para o fato de que ele ocorreu no Centro Petrobras de Cinema. A imagem entrou no momento em que a cineasta Lais Bodanzky (“Como Nossos Pais”), presidente da Spcine, falava sobre a importância do Festival do Rio, que é dos eventos ameaçados após os cortes da Petrobras. Tendo em vista que todas as imagens aleatórias tem o objetivo de “negativar” as falas apresentadas, o uso do cartaz trata a cultura LGBT como se fosse uma perversão. O vídeo editado segue incorporando fake news, preconceito e generalizações de forma subliminar, para formar opiniões a partir de presunções completamente equivocadas. É uma técnica de lavagem cerebral, popularizada durante a Guerra Fria, para fomentar ódio contra aquilo que é mostrado. Uma das cenas mais icônicas do clássico filme “Laranja Mecânica” (1971), de Stanley Kubrick, lança mão de projeções de filmes para fazer lavagem cerebral no protagonista. O objetivo é recondicionar Alex (Malcolm McDowell) a reagir com repulsa a determinadas situações exemplificadas nas imagens. O condicionamento pela repulsa se alia à outra tática de lavagem cerebral. Você conhece o ditado que diz que “uma mentira contada mil vezes se transforma em uma verdade”? Pois o cérebro humano funciona mais ou menos dessa maneira e, quando não está preparado, cai nas armadilhas da repetição e do reforço de falsidades, passando a acreditar numa visão de mundo completamente mentirosa. Contrariando a visão de mundo do presidente, a Petrobras foi responsável por salvar o cinema brasileiro, junto da Lei Rouanet, do caos criado por Fernando Collor de Mello ao extinguir a Embrafilme – isto e a popularização da música sertaneja foram os maiores legados culturais de Collor, ao passo que a destruição da Cultura nacional será o legado de Bolsonoro. Em release divulgado em dezembro passado, dias antes de Bolsonaro assumir o poder, a Petrobras ainda se dizia orgulhosa de sua atuação como incentivadora do cinema nacional. “São 22 anos e mais de 500 títulos entre longas e curtas metragens que fizeram da Petrobras a principal parceira da Retomada do Cinema Brasileiro, atuando em todos os elos da cadeia produtiva do setor audiovisual”, diz o texto, que ainda acrescenta: “Acreditamos em especial na importância do apoio aos festivais de cinema por promoverem o lançamento e circulação de novos filmes, estimularem a formação de plateia e constituírem espaços privilegiados de debate e reflexão sobre o audiovisual”. “Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil” e “O Quatrilho”, indicado ao Oscar, foram as primeiras produções cinematográficas que contaram com patrocínio da Petrobras. Com seu sucesso e repercussão internacional, os dois filmes de 1995 mudaram os rumos do cinema brasileiro, que foi quebrado por Collor, impichado por corrupção. Um dos slogans da Petrobras até o ano passado celebrava: “Para nós, Cultura é uma energia poderosa que movimenta a sociedade”. Respeitando a aplicabilidade do dinheiro público, determinamos a revisão dos contratos vigentes e possibilidades futuras da Petrobras ligados ao setor que alguns dizem ser de cultura. A ordem é saber o que fazem com bilhões da população brasileira. https://t.co/qc56MPKV7e — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 21, 2019
Petrobras confirma fim de patrocínio para festivais de cinema e eventos culturais
Confirmando os temores sobre o “projeto cultural” do governo Bolsonaro, a Petrobras revelou que não renovará o patrocínio de 13 eventos neste ano, o que inclui a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Festival de Brasília e o Anima Mundi, entre outros projetos. A estatal divulgou a lista dos projetos cortados após receber um requerimento de informação feito pelos deputados federais Áurea Carolina (PSOL-PA) e Ivan Valente (PSOL-SP). No mesmo documento, a petroleira informa que seus programas de patrocínio estão em revisão e que, a partir de agora, deve focar em projetos de ciência, tecnologia e educação. A empresa não vai mais patrocinar cultura no Brasil. Além dos eventos de cinema, também foram atingidos o Festival de Teatro de Curitiba, o Prêmio da Música Brasileira e o Teatro Poeira, no Rio de Janeiro. A medida foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter em fevereiro. “O Estado tem maiores prioridades”, escreveu o presidente, que também extinguiu o Ministério da Cultura e planeja mexer na Lei Rouanet de incentivo cultural. Paralelamente, o TCU paralisou a Ancine, proibindo-a a investir no cinema nacional. Já está claro: o cinema brasileiro vai entrar em uma de suas piores crises financeiras. Mas vale lembrar que, em release divulgado em dezembro passado, dias antes de Bolsonaro assumir o poder, a Petrobras se dizia orgulhosa de sua atuação como incentivadora do cinema nacional. “São 22 anos e mais de 500 títulos entre longas e curtas metragens que fizeram da Petrobras a principal parceira da Retomada do Cinema Brasileiro, atuando em todos os elos da cadeia produtiva do setor audiovisual”, disse o texto, que ainda acrescentou: “Acreditamos em especial na importância do apoio aos festivais de cinema por promoverem o lançamento e circulação de novos filmes, estimularem a formação de plateia e constituírem espaços privilegiados de debate e reflexão sobre o audiovisual”. “Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil” e “O Quatrilho”, indicado ao Oscar, foram as primeiras produções cinematográficas que contaram com patrocínio da Petrobras. Com seu sucesso e repercussão internacional, os dois filmes de 1995 mudaram os rumos do cinema brasileiro, que estava quebrado devido ao desmantelamento de políticas culturais de um antigo presidente que também achava que o Brasil devia ter outras prioridades, Fernando Collor de Mello, impichado por corrupção. Antes de Bolsonaro, um dos slogans da Petrobras era: “Para nós, Cultura é uma energia poderosa que movimenta a sociedade”. A Petrobras, claro, não é a única estatal que cortou seus programas culturais. Na semana passada, em audiência pública na Câmara dos Deputados, o BNDES confirmou o corte de 40% da sua verba para patrocínio cultural. E a Caixa Econômica Federal também anunciou que não irá mais ajudar a manter o tradicional Cine Belas Artes aberto em São Paulo. “Quando ouço alguém falar em cultura, saco o meu revólver”, dizia o texto de uma peça antinazista de Hanns Jost, encenada em 1933, ano em que Hitler assumiu o poder. Recontextualizada para o Brasil atual, a frase lembra um presidente que adora fazer revólveres com os dedos e reage com acusações de marxismo para menções de Cultura. Mas Cultura não é inimiga de país nenhum. Ao contrário, é – cada vez mais no século 21 – aliada importante da Economia, já que a produção cultural é responsável por dezenas de milhares de empregos diretos e indiretos e por injetar dezenas de bilhões de reais nas finanças do país. Tradicionalmente, o setor rende e emprega mais que outras indústrias, que costumam receber maiores incentivos e atenção de todos os governos. Um relatório da Ancine demonstrou que só o setor audiovisual brasileiro foi responsável por injetar R$ 24,5 bilhões na Economia do país em 2014 – metade dos valores de toda a indústria automotiva (incluindo peças) no mesmo período. E em 2017 arrecadou para o governo R$ 2,13 bilhões somente com impostos diretos, segundo levantamento do Fundo Setorial Audiovisual (FSA). Tudo isso vai acabar com o “projeto cultural” de Bolsonaro. Recordar é viver: na época de Collor, o fim da Embrafilme, empresa estatal que concentrava o financiamento ao cinema brasileiro, foi acompanhado em 1990 de um dos piores períodos de recessão econômica da história do país. Atualmente, a taxa de desemprego no Brasil é recorde, com 13,1 milhões de desempregados e 65,7 milhões de pessoas fora da força de trabalho, de acordo com dados oficiais do IBGE. Além disso, uma pesquisa da CUT-Vox Populi, realizada entre os dias 1º e 3 de abril, revelou que 62% dos que estão empregados têm medo de ficar desempregados.
Documentário sobre ocupação do Cine Marrocos vence festival É Tudo Verdade
O filme “Cine Marrocos”, de Ricardo Calil, foi o vencedor da competição de longas-metragens brasileiros do festival É Tudo Verdade, o mais importante do gênero documental no país. O anúncio foi feito no domingo (14/4), em São Paulo. O segundo longa do diretor de “Uma Noite em 67” aborda a ocupação do antigo cinema Marrocos, que já foi um dos mais luxuosos do centro de São Paulo, por um grupo de sem-tetos, refugiados e imigrantes. Ótimo jornalista que virou excelente cineasta, Calil convida os atuais moradores do local a reencenar trechos dos filmes que foram exibidos ali, décadas antes. O resultado conquistou notas máximas de várias publicações que cobriram o festival. Já a Abraccine preferiu “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes, que também ganhou menção honrosa do juri oficial. O documentário do veterano cineasta pernambucano retrata a rotina de uma cidadezinha no agreste conhecida por suas confecções de jeans. A competição internacional premiou “O Caso Hammarskjöld”, de Mads Brügger, que acompanha a reabertura das investigações sobre a morte do secretário-geral das Nações Unidas que sofreu um acidente de avião enquanto negociava um cessar-fogo na Zâmbia. O júri ainda concedeu prêmio especial a “Meu Amigo Fela”, do brasileiro Joel Zito Araújo, sobre o ídolo pop nigeriano Fela Kuti, e menção honrosa a “Hungria 2018”, de Eszter Hajdu, que cobre a ascensão da extrema direita ao poder na Hungria. Além destes, também foi premiado “Piazzolla: Anos do Tubarão”, de Daniel Rosenfeld, como Melhor Longa Latino-Americano, por seu retrato de Astor Piazzolla, um dos grandes mestres do tango. Por fim, os melhores curtas foram o brasileiro “Sem Título # 5: A Rotina Terá Seu Enquanto”, de Carlos Adriano, que combina imagens de uma viagem de trem a trechos de um filme de Yasujiro Ozu, e o chileno “Nove Cinco”, de Tomás Arcos, sobre o terremoto que sacudiu o Chile em 1960. Os vencedores do É Tudo Verdade, “Cine Marrocos” e “Sem Título # 5: A Rotina Terá Seu Enquanto” estão automaticamente qualificados para tentar uma vaga no Oscar nas categorias de Melhor Documentário e Melhor Documentário em Curta-metragem, respectivamente. Confira abaixo a lista completa dos filmes premiados. COMPETIÇÃO BRASILEIRA “Cine Marrocos”, de Ricardo Calil (SP) – Melhor Filme “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes (PE) – Prêmio da Crítica (Júri Abraccine), Menção Honrosa do Juri Oficial, Menção Honrosa do Júri ABD-SP (Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas) “Soldados de Borracha”, de Wolney Oliveira (CE) – Prêmio ABD-SP de Melhor Longa “Sem Título #5: A Rotina Terá seu Enquanto”, de Carlos Adriano (SP) – Melhor Curta e Prêmio Mistika “A Primeira Foto”, de Tiago Pedro (CE) – Prêmio Aquisição Canal Brasil “Planeta Fábrica”, de Julia Zakia (SP) – Prêmio da Crítica (Júri Abraccine) e Menção Honrosa no Prêmio ABD-SP “Vento de Sal”, de Anna Azevedo (RJ) – Prêmio ABD-SP de Melhor Curta COMPETIÇÃO INTERNACIONAL “O Caso Hammarskjöld”, de Mads Brügger (Dinamarca/Noruega/Suécia) – Melhor Longa “Meu Amigo Fela”, de Joel Zito Araújo (Brasil) – Prêmio Especial do Júri “Hungria 2018: Bastidores da Democracia”, de Eszter Hajdú (Hungria) – Menção Honrosa “Nove Cinco”, de Tomás Arcos (Chile) – Melhor Curta “Lily”, de Adrienne Gruben (EUA) – Menção Honrosa COMPETIÇÃO LATINO-AMERICANA “Piazzolla: Os Anos do Tubarão”, de Daniel Rosenfeld (Argentina) – Melhor Longa “Maricarmen”, de Sérgio Morkin (México) – Menção Honrosa
Festival de Veneza vai homenagear Julie Andrews com o Leão de Ouro por sua carreira
A atriz Julie Andrews vai ser homenageada com o Leão de Ouro por sua carreira no Festival de Veneza 2019, que este ano acontecerá mais cedo, entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro. “A Sra. Andrews ganhou fama ainda muito jovem nas casas de shows de Londres e, mais tarde, na Broadway graças ao seu notável talento de cantora e atriz. O seu primeiro filme de Hollywood, “Mary Poppins” (1964), deu-lhe a estatura de estrela, que mais tarde foi confirmada num outro filme precioso, “A Noviça Rebelde” (1965). Estes dois papéis a projetaram ao estrelato internacional, tornando-a uma figura icônica, adorada por várias gerações de cinéfilos”, declarou Alberto Barbera, diretor do festival, em comunicado sobre a homenageada. Ele ainda acrescentou que “este Leão de Ouro honorário é o merecido reconhecimento de uma carreira extraordinária que tem admiravelmente atingido o sucesso popular, com uma ambição artística que nunca se curvou a compromissos fáceis”. Andrews se disse “honrada” com a homenagem e agradeceu pelo reconhecimento do seu trabalho o mesmo comunicado, confirmando presença no festival em setembro, “para esta ocasião tão especial”. Além dos dois clássicos citados, ela também estrelou com sucesso a comédia “Victor Victoria” (1982), pelo qual ganhou seu terceiro Globo de Ouro, entre muitos outros sucessos.
Bolsonaro pretende cortar patrocínio da Petrobras ao cinema e cultura em geral
O presidente Jair Bolsonaro decidiu rever os patrocínios culturais da Petrobras. Usando o Twitter, o político fez elogios genéricos à necessidade de se incentivar a Cultura brasileira, no mesmo fôlego em que prometeu fazer o oposto disso. Para Bolsonaro, “o Estado tem maiores prioridades” do que incentivar a industria cultural. “Reconheço o valor da cultura e a necessidade de incentivá-la, mas isso não deve estar a cargo de uma petrolífera estatal”, escreveu Bolsonaro. “A soma dos patrocínios dos últimos anos passa de R$ 3 bilhões. Determinei a reavaliação dos contratos. O Estado tem maiores prioridades.” Para o governante, os incentivos devem ser “direcionados de forma justa, enxuta, transparente e responsável, mas jamais em detrimento das principais demandas de nossa sociedade.” Os valores de Bolsonaro, claro, estão superdimensionados. A Petrobras não gastou bilhões de reais com Cultura nos últimos dez anos. O aporte em patrocínios culturais foi de R$ 184 milhões em 2012, de R$ 121 milhões em 2013, e de R$ 125,8 milhões em 2014. E vem caindo, chegando a R$ 38 milhões no ano passado – período em que os gastos com publicidade chegaram a R$ 160 milhões, segundo dados da própria estatal, disponíveis em seu site oficial. Em release divulgado em dezembro passado, dias antes de Bolsonaro assumir o poder, a Petrobras se disse orgulhosa de sua atuação como incentivadora do cinema nacional. “São 22 anos e mais de 500 títulos entre longas e curtas metragens que fizeram da Petrobras a principal parceira da Retomada do Cinema Brasileiro, atuando em todos os elos da cadeia produtiva do setor audiovisual”, diz o texto, que ainda acrescenta: “Acreditamos em especial na importância do apoio aos festivais de cinema por promoverem o lançamento e circulação de novos filmes, estimularem a formação de plateia e constituírem espaços privilegiados de debate e reflexão sobre o audiovisual”. “Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil” e “O Quatrilho”, indicado ao Oscar, foram as primeiras produções cinematográficas que contaram com patrocínio da Petrobras. Com seu sucesso e repercussão internacional, os dois filmes de 1995 mudaram os rumos do cinema brasileiro, que estava quebrado devido ao desmantelamento de políticas culturais de um antigo presidente que também achava que o Brasil devia ter outras prioridades, Fernando Collor de Mello, impichado por corrupção. Alguns dos principais festivais de cinema do Brasil são patrocinados pela Petrobras, como o Festival do Rio, Mostra de São Paulo, Festival de Brasília e Anima Mundi, além da Sessão Vitrine, que abre espaço no circuito cinematográfico para filmes brasileiros de qualidade comprovada. Um dos slogans atuais da Petrobras diz: “Para nós, Cultura é uma energia poderosa que movimenta a sociedade”. Cultura, claro, também é – cada vez mais no século 21 – Economia, já que a produção cultural é responsável por dezenas de milhares de empregos diretos e indiretos e por injetar dezenas de bilhões de reais nas finanças do país. Tradicionalmente, o setor rende e emprega mais que muitas indústrias que recebem incentivo maior do governo. Um relatório da Ancine demonstrou que só o setor audiovisual brasileiro foi responsável por injetar R$ 24,5 bilhões na Economia do país em 2014. E em 2017 arrecadou para o governo R$ 2,13 bilhões, somente com impostos diretos, segundo levantamento do Fundo Setorial Audiovisual (FSA).
Festival de Berlim 2019 começa mais politizado, feminino e brasileiro que nunca
O Festival de Berlim 2019 começa nesta quinta (7/2) abrindo mão de celebridades para apostar em filmes de cineastas conhecidos por priorizar temas políticos e sociais, além de promover maior inclusão feminina e uma proliferação de filmes brasileiros. Em outras palavras, é um festival com menos glamour e mais conteúdo que nos últimos anos. A abertura se dá com a exibição de “The Kindness of Strangers”, da diretora dinamarquesa Lone Scherfig. O filme passado em Nova York acompanha uma mulher, interpretada por Zoe Kazan, que foge de seu marido policial violento, abordando questões de poder e abuso, temas reincidentes na programação do festival. Sete dos 17 filmes que disputam o Urso de Ouro são dirigidos por mulheres. E a Mostra Competitiva não é a única aberta por um filme de cineasta feminina. A Panorama começa com o drama sul-africano “Flatland”, de Jenna Bass, e a Forum com o austríaco “Die Kinder der Toten”, de Kelly Cooper e Pavol Liska. Isto não é casual. As duas últimas edições do Festival de Berlim foram vencidas por filmes dirigidos por mulheres: “Corpo e Alma”, da húngara Ildiko Enyedi em 2017, e “Não Me Toque”, da romena Adina Pintilie em 2018. Outros destaques da programação deste ano incluem “Mr. Jones”, da diretora polonesa Agnieszka Holland, baseado nas reportagens de um jornalista galês dos anos 1930 que expuseram o horror da fome na Ucrânia, orquestrada pela União Soviética, “The Golden Glove”, do alemão Fatih Akin, sobre um serial killer que atacava mulheres no bairro do porto de Hamburgo nos anos 1970, “Grâce à Dieu”, do francês François Ozon, focado na pedofilia na Igreja Católica, “One Second”, de Zhang Yimou, que questiona a Revolução Cultural na China ao acompanhar um prisioneiro que escapa de um campo de trabalhos forçados, e o documentário “Who Will Write Our History?”, com imagens do Gueto de Varsóvia. Apenas uma produção da Netflix foi selecionada. Trata-se de “Elisa y Marcela”, drama de Isabel Coixet que conta a história real e trágica de duas mulheres que resolvem se casar no início do século 20 na Espanha. O cinema brasileiro se faz presente com nada menos que 12 filmes. O mais aguardado será projetado fora de competição: “Marighella”, primeiro filme dirigido pelo ator Wagner Moura, que relata morte do guerrilheiro Carlos Marighella nas mãos da ditadura militar. A força nacional invade a Mostra Panorama, via “Divino Amor”, ficção científica de Gabriel Mascaro, o drama “Greta”, de Amando Praça, o documentário “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes, e duas coproduções internacionais – “La Arrancada”, do amazonense Aldemar Matias, e “Breve Historia Del Planeta Verde”, do argentino Santiago Loza. Tem mais na mostra Forum: “Querência”, de Helvécio Marins Jr., “A Rosa Azul de Novalis”, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro, e “Chão”, de Camila Freitas. Forum em Expansão: “O Ensaio”, de Tamar Guimarães. Na mostra Geração: “Espero Tua (Re)volta”, de Eliza Capai. E ainda o curta “Rise”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. Embora haja estrelas famosas – incluindo Juliette Binoche, presidente do júri – , o fato de o cinema ser o principal atrativo da programação é uma forma singela escolhida por Dieter Kosslick, diretor do evento, de despedir-se, após 18 anos à frente do Festival de Berlim.
Festival de Berlim assume compromisso de ter mais cineastas femininas em sua seleção
O Festival de Berlim 2019 vai se juntar à iniciativa de outras grandes eventos do cinema europeu, ao se comprometer a aumentar a quantidade de filmes de cineastas femininas em sua seleção. Os festivais de Cannes, Veneza, Locarno e Sarajevo já assinaram o mesmo pacto Dieter Kosslick, o diretor do festival, vai firmar o compromisso no dia 9 de fevereiro, durante cerimônia da edição 2019 do evento. Ele será acompanhado de ativistas do grupo 5050×2020, que idealizou o pacto, introduzido em Cannes. Os festivais de Cannes, Veneza, Locarno e Sarajevo já assinaram o mesmo pacto, que assume o compromisso de tornar o processo de seleção de seus filmes mais transparente. Além disso, o texto determina que metade das posições de gerência do festival sejam preenchidas por mulheres. No comunicado sobre a decisão, Kosslick destacou que o Festival de Berlim 2019 está bem mais perto do equilíbrio de gêneros que os demais festivais europeus. “Neste ano, temos 17 filmes concorrendo ao Urso de Ouro, e sete são dirigidos por mulheres”, relembrou. Vale lembrar que o Festival de Veneza foi muito criticado por sua edição de 2018, por selecionar apenas um filme dirigido por mulheres para a competição principal: “The Nightingale”, da australiana Jennifer Kent (“O Babadook”). No ano passado, o vencedor do Festival de Berlim foi “Não me Toque”, dirigido por uma mulher: a romena Adina Pintilie. Neste ano, o evento cinematográfico alemão acontece de 7 a 17 de fevereiro.
Festival de Berlim seleciona novo filme do diretor de Boi Neon
O Festival de Berlim 2019 selecionou mais três produções ou coproduções brasileiras, incluindo a ficção científica “Divino Amor”, de Gabriel Mascaro (“Boi Neon”), para sua programação oficial. Anunciados nesta segunda (21/1), os longas serão exibidos na mostra Panorama, uma das principais exibições paralelas do festival. A trama de “Divino Amor” se passa em 2027 e apresenta uma sociedade obcecada pela religião, em que raves viraram cultos e a novidade da vez são cabines de conselhos espirituais no estilo fast food. Neste mundo, Joana (Dira Paes) vive sua fé de forma mais antiquada. Ela participa de um coletivo religioso que resiste às tendências pós-modernas de seu tempo, e tenta se aproximar de Deus enquanto ela e o marido, Danilo (Julio Machado), buscam engravidar pela primeira vez. O filme também foi selecionado para o Festival de Sundance 2019, o principal evento americano do cinema independente, que acontece entre os dias 24 de janeiro e 3 de fevereiro. As outras duas novidades brasileiras de Berlim são coproduções com outros países. “Breve Historia Del Planeta Verde”, do argentino Santiago Loza, também é uma sci-fi, em coprodução entre Brasil, Argentina, Alemanha e Espanha, e conta o que acontece quando uma jovem do interior argentino descobre a criatura alienígena que sua avó escondeu dela durante toda a sua vida. E “La Arrancada”, do amazonense Aldemar Matias, feito em parceria com Cuba e França, mostra a vida de uma atleta na ilha caribenha, acompanhando as mudanças sociais dos últimos anos no país. Eles se juntam ao documentário “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes, e a ficção “Greta”, de Amando Praça, anteriormente anunciados. Entre os títulos internacionais, a maior novidade da seleção é “Light of My Life”, estreia do ator Casey Affleck (“Manchester à Beira-Mar”) na direção. Trata-se de mais uma sci-fi, em que o ator-diretor tenta sobreviver ao apocalipse ao lado de Elisabeth Moss (“The Handmaid’s Tale”). A edição de 2019 do Festival de Berlim vai acontecer entre os dias 7 e 17 de fevereiro.
Festival de Berlim 2019 seleciona dois filmes brasileiros
O Festival de Berlim 2019 começou a divulgar a lista dos longas selecionados para sua programação. E nesta terça (18/12), a prestigiosa mostra Panorama revelou a inclusão de dois longas brasileiros: o documentário “Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes, e a ficção “Greta”, de Amando Praça. O documentário de Marcel Gomes conta a história dos trabalhadores de Toritama, município da Paraíba que se autointitula a capital do jeans, e como eles aproveitam a folga do carnaval uma vez por ano. O diretor já competiu pelo Urso de Ouro em Berlim com o drama histórico “Joaquim” (2017), sobre Tiradentes. “Greta”, por sua vez, acompanha um enfermeiro que leva um de seus pacientes para casa, onde recebe ajuda da vizinha, uma mulher trans. O longa é estrelado por Marco Nanini e marca a estreia na direção de Amando Praça. Ao todo, 22 títulos foram divulgados na mostra Panorama. Entre eles estão “Mid90s”, estreia do ator Jonah Hill na direção de longa-metragem, e “The Souvenir”, estrelado por Tilda Swinton. A edição de 2019 do Festival de Berlim vai acontecer entre os dias 7 e 17 de fevereiro. Confira abaixo a lista dos filmes selecionados para a mostra Panorama. “37 Seconds” (Japão), de Hikari “Dafne” (Itália), de Federico Bondi “The Day After I’m Gone” (Israel), de Nimrod Eldar “A Dog Called Money” (Irlanda, Reino Unido), de Seamus Murphy “Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar” (Brasil), de Marcelo Gomes “Chained” (Israel, Alemanha), de Yaron Shani “Flatland” (África do Sul, Alemanha, Luxemburgo), de Jenna Bass “Greta” (Brasil), de Armando Praça “Hellhole” (Bélgica, Holanda), de Bas Devos “Jessica Forever” (França), de Caroline Poggi e Jonathan Vinel “Acid” (Rússia), de Alexander Gorchilin “Mid90s” (Estados Unidos), de Jonah Hill “Los Miembros de la Familia” (Argentina), de Mateo Bendesky “Monos” (Colômbia, Argentina, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Uruguai), de Alejandro Landes “O Beautiful Night” (Alemanha), de Xaver Böhm “Selfie” (França, Itália), de Agostino Ferrente “Shooting the Mafia” (Irlanda, Estados Unidos), de Kim Longinotto “Skin” (Estados Unidos), de Guy Nattiv “The Souvenir” (Reino Unido), de Joanna Hogg “Tremblores” (Guatemala, França, Luxemburgo), de Jayro Bustamante “The Miracle of the Sargasso Sea” (Grécia, Alemanha, Holanda, Suécia), de Syllas Tzoumerkas “What She Said: The Art of Pauline Kael” (Estados Unidos), de Rob Garver









