Michael Douglas anuncia aposentadoria e diz que só volta a atuar por convite especial
Ator de 80 anos fez anúncio no Festival de Karlovy Vary, lembrando sua batalha contra o câncer
Russell Crowe não aguenta mais responder sobre “Gladiador 2”: “Deviam me pagar”
O consagrado ator Russell Crowe expressou seu descontentamento em relação às constantes perguntas que tem recebido sobre “Gladiador 2”, durante sua participação no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary, na República Checa. Crowe, que estrelou o filme original em 2000, foi enfático ao declarar: “Eles deveriam me pagar pela quantidade de perguntas que eu recebo sobre um filme que eu nem faço parte”. Crowe continuou, insistindo que sua conexão com a franquia terminou devido ao destino de seu personagem no primeiro filme. “Não tem nada a ver comigo. Naquele mundo, estou morto. A sete palmos do chão”. Apesar de sua separação clara da franquia, Crowe admitiu um certo grau de inveja. “Admito ter um pouco de inveja”, disse ele, “porque me lembra de quando eu era mais jovem e o que [o filme original] significou na minha vida”. Apesar de se afastar da sequência, Crowe expressou confiança no sucesso do próximo filme, dada a participação do diretor Ridley Scott. “Não sei nada sobre o elenco, sobre a trama. Estou morto! Mas sei que se Ridley [Scott, diretor] decidiu fazer uma segunda parte da história mais de 20 anos depois, ele deve ter boas razões. Não consigo imaginar que esse filme seja nada além de espetacular”, enfatizou o ator. Durante sua presença no festival, Crowe aceitou um prêmio por contribuição excepcional ao cinema mundial e entreteve o público com várias anedotas – até mesmo durante a performance com sua banda Indoor Garden Party na cerimônia de abertura. O elenco de “Gladiador 2” A sequência do filme de 2000 se passa 25 anos depois dos acontecimentos do primeiro filme e se concentra no filho do gladiador Maximus (papel de Crowe), que também é sobrinho do Imperador Commodus (Joaquin Phoenix). O personagem será vivido por Paul Mescal (“Aftersun”). Além da volta de Ridley Scott à direção, o elenco contará com os retornos de Connie Nielsen (“Mulher-Maravilha 1984”) como Lucilla, a mãe do novo protagonista, e Djimon Hounsou como Juba, um colega gladiador e ex-aliado de Maximus. A lista de astros da produção ainda inclui Denzel Washington (“A Tragédia de Macbeth”), Barry Keoghan (“Os Banshees de Inisherin”), Pedro Pascal (“The Last of Us”), Joseph Quinn (o Eddie de “Stranger Things”), May Calamawy (“Cavaleiro da Lua”), Lior Raz (“Fauda”), Derek Jacobi (“Assassinato no Expresso do Oriente”), Peter Mensah (“Spartacus”), Matt Lucas (“Doctor Who”) e Fred Hechinger (“The White Lotus”). Com roteiro de David Scarpa (“Todo o Dinheiro do Mundo”), o filme vai dar sequência aos eventos do blockbuster de 2000, que arrecadou mais de US$ 460 milhões nas bilheterias mundiais e foi indicado a 12 Oscars, vencendo cinco, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator (Russell Crowe). A estreia está marcada para 21 de novembro de 2024 no Brasil, um dia antes do lançamento nos EUA.
Cineastas Femininas da Espanha repudiam homenagem a Johnny Depp
A Associação de Cineastas Femininas da Espanha repudiou a organização do Festival de Cinema de San Sebastian por conceder sua maior honraria, o prêmio Donostia, a Johnny Depp. Presidente da Associação, a diretora Cristina Andreu (“Brumal”) se disse “muito surpresa” pela escolha dos organizadores do festival. “Isso cria uma má impressão sobre o festival e sua liderança e transmite uma mensagem terrível ao público que não importa se você for um abusador, desde que seja um bom ator”, ela lamentou para a imprensa. Sumido e sem trabalho, depois de enterrar a carreira num escandaloso processo contra a ex-mulher Amber Heard no Reino Unido, que resultou numa sentença que o considerou agressor de mulheres, o ator foi selecionado na segunda-feira (9/8) pelos organizadores do festival espanhol para receber um prêmio por suas realizações. Depois disso, nesta terça (10/9), o Festival Karlovy Vary, realizado na República Tcheca, repetiu o gesto. O timing das duas homenagens é curioso, porque Depp não tem nenhum filme novo para estrear ou mesmo filmar, tendo se tornado proscrito em Hollywood após o veredito que ele próprio provocou ao processar o tabloide britânico The Sun por difamação na Alta Corte de Londres, acusando o jornal de retratá-lo em 2018 como um “espancador de esposa”. Derrotado na ação que deu razão ao jornal por denunciar suas agressões à Amber Heard, ainda foi condenado a pagar 630 mil libras para cobrir os custos da defesa da publicação. O impacto do julgamento, com a exposição da intimidade do casal, com destaque para o vício de Depp, implodiu a carreira do ex-astro, que foi forçado pela Warner Bros. a abdicar de sua participação na franquia “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, do universo cinematográfico de Harry Potter. Seu último longa foi “Minamata”, exibido no Festival de Berlim do ano passado e que permanece inédito no circuito comercial devido à má fama adquirida pelo ator.
Mais um importante festival de cinema decide homenagear Johnny Depp
Um dia após o Festival de San Sebastian anunciar uma homenagem ao ator Johnny Depp, o Festival Karlovy Vary fez coro e anunciou outro prêmio especial ao ator americano. O tradicional festival da República Tcheca, considerado o principal evento cinematográfico do Leste Europeu, escolheu Depp, o veterano astro britânico Michael Caine e o diretor tcheco Jan Sverak como homenageados de sua edição deste ano, que vai acontecer de 20 a 28 de agosto. Em sua justificativa para premiar Depp, os organizadores de Karlovy Vary afirmaram que o festival “reconhecerá e prestará homenagem à extensa carreira do aclamado ator e seu legado duradouro na indústria cinematográfica global”. “Estamos extremamente honrados em receber no Festival um ícone do cinema contemporâneo”, acrescentou o diretor executivo do evento, Krystof Mucha. No que foi ecoado pelo diretor artístico Karel Och: “Nós admiramos o Sr. Depp há muito tempo e estamos emocionados em conceder esta honra a ele.” O timing das duas homenagens é curioso, porque Depp não tem nenhum filme novo para estrear ou mesmo filmar, tendo se tornado proscrito em Hollywood. Nunca é demais lembrar que o último festival que decidiu homenagear o ator se arrependeu amargamente. Esperado em novembro passado pelo festival polonês Camerimage para receber outro prêmio especial por ser um “ator com sensibilidade visual única”, ele faltou ao evento, preferindo enviar uma foto em que aparecia rindo com o troféu nas mãos e supostamente atrás das grades. A ideia da piada fotográfica teve péssima repercussão nas redes sociais, onde muitos a consideram um deboche diante das acusações sérias que envolvem Depp. No ano passado, o ator foi considerado culpado de violência doméstica contra Amber Heard, veredito que ele próprio provocou ao processar o tabloide britânico The Sun por difamação na Alta Corte de Londres, acusando o jornal de retratá-lo em 2018 como um “espancador de esposa”. Derrotado na ação, ainda foi condenado a pagar ao jornal 630 mil libras de custas pela defesa. O impacto do julgamento, com a exposição da intimidade do casal, com destaque para o vício de Depp, implodiu a carreira do ex-astro, que foi forçado pela Warner Bros. a abdicar de sua participação na franquia “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, do universo cinematográfico de Harry Potter. Seu último longa foi “Minamata”, exibido no Festival de Berlim do ano passado e que permanece inédito no circuito comercial devido à má fama adquirida pelo “ícone do cinema contemporâneo”.
Mari Törőcsik (1935–2021)
Mari Törőcsik, uma das atrizes mais célebres da Hungria, vencedora do prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes e estrela de dois filmes indicados ao Oscar, morreu na sexta-feira (16/4) em Budapeste após uma longa enfermidade. Ela tinha 85 anos. Törőcsik se destacou logo na estreia, “Carrossel do Amor” (1956), aos 20 anos de idade, como uma camponesa que se apaixona por um menino camponês contra a vontade de seu pai. O filme de Zoltán Fábri teve première no Festival de Cannes e chamou atenção da crítica francesa para o talento da jovem. Então jornalista, o futuro diretor François Truffaut chegou a escrever em sua crítica do filme: “sem que a artista de 20 anos soubesse, ela era a maior estrela do festival”. Três anos depois, ela foi premiada como Melhor Atriz no Festival de Karlovy Vary, o mais importante do Leste Europeu, por “Kölyök” (1959), de Mihály Szemes e Miklós Markos, tornando-se rapidamente uma das atrizes mais requisitadas de sua geração. Ela trabalhou com os principais mestres do cinema húngaro, como Miklós Jancsó, Márta Mészáros, István Gaál, István Szabó, Gyula Maár, Károly Makk e o próprio Zoltán Fábri, em várias ocasiões. Uma de suas muitas parcerias com Fábri, “Esta Rua é Nossa” (1968), disputou o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, assim como uma de suas colaborações com Makk, “Cat’s Play” (1974),igualmente indicado ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA Em 1971, ela recebeu uma Menção Especial do Júri do Festival de Cannes por seu desempenho em “O Amor” (1971), outro drama de Makk, e no ano seguinte voltou a conquistar o prêmio de interpretação em Karlovy Vary, por “Holt Vidék” (1972), de Gaál. Mas foi somente em 1976, 20 anos após debutar na Croisette, que ela conquistou o prestigioso troféu de Melhor Atriz de Cannes pelo desempenho como uma atriz de teatro envelhecida em “A Locsei Fehèr Asszony”, de Gyula Maár. A parceria com Maár ainda lhe rendeu o troféu de Melhor Atriz no Festival de Taormina no ano seguinte, por “Teketória” (1977). Ao longo do último meio século, foram mais de 100 papéis cinematográficos, a grande maioria no cinema húngaro, mas ela também contracenou com astros de Hollywood, em filmes como “Muito Mais que um Crime” (1989), de Costa-Gavras, filmado nos EUA com Jessica Lange, “Corações Covardes” (1990), coprodução italiana estrelada por Keith Carradine, Miranda Richardson e Kristin Scott Thomas, e o premiado sucesso internacional de István Szabó, “Sunshine – O Despertar de um Século” (1999), protagonizado por Ralph Fiennes. Seu último trabalho foi lançado no ano passado, “Psycho 60”, um curta experimental dedicado a recriar a cena do chuveiro de “Psicose” com 60 atrizes diferentes, uma para cada take, nos 60 anos de lançamento do clássico de Alfred Hitchcock.
Kim Ki-duk (1960 – 2020)
O polêmico cineasta sul-coreano Kim Ki-duk morreu de complicações decorrentes de covid-19 na madrugada desta sexta (11/12), num hospital da Letônia, aos 59 anos. Ele teria viajado para o país báltico com a intenção de comprar uma casa e obter uma autorização de residência. A notícia foi confirmada por Vitaly Mansky, o documentarista russo que mora na Letônia e dirige o ArtDocFest local, e o Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Sul foi citado como tendo confirmado a morte do diretor em reportagens da mídia coreana. Nascido em 20 de dezembro de 1960, em Bonghwa, Coreia do Sul, Kim se estabeleceu como autor de cinema de arte premiado, com filmes de temas sombrios e polêmicos, sempre em evidência no circuito dos festivais internacionais. Mas nos últimos anos vivia um ostracismo forçado, após ser acusado de má conduta sexual por atrizes com quem trabalhou, durante a mudança sísmica da indústria cinematográfica, decorrente do movimento #MeToo. Ele sempre foi queridinho dos festivais europeus, fazendo premières no continente desde sua estreia cinematográfica de 1996. Seu debut de baixo orçamento, “Crocodile”, foi lançado no Festival Karlovy Vary, na Reública Tcheca, assim como os dois longas seguintes, “Animais Selvagens” (1997) e “Paran Daemun” (1998). Sua consagração veio com o quarto lançamento, “A Ilha” (2000), premiado nos festivais de Veneza, Bruxelas e Fantasporto. “A Ilha” também ganhou notoriedade por suas cenas terríveis de violência, inclusive contra animais – supostamente reais – , e conteúdo abertamente indigesto, um padrão que se tornaria marca do diretor. Reza a lenda que, durante a exibição em Veneza, o público abandonou as sessões entre surtos de vômitos e desmaios. O longa nunca foi exibido no Reino Unido, onde teve a projeção proibida. Também recebeu críticas extremamente negativas da imprensa sul-coreana, que o considerou de péssimo gosto. Mas os elogios europeus acabaram prevalecendo e a controvérsia ajudou a projetar seu nome. “Endereço Desconhecido” (2001) levou-o de volta a Veneza, “Bad Guy” (2001) inaugurou sua relação com o Festival de Berlim e “The Coast Guard” (2002) lhe rendeu três troféus em Karlovy Vary. Mas o filme que realmente o popularizou entre os cinéfilos acabou não tendo nada a ver com os caminhos que ele vinha trilhando. “Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera” (2003) abordava um mosteiro budista que flutuava num lago em meio a uma floresta intocada, e representava uma suavidade inédita em sua carreira. Venceu o Leopardo de Ouro e mais quatro troféus no Festival de Locarno, além do Prêmio do Público no Festival de San Sebástian, e graças à repercussão amplamente positiva – sem nenhum resquício de polêmica – conseguiu distribuição internacional da Sony. Só que seu lançamento seguinte voltou a mergulhar no horror. “Samaritana” (2004) acompanhava um prostituta amadora numa história de amor, morte e desespero, apontando um guinada sexual para o sadismo do diretor. Foi o começo de uma radicalização, que, no entanto, não se deu de uma hora para outra. Kim Ki-duk seguiu alimentando sua fama com a conquista do Leão de Prata de Melhor Diretor por “Casa Vazia” (2004), no Festival de Veneza. Ele ainda adentrou o Festival de Cannes com “O Arco” (2005), antes de retomar o cinema extremo com “Time – O Amor Contra a Passagem do Tempo” (2006), sobre uma mulher que decide sofrer cirurgia plástica extensa para salvar seu relacionamento. Este filme passou e foi premiado apenas em festivais de terror, como Fantasporto e Sitges. Após um par de dramas românticos incomuns, ele realizou seu primeiro documentário, “Arirang” (2011), refletindo sobre sua própria carreira. A obra autocongratulatória venceu a mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Só que o sangue voltou a rolar logo em seguida, no impressionante “Pieta” (2012). O filme venceu o Leão de Ouro, mas causou muita controvérsia devido a uma cena forte de estupro. Alguns espectadores abandonaram a première em Veneza, diante dos desdobramentos da relação entre um violento cobrador de dívidas, que fere devedores de forma brutal, e uma mulher que afirma ser sua mãe. Kim Ki-duk disse que as cenas polêmicas eram uma metáfora do capitalismo. A premiação de “Pieta” serviu de incentivo para o diretor explorar ainda mais seu sadismo cinematográfico. O lançamento seguinte, “Moebius”, foi recusado nos cinemas sul-coreanos, pelo conteúdo com incesto, castração e outras formas de situações “impróprias”, segundo a Korea Media Rating Board (KMRB), responsável pela classificação etária dos filmes no país. A trama apresentava uma família destrutiva, questionando os seus desejos sexuais básicos. “One On One” (2014) buscou mais violência, com o assassinato em série de suspeitos da morte de uma jovem estudante. Dividido entre o desejo dos fãs por filmes cada vez mais radicais e a falta de interesse dos festivais na brutalidade gratuita, a carreira de Ki-duk acabou à deriva, como o protagonista de seu filme “A Rede” (2016), encontrado perdido entre as Coreias do Norte e do Sul. Uma reviravolta marcou o lançamento de “Humano, Espaço, Tempo e Humano” (2018) no Festival de Berlim, que foi marcado por protestos – não por imagens terríveis, mas pelo homem atrás das câmeras. Kim deixou de ser um cineasta de cenas sádicas para virar um cineasta sádico, ao ser condenado por agressão contra uma atriz durante as filmagens de “Moebius” (2013). A vítima, cuja identidade foi mantida em sigilo, acusou Kim em 2017 de lhe dar três tapas e forçá-la a realizar cenas sexuais sem roupa, que não estavam no roteiro, nos bastidores da produção. A acusadora afirmou que Kim forçou-a a pegar o pênis de um ator, apesar de uma garantia anterior de que uma prótese seria usada. Devido a seus protestos, ela foi substituída por outra atriz no filme. O que a levou a entrar na justiça. Um tribunal sul-coreano multou Kim em US$ 4,6 mil por agressão, mas os promotores não consideraram as acusações de abuso sexual citando a falta de provas. Foi uma quantia irrisória. Mas custou sua carreira. Kim tentou aproveitar o palco oferecido pelo Festival de Berlim para se defender, afirmando que os tapas foram dados como instruções para atuação. Mas, logo em seguida, mais duas atrizes denunciaram abusos ainda piores cometidos pelo diretor. Uma delas disse que Kim exigiu vê-la nua durante um processo “humilhante” de seleção, enquanto a outra contou que Kim e seu ator favorito, Cho Jae-hyeon, a estupraram após convocá-la para um encontro num hotel para “discutir detalhes de um roteiro”. O diretor ainda conseguiu exibir seu último filme, “Din” (2019), no Festival de Cannes, mas não houve interessados para lançá-lo comercialmente. Inconformado, ele tentou processar as atrizes denunciantes. Fracassou. As últimas notícias afirmavam que ele tinha entrado em depressão profunda e não tinha nenhum trabalho em desenvolvimento.
Jirí Menzel (1938 – 2020)
O cineasta tcheco Jirí Menzel, vencedor do Oscar e de vários festivais internacionais, morreu no sábado (5/9), aos 82 anos, após uma longa doença. A morte foi anunciada por sua esposa, Olga, que postou a notícia no Instagram e no Facebook na noite de domingo. Ele conquistou o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira pela história agridoce da ocupação nazista de “Trens Estreitamente Vigiados” (1966), seu primeiro longa como diretor, após diversos curtas e papéis, como ator, em clássicos do cinema tcheco – entre eles, “O Acusado” e “Coragem para Todos os Dias” (ambos de 1964). Menzel foi uma figura importante da new wave tcheca, ao lado de outros diretores que romperam fronteiras, como Milos Forman e Vera Chytilova, enfrentando o regime soviético com propostas estéticas e conteúdo ousados. Seu filme seguinte, a comédia “Um Verão Caprichoso” (1968), venceu o Festival de Karlovy Vary, o mais importante festival de cinema do Leste Europeu, mas o terceiro, “Andorinhas por um Fio”(1969), foi banido pelo governo e só lançado em 1990, após a queda do regime comunista. Passado no final dos anos 1940, “Andorinhas por um Fio” causou polêmica ao mostrar o tratamento dado a “elementos burgueses” suspeitos (artistas e professores), que eram forçados a trabalhar num ferro-velho como reabilitação. Ao finalmente ser exibido para o público e a crítica, 21 após sua filmagem original, venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim. O filme era uma adaptação de um livro do romancista tcheco Bohumil Hrabal, também autor do livro em que “Trens Estreitamente Vigiados” tinha se baseado, e que ganhou uma terceira adaptação do diretor, “Shortcuts” (1981), agraciada com um prêmio especial do Festival de Veneza. O cineasta era seguidamente premiado por sua capacidade de filmar interpretações irônicas da vida e satirizar figuras de autoridade. Não por acaso, ainda voltou a ser indicado ao Oscar pela comédia de humor negro “My Sweet Little Village” (1985), foi premiado como Melhor Diretor no Festival de Montreal por “The End of Old Times” (1989) e ganhou consagração nacional por seu penúltimo filme, “I Served the King of England” (2006), que após láureas nos festivais de Berlim, Sofia e outros, venceu quatro Leões Tchecos (o Oscar da República Tcheca), incluindo Melhor Filme e Diretor. Ao fim da vida, também ganhou o Leão Tcheco por sua contribuição artística, foi homenageado pela carreira em Karlovy Vary, recebeu a Medalha de Mérito, a Ordem Francesa das Artes e Literatura e vários outros prêmios internacionais. O último filme que dirigiu, “Don Juans”, foi exibido em 2013, mas ele continuou ligado ao cinema até 2018, quando interpretou um papel em “O Intérprete” (2018). Em meio as filmagens, adoeceu, precisou sofrer uma cirurgia no cérebro e nunca mais se recuperou. Além de dirigir clássicos indiscutíveis do cinema europeu, Jirí Menzel desempenhou cerca de 80 papéis no cinema e na televisão e, ao contrário de muitos compatriotas que foram para o exílio após a Primavera de Praga, manteve sua carreira baseada em seu país natal até o fim.
Festivais de Karlovy Vary e Locarno anunciam cancelamento de suas edições em 2020
Os tradicionais festivais de cinema de Karlovy Vary, na República Tcheca, e de Locarno, na Suíça, são os mais recentes eventos internacionais a anunciar que não realizarão suas edições neste ano. A 55ª edição de Karlovy Vary estava programada para acontecer de 3 a 11 de julho, enquanto o 73º Festival de Locarno deveria acontecer entre 5 e 15 de agosto. Eles seguem outros cancelamentos/adiamentos similares, que afetaram os festivais SXSW, nos EUA, de Cannes, na França, e Edimburgo, na Escócia. Karlovy Vary remarcou sua próxima edição para 2021. Mas o Festival de Locarno busca formas alternativas de exibir filmes ainda em 2020. “O festival está temporariamente se reinventando com o lançamento do Locarno 2020”, escreveu o perfil da mostra suíça no Instagram, anunciando apoio a novas plataformas e sem detalhar como pretende materializar essa iniciativa. Os cancelamentos das mostras tcheca e suíça foram consequência da ampliação da medida que restringe a realização de eventos com grande público na Europa, o que afeta diretamente os festivais. Outros festivais europeus de cinema ainda estão em compasso de espera para decidir como farão para realizar suas mostras neste ano. Entre eles, encontra-se o Festival de Sarajevo, na Bósnia, também marcado para agosto, e a mostra de Veneza, na Itália, programada para setembro. No Brasil, o próximo grande festival de cinema é o Cine-PE, que segue agendado para 25 de maio, enquanto o mais tradicional de todos, o Festival de Gramado, mantém sua previsão para o dia 14 de agosto, no rigor do inverno gaúcho. Ver essa foto no Instagram In view of the Czech government’s ongoing coronavirus measures and the complicated worldwide situation today, the KVIFF organizers have come to the extremely difficult decision not to hold the 55th annual Karlovy Vary International Film Festival this year.⠀ .⠀ ▷▷ Instead, the 55th KVIFF will take place July 2-10, 2021.◁◁⠀ .⠀ ▷ “We strongly believe that seeing a movie with other people in a theater is a powerful and irreplaceable experience,” says Jiří Bartoška, president of the Karlovy Vary IFF. ⠀ .⠀ ▷ “And because the Karlovy Vary International Film Festival is one of the most important cultural events in the Czech Republic, we have decided that holding an alternative version would go against the festival’s main mission: to bring together audiences, filmmakers, and people from different walks of life in order to collectively enjoy works of cinema.”⠀ .⠀ .⠀ 🇨🇿 S ohledem na přetrvávající opatření vlády v souvislosti s koronavirovou krizí a kvůli jejím mezinárodním dopadům a celosvětově komplikované situaci jsme pečlivě zvážili všechny okolnosti a rozhodli jsme se 55. ročník MFF Karlovy Vary v letošním roce neuskutečnit.⠀ .⠀ ▷▷ 55. ročník MFF KV proto proběhne ve dnech 2.- 10. července 2021.◁◁⠀ .⠀ ▷ „Mezinárodní filmový festival Karlovy Vary je jednou z nejvýznamnějších kulturních událostí u nás a jako organizátoři jsme nakonec dospěli k názoru, že hledání redukovaných nebo alternativních variant by šlo proti jeho hlavnímu smyslu, a tím je vzájemné setkávání diváků, filmových tvůrců, lidí z různých oblastí života a jejich kolektivní vnímaní filmových děl. Věřím, že síla společného prožitku při projekcích v sálech a jeho sdílení jsou nenahraditelné,“ uvádí prezident MFF Karlovy Vary Jiří Bartoška.⠀ .⠀ ▷ „Dovolte mi poděkovat Ministerstvu kultury České republiky, městu Karlovy Vary, Karlovarskému kraji a všem našim partnerům a spolupracovníkům za jejich podporu. Věřím, že se v červenci 2021 setkáme v Karlových Varech při 55. ročníku festivalu,“ dodává prezident Jiří Bartoška.⠀ .⠀ .⠀ .⠀ #officialstatement #kviff2020 #kviff55 #jiribartoska #bartak #kviff2021 #filmfestival #film #cinema #hotelthermal Uma publicação compartilhada por Karlovy Vary IFF (@kviff) em 28 de Abr, 2020 às 3:17 PDT Ver essa foto no Instagram The Locarno Leopard and the shape of cinema to come. With Locarno73 cancelled, the Festival is temporarily reinventing itself by launching Locarno 2020 – For the Future of Films. #Locarno2020 . . Read the latest news through our link in bio. Uma publicação compartilhada por Locarno Film Festival (@filmfestlocarno) em 29 de Abr, 2020 às 7:13 PDT
Filme com Andréa Beltrão e Marco Ricca é premiado no Festival de Karlovy Vary
O filme “Sueño Florianópolis”, coprodução do Brasil e da Argentina, venceu o Prêmio Especial do Júri do Festival de Karlovy Vary, na República Checa, principal evento cinematográfico do Leste Europeu e um dos mais importantes do antigo continente – atrás dos tradicionais festivais de Cannes, Veneza e Berlim. Filmado em Santa Catarina, com atores brasileiros e direção da argentina Ana Katz (de “Minha Amiga do Parque”), “Sueño Florianópolis” é uma comédia que questiona convenções sociais sobre família. A trama acompanha um casal argentino em crise que, na década de 1990, viaja com seus dois filhos adolescentes até Florianópolis de férias. O casal é vivido por Gustavo Garzón (“O Cidadão Ilustre”) e Mercedes Morán (“Neruda”), mas o elenco também destaca Andréa Beltrão (“Sob Pressão”) e Marco Ricca (“Canastra Suja”). “Sueño Florianópolis” também ganhou o Prêmio da Crítica (Fipresci) e o Globo de Cristal de Melhor Atriz, que coube a Mercedes Morán. O vencedor do prêmio de Melhor Filme, porém, foi a co-produção romeno-checa “I Do Not Care If We Go Down In History As Barbarians”, do cineasta romeno Radu Jude. O drama é uma reflexão carregada de ironia e sarcasmo sobre a negação da participação romena no Holocausto, durante uma reconstituição da Batalha de Odessa. Dezenas de milhares de judeus foram mortos durante aquela batalha, travada em 1941 entre a União Soviética e a Romênia, que recebeu apoio da Alemanha nazista. Radu Jude explora a responsabilidade das tropas romenas no massacre, algo que tem sido negado ou minimizado na história do país por décadas. Veja abaixo a lista completa dos premiados e homenagenageados do festival. GRANDE PRÊMIO – GLOBO DE CRISTAL “I Do Not Care If We Go Down in History as Barbarians”, de Radu Jude (Romênia, República Checa). PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI “Sueño Florianópolis”, de Ana Katz (Argentina, Brasil) MELHOR DIREÇÃO Olmo Omerzu, por “Winter Flies” (República Checa, Eslovênia, Eslováquia) MELHOR ATRIZ Mercedes Morán, de “Sueño Florianópolis” (Argentina, Brasil) MELHOR ATOR Moshe Folkenflik, de “Redemption” (Israel) MENÇÕES HONROSAS ESPECIAIS “Jumpman”, de Ivan I. Tverdovskiy (Rússia, Lituânia) “History of Love”, de Sonja Prosenc (Eslovênia, Itália, Noruega) GRANDE PRÊMIO – LESTE DO OESTE (dedicado a filmes do leste europeu) “Suleiman Mountain”, de Elizaveta Stishova (Quirguistão, Rússia) Kyrgyzstan, Russia, 2017 PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI – LESTE DO OESTE “Blossom Valley”, de László Csuja (Hungria) GRANDE PRÊMIO – MELHOR DOCUMENTÁRIO “Putin’s Witnesses”, de Vitaly Mansky (Letônia, Suiça, República Checa) PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI – DOCUMENTÁRIO “Walden”, de Daniel Zimmermann (Suiça, Áustria) GLOBO DE CRISTAL POR CONTRIBUIÇÃO AO CINEMA MUNDIAL Tim Robbins (EUA) GLOBO DE CRISTAL POR CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA AO CINEMA MUNDIAL Barry Levinson (EUA) PRÊMIO DO PRESIDENTE DO FESTIVAL Robert Pattinson (Reino Unido) PRÊMIO DO PRESIDENTE DO FESTIVAL POR CONTRIBUIÇÃO À FILMOGRAFIA CHECA Jaromír Hanzlík (República Checa)








