Estreias: O Homem nas Trevas domina o escuro dos cinemas brasileiros
O terror “O Homem nas Trevas” chega ao circuito com a ambição de repetir no Brasil seu sucesso americano. Há duas semanas na liderança das bilheterias dos EUA, o filme dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez (“A Morte do Demônio”) tem o maior lançamento da semana, com distribuição em 460 telas. E após uma leva de decepções do gênero, seu clima tenso deve agradar quem gosta de levar sustos no escuro do cinema. Com 86% de aprovação no Rotten Tomatoes, gira em torno de três jovens ladrões que invadem a casa de um cego, sem saber que, em vez de roubar uma vítima indefesa, entraram no covil de um psicopata mortal. A segunda estreia mais ampla é uma produção nacional. A comédia “O Roubo da Taça” se revela uma boa surpresa, ao evitar os lugares comuns do besteirol televisivo para enveredar pela crítica social num humor bastante ácido. O filme relata o roubo verídico da Taça Jules Rimet, símbolo do tricampeonato da seleção brasileira de futebol de 1970, mas inventa boa parte da história. Venceu o prêmio do público no festival americano SXSW e quatro troféus em Gramado, incluindo os de Ator para Paulo Tiefenthaler (“O Lobo Atrás da Porta”) e Roteiro para Lusa Silvestre (“Mundo Cão”) e o diretor Caíto Ortiz (“Estação Liberdade”). Estreia em 180 salas. “Herança de Sangue” marca a volta triunfal de Mel Gibson aos filmes de ação, pelas mãos de um cineasta francês, Jean-François Richet (“Inimigo Público nº 1”), e com aprovação da crítica americana – 86% no site Rotten Tomatoes. Na trama, o personagem de Gibson faz tudo para salvar a filha, jurada de morte por traficantes. Em 138 salas. Pior filme da semana, a comédia besteirol americana “Virei um Gato”, estrelada por Kevin Spacey (série “House of Cards”), é a versão felina de diversos filmes de homens que trabalham demais, negligenciam suas famílias e viram cães. Como a crítica prefere cachorrinhos, teve apenas 10% de aprovação no Rotten Tomatoes. Despejado em 116 telas. A outra comédia americana desta quinta (8/9) teve 61% de aprovação mesmo sem cachorrinhos, embora seu título seja “Cães de Guerra”. Baseada numa história verídica, mostra Jonah Hills (“Anjos da Lei”) e Miles Teller (“Divergente”) como dois jovens inexperientes que ficaram milionários ao conseguir, de forma inacreditável, um contrato com o Pentágono para negociar armas no Oriente Médio. A direção de Todd Philips (“Se Beber, Não Case!”) busca ultrajar, mas também rende uma classificação etária elevada (escândalo: 16 anos no Brasil e censura livre na França, logo é “perseguido” politicamente como “Aquarius”!), que limita seu circuito a 60 salas. O drama religioso “Últimos Dias no Deserto” traz o escocês Ewan McGregor (“O Impossível”) como Jesus Cristo, mas, em contraste a “Ben Hur” e lançamentos evangélicos recentes, ocupa, sem fanfarra alguma, apenas 29 salas. O tamanho é inversamente proporcional à sua qualidade, ao desafiar dogmas para mostrar um Jesus humano. Dirigido pelo colombiano Rodrigo García (filho do escritor Gabriel García Márquez), a trama se passa durante os 40 dias de jejum e oração de uma peregrinação solitária pelo deserto, na qual Jesus encontra o próprio diabo. Com 72% de aprovação, ainda conta com uma cinegrafia deslumbrante, assinada pelo mexicano Emmanuel Lubezki (“O Regresso”), que venceu os três últimos Oscars de Melhor Fotografia. Passado durante a 2ª Guerra Mundial, o drama “Viva a França!” acompanha August Diehl (“Bastardos Inglórios”) como um pai desesperado, que atravessa os campos franceses, tomados por nazistas, para encontrar o filho desaparecido durante a invasão alemã da França, contando com a ajuda de um soldado britânico desgarrado, vivido por Matthew Rhys (série “The Americans”). A direção é do francês Christian Carion, responsável pelo belo “Feliz Natal”, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2006. A exibição é restrita a nove telas. Três filmes nacionais completam a programação, ainda que de forma praticamente invisível. O romance lésbico “Nós Duas Descendo a Escada” chega a somente duas telas em São Paulo e duas em Porto Alegre. Roteiro e direção são de um homem, o gaúcho Fabiano de Souza, que antes fez o ótimo “A Última Estrada da Praia” (2010). Quem conseguir ver, vai se surpreender com um filme repleto de citações cinéfilas, que merecia poder respirar melhor no circuito. Os dois títulos finais são documentários. “Jaime Lerner – Uma História de Sonhos” não deixa de ser também propaganda política, pelos personagens que desfila. Afinal, além de ser um urbanista renomado, Lerner foi governador do Paraná por duas vezes. O lançamento, curiosamente, vai ignorar o estado, chegando a uma sala no Rio e a outra em São Paulo. Já “O Touro” não teve circuito divulgado. Primeiro longa escrito e dirigido pela brasiliense Larissa Figueiredo, acompanha uma garota portuguesa que descobre que os moradores de Lençóis, na Bahia, proclamam-se descendentes de Dom Sebastião, o lendário rei de Portugal que desapareceu no século 16.
Aquarius ganha classificação livre para todas as idades na França
O filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, foi classificado como livre para todas as idades na França. Mas a decisão da CNC (Le Centre National du Cinéma et de l’Image Animée), entidade que regula o setor, não tem a conotação politizada que andou ganhando em alguns sites. Afinal, assim como “Aquarius”, “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, também recebeu a mesma classificação. No Brasil, os dois filmes foram exibidos com recomendação indicativa para maiores de 16 anos. O mercado de cinema francês é o mais liberal do mundo, e apenas pornografia recebe classificação para maiores de 18 anos. Filmes com closes de sexo explícito, como “Love”, “Um Estranho no Lago” e “Ninfomaníaca”, receberam indicação para maiores de 16 anos no país. Mas para balizar com um parâmetro mais expressivo, o drama francês “Azul É a Cor Mais Quente”, que tem longas cenas de sexo lésbico explícito, foi exibido para maiores de 12 anos no país. No Brasil, a classificação dos quatro longas citados foi de 18 anos e as empresas nacionais de replicação de Blu-ray se recusaram a produzir seus discos, devido ao conteúdo.
Veneza: François Ozon visita o cinema europeu clássico com provocação à Hollywood
Rodado em preto e branco e passado nos anos 1930, “Frantz”, do diretor francês François Ozon (“Dentro da Casa”), evoca uma produção clássica europeia. E, de fato, a história já foi filmada antes, pelo mestre alemão Ernst Lubitsch em “Não Matarás”, de 1932. Mas “Frantz” também é uma provocação a Hollywood. Por isso, o diretor não gosta que o chamem de remake. Na entrevista coletiva do Festival de Veneza, Ozon garantiu que “Frantz” não é uma refilmagem, pois, ao decidir rodar a história original, baseada numa peça do francês Maurice Rostand, não conhecia a obra de Lubitsch. Além disso, ele promoveu mudanças significativas na estrutura narrativa, mudando o foco para a personagem feminina e a situação da Alemanha do pós-guerra. Ele também explicou que a escolha do preto e branco não se deu apenas como homenagem ao cinema da época em que se passa a trama. “Nossas memórias da guerra estão vinculadas a essas duas cores, preto e branco, os arquivos, filmes e filmagens… esse é um período de mágoa e perda então eu pensei que o preto e branco fossem as melhores cores para a história”, disse para a imprensa. “Cores são muito mais emotivas e fornecem uma ideia sobre o sentimento de alguém”, completou. E, curiosamente, algumas cenas coloridas pontuam a narrativa, para enfatizar quando os personagens finalmente voltam à vida. O cineasta lembrou ainda que há poucos filmes sobre a 1ª Guerra Mundial, porque o nazismo que levou à 2ª Guerra Mundial capturou a imaginação mundial de tal forma que tudo o que o precedeu parece pouco importante. Um dos poucos foi um clássico do próprio cinema francês, “A Grande Ilusão” (1937), de Jean Renoir. “Frantz” tem uma cena de batalha, mas não é exatamente um filme de guerra e sim sobre suas consequências. A começar por seu título, nome de um soldado alemão morto em batalha. O filme acompanha sua jovem viúva Anna, interpretada por Paula Beer (“O Vale Sombrio”), que, numa visita ao cemitério, conhece o tenente francês Adrien (Pierre Niney, de “Yves Saint Laurent”), quando este deixa flores no túmulo de Frantz. O filme se constrói em torno de sentimentos de culpa e da paixão latente entre Anna e Adrien, estabelecendo-se quase como um melodrama, mas com as marcas do cinema de Ozon, em sua obsessão por contar histórias, esconder segredos e visitar a dor. Além disso, Ozon continua a provocar o público com armadilhas narrativas, num jogo de aparências derivado do suspense, que leva a ponderar o que é realmente verdade e que rumos terá sua trama. Pela primeira vez filmando em alemão, o cineasta defendeu em Veneza a decisão de escalar atores que falassem os idiomas originais de seus personagens, em vez de usar intérpretes falando a mesma língua com diferentes sotaques, como é comum nos filmes americanos. E aí provocou. “Em Hollywood, há essa convenção de que todo mundo fala inglês, mas o público não quer mais isso, porque eles querem ver a verdade”, disse Ozon. “Foi muito importante usar as línguas nativas porque elas são parte da cultura de ambos os países”, continuou, acrescentando que isso fez com que Niney precisasse aprender alemão durante as filmagens, para se comunicar com Beer.
Veneza: Wim Wenders transforma conversa de casal em filme 3D
Wim Wenders volta a dramatizar o 3D com “Les Beaux Jours d’Aranjuez”, seu terceiro longa rodado com a tecnologia, após o documentário “Pina” (2011) e o melodrama “Tudo Vai Ficar Bem” (2015). Exibido na competição do 73º Festival de Veneza, o novo filme é uma antítese do que se imagina numa produção tridimensional. Adaptação da peça homônima de Peter Handke, roteirista de “Asas do Desejo” (1987), um dos filmes mais famosos do próprio Wenders, trata-se de um drama intimista, de assumida inspiração teatral, construído em torno de uma longa conversa entre um homem e uma mulher, que acontece nos jardins de uma casa de campo nos arredores de Paris. O plano inicial localiza a locação, ao abrir com imagens de uma Paris deserta, afastando-se da cidade até encontrar seu protagonista em meio à natureza, ocupado com a máquina de escrever. A casa que ele habita pertenceu à famosa atriz francesa Sarah Bernhardt, e se localiza no meio da mata das colinas que cercam Paris, de onde se tem uma bela vista da capital francesa à distância, no horizonte. Segundo Wenders, o cenário “pode ser descrito como o Jardim do Éden, o paraíso bíblico, original”. E inclui, de forma descarada, uma maçã entre o homem e a mulher. “O 3D me deu a possibilidade de colocar o espectador nesse lugar, onde podemos ouvir o canto dos pássaros, o farfalhar das folhas das árvores. É uma linguagem e tecnologia muito suave, muito muito gentil e terna para esse tipo de assunto do que o 2D”, ele explicou, durante a entrevista coletiva do festival. Primeiro filme do cineasta alemão falado em francês, “Les Beaux Jours d’Aranjuez” tem até as afetações do cinema feito na França, como a busca pelo experimentalismo e a tendência à verborragia. Metade da crítica presente à exibição bocejou. A outra metade aplaudiu O diretor até chegou a considerar montá-lo nos palcos, devido a trama ser “um diálogo fora do tempo, da notícia e de qualquer contexto histórico e social”, de acordo com a definição de Handke. Mas achou mais apropriada uma versão filmada em locação real, para dar novas “dimensões” ao texto. Seus personagens não tem nome e a narrativa se desenvolve conforme o homem, calmamente sentado, faz perguntas de cunho sexual para a mulher, que lhe responde de forma poética, com o objetivo de frisar a diferença entre os sexos. O “homem” e a “mulher” são interpretados respectivamente por Reda Kateb (“Os Cavaleiros Brancos”) e Sophie Semin (“Além das Nuvens”), mas também há participações especiais do próprio Handke e do roqueiro Nick Cave, velho amigo e colaborador do diretor. “A peça é repleta das questões sobre o relacionamento entre homem e mulher, e as perspectivas de cada um sobre o mundo, mas o filme não pretende responder a nenhuma delas”, disse Wenders. “A relação entre homem e mulher já motivou guerras, mas também uma das melhores coisas do mundo, que são as histórias de amor, inclusive em filme. Hoje em dia parece que o diálogo entre os dois encolheu, no meio dessa discussão sobre gêneros. Por isso, acho que o texto do Handke chega em um momento bastante oportuno”, concluiu.
Foto de set confirma spin-off de O Grande Lebowski
A atriz Susan Surandon publicou uma foto no seu Instagram que praticamente confirma um boato e tanto. A imagem mostra John Turturro no set de seu novo filme, supostamente um remake de “Corações Loucos” (Les Valseuses, 1974), de Bertrand Blier. Só que, desde que as filmagens começaram em Nova York, fala-se que o título (“Going Places”, em inglês) está sendo usado para despistar sobre o que realmente é a produção: um spin-off de “O Grande Lebowski” (1998), filme mais cultuado dos irmãos Coen, centrado no personagem de Jesus Quintana. A foto do Instagram mostra Turturro com o mesmo visual barbado de Quintana. Turturro já fala há anos sobre seu interesse em um spin-off sobre o personagem, um jogador de boliche machista, egocêntrico e pervertido. Jesus aparecia entre as excêntricas figuras do filme, que contava a história de um hippie desocupado (Jeff Bridges) que era confundido com um milionário (o recém-falecido David Huddleston). Susan Sarandon estaria no elenco da atual filmagem, junto com a Bobby Cannavale (série “Vinyl”) e a francesa Audrey Tautou (“Coco Depois de Chanel”). Além de estrelar, Turturro também está dirigindo o filme, que, por enquanto, segue sendo chamado de “Going Places”. Vale que o célebre crítico Roger Ebert chamou o longa francês, que supostamente estaria sendo refilmado, de “o filme mais misógino que consigo lembrar”. Na trama, dois criminosos abobalhados se envolvem com uma mulher sexualmente insatisfeita. A história, claro, parece caber sob medida para a personalidade de Jesus Quintana. Apesar das filmagens já estarem em pleno andamento, ainda não há previsão para sua estreia.
Planetarium: Natalie Portman e filha de Johnny Depp vivem irmãs em trailer de drama francês
O estúdio Ad Vitam divulgou o pôster, três fotos e o trailer do drama francês “Planeterium”, que traz Natalie Portman (“Thor”) e Lily-Rose Depp (“Yoga Hosers”), filha de Johnny Depp, como irmãs. A trama acompanha as duas se mudando para Paris na véspera da 2ª Guerra Mundial, onde pretendem explorar seus dons para contatar os espíritos em shows de performance sobrenatural, mas acabam chamando atenção de um produtor de cinema que pretende transformá-las numa sensação da indústria do entretenimento. O problema é o ciúmes que o relacionamento desperta e a época perigosa em que a trama acontece. O elenco também inclui Emmanuel Salinger (“A Guerra Está Declarada”) e Louis Garrel (“Saint Laurent”). Terceiro filme da jovem diretora Rebecca Zlotowski (“Grand Central”), com roteiro escrito em parceria com Robin Campillo (“Entre os Muros da Escola”), “Planetarium” vai ser exibido nos festivais de Veneza e Toronto, e estreia em 16 de novembro na França.
Pets – A Vida Secreta dos Bichos é a maior estreia de uma boa semana para ir ao cinema
A programação dos cinemas está bem animada nesta semana. A animação “Pets – A Vida Secreta dos Bichos” é a maior estreia, mas todas as opções oferecem bom entretenimento. São menos lançamentos, mas melhores que a média do ano. Cinco filmes capazes de agradar diferentes faixas etárias, e quatro deles com distribuição ampla. “Pets – A Vida Secreta dos Bichos” chega ao Brasil em 1.105 salas (das quais 583 são telas 3D e sete IMAX), mais de um mês após quebrar recorde de estreia nos EUA. Trata-se de novo acerto da Illumination, o estúdio de “Meu Malvado Favorito” (2010) e “Minions” (2015). Com 76% de aprovação no site Rotten Tomatoes, a animação imagina como é o cotidiano dos bichos de estimação, quando os donos os deixam sozinhos em casa, e extrapola a premissa para uma aventura nas ruas perigosas da cidade grande. Os personagens são fofos, a história envolvente e as piadas mais engraçadas que as comédias atuais. Apesar da concentração de telas pelo título de censura livre, os suspenses “Águas Rasas” e “Nerve – Um Jogo sem Regras” também chegam aos principais shoppings do país com boa distribuição – respectivamente, em 393 e 322 salas. Ambos investem na tensão, mas o primeiro, que gira em torno de uma surfista (Blake Lively, de “A Incrível História de Adaline”) atacada por tubarão, é mais efetivo. A premissa simples esconde um thriller excepcional, que rendeu os mesmos 76% de “Pets” no Rotten Tomatoes. Mais complexo, “Nerve” busca inspiração no vício das redes sociais e games online para colocar sua protagonista (Emma Roberts, da série “Scream Queens”) num jogo movido a adrenalina, que tende a terminar de forma fatal. Mesmo com alguns furos no roteiro, alcançou 61% de aprovação. A nova comédia de Woody Allen, “Café Society”, estreia em 112 salas. E é um dos bons filmes do velho mestre, que vem encantando desde sua première na abertura do Festival de Cannes. Aprovado por 70% da crítica americana, a produção também é um novo exercício de nostalgia do cineasta, que usa seu alter-ego, desta vez vivido por Jesse Eisenberg (“Batman vs. Superman”), para visitar o glamour da era de ouro de Hollywood e a época do Café Society nova-iorquino – nome dado tanto a um nightclub quanto à geração elegante que passou a se reunir com os amigos e realizar festas em lugares públicos no começo do século 20. Kristen Stewart (“Acima das Nuvens”) e novamente Blake Lively representam as atrações exercidas por cada um desses estilos de vida. Único lançamento com distribuição limitada, a comédia francesa “Lolo – O Filho da Minha Namorada” alcança apenas 23 telas e a menor cotação entre a crítica nos EUA – 50%. Escrito, dirigido e estrelado por Julie Delpy (da trilogia “Antes do Amanhecer”) com boa dose de humor negro, mostra como um filho mimado (Vincent Lacoste, de “O Diário de Uma Camareira”) é capaz de sabotar o namoro de sua mãe. O resultado é uma comédia romântica pouco convencional e pouco verossível, mas perspicaz em sua perspectiva feminina.
Esperando Acordada encontra graça e leveza numa tragédia fortuita
Um susto produz uma queda. Homem desconhecido, não deu nem para ver o rosto. E se ele tiver morrido? É preciso socorrê-lo. Mas a garota atrapalhada, vestida de morte para animar festas infantis, se perdeu e já está muito atrasada. Um telefonema para a polícia resolve isso. É só usar o celular e se mandar… E agora? Fazer de conta de que nada aconteceu? Impossível. A culpa não deixaria. Será que ele morreu? É preciso saber. Parece que está em coma. Ufa! Ainda há reparação possível. É preciso descobrir quem ele é, como vive, onde mora. Entrar na sua vida, cuidar das suas necessidades. E até de seu filho. Quem sabe, amá-lo. A trama de “Esperando Acordada” explora as circunstâncias fortuitas da vida que podem mudar tudo de uma hora para outra. E as adaptações e acomodações que temos de fazer para dar conta da nova situação. A insatisfação, a infelicidade, a mediocridade são componentes rotineiros da vida das pessoas. Se algo extraordinário acontece, o sentido dessas vidas pode até se iluminar, descobrir algo onde quase não havia nada. O filme da cineasta francesa Marie Belhomme traz essa história curiosa e transformadora, apresentando um caso de amor e dedicação, ancorado na expiação da culpa e no fascínio pela vida do outro. Como estreia em longas da diretora, é um bom começo. Isabelle Carré (“Românticos Anônimos”) faz a jovem Perrine, com todas as nuances que o personagem pede, e carrega o filme. Apesar de haver no elenco ninguém menos do que Carmen Maura (“Volver”), que sempre será lembrada pelos incríveis papéis que fez nos filmes de Pedro Almodóvar. Aqui, ela parece um tanto deslocada, numa função coadjuvante, sem maior brilho. Philippe Rebbot (“Os Cavaleiros Brancos”) e Nina Meurisse (“Além do Arco-Íris”) completam o elenco com eficiência. “Esperando Acordada” não é nenhuma grande obra do cinema, mas é uma graça de filme.
John Turturro pode estar filmando spin-off de O Grande Lebowski
Não são apenas as produções de filmes de super-heróis que geram rumores. Segundo o site Birth.Movies.Death, fontes próximas às filmagens da comédia “Going Places”, de John Turturro, afirmam que o longa, divulgado como um remake de “Corações Loucos” (Les Valseuses, 1974), de Bertrand Blier, é na verdade um spin-off de “O Grande Lebowski” (1998), filme mais cultuado dos irmãos Coen, centrado no personagem de Jesus Quintana. De qualquer modo, os irmãos Coen não parecem envolvidos no projeto, que, diz o site, juntaria o personagem de Tuturro em “O Big Lebowski” com Bobby Cannavale (série “Vinyl”) na história derivada de Blier – que o célebre crítico Roger Ebert chamou de “o filme mais misógino que consigo lembrar”. Os dois viveriam criminosos abobalhados que se envolvem com uma mulher sexualmente insatisfeita. O principal papel feminino será vivido pela francesa Audrey Tautou (“Coco Depois de Chanel”), mas Susan Sarandon (“A Intrometida”) também está no elenco, como uma mulher recém-saída da prisão, que se une ao bando. Turturro já fala há anos sobre seu interesse em um spin-off sobre Jesus Quintana, um jogador de boliche machista, egocêntrico e pervertido. O personagem aparecia entre as excêntricas figuras do filme, que conta a história de um hippie desocupado (Jeff Bridges) que é confundido com um milionário (o recém-falecido David Huddleston). As filmagens de “Going Places” já estão acontecendo em Nova York, o que significa que em breve o boato será confirmado ou desmentido.
Com estreia em mais de mil salas, Ben-Hur tentará o milagre de lotar os cinemas
Apostando contra as previsões pessimistas, a estreia de “Ben-Hur” tem a chance de provar que Jesus Cristo é brasileiro em 1.139 salas de cinema, num dos maiores lançamentos do ano. A produção será a primeira obra de temática religiosa a ocupar a maioria das telas 3D (688) e todo circuito IMAX (12 salas) do país. Isto porque também é um filme de ação, que evoca, inclusive, o sucesso “O Gladiador” (2000) – por sua vez, inspirado no “Ben-Hur” de 1959. Mas enquanto o clássico venceu 11 Oscars e conta com 88% de aprovação no site Rotten Tomatoes, a terceira versão (há ainda um filme mudo de 1925) recebeu pedradas da crítica americana, com apenas 33% de sorrisos amarelos. Vale a curiosidade de conferir a participação de Rodrigo Santoro, que é pequena, mas mais incorporada à trama que nas versões anteriores, nas quais Jesus aparecia apenas como uma silhueta silenciosa. Após fazer sucesso nos EUA e já garantir uma sequência, o terror “Quando as Luzes se Apagam” chega a 269 salas, explorando o medo do escuro. A história, que combina diversos elementos tradicionais do terror – mulher-fantasma de cabelos longos, família amaldiçoada, criatura que vive nas sombras – tem produção de James Wan (“Invocação do Mal”), que cada vez mais se consagra como principal mestre do terror do século 21. Não é fácil para o gênero agradar a crítica, e “Quando as Luzes se Apagam” emplacou 77% de aprovação no Rotten Tomatoes. Nem todo filme mal distribuído apela preferencialmente aos cinéfilos. E o lançamento da animação “Barbie: Aventura nas Estrelas” em 44 salas, exclusiva nos cinemas da rede Cinépolis, serve para demonstrar que o circuito limitado não é sinônimo de “circuito de arte”. O filme mostra Barbie como uma princesa cósmica, que voa pelo universo num skate voador. Sério. Tanto que será lançado direto em DVD em países do Primeiro Mundo. Outra apelação comercial, a comédia “O Funcionário do Mês” traz um verniz de sátira social que pode até enganar o cinéfilo desavisado, interessado em conferir um dos maiores sucessos recentes do cinema italiano. Mas seu sucesso se deve ao humor televisivo do ator Checco Zalone, que além de estrelar o besteirol também assina o roteiro, repleto de situações que, no limite da caricatura, reforçam diversos preconceitos. No filme, ele é um funcionário público que se recusa a largar o emprego estável, quando o governo, querendo diminuir a máquina estatal, o força a assumir os piores trabalhos. Em 19 salas. Três filmes franceses integram a programação. Em 11 salas, a comédia dramática “Esperando Acordada” traz Isabelle Carré (“Românticos Anônimos”) envolvendo-se na vida do homem que, por acidente, deixou em coma. Em duas telas apenas em São Paulo, “Mercuriales” acompanha o cotidiano nonsense de duas recepcionistas do prédio parisiense que dá título à produção. E “Francofonia – Louvre sob Ocupação” mistura documentário e ficção para contar a história do famoso museu durante a ocupação nazista da França. A direção é do mestre russo Aleksander Sokurov (“Fausto”) e seu circuito não foi divulgado. O documentário brasileiro “82 minutos” completa a lista, com distribuição no Rio. Dirigido por Nelson Hoineff (“Cauby: Começaria Tudo Outra Vez”), o filme desvenda os bastidores do carnaval da Portela, desde a escolha do samba-enredo até a apuração das notas dos jurados. O título se refere ao tempo do desfile da Escola de Samba, em que “nada pode dar errado”, conforme completa seu subtítulo.
A Bailarina: Animação francesa com dublagem de Mel Maia ganha primeiro trailer
A Paris Filmes divulgou o trailer da animação francesa “A Bailarina” (Ballerina), que chega ao Brasil dublada pela atriz mirim Mel Maia (novela “Joia Rara”). A jovem dá voz à protagonista Felice, uma menina órfã que sonha virar uma grande bailarina na Paris do século 19, mas para seguir seu sonho precisa fugir de casa, com a ajuda de um menino que sonha virar um grande inventor. A dublagem americana conta com Elle Fanning (“Malévola”) no papel principal. Com direção de Eric Summer (série “Interpol”) e Éric Warin (animador de “As Bicicletas de Belleville”), o filme tem estreia marcada para 15 de dezembro no Brasil, um dia depois do lançamento na França.
Louis Garrel vira Jean-Luc Godard em fotos de cinebiografia
A revista Paris Match publicou as primeiras fotos de “Le Redoutable”, em que o ator Louis Garrel (“Dois Amigos”) vive o cineasta Jean-Luc Godard. A transformação do galã no infant terrible do cinema francês é bastante convincente, quase inacreditável, tendo em vista como os dois são diferentes. Com entradas de calvice, mas ainda jovem, Godard é retratado durante sua fase mais contestadora, nos anos 1960. Além de Garrel, as fotos também registram Stacy Martin, revelação de “Ninfomaníaca” (2013), como a atriz alemã Anne Wiazemsky. O filme vai contar o romance entre Godard e Wiazemsky, iniciado nos bastidores de “A Chinesa”, em 1967. Ela tinha apenas 19 anos na época, mas os dois se casaram e ficaram juntos por mais de uma década. A trama é baseada no livro autobiográfico “Un An Après”, de Wiazemsky, e tem direção de Michel Hazanavicius, num retorno ao tema dos bastidores cinematográficos que lhe rendeu o Oscar de Melhor Direção em 2012 por “O Artista”. As filmagens começaram há apenas duas semanas em Paris e ainda não existe previsão para a estreia de “Le Redoutable”.











