Ni Kuang (1935-2022)
O veterano escritor Ni Kuang, que criou cerca de 300 roteiros para filmes de kung fu e ação de Hong Kong, faleceu no domingo (3/7) aos 87 anos, de câncer de pele. Ni nasceu em Xangai em 1935 e entrou clandestinamente em Hong Kong em 1957, nunca mais retornando à China continental. Aclamado como um gigante no mundo literário, ele publicou vários romances de artes marciais, wuxia e ficção científica, estourando na cultura chinesa com a franquia literária “New Adventures of Wisely”, em 1963. Dois anos depois, passou a escrever roteiros para os Shaw Brothers, maiores produtores do cinema de kung fu de Hong Kong. Seus créditos incluem clássicos absolutos do gênero, como “Espadachim de um Braço” (1967), “A Vingança do Kung Fu” (1970), “O Templo de Shaolin” (1976), “A 36ª Câmara de Shaolin” (1978), “Os Cinco Venenos de Shaolin” (1978), “A Vingança do Águia” (1978), “O Braço de Ouro do Kung Fu” (1979), “Os Invasores de Shaolin” (1983) e “O Lutador Invencível” (1984), entre muitos outros. Ele também criou os personagens que catapultaram Bruce Lee ao estrelato no cinema de Hong Kong, em “O Dragão Chinês” (1971) e “A Fúria do Dragão” (1972). Paralelamente, ainda escreveu cerca de 140 romances com o personagem Wisely, um homem envolvido com criaturas estranhas e alienígenas em aventuras futuristas ao redor do mundo. Estas histórias também foram levada ao cinema, além de renderem séries e adaptações em quadrinhos. Nos últimos anos, Ni recebeu duas homenagens da indústria cinematográfica de Hong Kong pelas realizações de sua carreira: do Hong Kong Film Awards (o Oscar da região) em 2012 e outro do Sindicato dos Roteiristas de Hong Kong em 2018.
Alex Law (1953-2022)
O cineasta Alex Law, do filme premiado “Echoes of the Rainbow”, faleceu num hospital de Hong Kong no sábado (2/7), de causa não informada, aos 69 anos. Law começou a carreira como roteirista nos anos 1980, trabalhando com a famosa cineasta Mabel Cheung, que conheceu enquanto estudava na Universidade de Nova York. Juntos, fizeram a “Trilogia da Migração”, formada pelos filmes “Illegal Immigrant” (1985), “An Autumn’s Tale” (1987) e “Eight Tales of Gold” (1989), que ele escreveu e ela dirigiu, além do hit de 1997 da diretora, “The Soong Sisters”, estrelado por Maggie Cheung e Michelle Yeoh. Com a ajuda de Cheung, Law passou à direção em 1988, filmando um roteiro compartilhado com a colega. “Painted Faces” venceu 11 prêmios internacionais, inclusive Melhor Filme de Estreia no Festival de Chicago. Apesar disso, sua filmografia como diretor teve apenas mais dois títulos. Também coescrita por Cheung, a comédia “Now You See It, Now You Don’t” foi lançada em 1992. E em 2010 Cheung produziu “Echoes of the Rainbow”. O filme sobre os altos e baixos de uma família de Hong Kong e sua sapataria, vista pelos olhos de seu excêntrico filho de oito anos, foi o último dirigido por Law. “Echoes of the Rainbow” venceu o Urso de Cristal de Melhor Filme da seção Generation Kplus do Festival de Berlim e outros nove troféus na Ásia.
Jimmy Wang Yu (1944–2022)
O ator Jimmy Wang Yu, uma das maiores estrelas do cinema de artes marciais, morreu na terça-feira (5/4) num hospital de Taiwan, vítima de uma doença não revelada, aos 79 anos. Nascido em Xangai, China, Wang mudou-se para Hong Kong e fez seu nome como estrela de ação no estúdio dos Shaw Brothers durante a década de 1960. Ele estreou em “Templo da Lotus Vermelha” (1965) já num dos papéis principais, mas só foi estourar com “Espadachim de um Braço” (1967), vivendo o personagem-título, no qual pôde demonstrar toda a sua habilidade de esgrima. Enorme sucesso, o filme se tornou a primeira produção de Hong Kong a faturar mais de HK$ 1 milhão nas bilheterias locais. O que tornou o filme do diretor Chang Cheh tão diferente foi a violência sangrenta. Numa época em que as lutas dos filmes de Hong Kong eram coreografadas ao estilo da Ópera de Pequim, os golpes de Wang Yu cortavam membros e o sangue vermelho jorrava em tecnicolor de uma ponta a outra do set. “Espadachim de um Braço” rendeu duas sequências, mas Wang reprisou seu papel apenas na primeira, “A Volta do Espadachim de um Braço”, lançada em 1969. Ele não estrelou o terceiro porque rompeu com os Shaw Brothers para iniciar a segunda e igualmente importante fase de sua carreira. Ao todo, Wang Yu atuou em 87 filmes, quase todos de ação e artes marciais. Ficou tão famoso que passou a coreografar lutas e principalmente dirigir seus próprios filmes. O astro assinou 12 longas como diretor entre 1970 e 1977 (a maioria para a produtora Golden Harvest, rival dos Shaw Brothers), mudando o foco das lutas de espadas para as lutas marciais, o que ficou bastante claro na produção de “O Lutador de um Braço Só” (1972), em que tentou repetir seu primeiro fenômeno comercial. Transformando lutas com mãos e pés em enfrentamentos tão violentos quanto os duelos com espadas, Wang Yu revolucionou os filmes de artes marciais. Não por acaso, seu primeiro filme como diretor (que ele também protagonizou), “A Morte em Minhas Mãos” (1970), costuma ser apontado como a obra que iniciou a febre do kung fu no cinema de Hong Kong. Depois de anunciar a aposentadoria em 1997, foi convencido a retornar em 2011 com o filme “Dragão” (Wu Xia), um grande sucesso de bilheteria estrelado pelo mestre moderno do kung fu Donnie Yen. O êxito da produção o manteve na ativa por mais dois anos e quatro filmes, despedindo-se finalmente das telas com o elogiado terror “Soul” em 2013. Afastado das telas, ainda foi premiado no Golden Horse Awards de 2019, em Taiwan, com um prêmio especial pelas realizações da carreira. Adorado pelos fãs do cinema de ação de Hong Kong, Jimmy Wang Yu recebeu muitas homenagens nas redes sociais. Jackie Chan escreveu no Facebook: “As contribuições que você fez para os filmes de kung fu e o apoio e a sabedoria que você deu às gerações mais jovens sempre serão lembrados na indústria. E seus filmes sempre permanecerão no coração de seus fãs. Nós sentiremos sua falta!” O diretor Ang Lee também emitiu um comunicado lamentando a morte de seu herói. “É com profundo pesar que soubemos de sua morte hoje. Para muitos fãs como eu, ele representa a vibe de uma certa época. Seus filmes e seu espírito heroico farão muita falta.”
Astro do cinema de ação de Hong Kong é esfaqueado na China
O ator Simon Yam, um dos mais famosos do cinema de Hong Kong, foi esfaqueado na barriga neste sábado (20/7), durante participação de um evento promocional na província de Guangdong, no sul da China. Um homem correu até o palco, esfaqueou o ator e fez um corte em sua mão direita, de acordo com a mídia local. Simon Yam foi hospitalizado imediatamente e sua vida não está em perigo, disse a polícia local em um comunicado. “Estamos extremamente chocados com este incidente”, disse a empresa que trabalha com o ator em um comunicado publicado no Weibo, o Twitter chinês. O astro de 64 anos foi operado com sucesso no estômago e em outros órgãos. A polícia informou que prendeu um suspeito no caso. Um dos atores favoritos dos mestres do cinema de ação de Hong Kong, Simon Yam tem uma filmografia gigantesca e repleta de clássicos criminais, como “Bala na Cabeça” (1990), de John Woo, “À Flor da Pele” (1992), de Ringo Lam, “Eleição” (2005), de Johnnie To, “Comando Final (2005), de Wilson Yip, e “Vingança” (2009), também de To. Ele ainda estrelou os filmes de artes marciais “O Grande Mestre” (2008), de Yip, e “O Homem do Tai Chi” (2013), dirigido por Keanu Reeves, mas o público ocidental talvez se lembre mais dele como o vilão de “Lara Croft: Tomb Raider – A Origem da Vida” (2003).
Ringo Lam (1955 – 2018)
O influente diretor de cinema, produtor e roteirista Ringo Lam morreu de causas naturais em sua casa, em Hong Kong, neste sábado (29/12), aos 63 anos. Ringo Lam Ling-Tung nasceu em Hong Kong em 1955, mas estudou cinema no Canadá. Seus primeiros filmes, lançados no começo dos anos 1980, foram comédias. Até que em 1987 ele realizou seu primeiro thriller de ação, “Perigo Extremo” (City of Fire), estrelado pelo ainda pouco conhecido Chow Yun-Fat (“O Tigre e o Dragão”). “Perigo Extremo” foi um das primeiras produções asiáticas a fazer sucesso internacional fora do nicho das artes marciais. Passou a ser cultuado como exemplo do revigorante cinema de ação que surgia na época em Hong Kong, e até hoje é considerado uma das principais influências na carreira de Quentin Tarantino. A repercussão do longa fez Lam se especializar em thrillers que mostravam o lado mais sombrio de Hong Kong. No mesmo ano, retomou a parceria com Chow Yun-Fat em “Prisioneiro do Inferno” (1987), que teve continuação em 1991. Ainda assinou outro clássico com o ator, “À Flor da Pele” (1992), em que atingiu o ápice. Paralelamente, também dirigiu Jackie Chan na comédia de ação “Dragões em Dose Dupla” (1992). E acabou seduzido por Hollywood, onde estreou em 1996, comandando Jean-Claude Van Damme em “Risco Máximo”. Os dois ficaram amigos e a parceria ainda rendeu mais um par de longa-metragens, “Replicante” (2001) e “Hell” (2003), rodados com baixo orçamento e lançados no mercado de home video. Sua carreira continuou prestigiada em Hong Kong, onde ainda fimou “Triangle” (2007) em parceria com Johnnie To (do clássico “Eleição”) e “Sky on Fire” (2016), estrelado por Daniel Wu (da série “Into the Badlands”), entre outros. Ele trabalhava atualmente numa antologia de histórias de ação com os principais diretores do gênero de Hong Kong – entre eles, o citado Johnnie To, Hark Tsui e John Woo.
Raymond Chow (1927 – 2018)
Morreu Raymond Chow, considerado o “padrinho” do cinema de ação de Hong Kong e que lançou as carreiras internacionais de Bruce Lee e Jackie Chan. O produtor, nascido em Hong Kong em 1927, tinha 91 anos e produziu mais de 170 filmes ao longo de sua carreira. Co-fundador dos estúdios Golden Harvest, em 1971, Chow obteve seu primeiro sucesso mundial com o lançamento de “O Dragão Chinês” (1971). O filme impulsionou a carreira do mestre das artes marciais Bruce Lee como ator de cinema e ainda lhe rendeu o apelido do título. O produtor também foi responsável pelos dois filmes seguintes de Bruce Lee, que estão entre seus trabalhos mais conhecidos: “O Voo do Dragão” (1972) e “Operação Dragão” (1973), além do póstumo “Jogo da Morte” (1978). “Obrigado Raymond por ter dado uma oportunidade ao jovem Bruce Lee e por tê-lo ajudado a realizar seu sonho. Descanse em paz, Raymond”, tuitou a filha do ator, Shannon Lee. Raymond Chow também teve papel importante na carreira do diretor John Woo, gênio do cinema de ação, lançando seus primeiros longa-metragens, como “Chacina em Pequim” (1974) e “O Domador de Dragões” (1975), além de ter impulsionado o sucesso de Jackie Chan, com quem trabalhou nos filmes “O Jovem Mestre do Kung Fu” (1980), “O Grande Lutador” (1980), “Projeto China” (1983), “Police Story” (1985), entre outros. O sucesso internacional de seus filmes acabou levando-o a Hollywood, onde firmou parcerias importantes e realizou filmes de sucesso com atores americanos, como o cultuadíssimo filme de guerra “Os Rapazes da Companhia C” (1978), de Sidney J. Furie, a comédia “Quem Não Corre, Voa” (1981), que juntou Burt Reynolds, Roger Moore e Jackie Chan, a franquia dos anos 1990 “As Tartarugas Ninjas” e até “Assassinato Sob Duas Bandeiras” (1990), dirigido pelo brasileiro Bruno Barreto. Ele continuou filmando sucessos de Jackie Chan até “Espião por Acidente” (2001), antes de se aposentar no mesmo ano. Mas seu nome estava relacionado ao remake de “Quem Não Corre, Voa”, atualmente em desenvolvimento, com direção de Doug Liman (“No Limite do Amanhã”). Em 2008, ele recebeu um prêmio pelas realizações da carreira numa homenagem da Academia do Cinema de Hong Kong, e três anos depois ganhou a mesma honra da Academia do Cinema Asiático.
Jackie Chan recebe Oscar honorário em reconhecimento à sua carreira
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood fez a entrega do Oscar honorário aos homenageados deste ano, em cerimônia realizada no sábado (12/11) em Los Angeles. O destaque ficou por conta do reconhecimento à carreira do astro chinês Jackie Chan. Ao agradecer o prêmio, que foi entregue por seu colega da franquia “A Hora do Rush”, Chris Tucker, e por Sylverster Stallone, Chan disse que nunca esperava ganhar um Oscar, por ser um chinês que fazia filmes de ação. Além dele, também foram homenageados a editora de cinema Anne V. Coates, o diretor de elenco Lynn Stalmaster e o documentarista Frederick Wiseman com estatuetas do Oscar honorário, também conhecido como Governors Awards. A premiação se tornou um evento separado dos Academy Awards em 2009, visando dar maior atenção aos premiados. Mesmo assim, os quatro homenageados estarão presentes na cerimônia de premiação do Oscar 2017, que acontecerá no dia 26 de fevereiro.
Jackie Chan será homenageado com Oscar honorário por sua carreira
O ator Jackie Chan vai receber um Oscar em homenagem à sua carreira, anunciou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos nesta quinta-feira (1/9). O ator de 62 anos já participou de mais de 150 filmes desde os anos 1960, tendo iniciado a carreira em clássicos do kung fu de Hong Kong, ganhado projeção em comédias de Hollywood, onde estrelou sucessos como as franquias “A Hora do Rush” e “Bater e Correr”, e se transformado no astro mais bem-sucedido da China, a ponto de aparecer em 2º lugar na lista dos atores de maior remuneração do mundo em 2016. Além de Chan, a Academia vai homenagear o documentarista Frederick Wiseman, a editora de filmes britânica Anne V. Coates e o diretor de elenco Lynn Stalmaster, todos contemplados com o Governors Awards de 2016. Cada um deles receberá uma estatueta honorária do Oscar em reconhecimento à sua contribuição ao cinema em uma cerimônia de gala em Los Angeles, em novembro. Em um comunicado, a presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, os classificou como “verdadeiros pioneiros e lendas de seu ofício”.
Os Infiltrados, de Martin Scorsese, vai virar série do Amazon
A plataforma de streaming Amazon está desenvolvendo uma série baseada no filme “Os Infiltrados” (2006). Segundo o site The Hollywood Reporter, o projeto está sendo desenvolvido por Jason Richman, criador da série “Detroit 1-8-7” (cancelada na 1ª temporada em 2011), com participação do produtor e o estúdio do filme, respectivamente Roy Lee e a Warner. A série irá contar a terceira versão da história, que se originou como um filme policial de Hong Kong, o cultuado “Conflitos Internos”, escrito por Alan Mak e Felix Chong em 2002. Dirigido por Mak e Andrew Lau, o original é muito melhor que o superestimado remake americano e teve duas continuações, que deverão ajudar no desenvolvimento da trama seriada. O filme original abordava a máfia chinesa em Hong Kong, o remake de Martin Scorsese mudava o foco para a máfia irlandesa de Boston e a série vai focar uma gangue latina de Chicago. A premissa, porém, permanece a mesma: um policial vai se infiltrar na gangue, enquanto um criminoso começa a trabalhar disfarçado na polícia. Vale destacar que a maior diferença entre os dois filmes dizia respeito à conclusão da história. Na versão americana, mais moralista, ambos morriam, mas no filme de Hong Kong o criminoso sobrevivia para continuar a franquia. Ainda não há atores anunciados para a série, mas os protagonistas terão a dura missão de substituírem astros famosos, tanto no oriente quanto no ocidente, como Tony Leung e Andy Lau, e Leonardo DiCaprio e Matt Damon. Apesar do diretor Martin Scorsese ter se aventurado pelo universo nas séries, com as produções de “Boardwalk Empire” e “Vynil”, ele não está envolvido com a adaptação do filme, que lhe rendeu seu único Oscar – após perder por filmes muito superiores. Por sua vez, Jason Richman tem experiência com remakes, tendo escrito a versão americana de “Perigo em Bangkok” (2008), baseada no filme homônimo de 1999 dos irmãos Pang.







