Filme que rendeu elogios a Adam Sandler ganha primeiro teaser
A Netflix divulgou seis fotos e o primeiro teaser de “The Meyerowitz Stories (New and Selected)”, filme dirigido por Noah Baumbach (“Frances Ha”), que teve sua première no Festival de Cannes. A prévia traz o elenco eclético da produção cantando. E que eclético! O filme é estrelado por Adam Sandler (“Zerando a Vida”), Ben Stiller (“Zoolander”), Dustin Hoffman (“Trocando os Pés”) e Emma Thompson (“O Bebê de Bridget Jones”). “The Meyerowitz Stories” gira em torno de uma família cujos membros, que não se veem há anos, são obrigados a se reunirem para um evento que celebra as obras de arte do pai (Hoffman), um escultor que já foi famoso e se encontra em decadência. Aos poucos, as feridas e rancores do passado retornam, entre refeições e reuniões familiares. O filme foi bastante elogiado em sua exibição no festival francês. Até Adam Sandler recebeu críticas positivas, situação rara na carreira do ator, que prefere se ridicularizar nas suas comédias apelativas. Sua interpretação, como um músico desempregado e em processo de divórcio, foi o que mais chamou atenção da imprensa internacional. O jornal britânico The Guardian declarou ter visto um “ator formidável na tela”. E o site Indiewire completou: “Como Adam Sandler pode ser bom quando não protagoniza filmes típicos de Adam Sandler”. A estreia da produção vai acontecer em 13 de outubro, tanto na Netflix quanto em circuito limitado nos cinemas americanos.
The Florida Project: Trailer do filme sobre a periferia do Disney World encanta com cores e crianças
A A24 divulgou o pôster, três fotos e o trailer de “The Florida Project”, novo drama aclamado de Sean Baker, o diretor de “Tangerine” (2015). A prévia explora um visual extremamente colorido, enfatizando os aspectos infantis da arquitetura de Orlando, ao situar a narrativa sob o ponto de vista de crianças. Na trama, Willem Dafoe (“Meu Amigo Hindu”) interpreta o gerente do hotel Magic Castle, que recebe turistas dos parques temáticos da Disney e precisa lidar com diversas crianças hiperativas durante as férias de verão, envolvidas em suas próprias aventuras, enquanto os adultos enfrentam seus problemas de gente grande. O elenco infantil é todo composto por crianças estreantes no cinema. Ao contrário de “Tangerine”, gravado com um iPhone, “The Florida Project” usou filme de verdade, de 35 milímetros, mas manteve a estética de registro realista, rodado nas ruas da periferia do Disney World. O filme teve première na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes, ocasião em que encantou a crítica internacional (tem 96% de aprovação no site Rotten Tomatoes), e chegará aos cinemas americanos em 6 de outubro. Ainda não há previsão para seu lançamento no Brasil.
David Bowie embala primeiro teaser de Sem Fôlego, novo filme do diretor de Carol
A Amazon divulgou o pôster e o teaser de “Sem Fôlego” (Wonderstruck), novo filme de época de Todd Haynes (“Carol”). A prévia é embalada pelo clássico “Space Oddity”, de David Bowie, que acompanha as descobertas de seus personagens infantis, um menino e uma menina em Nova York, separados por décadas – e por uma edição que separa cores de imagens em preto e branco. O filme adapta o livro infantil homônimo de Brian Selznick (autor de “A Invenção de Hugo Cabret”), sobre duas crianças surdas, Ben e Rose, cujas histórias são separadas por 50 anos. Rose foge de casa em 1927, rumo a Nova York para conhecer Lillian Mayhew, estrela de cinema que idolatra. Jack também escapa para Nova York, mas em 1977, em busca de seu pai. Em determinado momento, porém, suas vidas se cruzam de maneira inesperada. O próprio Selznick assina o roteiro da adaptação, que destaca em seu elenco Julianne Moore (“Jogos Vorazes: A Esperança”), Michelle Williams (“Manchester à Beira-Mar”), Tom Noonan (série “13 Monkeys”), Cory Michael Smith (série “Gotham”), Amy Hargreaves (série “13 Reasons Why”) e as crianças Oakes Fegley (“Meu Amigo, o Dragão”) e Millicent Simmonds (estreante). Exibido no Festival de Cannes, o filme terá sua estreia norte-americana no Festival de Nova York e lançamento comercial em 20 de outubro nos Estados Unidos. Ainda não há previsão para seu lançamento no Brasil
Jeremy Renner e Elizabeth Olsen caçam assassino em novo trailer do suspense premiado Terra Selvagem
A Weinstein Company divulgou um novo pôster e o segundo trailer de “Terra Selvagem” (Wind River), thriller premiado no Festival de Cannes 2017. A prévia se passa no norte gelado dos EUA e combina a neve da região do Wyoming com o clima bastante sombrio da trama, que gira em torno da investigação do assassinato de uma jovem numa reserva indígena. O elenco é liderado por Jeremy Renner e Elizabeth Olsen (ambos de “Vingadores: Era de Ultron”), como um caçador local e uma agente do FBI, que se unem para tentar descobrir o assassino. Os coadjuvantes destacam Jon Bernthal (o Justiceiro da série “Demolidor”), Gil Birmingham (“A Qualquer Custo”), Martin Sensmeier (“Sete Homens e um Destino”), Graham Greene (“A Cabana”), Julia Jones (“A Saga Crepúsculo”), Kelsey Asbille (série “Teen Wolf”), Ian Bohen (também de “Teen Wolf) e Eric Lange (série “The Bridge”). Escrito e dirigido por Taylor Sheridan, o filme recebeu o prêmio de Melhor Direção na mostra Um Certo Olhar, do festival francês. Neste ano, Sheridan já tinha sido indicado ao Oscar como Roteirista, por “A Qualquer Custo”. Apesar de ter cacife para encarar a temporada de premiação, a estreia foi marcada para 4 de agosto nos Estados Unidos, em meio aos blockbusters de verão. No Brasil, o lançamento vai acontecer em 31 de agosto.
The Square: Filme vencedor do Festival de Cannes 2017 ganha primeiro trailer
A TriArtFilm divulgou o trailer de “The Square”, filme sueco que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2017. A prévia combina inglês e sueco e não tem legendas em português, mas permite explorar o contexto com cenas absurdas e surreais. Em tom de humor negro, a trama acompanha o curador de um importante museu de arte contemporânea de Estocolmo, vítima de um pequeno incidente que desencadeia uma série de situações vexaminosas. Em seu intertexto, “The Square” também embute uma crítica social, ao fazer um contraponto entre o ambiente elitista das galerias de arte e a realidade das ruas europeias, cheias de imigrantes e desempregados. O elenco inclui o dinamarquês Claes Bang (série “Bron/Broen”, que é a versão original de “The Bridge”), a americana Elisabeth Moss (série “Mad Men”), o inglês Dominic West (série “The Affair”) e o dublê americano Terry Notary (o King Kong de “Kong: A Ilha da Caveira”), que mostra como se interpreta um macaco sem os efeitos que normalmente acompanham seu desempenho na franquia “Planeta dos Macacos” (onde vive o macaco Rocket). A obra não era das mais badaladas de Cannes, mas o diretor Ruben Östlund já tinha causado boa impressão no festival com seu filme anterior, “Força Maior” (2014), exibido e premiado na seção Um Certo Olhar há três anos. “The Square” estreia em 25 de agosto na Suécia e no Reino Unido, mas ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.
Good Time: Trailer frenético de suspense destaca performance camaleã de Robert Pattinson
A A24 divulgou um novo trailer de “Good Time”, filme dos irmãos Safdie (“Amor, Drogas e Nova York”) que impressionou a crítica mundial em sua exibição no Festival de Cannes. A prévia dá uma mostra do ritmo frenético da produção e o desempenho de Robert Pattinson, que arrancou elogios rasgados com suas diversas caracterizações – repare como ele muda o visual ao longo do vídeo. Na trama, ele vive um jovem trapaceiro que se acha mais esperto que os outros, usando seu carisma e a capacidade de improvisação para se safar em momentos de pressão. Após um roubo a uma agência bancária dar errado, seu irmão e cúmplice com problemas mentais (vivido pelo diretor Ben Safdie) acaba preso e ele precisa correr contra o tempo para levantar dinheiro para a fiança e evitar que ele morra de tanto apanhar na detenção, atirando-se numa espiral de violência e destruição. Como o vídeo mostra, a ação não para. Filmado nas ruas de Nova York em meio à população comum, numa tática de guerrilha, o thriller também inclui em seu elenco Jennifer Jason Leigh (“Os Oito Odiados”), Barkhad Abdi (“Capitão Phillips”) e Buddy Duress (“Amor, Drogas e Nova York”). A estreia está marcada para 11 de agosto nos EUA e ainda não há previsão de lançamento no Brasil.
Terra Selvagem: Jeremy Renner e Elizabeth Olsen investigam assassinato em trailer e fotos de suspense premiado em Cannes
A TWC (The Weinstein Company) divulgou as primeiras fotos, pôsteres e trailer de “Terra Selvagem” (Wind River), thriller premiado no Festival de Cannes 2017. A prévia se passa no norte gelado dos EUA e combina a neve da região do Wyoming com o clima bastante sombrio da trama, que gira em torno da investigação do assassinato de uma jovem numa reserva indígena. O elenco é liderado por Jeremy Renner e Elizabeth Olsen (ambos de “Vingadores: Era de Ultron”), como um caçador local e uma agente do FBI, que se unem para tentar descobrir o assassino. Os coadjuvantes destacam Jon Bernthal (o Justiceiro da série “Demolidor”), Gil Birmingham (“A Qualquer Custo”), Martin Sensmeier (“Sete Homens e um Destino”), Graham Greene (“A Cabana”), Julia Jones (“A Saga Crepúsculo”), Kelsey Asbille (série “Teen Wolf”), Ian Bohen (também de “Teen Wolf) e Eric Lange (série “The Bridge”). Escrito e dirigido por Taylor Sheridan, o filme recebeu o prêmio de Melhor Direção na mostra Um Certo Olhar, do festival francês. Neste ano, Sheridan já tinha sido indicado ao Oscar como Roteirista, por “A Qualquer Custo”. Apesar de ter cacife para encarar a temporada de premiação, a estreia foi marcada para 4 de agosto nos Estados Unidos, em meio aos blockbusters de verão. No Brasil, o lançamento vai acontecer em 31 de agosto.
Filme sueco vence Festival de Cannes, que também premiou Sofia Coppola e Joaquin Phoenix
O filme sueco “The Square”, de Ruben Östlund, foi o vencedor da Palma de Ouro do 70º Festival de Cannes. A obra não era das mais badaladas da competição, mas o diretor já tinha causado boa impressão em Cannes com seu filme anterior, “Força Maior” (2014), exibido e premiado na seção Um Certo Olhar há três anos. Em tom que varia entre o drama e a comédia, a trama acompanha o curador de um importante museu de arte contemporânea de Estocolmo, vítima de um pequeno incidente que desencadeia uma série de situações vexaminosas. Em seu intertexto, “The Square” ainda faz um contraponto entre o ambiente elitista das galerias de arte e a realidade das ruas europeias, cheias de imigrantes e desempregados. Apesar da vitória de um longa europeu, a maior parte das premiações do juri presidido pelo espanhol Pedro Almodóvar foi para produções americanas. Um número, por sinal, mais elevado que o costume entre as edições anteriores do festival. O prêmio de direção ficou com Sofia Coppola por “O Estranho que Nós Amamos”, remake do filme homônimo de 1971, que transforma uma trama de western em suspense gótico. A diretora não estava em Cannes para a cerimônia, realizada no domingo (28/5), mas enviou uma longa mensagem de agradecimento, na qual menciona a neozelandesa Jane Campion, única mulher a vencer a Palma de Ouro, com “O Piano”, em 1993, como uma de suas “inspirações” na carreira. A estrela de “O Estranho que Nós Amamos”, Nicole Kidman, também foi homenageada com um prêmio especial do festival. Neste ano, ela participou de quatro produções exibidas na programação de Cannes. Duas delas estavam na mostra competitiva. E a segunda também foi premiada: o suspense “The Killing of a Sacred Deer”, do grego Yorgos Lanthimos, que venceu o troféu de Melhor Roteiro, empatado com “You Were Really Never Here”, outra produção americana, dirigida pela escocesa Lynne Ramsay. Para completar a lista americana, Joaquin Phoenix, estrela de “You Were Really Never Here”, venceu o troféu de Melhor Ator. A alemã Diane Krueger foi premiada como Melhor Atriz por “In the Fade”, e dois filmes europeus levaram o Grande Prêmio e o Prêmio do Juri, equivalentes ao 2º e 3º lugares do festival: o francês “120 Battements par Minute”, de Robin Campillo, e o russo “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev. Por fim, o prêmio Câmera de Ouro, para longa-metragem de diretor estreante, foi para “Jeune Femme”, da francesa Léonor Serraille, exibido na mostra paralela Um Certo Olhar. Nenhum filme da Netflix foi premiado. O júri da competição oficial foi composto pelos diretores Pedro Almodóvar, Park Chan-wook, Paolo Sorrentino, e Maren Ade, as atrizes Jessica Chastain, Fan Bingbing, Agnès Jaoui, o ator Will Smith e o compositor Gabriel Yard. Vencedores do Festival de Cannes 2017 Palme de Ouro de Melhor Filme “The Square”, de Ruben Öslund (Suécia) Melhor Direção Sofia Coppola, por “O Estranho que Nós Amamos” (EUA) Melhor Roteiro “The Killing of a Sacred Dear”, de Yorgos Lanthimos (Reino Unido) “You Were Really Never Here”, de Lynne Ramsay (EUA) Melhor Ator Joaquin Phoenix, por “Your Were Never Really Here” (EUA) Melhor Atriz Diane Krueger, por “In the Fade” (Alemanha) Grande Prêmio do Júri “120 Battements par Minute”, de Robin Campillo (França) Prêmio do Júri “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev (Rússia) Prêmio Especial do 70º aniversário de Cannes Nicole Kidman (EUA) Câmera de Ouro (melhor filme de estreia) “Jeune Femme”, de Léonor Serraille (França)
Drama iraniano clandestino vence a mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes
O drama iraniano “Lerd” (A Man Of Integrity) foi o vencedor da mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes 2017. Filmado em segredo pelo diretor Mohammad Rasoulof, o longa é uma crítica ao regime opressor iraniano. A trama se concentra num professor perseguido politicamente por ter feito protestos contra a qualidade da comida de uma fábrica. É a terceira vez que Rasoulof é premiado na mostra Um Certo Olhar. Em 2011, conquistou o prêmio de Melhor Diretor por “Goodbye”, mas já na ocasião enfrentou censura política, tendo sido proibido de sair de seu país para participar do festival francês. Ele acabou condenado a seis anos de prisão pela mensagem “subversiva” de seus filmes. Mesmo assim, rodou clandestinamente “Manuscritos não Queimam”, justamente sobre a experiência de ser um preso político, premiado pela crítica na Um Certo Olhar de 2013. Destinada a exibir obras com uma linguagem mais experimental, a mostra Um Certo Olhar é a seção paralela de maior prestígio de Cannes, seguida pela Semana da Crítica, cuja edição deste ano foi vencida pelo filme brasileiro “Gabriel e a Montanha”, de Fellipe Barbosa O júri presidido pela atriz Uma Thurman também premiou o americano Taylor Sheridan como Melhor Diretor, por “Wind River”, um thriller violento sobre a morte de uma jovem numa reserva indígena nos Estados Unidos, estrelado por Jeremy Renner e Elizabeth Olsen (ambos de “Vingadores: Era de Ultron”). Neste ano, Sheridan já tinha sido indicado ao Oscar como Roteirista, por “A Qualquer Custo”. Os demais premiados foram o mexicano “Las Hijas de Abril”, de Michel Franco, sobre a gravidez de uma adolescente, que venceu o Prêmio do Júri, a atriz italiana Jasmine Trinca, como Melhor Intérprete por “Fortunata”, e o francês Mathieu Almaric com uma Menção Honrosa pela direção “Barbara”. Vencedores da Mostra Um Certo Olhar 2017 Melhor Filme “Lerd” (A Man Of Integrity) – Irã Melhor Direção Taylor Sheridan (“Wind River”) – Estados Unidos Melhor Atuação Jasmine Trinca (“Fortunata”) – Itália Prêmio do Juri “Las Hijas de Abril” – México Menção Honrosa Mathieu Almaric (“Barbara”) – França
Joaquin Phoenix encerra Festival de Cannes com brutalidade
O thriller “You Were Never Really Here”, da escocesa Lynne Ramsay, dividiu a crítica no encerramento da competição do 70º Festival de Cannes entre aplausos e vaias. Ininteligível, segundo algumas resenhas. Sublime, de acordo com outras. Mas brutal, em todas. Na trama, Joaquin Phoenix interpreta mais um personagem sombrio de sua filmografia, um ex-policial e veterano de guerra de barba espessa, chamado Joe, que faz bico como brutamontes para uma empresa de segurança e acaba trabalhando no resgate de uma adolescente sequestrada (Ekaterina Samsonov) por traficantes de escravas brancas. Por conta da violência que o acompanha desde a infância, traumas o assombram o tempo inteiro, evocando as imagens macabras do filme anterior da diretora, “Precisamos Falar sobre o Kevin” (2011). “Não estou interessada em explorar o que vemos muito por aí”, disse a diretora sobre a forma, repleta de elipses e metáforas, com que filmou a trama. “Até aprecio o balé e a glamourização da violência, mas é uma coisa que também me entedia”, completou. Ramsay definiu o longa, adaptado de um livro do escritor Martin Amis, como uma obra de “pós-violência”. Talvez isso explique porque, muitas vezes, a violência apareça fora de foco ou de enquadramento. Além disso, o roteiro intercala as cenas de extrema brutalidade com humor. “Achei que estivéssemos fazendo uma comédia”, brincou Phoenix, sobre o tom da produção. “Joe cresceu em meio a muitos traumas, então há nele essa necessidade de se tornar o mais poderoso possível. Ele já chegou à meia idade e muito desse poder já se foi”, comentou o ator, explicando as motivações de seu personagem. “Queríamos que ele tivesse uma dimensão corporal grande, como que usando uma armadura, mas que demonstrasse que está se deteriorando também. A ideia era se afastar o máximo possível da noção de herói masculino. Chamamos de impotência da masculinidade. Ele se sente capaz de tudo, mas na verdade, não é. É a vítima que se salva. Ele só dá uma ajuda”. De forma especialmente simbólica, a arma que ele usa na trama é um pequeno martelo, comprado numa loja de ferragens. “O martelo é uma peça ridícula e maravilhosa. Estamos acostumados a ver muitas armas de fogo em filmes, e eu não estava interessada em coisas já mostradas milhões de vezes”, disse a diretora, sem lembrar de “Oldboy” (2003), que usa um martelo numa coreografia de violência antológica. O filme que todos lembraram foi outro: o clássico de Martin Scorsese “Taxi Driver” (1976). A comparação se deve à ambiguidade moral do protagonista, que, como o Travis Bickle de Robert De Niro, é um militar veterano traumatizado que tenta salvar uma garota abusada sexualmente. “‘Taxi Driver’ é provavelmente um dos filmes que realmente me fez querer ser ator, um tipo particular de ator, então eu tenho certeza que sua influência estava lá, mas não houve nenhuma decisão consciente de copiar”, disse Phoenix. Anti-herói solitário, a única companhia de Phoenix durante a maior parte da projeção é a trilha sonora composta por Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead. Os arranjos exasperantes enfatizam o crescente estado de confusão mental do protagonista, mas servem principalmente para preencher seu vazio. A música é praticamente um ator coadjuvante na história. Tanto que, se o filme dividiu opiniões, a trilha foi um consenso absoluto: melhor trabalho da carreira de Greenwood, superando inclusive a trilha de “Sangue Negro” (2007), que lhe rendeu indicação ao BAFTA (o Oscar britânico).
Roman Polanski leva paranoia ao Festival de Cannes
Aos 83 anos, Roman Polanski ainda comanda atenção da comunidade cinematográfica. Exibido fora da competição do Festival de Cannes, seu novo filme, “D’après une Histoire Vraie”, não se compara a seus clássicos de suspense, mas tem bons momentos e rendeu muitos comentários. Adaptação do premiado romance “Baseado em Fatos Reais”, de Delphine de Vigan, gira em torno de duas escritoras que desenvolvem uma amizade doentia e perigosa. A esposa do diretor, Emmanuelle Seigner, vive o alter-ego de Delphine de Vigan, que passa por um bloqueio criativo após o lançamento de seu último e bem-sucedido livro. O momento difícil é superado com a ajuda de uma nova e maravilhosa amiga, Elle, papel de Eva Green. O problema é que a amiga, que trabalha como ghost writer, revela-se uma admiradora obsessiva que, em pouco tempo, tenta se intrometer no texto e até na vida íntima da escritora. A trama também permite ao diretor questionar o que é fato e ficção, no momento em que luta para que informações escondidas venham à tona em seu processo por estupro de menor, cometido há quatro décadas nos Estados Unidos. Detalhe: a imprensa recebeu orientação de não fazer perguntas sobre o crime sexual cometido contra Samantha Geimer, em 1977. “Existe todo esse bombardeamento de informações, fotos das vidas dos outros ao redor, notícias falsas. E nos perguntamos: O que é uma história verdadeira hoje?”, indagou o cineasta na entrevista coletiva. Questionado se alguma experiência pessoal teria lhe inspirado, Polanski afirmou: “Sim, claro, já conheci gente que não deveria ter tido qualquer importância na minha vida mas que, de alguma forma, conseguia se aproximar cada vez mais e até se transformar no que ingleses chamam de “hanger-on”, parasitas. Mas sempre consegui perceber isso rápido, e procurava manter uma certa distância delas”. Mas o cineasto foi ligeiro para se desvencilhar de quem buscasse maiores paralelos com sua vida privada. “Não penso na minha história pessoal quando desenvolvo um filme, apenas no que tenho para filmar.” No caso, um roteiro do cineasta francês Olivier Assayas, vencedor do prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes passado por “Personal Shopper” (2016), que Polanski faz questão de elogiar. “Já adaptei vários livros em minha vida. O segredo é não se distanciar muito do original. Quando jovem, assisti a muitas adaptações em que personagens e tramas desapareciam nos filmes, o que me deixava muito decepcionado. Oliver me ajudou a me manter no rumo certo. Nada do livro de Delphine se perdeu na versão dele”. A história chama atenção por ser a primeira de Polanski sem embate entre personagens de sexos opostos, e também uma história em os personagens masculinos são totalmente secundários. “Nunca havia feito um filme antes com duas protagonistas, e que ambas estivessem em lados opostos. Achei a ideia fascinante”, comentou o cineasta. Entretanto, Polanski enxergou ligação deste longa com seus primeiros filmes. “É particularmente interessante porque todo o clima de paranoia da trama me fez lembrar dos primeiros filmes que fiz. Então, senti como se estivesse no meu território.” Vivendo novamente uma mulher transtornada, papel em que tem se especializado, Eva Green gostou da principal diferença desta produção em relação às demais que estrelou nos últimos dez anos. Pela primeira vez, desde que virou Bond girl em “007: Cassino Royale” (2006), ela pôde interpretar em francês, lembrando que é parisiense. “Estou sempre me esforçando para melhorar meu sotaque em inglês. Como o francês é minha língua-mãe, esse trabalho foi libertador”, disse a atriz.
Cachorro dá à Netflix seu primeiro prêmio no Festival de Cannes
A Netflix ganhou seu primeiro prêmio no Festival de Cannes. Nesta sexta (26/5), os críticos internacionais presentes do evento francês conferiram o troféu alternativo Palm Dog ao cachorro de “The Meyerowitz Stories”, dirigido por Noah Baumbach (“Frances Ha”). O troféu foi conquistado por Einstein pelo papel de Bruno, o poodle do filme produzido pela plataforma de streaming. A palma canina é uma tradição recente de Cannes. Foi criada em 2001 para destacar o melhor trabalho de um cachorro entre os filmes do festival e já premiou cães famosos, como Lucy, de “Wendy & Lucy” (2008), o saudoso Uggie, de “O Artista” (2011), e todo o elenco canino de “White God” (2014). Neste ano, Einstein conquistou o troféu por sua “atuação” como o cão da problemática família formada por Dustin Hoffman e Emma Thompson. Além da Palma Canina, também foram distribuídos um Prêmio do Júri, espécie de 2º lugar, para o pastor alemão Lupo, do filme “Ava”, de Lea Mysius, e o “Dogmanitarian Award”, que homenageia a melhor relação entre homens e cachorros, que foi para Tchi Tchi, uma shitzu de 16 anos que pertence à atriz Leslie Caron. Os dois contracenam na série britânica “The Durrells”.










