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    Novo Star Trek é jornada divertida no espírito da série clássica

    2 de setembro de 2016 /

    Em “Star Trek” (2009) e “Além da Escuridão: Star Trek” (2013), J.J. Abrams foi criativo ao dar novo fôlego para a franquia e apontá-la para horizontes jamais explorados. Mas esse “Star Trek: Sem Fronteiras”, de Justin Lin, possui algo que os filmes de Abrams não tinha: cara e alma de episódio de série de TV. E isso é “Star Trek”. Antes que os fãs reclamem, não quer dizer que o terceiro filme da fase estrelada por Chris Pine, Zachary Quinto & Cia. seja cópia de um episódio clássico da série, mas é o exemplar que mais se aproxima. É mais leve e otimista, deixando de lado aquela carga emocional pesada do segundo filme de Abrams. É claro que a veia cerebral, científica que marcou a série – um tanto abandonada nos filmes anteriores e neste aqui também – provavelmente não volta mais. Na era dos blockbusters, e em pleno tsunami de adaptações de quadrinhos, Abrams estabeleceu um padrão mais dinâmico e Lin deu sequência. Só que, digamos, com muito mais amor pela coisa. Não dava para ser diferente, afinal este é o filme de 50 anos da série. Quem diria que chegaríamos a meio século de “Star Trek” e viveríamos para contar? Diferente dos “dois primeiros”, “Star Trek: Sem Fronteiras” não mira o futuro da saga. Longe de seguir seu subtítulo à risca, o filme prefere ficar em território conhecido, não inventa tanto e funciona quase como um episódio isolado e redondinho, divertidíssimo para todos e emocionante para os fãs. Basicamente, “Sem Fronteiras” é sobre o Capitão Kirk (Pine) tentando entender sua vocação e lutando para não enlouquecer no meio do infinito em uma jornada nas estrelas de cinco anos a bordo da Enterprise. Também é sobre aceitar que, um dia, todos nós morreremos, e que isso não é tão ruim assim, apenas será a nossa fronteira final. No fundo é sobre nostalgia. O filme pode ir aos cafundós do espaço, mas é quando olha para dentro de seu próprio legado que “Star Trek: Sem Fronteiras” voa alto. Exemplos: prepare-se para engasgar o choro numa fala de Zachary Quinto sobre um personagem. E existe fã neste universo que não sinta na alma qualquer arranhão sofrido pela Enterprise? Mesmo assim, não espere um filme dominado pelo fan service. “Star Trek: Sem Fronteiras” não esquece de onde veio, mas tem ideias próprias. O lado científico agregado pelo criador Gene Roddenberry pode ter sido deixado de lado, mas Justin Lin traz de sua experiência em “Velozes e Furiosos” a força da união da família que escolhemos. Com os laços entre os tripulantes da Enterprise mais apertados e estabelecidos, inclusive na aceitação do outro – observe a cena em que conhecemos a família de Sulu (John Cho) e notamos a admiração no rosto de Kirk – , e com tudo em seu devido lugar, Justin Lin ainda resolve acelerar. Como na franquia de Vin Diesel e Paul Walker, ele pisa fundo na ação. A ponto de “Star Trek: Sem Fronteiras” registrar as batalhas espaciais mais empolgantes da franquia – por sinal, há tempos não se via o uso de música pop tão bem inserido numa narrativa. Claro, não dá para encerrar sem citar a presença magnífica de Sofia Boutella (“Kingsman – Serviço Secreto”) como Jaylah, a Neytiri albina que rouba todas as cenas. Que personagem! Ela é peça fundamental no plano de Justin Lin (e dos roteiristas Doug Jung e, claro, Simon Pegg, o Sr. Scotty em pessoa, fã e nerd) de deixar as nossas vidas mais divertidas por duas horas. Numa década em que os blockbusters andam muito sombrios, e com o peso do mundo nas costas, apenas relaxe e aproveite a jornada. Vida longa e próspera, Sr. Nimoy. E Sr. Yelchin.

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    Aquarius resgata Sonia Braga e renova a apreciação do cinema nacional

    2 de setembro de 2016 /

    Talvez um dos maiores elogios a se dizer de “Aquarius” é que se trata de um filme que parece ter sido feito por um cineasta muito experiente, de cerca de pelo menos 30 anos de carreira, tal o domínio da linguagem cinematográfica que Kleber Mendonça Filho demonstra neste seu segundo longa-metragem de ficção, depois da repercussão internacional de “O Som ao Redor”. Logo de cara, percebemos que os dois trabalhos, apesar de terem muita coisa em comum, como o flerte com a atmosfera dos filmes de horror, ou as questões sociais, que novamente entram em pauta de maneira forte e pungente, o novo filme, no entanto, é uma obra que respira melhor, com um tempo mais lento, que pode incomodar a alguns espectadores mais apressados, mas que é necessário para que estudemos com atenção a personagem Clara, vivida de maneira brilhante por Sonia Braga. Ter, aliás, Sonia Braga é um grande trunfo de “Aquarius”. O cineasta, a princípio, pensava em dar o papel a uma atriz pouco conhecida, mas depois viu que estaria estragando a oportunidade de usar uma atriz profissional, que carregasse com segurança um filme centrado todo nela. Nesse sentido, o resgate de Sonia Braga foi bom tanto para o cineasta quanto para ela própria, que estava um pouco fora dos holofotes e que acabou ganhando o que talvez seja o melhor papel de sua carreira. O tema do filme é a resistência. Daí a identificação forte com o cenário político atual, sendo possível fazer alguns paralelismos com os ataques e ameaças que uma mulher segura de si recebe de todos os lados. No caso, Clara mora no único apartamento do prédio que não foi vendido. Só sai de lá morta, afirma. E tem início uma série de tentativas do inimigo de tentar derrubá-la, ela que já venceu um câncer. Uma coisa que chama a atenção desde o começo é a valorização – mais uma vez – da mixagem de som. Agora, com a utilização de várias canções. O trabalho de DJ de Kleber Mendonça Filho é também admirável, e poder ouvir tantas canções boas no cinema é um privilégio. Talvez até acusem o diretor de usar demais as canções como uma forma de talvez esconder alguma fragilidade na direção, mas como o apartamento de Clara é repleto de vinis e a música é tão importante para a personagem, nada mais natural que ela compareça de forma bastante forte na trilha sonora. Só no terceiro ato que essas canções se tornam mais raras, quando a tensão se intensifica. O ponto de vista é, mais uma vez, da classe média, de gente que tem o prazer de poder tomar um bom vinho com a família e com os amigos, mas há, assim como em “O Som ao Redor”, um sentimento de culpa em relação à exploração dos mais pobres, ainda que de maneira mais sutil. O que mais interessa para Mendonça Filho é tratar de temas humanos de peito aberto, também aproveitando para desabafar diante dos canalhas que só pensam no dinheiro acima de tudo. Como o cineasta atira para vários lados, cada cena tem o seu valor, sua importância, como as que tratam, de forma mais explícita, da sexualidade da protagonista. Aliás, o sexo se tornou um dos tabus do filme, que inicialmente ganhou classificação 18 anos (depois, convertida em 16 anos), por causa, principalmente, de uma breve cena de sexo coletivo. O sexo, no entanto, já aparece logo em uma das primeiras cenas, em rápidas e inesperadas imagens em flashback de uma tia sexagenária de Clara, no dia de seu aniversário. Haveria ainda muito a se falar do filme, sobre suas várias qualidades, como a fotografia em tons quentes que valoriza a luz de Recife, mais especificamente a Praia de Boa Viagem, mas também o apartamento de Clara, das conversas da protagonista com seus filhos, familiares e amigos, da troca de palavras tensa com seus inimigos, e por isso mesmo é uma obra que convida o espectador a renovar sua apreciação do cinema nacional.

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    A Comunidade explora a utopia hippie e socialista da vida coletiva

    2 de setembro de 2016 /

    Uma casa linda e enorme, em lugar privilegiado de Copenhague, chega de herança para Erik (Ulrich Thomsen, da série “Banshee”), casado com Anna (Trine Dyrholm, de “Amor é Tudo o Que Você Precisa”). O desejo de viver numa casa assim só se viabiliza envolvendo outras pessoas e isso parece encantar Anna, que acaba por convencer o marido a montar uma comunidade com pessoas amigas e conhecidas. Estamos em 1975 e a ideologia do movimento hippie, de paz, amor e vida coletiva, de preferência na natureza, estava em alta. Ao contar essa história, “A Comunidade” procura fazer uma radiografia do que está em jogo nas relações humanas. Para começar, conviver com todo tipo de diferenças: de classes sociais, crenças, religiões, características de personalidade, aspectos geracionais, sentimentos que afloram uns em relação aos outros, medos, ansiedades, excessos, excentricidades. É preciso estabelecer regras claras de funcionamento e de como punir quem não as cumprir. As decisões têm de ser tomadas de forma coletiva e democrática. Há ainda a questão da posse do imóvel e do aluguel. Por exemplo, em uma das reuniões da casa, decidiu-se que o aluguel a ser pago por cada um deveria ser proporcional à sua renda, o que acabou produzindo um aumento brutal no aluguel do membro mais rico. Viver em comunidade supõe uma dedicação ao coletivo muito rara de se encontrar em quem foi educado nos cânones individualistas de um capitalismo altamente competitivo. É bonito, sobretudo para as crianças, conviver numa família maior, enorme e calorosa. Mas o desapego dos pais precisa ser muito grande, também. Alguns não resistirão por muito tempo e cairão fora. Parece inevitável. Mudanças como essas, para serem possíveis e duradouras, exigem um teste de realidade que, mais cedo ou mais tarde, se imporá. Se o principal atingido for o casal de intelectuais que concebeu o experimento, a coisa se complica muito. Experiências de vida coletiva, de inspiração socialista, parecem produzir um tipo de felicidade que tem hora para acabar. Pelo menos, no nosso contexto socioeconômico capitalista. E até mesmo diante do êxito do Estado de Bem-Estar Social construído na Escandinávia, que resiste lá até hoje. As questões econômicas podem pesar menos para cada um, nos países ricos, mas a realização do sonho coletivo ainda não encontrou registro histórico palpável. O novo trabalho do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg lida com a complexidade do tema de forma competente e com profundidade. O realizador de “Festa de Família” (1988), “Submarino” (2010) e “A Caça” (2012) enfrenta questões sérias com coragem e não teme a polêmica. É um grande cineasta. O elenco é igualmente muito bom. Rende bem. O casal de protagonistas, que enfrenta questões emocionais mais intensas, mostra do que é capaz, em papéis difíceis. Ulrich Thomsen é um talento reconhecido, tem uma larga carreira no cinema e TV escandinavos. Trine Dyrholm também, e recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim deste ano por este filme.

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    Nerve – Um Jogo sem Regras parte de boa premissa para se perder pelo caminho

    2 de setembro de 2016 /

    A ideia do filme, baseada em um romance de Jeanne Ryan, é até interessante, mas infelizmente “Nerve – Um Jogo sem Regras” se perde ao longo de sua narrativa e é concluído de maneira pouco satisfatória, embora consiga entreter graças, principalmente, ao carisma do par central, vivido por Emma Roberts (série “Scream Queens”) e Dave Franco (“Vizinhos”). Quem gostou do trabalho da dupla Henry Joost e Ariel Schulman em “Atividade Paranormal 3” (2011), o melhor filme da franquia, pode até ter ficado com alguma expectativa, já que o novo trabalho não se distancia tanto assim da febre dos filmes de “found footage”. Isso porque a perspectiva da câmera, como elemento consciente, está presente no novo trabalho da dupla, ainda que de maneira diferente, inserida numa estrutura mais convencional. O filme nos apresenta a Vee (Roberts), uma moça tímida que costuma ficar na dela e sofre bullying da amiga Sydney (Emily Meade, de “Jogo do Dinheiro”), uma garota que gosta de se mostrar e por isso adere ao jogo sensação daquele ano de 2020, o Nerve, em que os jogadores devem chamar o máximo da atenção da audiência, a fim de ganhar mais pontos e um bom dinheiro no banco. O jogo não deixa de lembrar um pouco a obsessão por curtidas nos facebooks e youtubes da vida dos dias atuais. Logo, envolve uma carência por atenção da parte de quem se aventura a se mostrar para o mundo. Como o jogo é uma espécie de “truth or dare” mais radical, logo, no começo, somos pegos de surpresa com a Sydney fazendo uma pequena ousadia, que deixa Vee de boca aberta. Mal sabe ela que, em poucos minutos, ela mesma ganhará impulso para ser também uma jogadora do Nerve, encontrará um sujeito que lhe despertará certo fascínio (Franco), e fará coisas muito mais ousadas do que sua amiga. Uma pena que, à medida que a brincadeira vai ficando mais pesada, mais o filme perde seu envolvimento, perdendo interesse de modo crescente. Talvez um pouco mais de criatividade por parte dos diretores e da roteirista Jessica Sharzer (da série “American Horror Story”) pudesse salvar a trama, que, após sua conclusão, tem apenas um destino: o rápido esquecimento. Além do mais, nessa época em que o terror tecnológico conta com uma série tão brilhante quanto “Black Mirror”, é difícil ser tolerante com quem tem orçamento de cinema para explorar o gênero e apresenta um resultado bem inferior.

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    Café Society é um filme apaixonante de Woody Allen

    26 de agosto de 2016 /

    Interessante perceber a tendência mais amena e romântica que Woody Allen tem conferido a suas obras recentes, desta década em particular. De “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” (2010) ao novo “Café Society” (2016), apenas “Blue Jasmine” (2013) se destaca como uma obra essencialmente amarga em relação à vida, além de contar com um senso de humor menos presente do que os demais. Mesmo um filme como “Homem Irracional” (2015) traz a história de um homem que passa a ver sentido em sua vida depois de encontrar motivações não muito recomendáveis. “Café Society” tem sido recebido com muito mais entusiasmo pela crítica internacional do que os três trabalhos anteriores do diretor, mas não significa que seja uma das obras mestras do velho Woody. Claro que é muito bom ouvir a voz do próprio diretor contando a história, assim como é adorável ter um objeto de desejo como Vonnie, vivida por Kristen Stewart (“Acima das Nuvens”). Nem sempre uma unanimidade, Kristen se mostra como a razão de ser não apenas da vida do jovem Bobby (Jesse Eisenberg, de “Batman vs. Superman” e mais um a assimilar os trejeitos de Allen em outro de seus alter-egos), mas do próprio filme, embora mais à frente vejamos a Veronica de Blake Lively (também em cartaz em “Águas Rasas”) representando a estabilidade emocional necessária para o protagonista. Um dos problemas de “Café Society” é a tentativa de Allen em construir uma fauna generosa de tipos que acaba atropelando e atrapalhando a trama principal, ou seja, a ciranda de amores. Assim, todas as questões envolvendo a máfia nova-iorquina tornam o filme menos interessante, embora se destaquem alguns diálogos afiados, como o fato de o Judaísmo não ter a vida após a morte em seus dogmas, passando, assim, a perder pontos para o Catolicismo. Porém, mesmo com essa irregularidade, o novo trabalho de Allen conta com uma fotografia de Vittorio Storaro tão especial que vale a pena ser destacada como uma das mais importantes dos filmes de Allen dos últimos 20 anos, pelo menos. Conhecido por sua brilhante parceria com Bernardo Bertolucci (em especial, “O Último Imperador”), o veterano diretor de fotografia, vencedor de três Oscars, homenageia os filmes das décadas de 1930-40, especialmente nos close-ups de Kristen Stewart, trazendo uma espécie de véu sobre sua imagem, dando-lhe um ar de semideusa. O belo uso da luz no filme é percebido logo de cara, com tonalidades que variam de cores dessaturadas, em Nova York, para cores mais quentes, nas cenas passadas em Hollywood. “Café Society” é mais uma história sobre como as paixões acabam gerando memórias, ao mesmo tempo agradáveis e dolorosas, além de tornarem as pessoas mais fortes, como acontece com Bobby, depois de ter conhecido Vonnie. O reencontro dos dois em Nova York pode ser visto como o grande momento do filme, bem como as cenas que marcam sua conclusão. Na nova obra agridoce de Allen, não há espaço para um final exatamente feliz, como no adorável e subestimado “Magia ao Luar” (2014), mas um sorriso triste de quem pode se satisfazer com o rumo dos acontecimentos, trazidos por escolhas pessoais. Dependendo do estado do espectador, é possível sair do cinema suspirando e lembrando aquela paixão que marcou sua vida, e este é um feito e tanto para qualquer filme.

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    Águas Rasas faz o espectador mergulhar na tensão

    26 de agosto de 2016 /

    Já faz mais de 40 anos que Steven Spielberg criou um novo conceito de blockbuster com o seu “Tubarão” (1975) e, de lá pra cá, vários filmes destacaram a ferocidade do maior predador marinho, embora poucos sejam dignos de lembrança. Na verdade, a grande maioria é composta por filmes B de gosto duvidoso, com poucas produções capazes de se destacar. “Águas Rasas”, de Jaume Collet-Serra, é uma bem-vinda exceção. Não só consegue sobreviver à maldição do filme ruim de tubarão, como mergulha o espectador em sua trama sem aparentar fazer muito esforço. Há uma simplicidade no roteiro escrito por Anthony Jaswinski (“Mistério da Rua 7”) que é louvável, especialmente quando o que mais importa é feito com esmero: o clima de tensão envolvendo a surfista solitária, vivida por Blake Lively (“A Incrível História de Adaline”) e o tubarão impiedoso e sangrento. Collet-Serra tem se especializado na construção de climas de suspenses, desde que despontou com “A Casa de Cera” (2005) e “A Órfã” (2009) até suas correrias mais recentes, estreladas por Liam Neeson (“Desconhecido”, “Sem Escalas” e “Noite sem Fim”). E uma das coisas que salta aos olhos logo no início de “Águas Rasas” é a paisagem linda da praia secreta onde a heroína vai parar. É possível se deixar levar pela beleza das ondas gigantes, da mesma forma que o embate da garota de biquíni contra o tubarão, pois tudo faz parte de um crescendo bastante eficiente de condução narrativa e criação de atmosfera de tensão. Mal dá para perceber que o tubarão foi gerado por computador. Mas sempre pode haver quem reclame de uma dose maior de realismo, no modo como a heroína lida com o seu algoz. Só que o mesmo poderia ser dito sobre a personagem de Mary Elizabeth Winstead em “Rua Cloverfield, 10”, outro thriller envolvente de 2016, de trama simples, encenado por poucos atores e com uma protagonista feminina forte. Claro que há um contexto dramático, que apresenta um pouco a intimidade da personagem de Lively, mas isso é só um pretexto para fazer com que o público se aproxime e se importe com a personagem. Se bem que Collet-Serra consegue criar empatia também com coadjuvantes que só aparecem por poucos minutos, como vítimas potenciais do tubarão. Uma prova de que o diretor catalão domina a gramática do cinema muito bem. Por atingir o extremo da objetividade, “Águas Rasas” talvez seja o seu melhor trabalho.

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    Quando as Luzes se Apagam explora clichês de terror sem conseguir assustar

    26 de agosto de 2016 /

    Quando o nome do produtor aparece com mais destaque que o do diretor num filme de terror, é sinal que estão vendendo gato por lebre. Nem M. Night Shyamalan conseguiu a proeza de emprestar prestígio ao esquecível, embora não exatamente ruim, “Demônio” (2010). Em “Quando as Luzes se Apagam”, o nome alardeado é do maior cineasta do horror contemporâneo, James Wan, criador das franquias “Jogos Mortais” (2004), “Sobrenatural” (2010) e “Inovação do Mal” (2013). E se Wan interferiu no filme como produtor, não ajudou muito. “Quando as Luzes se Apagam” é daqueles projetos feitos sem maior reflexão. Inspirado no curta-metragem “Lights Out” (2013), um ótimo exercício de tensão e medo, que chegou a viralizar na internet, o longa estica a ideia original, tentando criar uma história para sua criatura, que habita as trevas e só aparece na escuridão. A premissa funciona em curta e poderia ter rendido um filme bem interessante, como outra obra que lida com a escuridão de maneira genial e assustadora, “Os Outros” (2011), de Alejandro Amenábar. Na trama, o garotinho Martin (Gabriel Bateman, de “Annabelle”) vive às voltas com o comportamento estranho da mãe, Sophie (Maria Bello, de “A 5ª Onda”), que passa por um período de luto e depressão depois da morte do marido. O pior de tudo é que ela sempre conversa com alguém invisível em seu quarto. Seria Diana, uma moça estranha que ela conheceu na juventude. Mas quem protagoniza mesmo a história é Rebecca, vivida por Teresa Palmer (“Meu Namorado É um Zumbi”). Ela é a jovem filha adulta de Sophie e até já saiu de casa por causa do comportamento da mãe. O garotinho a procura para pedir ajuda, e assim ela resolve passar uma noite na casa assombrada pelo fantasma de Diana. A trama parece um tanto esquemática e falta ao diretor David F. Sandberg, em sua estreia em longa, a mesma capacidade de assustar que ele demonstrou em seu curta-metragem. Com um andamento preguiçoso, “Quando as Luzes se Apagam” tem um ou outro momento interessante e inventivo, como o uso de uma luz negra para perceber a presença de Diana, em um dos ápices do filme. Mas, no geral, é aquele tipo de terror tão cheio de clichês que pouco assusta, mais um exemplar medíocre do que vem sendo produzido atualmente no gênero, e completamente diferente do que se espera de um lançamento com o nome de James Wan em seu cartaz.

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    Francofonia é um filme sofisticado, que dá margem a muitas reflexões

    26 de agosto de 2016 /

    História e Arte são elementos centrais do trabalho do cineasta russo Alexandr Sokurov. Em 2002, em “A Arca Russa”, ele percorreu o museu Hermitage, em São Petersburgo, num único plano-sequência, mostrando as obras de arte associadas a elementos da história russa, sendo encenados à medida em que a visita acontecia. Agora, o foco de seu interesse é o Museu do Louvre, em Paris, num momento delicado de sua história: o da ocupação nazista. “Francofonia – O Louvre sob Ocupação” nos oferece a oportunidade de conhecer um pouco da história desse museu emblemático, que reflete a própria história da França, exibe algumas de suas obras pictóricas e esculturas, abordando as relações entre poder e arte e os significados associados aos acervos culturais. Os museus representam a própria civilização em seu momento mais glorioso: o da criação artística. Para Sokurov, não há nada mais importante do que eles. O que significaria a França sem o Louvre, ou a Rússia, sem o Hermitage? É isso o que talvez explique a luta pela preservação de obras de arte em meio às guerras. Esta, porém, não é uma questão a ser entendida linearmente. “Francofonia” mostra que o poder nazista pretendia incorporar a cultura e a arte francesas a um suposto Estado francogermânico, que se sucederia aos conflitos da 2ª Guerra Mundial. Daí a reverência, o respeito e o desejo de preservar o patrimônio artístico-cultural francês. Já quanto ao acervo cultural soviético, não havia qualquer preocupação de preservação. Esse era o inimigo a ser eliminado, varrido do mapa civilizatório. A justificativa para o combate à arte degenerada, tal como mostra muito bem o documentário “Arquitetura da Destruição” (1992), de Peter Cohen, é puramente ideológica. O combate ao comunismo soviético levaria tudo para essa categoria de avaliação. Considere-se, ainda, que preservar, aqui, significa também roubar, saquear, como resultado das guerras. A própria figura de Napoleão Bonaparte é chamada em encenação do filme não só apreciar a arte em que ele figurava, mas para jactar-se de ter amealhado todo aquele acervo maravilhoso para a França. Obras de grande valor artístico também têm de ser transportadas e estão sujeitas a todo tipo de risco, como o representado pelos temporais que atingem os navios. De qualquer modo, os bombardeios são fatais. E foi preciso deslocar a maior parte das peças do Louvre, durante a guerra, para evitar um possível desastre. Se alguém se preocupa seriamente com essas coisas, tanto estando do lado dos invasores quanto dos invadidos, é sinal de que há esperança e civilização possíveis. Em “Francofonia”, isso é mostrado pela relação entre o diretor do Louvre do período, Jacques Jaujard (1895-1967), interpretado por Louis-Do de Lencquesaing, que continuou seu trabalho junto ao governo colaboracionista de Vichy, e o conde Wolff Metternich (1893-1978), vivido por Benjamin Utzerath, o interventor que, em nome do governo alemão, tinha a tarefa de controlar o acervo artístico e, quando solicitado, enviá-lo para a Alemanha. O que ele evitou de forma consciente que, de fato, se concretizasse. A parceria de Jaujard e Metternich em nome da arte, em plena guerra, transforma até o sentido de palavras como colaboracionismo, obediência e patriotismo, tão comuns em referências bélicas, porque surge uma ética que se superpõe a essas questões, em nome da humanidade e da cultura universal. “Francofonia” é um filme rico, que dá margem a muitas reflexões de toda ordem e é criativo, do ponto de vista cinematográfico, além de visualmente muito bonito. Cenas documentais filmadas na época se acoplam a encenações atuais, por meio das tonalidades fotográficas. Passado e presente se integram em panorâmicas da cidade de Paris e do Louvre, os personagens dialogam com as obras de arte dentro do museu e o próprio filme se faz à nossa frente, contando com as explicações narradas por Sokurov. É um filme sofisticado, que não tem a pretensão de atingir grandes bilheterias. É daquelas coisas pelas quais os cinéfilos babam, mas muito gente acha simplesmente tedioso. Fazer o quê? Não é todo mundo que consegue apreciar uma obra de arte.

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    A Vingança Está na Moda surpreende com humor negro desconcertante

    26 de agosto de 2016 /

    Casada com P. J. Hogan (“O Casamento de Muriel”), a australiana Jocelyn Moorhouse teve de abdicar de sua carreira como cineasta para cumprir em tempo integral o papel de mãe de dois filhos com autismo. Fez de “Terras Perdidas”, de 1997, a sua última aventura por trás das câmeras. Há 10 anos, ensaiava um retorno com “Eucalyptus”, mas o projeto foi permanentemente engavetado devido às divergências com o astro Russel Crowe, a quem havia revelado em “A Prova”. Todos esses meandros tornam o retorno de Moorhouse em “A Vingança Está na Moda” ainda mais esperado, especialmente pelo peso de um nome que contribuiu, ainda que de forma discreta, para a propagação da produção australiana para o mundo – além Crowe, o esplêndido Hugo Weaving também se beneficiou do sucesso de “A Prova”. Mas vale um adendo: nem todos devem embarcar na história, que mergulha em tons obscuros sem aviso prévio. A princípio, o regresso de Myrtle Dunnage (Kate Winslet, ótima, ainda que velha demais para o papel) a uma cidadezinha no meio do nada sugere uma comédia tradicional com uma protagonista provando que deu a volta por cima, agora pretendendo acertar algumas pendências com pessoas responsáveis por transformar o seu passado em um verdadeiro inferno. A questão é que o peso que Myrtle carrega é o de alguém acusado por cometer um assassinato, cujos detalhes foram nebulosos demais para processar em sua infância. Adulta, tenta reparar o relacionamento com a mãe senil (Judy Davis) enquanto impacta a pequena comunidade com as suas habilidades como estilista. Porém, é a receptividade de dois homens que a fará reconstruir a cena do acontecimento que a traumatizou. O primeiro é Farrat (Weaving), sargento que gosta de experimentar roupas e adereços femininos em segredo, e Teddy McSwiney (Liam Hemsworth), rapaz que amolece aos poucos o coração de pedra de Myrtle. Quando tudo parece caminhar para uma resolução convencional, o texto de Moorhouse e Hogan, com base no romance homônimo de Rosalie Ham, dá novos rumos aos planos de vingança da protagonista. Se antes as suas habilidades em conceber belos figurinos tinha como intenção ocultar a sua motivação em seduzir e desmoralizar todos que a taxaram como uma assassina, os infortúnios do acaso tingem o filme com um humor negro desconcertante. Entre os lançamentos recentes, talvez “A Vingança Está na Moda” seja o que mais se atreveu a sair de uma zona de conforto ao seu final, provocando uma reação de ame-o ou deixe-o.

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    A Frente Fria que a Chuva Traz mostra como Neville de Almeida continua relevante

    26 de agosto de 2016 /

    Há algo de bem maldito na obra de Neville de Almeida, por mais que ele tenha no currículo sucessos gigantes de bilheteria, como “A Dama do Lotação” (1978) e “Os Sete Gatinhos” (1980). Acontece que esses filmes foram feitos em uma época em que ser transgressor estava na moda e rendia nas bilheterias. Aos poucos, porém, o aspecto desbocado dos seus diálogos e o cenário sujo foram sendo rejeitados pelo grande público, principalmente com a mudança de comportamento do chamado Cinema da Retomada, em meados da década de 1990. Por isso, “Navalha na Carne” (1997), até então seu último filme, não foi bem-recebido. Depois de um hiato de quase 20 anos, eis que o saudoso Neville retorna ao cinema, em boa forma, com “A Frente Fria que a Chuva Traz”, novamente em uma adaptação de peça teatral, escrita por Mario Bortolotto (“Nossa Vida Não Cabe Num Opala”). O aspecto teatral é bem visível e o cineasta não parece se importar muito com isso. A trama se passa quase toda em um único lugar, com exceção de duas sequências e nas tomadas que mostram o grupo de moças e rapazes ricos saindo de suas casas, em direção ao morro carioca, a fim de diversão. O grupo formado por três garotas e mais dois rapazes alugam uma laje na favela e promovem festas regadas a sexo, álcool e drogas. Curiosamente, por mais que o filme seja bem desbocado, o sexo e a nudez, que se faziam presentes de forma mais gráfica e generosa em obras anteriores do cineasta, aqui aparecem bem tímidos, como que num sinal dos tempos, ou necessidade de se adaptar de alguma forma aos novos rumos de nossa cinematografia, que, com raras exceções, se mantém muito mais comportada do que nas décadas em que Neville estava no auge. Quem se destaca no elenco é Bruna Linzmeyer (novela “A Regra do Jogo”), que interpreta uma jovem marginal que é aceita pelo grupo de playboys e patricinhas, mesmo não tendo dinheiro e às vezes chegando até a fazer programa para conseguir drogas. Não fica claro qual é o drama de vida de Amsterdã, nome de sua personagem, mas é fácil aceitá-la como alguém mais digna do que qualquer outro que está ali naquele lugar. Até porque o cineasta carrega nas tintas no terço final, quando exagera na composição maniqueísta dos demais, em comparação com a nobreza decadente de Amsterdã. É como se ela fosse seu alter-ego, alguém maldito que tenta jogar o jogo sujo de quem tem dinheiro. A verdade é que, por mais que a fotografia pareça mais bonita e mais limpa do que estamos acostumados a ver nas obras de Neville (é linda a imagem do Rio de Janeiro, vista do alto), as concessões ficam só na aparência mesmo. Basta colocar o DVD e ligar a TV bem alto (sim, o filme mal ficou em cartaz e não ganhou versão em Blu-ray, como de resto todos os bons filmes nacionais) para perceber o quanto os diálogos são capazes de incomodar ou horrorizar os familiares ou a vizinhança. E se Neville continua incomodando, é sinal de que ele continua relevante, fazendo o que sempre fez de melhor.

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    Ensaio poético de Laurie Anderson faz de Coração de Cachorro um fluxo de maravilhas

    25 de agosto de 2016 /

    Laurie Anderson, uma artista que já trafegou por diversos tipos de arte, inclusive o rock, abre seu coração e expõe, com seu talento, seus sentimentos de luto sobre a perda de sua cachorra, Lolabelle, e sobre outras perdas que a afligiram, de uma maneira ou de outra, como a perda da mãe e o sentimento que atingiu todos os americanos depois do ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. “Coração de Cachorro” é um desses trabalhos singulares, que combina documentário pessoal e animação para adotar um tom ensaístico, lembrando até um pouco o olhar de Jean-Luc Godard em “Adeus à Linguagem” (2014), mas que tem uma identidade bem própria, até por ser mais acessível, com o uso de suas referências intelectuais – a filósofos como Kirkegaarde e Wittgenstein – de forma mais ilustrativa. Não funcionam exatamente como hipertextos, já que o que mais importa é o sentimento das histórias de Anderson. E essas histórias são fascinantes. Não apenas a de Lolabelle, os seus últimos dias na Terra e a ligação que a diretora faz, de modo fascinante com o “Livro Tibetano dos Mortos”, entre outros momentos memoráveis, mas também as reflexões sobre momentos de sua infância e adolescência, experiências que ela costura de maneira muito sutil e elegante ao longo da narrativa. O processo criativo da diretora pode causar confusão sobre o porquê de determinados assuntos serem abordados, como a questão das câmeras escondidas, do quanto os Estados Unidos guardam de dados sobre todos seus cidadãos, mas aos poucos se percebe o quanto isso se liga com a história de Lolabelle. Ainda assim, algumas coisas ficam um pouco soltas na teia que ela constrói, como a morte de irmãos gêmeos amigos dela. Mas até isso ajuda a passar a ideia de que o filme adota um fluxo de consciência, semelhante ao usado por escritores como Virginia Woolf, James Joyce e Clarice Lispector. Essa fluidez, por sinal, é um dos maiores trunfos do filme. Também a mistura de música (de autoria da própria Anderson, exceto a canção final, de Lou Reed) com poesia escrita e visual é admirável, bem como a delicadeza com que assuntos espinhosos são tratados. O maior exemplo é a relação da diretora com sua mãe. No fim das contas, a reconciliação, a partir de uma forte lembrança de infância, acaba sendo um dos momentos mais líricos e emocionantes do filme. No mais, além de o uso da fotografia e do som serem muito sofisticados, há tanta coisa que o filme ensina ou lembra: sobre o bardo, sobre o olhar dos cães, sobre as lembranças que nós mesmos tratamos de apagar por serem muito dolorosas, e o mais bonito de tudo, sobre a morte ter uma ligação direta com o amor. Por tudo isso, é um trabalho maravilhoso.

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    Refilmagem de Ben-Hur não é novo clássico, mas rende suspiros épicos

    19 de agosto de 2016 /

    Deveria existir um manifesto que mantivesse as maiores obras cinematográficas intocáveis. A ideia de revisitar um épico como “Ben-Hur” soa tão profana quanto flertar com outros clássicos como “…E o Vento Levou” e “Lawrence da Arábia”. São obras que sobrevivem à passagem do tempo e que encantam ao serem (re)vistas hoje por olhos fascinados. Claro, antes do clássico de William Wyler houve um épico do cinema mudo. E, antes deste, um curta. Portanto, o “Ben-Hur” dirigido pelo cazaque Timur Bekmambetov (“Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros”) não é o primeiro remake e, como todas refilmagens, sustenta ser apenas a mais nova versão do livro original, de Lew Wallace, originalmente publicado em 1880. Mas se o filme de 1959 é um clássico que venceu 11 Oscars, o que chega agora aos cinemas tem um potencial enorme de cair no esquecimento assim que encerrar a sua carreira comercial, já que o imaginário popular nunca lhe permitiria uma comparação favorável. Mesmo assim, não seria correto ignorar que há virtudes no novo trabalho. A fragilidade do relacionamento entre os irmãos Judah Ben-Hur (Jack Huston) e Messala Severus (Toby Kebbell), por exemplo, é mais evidente. Na nova versão, Messala tem um complexo de inferioridade por ser o filho adotivo de uma família de judeus. Na busca por sua própria identidade, Messala se converte em um oficial do exército romano, que vem protagonizando uma guerra contra os judeus para dominar Jerusalém. Assim como o Ben-Hur personificado por Charlton Heston, o jovem herói de Jack Huston é acusado de traição em uma tentativa mal-sucedida da comunidade judaica em atentar contra a vida do governador romano. Sem julgamento, Ben-Hur e a sua família são imediatamente penalizados – somente a sua esposa Esther (Nazanin Boniadi) consegue fugir antes que todos sejam rendidos. Paralelamente, Jesus (Rodrigo Santoro) vai se tornando uma presença secundária mais recorrente, com uma trajetória que irá fazê-lo cruzar com o destino de Ben-Hur em algumas ocasiões decisivas. Quem acompanhou o trabalho de Timur Bekmambetov até aqui, sabe que o realizador não é afeito a sutilezas no desejo de promover uma experiência visual bem particular. Por isso mesmo, o ritmo alucinado é concentrado somente quando a ação se manifesta com intensidade, mas sempre com um cuidado para não corromper a seriedade de uma narrativa de cunho religioso. A contenção funciona. Não há como negar a humanidade que Rodrigo Santoro traz para a figura mais influente da cultura ocidental, bem como a sede de vingança expressa por Jack Huston, que após um período de cinco anos como escravo se renova ao ganhar a simpatia de Ilderim (Morgan Freeman, excelente), um homem rico que pretende desmoralizar o império romano ao inscrever Ben-Hur em uma disputa no coliseu. Se esses esforços podem ser insuficientes, o filme consegue se sustentar como espetáculo. Impressionam a longa sequência em que o protagonista se vê entre outros escravos remando em batalhas navais, mas principalmente a recriação da icônica corrida de bigas, ponto alto de todas as versões anteriores. São nessas cenas que esse “Ben-Hur” consegue compreender o que caracteriza um bom épico. Nem que seja por alguns suspiros.

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    Esperando Acordada encontra graça e leveza numa tragédia fortuita

    19 de agosto de 2016 /

    Um susto produz uma queda. Homem desconhecido, não deu nem para ver o rosto. E se ele tiver morrido? É preciso socorrê-lo. Mas a garota atrapalhada, vestida de morte para animar festas infantis, se perdeu e já está muito atrasada. Um telefonema para a polícia resolve isso. É só usar o celular e se mandar… E agora? Fazer de conta de que nada aconteceu? Impossível. A culpa não deixaria. Será que ele morreu? É preciso saber. Parece que está em coma. Ufa! Ainda há reparação possível. É preciso descobrir quem ele é, como vive, onde mora. Entrar na sua vida, cuidar das suas necessidades. E até de seu filho. Quem sabe, amá-lo. A trama de “Esperando Acordada” explora as circunstâncias fortuitas da vida que podem mudar tudo de uma hora para outra. E as adaptações e acomodações que temos de fazer para dar conta da nova situação. A insatisfação, a infelicidade, a mediocridade são componentes rotineiros da vida das pessoas. Se algo extraordinário acontece, o sentido dessas vidas pode até se iluminar, descobrir algo onde quase não havia nada. O filme da cineasta francesa Marie Belhomme traz essa história curiosa e transformadora, apresentando um caso de amor e dedicação, ancorado na expiação da culpa e no fascínio pela vida do outro. Como estreia em longas da diretora, é um bom começo. Isabelle Carré (“Românticos Anônimos”) faz a jovem Perrine, com todas as nuances que o personagem pede, e carrega o filme. Apesar de haver no elenco ninguém menos do que Carmen Maura (“Volver”), que sempre será lembrada pelos incríveis papéis que fez nos filmes de Pedro Almodóvar. Aqui, ela parece um tanto deslocada, numa função coadjuvante, sem maior brilho. Philippe Rebbot (“Os Cavaleiros Brancos”) e Nina Meurisse (“Além do Arco-Íris”) completam o elenco com eficiência. “Esperando Acordada” não é nenhuma grande obra do cinema, mas é uma graça de filme.

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