Festival de Gramado consagra Pacarrete em momento de resistência cultural
O longa cearense “Pacarrete” foi o grande vencedor do 47º Festival de Gramado, levando oito troféus, incluindo os de Melhor Filme na votação do júri e do público, além de prêmios para a atriz Marcélia Cartaxo e o diretor-roteirista Allan Deberton. A premiação na noite de sábado (24/8), na Serra Gaúcha, também foi marcada por atos de fascismo assumido, levados adiante por simpatizantes do governo, que jogaram pedras de gelo em artistas que protestavam com cartazes contra a censura no tapete vermelho. Emiliano Cunha, diretor de “Raia 4”, eleito o Melhor Filme na votação da crítica, foi um dos alvos da agressão. Ele estava com sua filha de dois anos no colo. Ao longo do festival, diversos cineastas criticaram declarações e decisões do governo sobre o setor audiovisual, incluindo a suspensão, na véspera do evento, de um edital voltado a financiamento de séries, para prejudicar produções com temática LGBTQIA+. A decisão do governo também tirou dinheiro de produções evangélicas e paralisou todo o financiamento do audiovisual brasileiro. O diretor de “Pacarrete”, Allan Deberton, também produz o projeto da série “Transversais”, uma das obras com temática LGBTQIA+ citadas nominalmente pelo presidente Jair Bolsonaro de forma pejorativa. “Conseguimos abortar essa missão aqui”, disse o presidente sobre “Transversais”, antes da suspensão do edital, assumindo que a ordem de censura partiu dele mesmo. “O presidente falou que a série iria para o saco. Eu vou fazer mesmo assim”, afirmou o diretor num de seus discursos de vitória em Gramado, sob aplausos. A vitória de “Pacarrete” foi recebida com aplausos de pé, já que o filme era o favorito desde a sua exibição na terça-feira (20/8). Os elogios foram direcionados especialmente à performance da atriz Marcélia Cartaxo, que venceu um Urso de Prata no Festival de Berlim por “A Hora da Estrela” (1985) e voltou a conquistar um grande prêmio, o Kikito de Melhor Atriz por seu trabalho na nova obra. Em “Pacarrete”, ela dá vida à história real de uma mulher de Russas, no interior do Ceará. Bailarina e ex-professora, a mulher do título sonha em se apresentar na festa da cidade. Com voz estridente, grita frases desconexas pelas ruas — e é simplesmente tachada de louca pelos moradores. “Dedico o prêmio a Pacarrete, mulher, artista e exemplo de resistência. Todo artista precisa resistir. Viva o cinema brasileiro”, disse a atriz, ao receber seu troféu. Já o prêmio de Melhor Ator ficou com o músico Paulo Miklos, por seu papel em “O Homem Cordial”. Confira abaixo todos os premiados. Longas Brasileiros Melhor Filme: “Pacarrete” Melhor Direção: Allan Deberton, por “Pacarrete” Melhor Ator: Paulo Miklos, por “O Homem Cordial” Melhor Atriz: Marcélia Cartaxo, por “Pacarrete” Melhor Ator Coadjuvante: João Miguel por “Pacarrete” Melhor Atriz Coadjuvante para 2: Carol Castro por “Veneza” e Soia Lira por “Pacarrete” Melhor Roteiro: “Pacarrete” Melhor Fotografia: “Raia 4” Melhor Montagem: “Hebe” Melhor Direção de Arte: “Veneza” Melhor Trilha Musical: “O Homem Cordial” Melhor Desenho de Som: “Pacarrete” Prêmio Especial do Júri: “30 Anos Blues” Melhor Filme Gaúcho: “Raia 4″ Júri Popular:”Pacarrete” Júri da “Raia 4” Longas Estrangeiros Melhor Filme: “El Despertar de Las Hormigas” Melhor Direção: Perro Bomba Melhor Ator: Fernando Arze, por “Muralla” Melhor Atriz: Julieta Diaz por “La Forma de Las Horas” Melhor Fotografia: “En El Pozo” Menção Honrosa: “Dos Fridas” Prêmio Especial do Júri: “Despertar de Las Formigas” Júri Popular: “Perro Bomba” Júri da “El Despertar de Las Hormigas” Curtas Brasileiros Melhor Filme: “Apneia” Melhor Direção: “Menino Pássaro” Melhor Ator: Rômulo Braga Melhor Atriz: Cassia Damasceno Menção Honrosa para a Atriz mirim: Ester Shafer Melhor Roteiro: “O Véu de Amani” Melhor Fotografia: “A Ética das Hienas” Melhor Montagem: “Invasão Espacial” Melhor Direção de Arte: “Sangro” Melhor Trilha Musical: “Teoria sobre um Planeta Estranho” Melhor Desenho de Som: “Um Tempo Só” Prêmio Especial: Divina Valéria e Wallie Ruy por “Marie”. Prêmio Aquisição Canal Brasil: “Marie” Júri Popular: “Teoria sobre um Planeta Estranho” Júri da “Marie”
Veneza: Carmen Maura vive cafetina sonhadora em fotos e trailer de filme de Miguel Falabella
A Imagem Filmes divulgou 25 fotos, o pôster e o trailer de “Veneza”, dirigido por Miguel Falabella (“Polaróides Urbanas”). A prévia mostra a história de Gringa, uma cafetina que, na velhice, sonha reencontrar o único homem que amou. O título se refere à cidade italiana que seria o destino desse amor de juventude. A trama se altera entre flashbacks do romance da jovem Gringa e os planos atuais das prostitutas de seu bordel para realizar o sonho da viagem da velha senhora, que inclusive já perdeu a visão. Para isso, elas decidem se juntar a uma trupe de circo para levá-la até Veneza. A atriz espanhola Carmen Maura (“Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”) vive a versão idosa de Gringa, enquanto Macarena García (“Branca de Neve”) interpreta a Gringa jovem. O elenco nacional inclui Dira Paes (“Divino Amor”), Danielle Winits (“Até que a Sorte nos Separe”), Carol Castro (“Um Suburbano Sortudo”) e Eduardo Moscovis (“O Doutrinador”), entre outros. O longa é um dos destaques da mostra competitiva do 47º Festival de Gramado, que acontece até o fim de semana, e tem estreia marcada para 12 de dezembro nos cinemas brasileiros.
Filme brasileiro Bacurau vence o Festival de Lima
O filme “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”) e Juliano Dornelles (“O Ateliê da Rua do Brum”), conquistou mais um prêmio internacional na noite de sábado (17/8), ao vencer o 23º Festival de Lima. Além de ser considerado o Melhor Filme pelo juri do evento peruano, o longa brasileiro também levou o troféu de Melhor Direção e a premiação da crítica internacional. O Festival de Lima aconteceu entre 9 e 17 de agosto, com cerca de 400 filmes sua programação. As novas conquistas se somam ao Prêmio do Júri no Festival de Cannes e convites para mais de 100 festivais ao redor do mundo, inclusive os prestigiosos festivais de Nova York e Toronto. Estrelado por Sonia Braga (“Aquarius”), Barbara Colen (idem), Karine Teles (“Benzinho”) e pelo alemão Udo Kier (do clássico “Suspiria”), entre outros, “Bacurau” retrata o drama de um povoado isolado no nordeste brasileiro que descobre que não consta mais no mapa. E se torna alvo de atentados. “Bacurau” teve sua première brasileira na sexta-feira (16/8), como filme de abertura do Festival de Gramado, e vai chegar aos cinemas brasileiros na próxima semana, no dia 29 de agosto.
Festival de Gramado reúne a indústria cinematográfica sob ataque de Bolsonaro
O Festival de Gramado nasceu durante o boom do cinema brasileiro produzido na era de ouro da Embrafilme, sobreviveu à destruição daquela época pelo governo Collor, quando praticamente não foram lançados longas, e chega a sua 47ª edição nesta sexta (17/8) em meio a ataques do presidente Bolsonaro aos filmes feitos no país. A concentração da indústria cinematográfica na serra gaúcha, neste momento histórico, é garantia de repercussão. Os discursos de protestos são mais que esperados durante a abertura do evento às 18h, que apresentará “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, em sua primeira exibição no Brasil após vencer o prêmio do júri no Festival de Cannes. Kleber Mendonça Filho, como todos lembram, protestou contra o “golpe” sofrido por Dilma Rousseff com cartazes no tapete vermelho de Cannes em 2016, quando lançou “Aquarius”. E até hoje se fala disso. Bolsonaro fez tudo para acirrar os ânimos ao máximo com uma live na noite de quinta, afirmando que tinha barrado a liberação de incentivos para filmes de temática LGBTQIA+ e que já teria “degolado todo mundo” se as cabeças da Ancine “não tivessem mandato”, utilizando-se da linguagem violenta para ameaçar o órgão responsável pelo incentivo à produção do cinema brasileiro. Por conta do governo extremamente ideológico de Bolsonaro – um PT ao avesso – , a política deve roubar a cena dos próprios filmes no evento, que vai acontecer até o dia 24 de agosto. Ainda assim, há muitos filmes. Ao todo, 19 longas e 34 curtas. Entre os sete longa-metragens da mostra competitiva nacional incluem-se a cinebiografia “Hebe — A estrela do Brasil”, de Maurício Farias, com Andréa Beltrão na pele da famosa apresentadora da TV brasileira, a dramédia “Veneza”, de Miguel Falabella, que acompanha a viagem dos sonhos de uma cafetina à cidade italiana, e “O Homem Cordial”, de Iberê Carvalho, suspense no qual Paulo Miklos interpreta um cantor de rock envolvido na morte de um policial. Além disso, o festival também homenageará quatro personalidades: o ator Lázaro Ramos, a atriz e cineasta Carla Camurati, o ator argentino Leonardo Sbaraglia e o artista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica. As homenagens serão acompanhadas pelos devidos discursos, alguns mais contundentes que outros. Confira abaixo a lista dos longas selecionados para as mostras competitivas do evento gaúcho. Filmes Brasileiros “Hebe – A Estrela do Brasil” (São Paulo) Direção: Maurício Farias “O Homem Cordial” (Distrito Federal) Direção: Iberê Carvalho “Pacarrete” (Ceará) Direção: Allan Deberton “Raia 4” (Rio Grande do Sul) Direção: Emiliano Cunha “Veneza” (Rio de Janeiro) Direção: Miguel Falabella “Vou Nadar Até Você” (São Paulo) Direção: Klaus Mitteldorf e Luciano Patrick “30 Anos Blues” (São Paulo) Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrade Filmes Latino-Americanos “A Son of Man – La Maldición del Tesoro de Atahualpa” (Equador) Diretor: Jamaicanoproblem “Dos Fridas” (México e Costa Rica) Direção: Ishtar Yasin “El Despertar de las Hormigas” (Costa Rica) Direção: Antonella Sudasassi Furnis “En el Pozo” (Uruguai) Direção: Bernardo e Rafael Antonaccio “La Forma de las Horas” (Argentina) Direção: Paula de Luque “Muralla” (Bolívia) Direção: Rodrigo Alfredo Alejandro Patiño Sanjines “Perro Bomba” (Chile) Direção: Juan Caceres
Bacurau vai representar o Brasil no prêmio Goya, o “Oscar espanhol”
O filme “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, vai representar o Brasil no prêmio Goya, o equivalente espanhol ao Oscar. O longa concorrerá a uma vaga entre os indicados na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano. Estrelado por Sonia Braga (“Aquarius”), Barbara Colen (idem), Karine Teles (“Benzinho”) e pelo alemão Udo Kier (do clássico “Suspiria”), entre outros, “Bacurau” retrata o drama de um povoado isolado no nordeste brasileiro que descobre que não consta mais no mapa. E se torna alvo de atentados. O longa venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes e já foi convidado para mais de 100 festivais ao redor do mundo, inclusive o prestigioso Festival de Nova York. “Bacurau” terá sua première brasileira na sexta-feira (16/8), como filme de abertura do Festival de Gramado, e chega aos cinemas brasileiros no dia 29 de agosto.
Bacurau é selecionado para o Festival de Nova York
Após vencer o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, “Bacurau” será exibido em outro festival internacional importante. O filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi selecionado para a mostra principal do 57º Festival de Nova York, que acontece de 27 de setembro a 13 de outubro. Será a pré-estreia americana do longa, que já tem distribuição comercial nos EUA e Canadá. O longa anterior de Mendonça Filho, “Aquarius”, também esteve na seleção de 2016 do festival americano. O festival deste ano será aberto pelo aguardado “O Irlandês”, de Martin Scorsese, e ainda exibirá os filmes “Parasita”, de Bong Joon-Ho, que conquistou a Palma de Ouro em Cannes, e “Dor e Glória”, de Pedro Almodóvar. “Bacurau” também vai abrir o Festival de Gramado, que acontece entre os dias 16 e 24 de agosto, e marcará presença na competição do 23º Festival de Lima, no Peru. Estrelado por Sonia Braga (também de “Aquarius”), Barbara Colen (idem), Karine Teles (“Benzinho”) e pelo alemão Udo Kier (do clássico “Suspiria”), entre outros, “Bacurau” retrata o drama de um povoado isolado no nordeste brasileiro que descobre que não consta mais no mapa. E se torna alvo de atentados. A estreia comercial está marcada para o dia 29 de agosto no Brasil.
Bacurau: Novo filme do diretor de Aquarius ganha trailer completo
A Vitrine Filmes divulgou o trailer de “Bacurau”, novo longa de Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”), realizado em parceria com Juliano Dornelles (“O Ateliê da Rua do Brum”), que venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2019. A prévia destaca o clima misterioso da história. Estrelado por Sonia Braga (também de “Aquarius”), Barbara Colen (idem), Karine Teles (“Benzinho”) e pelo alemão Udo Kier (do clássico “Suspiria”), entre outros, “Bacurau” retrata o drama de um povoado isolado no nordeste brasileiro que descobre que não consta mais no mapa. E se torna alvo de atentados. O filme fará sua première nacional na abertura do Festival de Gramado, em 16 de agosto, e chega aos cinemas brasileiros logo em seguida, em 29 de agosto.
Festival de Gramado divulga seleção de 2019 com Hebe e filme de Miguel Falabella
O Festival de Gramado anunciou a lista de títulos de sua mostra competitiva de 2019, marcada por um detalhe triste. Dois dos curadores responsáveis pela seleção faleceram recentemente: a argentina Eva Piwowarski, que morreu em janeiro, e Rubens Ewald Filho, falecido em junho. Apesar da nota fúnebre, o jornalista Marcos Santuario, que também assina a curadoria desde 2013, celebrou um recorde de filmes inscritos (195, contra 111 no ano passado) e o fato de o orçamento se manter o mesmo da edição anterior, R$ 4 milhões, apesar do caos criado pelo governo, com o corte dos apoios estatais – “Há festivais com centenas de inscritos com situação de não acontecer”, afirmou ele durante entrevista coletiva. O evento gaúcho, que acontece entre 16 e 24 de agosto, exibirá ao todo 19 longas e 34 curtas em competição. Além disso, o festival também homenageará quatro personalidades: o ator Lázaro Ramos, a atriz e cineasta Carla Camurati, o ator argentino Leonardo Sbaraglia e o artista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica. Confira abaixo os longas selecionados. Filmes Brasileiros “Hebe – A Estrela do Brasil” (São Paulo) Direção: Maurício Farias “O Homem Cordial” (Distrito Federal) Direção: Iberê Carvalho “Pacarrete” (Ceará) Direção: Allan Deberton “Raia 4” (Rio Grande do Sul) Direção: Emiliano Cunha “Veneza” (Rio de Janeiro) Direção: Miguel Falabella “Vou Nadar Até Você” (São Paulo) Direção: Klaus Mitteldorf e Luciano Patrick “30 Anos Blues” (São Paulo) Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrade Filmes Latino-Americanos “A Son of Man – La Maldición del Tesoro de Atahualpa” (Equador) Diretor: Jamaicanoproblem “Dos Fridas” (México e Costa Rica) Direção: Ishtar Yasin “El Despertar de las Hormigas” (Costa Rica) Direção: Antonella Sudasassi Furnis “En el Pozo” (Uruguai) Direção: Bernardo e Rafael Antonaccio “La Forma de las Horas” (Argentina) Direção: Paula de Luque “Muralla” (Bolívia) Direção: Rodrigo Alfredo Alejandro Patiño Sanjines “Perro Bomba” (Chile) Direção: Juan Caceres
Vídeo de Bacurau destaca premiação do filme brasileiro no Festival de Cannes
A Vitrine Filmes divulgou um vídeo de “Bacurau”, centrado na premiação do filme no Festival de Cannes. O novo longa de Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”), realizado em parceria com Juliano Dornelles (“O Ateliê da Rua do Brum”), venceu o Prêmio do Júri do festival francês. A prévia traz o discurso de introdução aos vencedores do prêmio, proferido pelo documentarista americano Michael Moore (“Fahrenheit 11 de Setembro”), que fala que “a arte, em tempos sombrios, é o que ajuda a salvar a humanidade dos autocratas e dos idiotas”. Estrelado por Sonia Braga (também de “Aquarius”), Barbara Colen (idem), Karine Teles (“Benzinho”) e pelo alemão Udo Kier (do clássico “Suspiria”), entre outros, “Bacurau” retrata o drama de um povoado isolado no nordeste brasileiro que descobre que não consta mais no mapa. Nessa comunidade não reconhecida pelo poder público, figuras marginalizadas, como prostitutas e transgêneros, são aceitas e tratadas com naturalidade. O filme fará sua première nacional na abertura do Festival de Gramado, em 16 de agosto, e estreia nos cinemas brasileiros logo em seguida, em 29 de agosto.
Premiado em Cannes, Bacurau vai abrir o Festival de Gramado 2019
Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2019, “Bacurau” vai abrir o 47º Festival de Cinema de Gramado. O novo filme do diretor Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”), realizado em parceria com Juliano Dornelles (“O Ateliê da Rua do Brum”), fará sua première nacional com exibição fora de competição no tradicional festival gaúcho – assim como aconteceu com “Aquarius”, que abriu o festival em 2016. Estrelado por Sonia Braga (também de “Aquarius”), Barbara Colen (idem), Karine Teles (“Benzinho”) e pelo alemão Udo Kier (do clássico “Suspiria”), entre outros, “Bacurau” retrata o drama de um povoado isolado no nordeste brasileiro que descobre que não consta mais no mapa. Nessa comunidade não reconhecida pelo poder público, figuras marginalizadas, como prostitutas e transgêneros, são aceitas e tratadas com naturalidade. O Festival de Gramado 2019 vai ter início em 16 de agosto e se estenderá até o dia 24 do mesmo mês na serra gaúcha. Os filmes que integrarão a competição oficial ainda não foram anunciados.
Festival de Gramado vai homenagear Mauricio de Sousa
O Festival de Gramado vai homenagear o quadrinista Mauricio de Sousa com o Troféu Cidade de Gramado 2019. O criador da Turma da Mônica receberá o prêmio em 21 de agosto durante o festival, que acontece neste ano entre 16 e 24 de agosto. “Raros são os nomes que mantêm uma carreira por seis décadas, com o vigor e a criatividade dos primeiros dias. O Festival de Cinema de Gramado tem a honra de enaltecer essa trajetória e homenagear o profissional que elevou as histórias em quadrinhos e a animação brasileiras a patamares internacionais”, diz o comunicado que anuncia o homenageado deste ano. Além de séries e especiais da TV, as criações de Mauricio de Sousa já renderam quatro longa-metragens de animação – “As Aventuras da Turma da Mônica” (1982), “A Princesa e o Robô “(1983), “Cine Gibi” (2004) e “Uma Aventura no Tempo” (2007). A entrega do troféu será precedida pela exibição do primeiro longa live-action inspirado na obra do artista, “Turma da Mônica: Laços”, que será seguida por um bate-papo com Mauricio. “Turma da Mônica: Laços”, porém, já vai ter estreado nos cinemas, uma vez que o lançamento está marcado para 27 de junho. No ano passado, o ator Ney Latorraca foi quem recebeu o Troféu Cidade de Gramado. Antonio Pitanga e Tony Ramos são outras personalidades anteriormente homenageadas com o mesmo prêmio.
Leonardo Machado (1976 – 2018)
O ator Leonardo Machado, conhecido por participar de novelas da Globo e pela carreira premiada no cinema, morreu na noite de sexta-feira (28/9), aos 42 anos, em Porto Alegre. Ele lutava contra um câncer no fígado desde o ano passado e estava internado no Hospital Moinhos de Vento, na capital gaúcha. Um dos atores de maior projeção no Rio Grande do Sul, ele começou a filmar curtas em 1998, enquanto fazia teatro – estrelou 14 peças – , até se tornar conhecido nacionalmente ao aparecer na novela “O Clone” (2001), na qual figurou como Guilherme. Também teve um pequeno papel em “Senhora do Destino”, em 2005. Mas sua verdadeira projeção se deu no cinema local, a ponto de se tornar o apresentador oficial do Festival de Gramado por dez anos. “Essa função é sempre um prazer. Eu me criei nessa cidade”, ressaltou em entrevista publicada no último ano. Seu primeiro papel em longa-metragem foi uma pequena aparição em “Lara” (2002), cinebiografia de Odete Lara, musa do Cinema Novo, dirigida por Ana Maria Magalhães. Depois, iniciou sua jornada gaúcha, com “Sal de Prata” (2005), de Carlos Gerbase. Dublou a animação “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll” (2006), de Otto Guerra, voltou a trabalhar com Gerbase em “3 Efes” (2007), fez “Dias e Noites” (2008), de Beto Souza. E a carreira começou a engatar com o premiado “Valsa para Bruno Stein” (2007), de Paulo Nascimento, vencedor do Festival de Gramado, já como coadjuvante. No segundo filme com Nascimento, “Em Teu Nome” (2009), foi finalmente escalado como protagonista. E conquistou o Kikito de Melhor Ator em Gramado, interpretando um estudante durante a Ditadura Militar (1964-1985). O prêmio abriu de vez as portas na Globo. Ele apareceu na novela “Viver a Vida” (2009), de Manoel Carlos, e se tornou um dos protagonistas da série “Na Forma da Lei”, no papel do juiz Célio Rocha, que trabalhava com a advogada Ana Beatriz (Ana Paula Arósio) no julgamento de crimes investigados por outros personagens. Ainda apareceu na novela “Salve Jorge” (2013) antes de voltar ao Rio Grande do Sul, onde emendou diversas produções regionais de TV – na RBS, do grupo Globo, e na TVE. E deu sequência à sua carreira cinematográfica. A dedicação ao cinema na última década viu sua filmografia se multiplicar e ganhar novos parceiros, como Tabajara Ruas, com quem filmou “Os Senhores da Guerra” (2012), a continuação “Os Senhores da Guerra 2 – Passo da Cruz” (2014) e o ainda inédito “A Cabeça de Gumercindo Saraiva” (2018). Ele esteve ainda entre os protagonistas do épico “O Tempo e o Vento” (2013), adaptação do clássico literário de Érico Veríssimo rodado por Jayme Monjardim com grande elenco (Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, etc). Fez “A Casa Elétrica” (2012), de Gustavo Fogaça, “Insônia” (2013), de Beto Souza, e o recente “Yonlu” (2018), de Hique Montanari, lançado no final de agosto. Mas não há dúvidas de que seu grande parceiro foi Paulo Nascimento, com quem continuou colaborando em mais quatro filmes: “A Casa Verde” (2010), “A Oeste do Fim do Mundo” (2013), “A Superfície da Sombra” (2017) e “Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos” (2018). Os dois ficaram amigos durante a gravação da série “Segredo”, uma coprodução da portuguesa RTP e da Globo, realizada em 2005, o que fez com que Leonardo participasse de todos os projetos do diretor desde então – e ainda fosse estimulado a passar para trás das câmeras, enquanto o diretor se viu convencido a ir para a frente, durante a produção da série gaúcha documental “Fim do Mundo” (2011). Esta experiência de explorar as fronteiras da América do Sul inspirou o filme “A Oeste do Fim do Mundo”, que inaugurou outra função na carreira de Leonardo, como produtor de cinema. Por conta disso, venceu o Kikito de Melhor Filme Latino (em coprodução com a Argentina) no Festival de Gramado, além do prêmio do público do evento. Ativo até o fim, Leonardo se jogou no trabalho no fim da vida, estrelando em 2018 nada menos que quatro longas, um curta e uma minissérie da Globo – “Se Eu Fechar Os Olhos Agora”, divulgada apenas em streaming, por enquanto. Além de “Yonlu” e “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, já exibidos, ele ainda poderá ser visto neste ano no mencionado “A Cabeça de Gumercindo Saraiva”, previsto para 25 de outubro, e “Legalidade”, do cineasta Zeca Britto, em que encarna o governador gaúcho Leonel Brizola durante os tumultuados anos 1960 – ainda sem previsão de estreia. Seu colega em “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, Edson Celulari, que também enfrentou um câncer recentemente, lamentou a morte do amigo. “Hoje descansou um amigo que fará muita falta, o querido e talentoso ator Leonardo Machado. Um homem leal, dono de um coração enorme. Companheiro no cinema e parceiro de todas as horas. Que privilégio conhecê-lo!”, escreveu no Instagram.









