Festival de Berlim 2019 começa mais politizado, feminino e brasileiro que nunca

O Festival de Berlim 2019 começa nesta quinta (7/2) abrindo mão de celebridades para apostar em filmes de cineastas conhecidos por priorizar temas políticos e sociais, além de promover maior inclusão feminina […]

Divulgação/O2 Filmes

O Festival de Berlim 2019 começa nesta quinta (7/2) abrindo mão de celebridades para apostar em filmes de cineastas conhecidos por priorizar temas políticos e sociais, além de promover maior inclusão feminina e uma proliferação de filmes brasileiros. Em outras palavras, é um festival com menos glamour e mais conteúdo que nos últimos anos.

A abertura se dá com a exibição de “The Kindness of Strangers”, da diretora dinamarquesa Lone Scherfig. O filme passado em Nova York acompanha uma mulher, interpretada por Zoe Kazan, que foge de seu marido policial violento, abordando questões de poder e abuso, temas reincidentes na programação do festival.

Sete dos 17 filmes que disputam o Urso de Ouro são dirigidos por mulheres. E a Mostra Competitiva não é a única aberta por um filme de cineasta feminina. A Panorama começa com o drama sul-africano “Flatland”, de Jenna Bass, e a Forum com o austríaco “Die Kinder der Toten”, de Kelly Cooper e Pavol Liska.

Isto não é casual. As duas últimas edições do Festival de Berlim foram vencidas por filmes dirigidos por mulheres: “Corpo e Alma”, da húngara Ildiko Enyedi em 2017, e “Não Me Toque”, da romena Adina Pintilie em 2018.

Outros destaques da programação deste ano incluem “Mr. Jones”, da diretora polonesa Agnieszka Holland, baseado nas reportagens de um jornalista galês dos anos 1930 que expuseram o horror da fome na Ucrânia, orquestrada pela União Soviética, “The Golden Glove”, do alemão Fatih Akin, sobre um serial killer que atacava mulheres no bairro do porto de Hamburgo nos anos 1970, “Grâce à Dieu”, do francês François Ozon, focado na pedofilia na Igreja Católica, “One Second”, de Zhang Yimou, que questiona a Revolução Cultural na China ao acompanhar um prisioneiro que escapa de um campo de trabalhos forçados, e o documentário “Who Will Write Our History?”, com imagens do Gueto de Varsóvia.

Apenas uma produção da Netflix foi selecionada. Trata-se de “Elisa y Marcela”, drama de Isabel Coixet que conta a história real e trágica de duas mulheres que resolvem se casar no início do século 20 na Espanha.

O cinema brasileiro se faz presente com nada menos que 12 filmes. O mais aguardado será projetado fora de competição: “Marighella”, primeiro filme dirigido pelo ator Wagner Moura, que relata morte do guerrilheiro Carlos Marighella nas mãos da ditadura militar.

A força nacional invade a Mostra Panorama, via “Divino Amor”, ficção científica de Gabriel Mascaro, o drama “Greta”, de Amando Praça, o documentário “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes, e duas coproduções internacionais – “La Arrancada”, do amazonense Aldemar Matias, e “Breve Historia Del Planeta Verde”, do argentino Santiago Loza.

Tem mais na mostra Forum: “Querência”, de Helvécio Marins Jr., “A Rosa Azul de Novalis”, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro, e “Chão”, de Camila Freitas. Forum em Expansão: “O Ensaio”, de Tamar Guimarães. Na mostra Geração: “Espero Tua (Re)volta”, de Eliza Capai. E ainda o curta “Rise”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.

Embora haja estrelas famosas – incluindo Juliette Binoche, presidente do júri – , o fato de o cinema ser o principal atrativo da programação é uma forma singela escolhida por Dieter Kosslick, diretor do evento, de despedir-se, após 18 anos à frente do Festival de Berlim.