Geneviève Page, estrela de “El Cid” e “A Bela da Tarde”, morre aos 97 anos
Atriz francesa teve carreira de cinco décadas e se destacou em filmes de Buñuel, Wilder, Altman e Frankenheimer
Billy Wilder vira tema de exposição inédita no MIS-SP
Mostra relembrará a carreira do aclamado diretor com ambientes imersivos e exibição de clássicos do cinema
3ª temporada de “Only Murders in the Building” terá episódio musical
Tudo indica que a 3ª temporada de “Only Murders in the Building” terá um episódio musical. Foi o que deram a entender os empresários e escritores da Broadway Marc Shaiman e Scott Wittman em conversa com a revista americana Variety nesta terça-feira (23/5). “Nós trabalhamos na próxima temporada de ‘Only Murders in the Building'”, afirmou Shaiman. “Não podemos divulgar mais do que isso, mas você provavelmente já pode deduzir”, provocou, evocando a especialização da dupla em musicais. A mais recente obra da Broadway de Shaiman e Wittman, uma adaptação musical de “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), conquistou o maior número de indicações ao Tony deste ano, com 13 nomeações, incluindo Melhor Musical. Além disso, J. Harrison Ghee (“Accused”) foi indicado como Ator Principal em um Musical. O espetáculo tem músicas de Shaiman, letras dele e de Wittman, e já ultrapassou US$ 1 milhão em vendas nas bilheterias em apenas uma semana. “Only Murders in the Building” acompanha três fãs de “true crime” que resolvem criar um podcast ao se depararem em seu prédio com um mistério igual aos que amam assistir, o que também, por azar, os transforma em principais suspeitos do crime real. O final da 2ª temporada encerrou o mistério original, mas também avançou no tempo para dar início a um novo “quem matou”, envolvendo o ator de uma peça. A obra é criada por Steve Martin (“Doze é Demais”) e John Robert Hoffman (“Grace and Frankie”), com produção de Dan Fogelman (criador de “This Is Us”). O elenco principal traz Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez, e na nova temporada foi reforçada por Paul Rudd (o Homem-Formiga da Marvel), Jesse Williams (“Grey’s Anatomy”) e Meryl Streep (“Não Olhe para Cima”). A estreia está prevista para o dia 8 de agosto no Star+. A propósito, Shaiman e Wittman estão atualmente desenvolvendo a peça musical “Smash”, inspirada na série de televisão homônima de 2012 da rede americana NBC.
Christoph Waltz vai viver o lendário diretor Billy Wilder
O ator austríaco Christoph Waltz, vencedor do Oscar por “Bastardos Inglórios” (2009) e “Django Livre” (2012), vai interpretar um dos diretores mais famosos da Era de Ouro de Hollywood. Ele dará vida a Billy Wilder, responsável por clássicos como “Crepúsculo dos Deuses” (1950), “Sabrina” (1954), “O Pecado Mora ao Lado” (1955), “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), “Se Meu Apartamento Falasse” (1960) e muitos outros. Intitulado “Billy Wilder and Me”, o filme é baseado no livro quase homônimo de Jonathan Coe (“Mr. Wilder and Me). O roteiro é assinado por Christopher Hampton e a direção está a cargo de Stephen Frears, marcando a terceira colaboração da dupla – depois de “Ligações Perigosas” (1988) e “Chéri” (2009). O livro de Coe é um romance que mistura de personagens reais e inventados. Passada no final da década de 1970, a obra narra a batalha do diretor para escrever, financiar e filmar seu penúltimo filme, “Fedora” (1978). A narrativa é apresentada pelo ponto de vista de uma tradutora grega – o filme foi rodado na Grécia. Quando a tradutora é convidada a acompanhar Wilder à Alemanha, para continuar as filmagens, ela se junta ao cineasta em uma jornada de memória ao coração da história de sua família. A produção começará a ser filmada na primavera europeia (nosso outono) de 2023 na Grécia, Munique e Paris. Ainda não há previsão de estreia.
Pamela Tiffin (1942 – 2020)
A atriz Pamela Tiffin, que marcou os anos 1960 com papéis de adolescente em “Cupido Não Tem Bandeira” (1961), “Juventude Desenfreada” (1964) e “O Caçador de Aventuras” (1966), morreu de causas naturais na última quarta-feira (2/12), em um hospital de Nova York aos 78 anos. Pamela Tiffin Wonso nasceu em Oklahoma City e foi criada em um subúrbio de Chicago, onde começou a trabalhar como modelo. Ela se mudou para Nova York com a mãe para continuar sua carreira e apareceu várias vezes na capa da revista Vogue e comerciais televisivos, até ser “descoberta” pelo produtor Hal Wallis para interpretar a efervescente Nellie em “O Anjo de Pedra” (1961), baseado na peça de Tennessee Williams, tornando-se um fenômeno quase instantâneo em Hollywood. No mesmo ano, ela interpretou a filha socialite de um executivo da Coca-Cola em “Cupido Não Tem Bandeira”, estrelado por James Cagney e dirigido pelo mestre Billy Wilder. E seus dois primeiros filmes acabaram lhe rendendo indicações ao Globo de Ouro, como Estreante Mais Promissora e como Melhor Atriz Coadjuvante. Com o sucesso, Tiffin se tornou uma das adolescentes mais emblemáticas do cinema da época. Em seguida, estrelou ao lado de Pat Boone, Bobby Darin e Ann-Margret o musical de grande orçamento “Feira de Ilusões” (1962). Também viveu uma das aeromoças (como eram chamadas as comissárias de bordo) de “Vem Voar Comigo” (1963) e emplacou diversos filmes de “diversão” teen, fazendo par romântico com James Darren (de “O Túnel do Tempo”) na comédia de praia “Juventude Desenfreada” (1964) e na comédia de automobilismo “Demônios da Pista” (1964), além de dividir apartamento com Ann-Margret e Carol Lynley em “Em Busca do Prazer” (1964). Ela ainda apareceu na comédia western “Nas Trilhas da Aventura” (1965), de John Sturges, antes de dar uma guinada séria na filmografia, ao interpretar a sedutora enteada de Lauren Bacall no clássico neo-noir “O Caçador de Aventuras” (Harper, 1966), estrelado por Paul Newman. Em busca de maior reconhecimento após filmar “Harper”, Tiffin apareceu na Broadway em uma remontagem de “Dinner at Eight”. Mas em vez de voltar a Hollywood ao final do espetáculo, decidiu filmar na Itália, onde encerrou sua carreira em 1973, após uma dúzia de filmes sem muito brilho. Embora tivesse a chance de estrelar obras de Mario Camerini (“Crime Quase Perfeito”, 1966) e Dino Risi (“Mata-me com Teus Beijos”, 1968), a maioria dos spaghetti westerns, giallos e comédias sexuais que protagonizou não marcaram época. No livro biográfico “Pamela Tiffin: Hollywood to Rome, 1961-1974”, Tom Lisanti escreveu que Tiffin foi “uma das atrizes mais bonitas e talentosas de seu tempo, e ela deixou uma impressão indelével nos fãs de cinema. Minha aposta é que ela era mais bonita do que Raquel Welch, mais engraçada do que Jane Fonda e mais atraente do que Ann-Margret. No entanto, todos elas se tornaram superstars, mas Tiffin não.” Ela parou de atuar em 1974, quando se casou com seu segundo marido, Edmondo Danon, filho do produtor de “Gaiola das Loucas”, Marcello Danon. O casal teve duas filhas, Echo e Aurora.
Thomas L. Miller (1940 – 2020)
O produtor de TV Thomas L. Miller, responsável por sitcoms icônicos como “Happy Days”, “Três É Demais” (Full House), “Mork & Mindy”, “Laverne & Shirley”, “Step by Step” e o atual “Fuller House”, morreu no domingo (5/4) em Salisbury, Connecticut, de complicações resultantes de doenças cardíacas. Ele tinha 79 anos. Em sua carreira de seis décadas, Miller esteve por atrás de algumas das séries de comédias mais populares da TV americana. Apesar disso, elas não eram as favoritas da crítica, nem ganharam Emmys. Mas isso nunca o incomodou. “Nosso prêmio é que 30 milhões de pessoas estão assistindo”, disse o produtor, em uma entrevista de 1990 ao jornal Los Angeles Times. “Para mim, o objetivo é entreter. O fato dessas séries não ganharem prêmios não significa nada para mim se continuarmos agradando a tantas pessoas”. No Twitter, as estrelas de “Happy Days”, Ron Howard e Henry Winkler, prestaram homenagem a Miller. Howard o chamou de “gentil, inteligente e espirituoso” e alguém que acreditou desde cedo na sua capacidade de um dia virar diretor de cinema, enquanto Winkler escreveu que o produtor “me deu, junto com seus parceiros, minha vida em Hollywood”. Miller começou sua carreira em Hollywood trabalhando para seu ídolo, Billy Wilder. O cineasta contratou Miller como treinador de diálogos, e ele logo progrediu para diretor assistente, sem créditos, em clássicos como “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), “Se Meu Apartamento Falasse” (1960), “Cupido Não Tem Bandeira” (1961), “Irma la Douce” (1963) e “Beija-me, Idiota” (1964). Ele disse que aprendeu muito com Wilder, e o diretor vencedor do Oscar continuou a ser sua grande influência criativa no resto de sua carreira. Os dois permaneceram amigos até a morte de Wilder em 2002. Após a experiência em Hollywood, Miller passou para a televisão, como assistente de William Self na 20th Century Fox, onde criou sua primeira série. Os dois compartilharam a paternidade da comédia “Nanny e o Professor”, em 1970. Ele então se mudou para a Paramount, virando vice-presidente de desenvolvimento para supervisionar a programação da divisão televisiva do estúdio. Neste período, Miller desenvolveu programas como “The Odd Couple” e “Love, American Style”, além de quase 20 telefilmes. Mas preferiu abandonar a carreira promissora como executivo de TV para se estabelecer como produtor, criando sua primeira empresa de produção com o parceiro Edward K. Milkis. Para a ABC, a Miller-Milkis Productions desenvolveu, junto com o futuro cineasta Garry Marshall, as comédias “Happy Days”, “Laverne & Shirley”, “Mork e Mindy” e “Joanie Loves Chachi”, entre várias outras, além do filme “Golpe Sujo” (1978), com Goldie Hawn e Chevy Chase, na Paramount. Em 1979, Miller se juntou a seu parceiro de vida Robert L. Boyett, com que formou a Miller/Boyett Productions. O casal co-criou a série de comédia “Bosom Buddies” e “Angie” e, em meados dos anos 1980, garantiu um acordo com a Lorimar Television para produzir seriados para toda a família, incluindo “Full House” e “Perfect Strangers”. Eles também produziram o blockbuster musical de Burt Reynolds e Dolly Parton, “A Melhor Casa Suspeita do Texas” (1982), para a Universal. Em 1996, Miller e Boyett uniram-se ao produtor Michael Warren para criar uma nova companhia, a Miller/Boyett/Warren Productions, que produziu “Family Matters”, “Step by Step” e “Dose Dupla”. Esta última, estrelada pelas gêmeas de “Full House”, Mary-Kate e Ashley Olsen, também foi a derradeira série original criada pelo produtor, em 1998. A partir daí, Miller se mudou para Nova York e começou a trabalhar na produção de peças de teatro com Boyett. Ele ganhou um Tony Award de Melhor Peça de 2011 por “Cavalo de Guerra” e foi nomeado na mesma categoria em 2019 por “Tootsie”. Depois de quase duas décadas afastados, Miller e seu parceiro Boyett voltaram ao universo das séries como produtores de “Fuller House”, continuação de “Três É Demais” na Netflix. A atração durou cinco temporadas e vai se encerrar neste ano. Em um comunicado, a WBTV, que produzia “Fuller House”, disse que Miller “nasceu para entreter, impregnado de paixão e amor irreprimíveis por trazer alegria aos outros através do trabalho de sua vida. E que conjunto de talentos ele possuía! Ele foi ao mesmo tempo um executivo atencioso e de bom gosto, um escritor extremamente talentoso e um produtor de grande êxito, cujas muitas séries de sucesso viverão muitos anos na memória coletiva dos fãs de todo o mundo. Todos no Warner Bros. Television Group e na família ‘Fuller House’ sentirão muito a sua falta”.
A Grande Dama do Cinema é homenagem surpreendente a Crepúsculo dos Deuses
O título em português de “A Grande Dama do Cinema”, que batiza o filme argentino “El Cuento de las Comadrejas”, enfatiza uma das características do novo trabalho de Juan José Campanella: a homenagem ao clássico de Billy Wilder “Crepúsculo dos Deuses” (Sunset Boulevard, 1950). Esse filme seminal de Wilder é sempre lembrado como referência ou reencenado, como é o caso do musical teatral que está em cartaz em São Paulo. “A Grande Dama do Cinema” retoma essa história. Mas não se limita a trazê-la para a Argentina atual com seus personagens – a atriz, o diretor, o roteirista, agora envelhecidos, que perderam o sucesso nos anos 1970, quando vigorava a ditadura militar no país – , como acrescenta inúmeros outros elementos e situações. O marido aparece como ator e em cadeira de rodas, como um novo personagem, o quarto da trama. E, para abordar a questão da diferença geracional, um casal de jovens entra nas relações, trazendo os conceitos capitalistas de lucro máximo e ética mínima, ou nenhuma, ao contexto. Ou seja, o ponto de partida é claro, o de chegada, não. O filme de Campanella surpreende em muitos aspectos. Faz um passeio pelos gêneros cinematográficos, de forma muito competente e segura. Com muito ritmo, passa da comédia ao drama e ao suspense, com um roteiro muito rico e bem engendrado. Os diálogos, que compõem um relacionamento corrosivo, sarcástico e competitivo entre os personagens, são admiráveis, inteligentes, divertidos, tocam nas feridas, provocam e, ao mesmo tempo, esclarecem os fatos. As artimanhas dos personagens fazem jus ao seu passado glorioso, jogos exigem planejamento, ensaios e atuações para enfrentar a situação-problema que vivem no momento. O final “natural” versus o final concebido para virar o jogo é um dos grandes trunfos do filme. Há muitas sequências interessantes para se apreciar. Em uma delas, Mara fala, enquanto um filme, com seu rosto jovem, aparece projetado, os rostos e lábios se superpõem e se descolam, unindo passado e presente. A forma como se constrói a narrativa que resulta em um assassinato e a disputa por um antídoto para um veneno é realizada com perfeição. O cineasta Juan José Campanella já é bem conhecido e faz sucesso no Brasil há um bom tempo. Quem não viu “O Filho da Noiva”, de 2001, “Clube da Lua”, de 2004, e o fabuloso “O Segredo dos Seus Olhos”, de 2009? Ele é um grande talento do cinema contemporâneo de nossos hermanos, com quem rivalizamos tanto no futebol, mas de quem gostamos muito no cinema. No caso deste filme, é importante destacar o incrível trabalho do elenco, brilhante, e de quem Campanella extraiu o melhor. A grande atriz Graciela Borges vive Mara Ordóz, uma antiga diva das telas, que vive de lembranças e objetos de seu sucesso, em que se destaca um “Oscar”, pesado a ponto de ser responsável por uma morte (lembremos que Campanella levou o Oscar de filme estrangeiro por “O Segredo dos Seus Olhos”). A escadaria que notabilizou Gloria Swanson como Norma Desmond, em “Crepúsculo dos Deuses”, é coadjuvante do notável desempenho de Graciela. Mas seus parceiros de cena alcançam também grandes performances: Luis Brandoni, como Pedro, o marido de Mara, Oscar Martinez, como Norberto, o diretor, com quem ela sempre trabalhou. E o roteirista desta história passada de êxito, Martin, é vivido pelo grande Marcos Mundstock. Talvez nem todo mundo saiba que Marcos Mundstock é um multiartista, músico, escritor e comediante, um dos fundadores de um grupo extraordinário de música e humor, chamado Les Luthiers, que encanta as plateias de língua espanhola, por toda a América e Espanha, há 40 anos. Infelizmente, é pouco conhecido no Brasil. Mas seu humor sarcástico, muito característico no Les Luthiers, está magnificamente bem aproveitado em “A Grande Dama do Cinema”. Além deles, o casal de jovens atores, Clara Lago, como Bárbara, e Nicolás Francella, como Fernando, não se intimida diante dos veteranos talentos com quem contracenam, dando conta do recado muito bem.
Richard Erdman (1925 – 2019)
O ator Richard Erdman, conhecido pelas novas gerações por interpretar o aluno mais velho de “Community”, morreu no sábado (16/3) aos 93 anos. Nenhum detalhe foi informado sobre seu falecimento. Com mais de 70 anos de carreira, Erdman participou de dezenas de filmes e séries, incluindo a versão original de “Além da Imaginação” (The Twilight Zone), na qual estrelou um dos episódios mais famosos da produção da década de 1960, como McNulty, um homem que ganha um relógio capaz de congelar o tempo. Erdman estreou no cinema aos 19 anos. Ele impressionou tanto o lendário diretor Michael Curtiz (de “Casablanca”) em testes para “Janie Tem Dois Namorados” (1944), como um dos namorados da Janie do título (Joyce Reynolds), que acabou assinando um contrato com a Warner, especializando-se em interpretar soldados, marinheiros, ajudantes e amigos engraçados. O início de sua carreira foi marcada por pequenos papéis em grandes clássicos, como “Um Punhado de Bravos” (1945), de Raoul Walsh, “Regeneração” (1946), de Jean Negulesco, e “Tormento de uma Glória” (1949), de Jacques Tourneur, até se destacar em “Espíritos Indômitos” (1950), de Fred Zinneman, na pele de Leo, um dos pacientes em uma ala paraplégica de veteranos de guerra que ajuda um furioso recém-chegado (ninguém menos que Marlon Brando em sua estréia no cinema) a se ajustar a uma nova vida na sociedade. Numa entrevista de 2010, Erdman lembrou com orgulho que o crítico do New York Times, Bosley Crowther, escreveu sobre o filme que “o sr. Brando é impressionante, mas ele tem algumas coisas para aprender com um ator de Hollywood chamado Richard Erdman”. Richard Erdman voltou a ganhar elogios como coadjuvante de Dick Powell e Rhonda Fleming, interpretando um ex-fuzileiro naval alcoólatra no clássico noir “Golpe do Destino” (1951), a estréia na direção de Robert Parrish, editor de filmes premiado com o Oscar. Fez ainda outro noir famoso, “Gardênia Azul” (1953), dirigido pelo mestre Fritz Lang, e algumas comédias, entre elas “O Biruta e o Folgado” (1951), com Dean Martin e Jerry Lewis, antes de viver um de seus papéis mais famosos, como o Sargento “Hoffy” Hoffman no icônico filme de prisioneiros de guerra “O Inferno Nº 17” (1953), obra-prima de Billy Wilder. Ele contou, numa entrevista de 2012, que “Wilder deu uma olhada em mim e disse: ‘Não ria. Nem uma pequena risada, porque você é a cola que mantém esse filme funcionando. Todo mundo é engraçado, menos você'”. Ao final dos anos 1950, Erdman passou a se dedicar mais à TV, chegando a estrelar as séries “Where’s Raymond?” e “The Tab Hunter Show”, de onde partiu para uma infindável leva de participações especiais – em “Perry Mason”, “Jeannie É um Gênio”, “A Família Buscapé”, “James West”, “O Agente da UNCLE” e até “Guerra, Sombra e Água Fresca”, a série inspirada em “O Inferno Nº 17”, entre inúmeras outras atrações. Voltou a se destacar no filme de guerra “Tora! Tora! Tora!” (1970), mas o resto de sua carreira foi basicamente na TV, onde trabalhou durante todos os anos seguintes, tanto como ator quanto dublador de séries animadas. Nos últimos anos, Erdman tinha reencontrado a popularidade graças às participações em “Community”, onde deu vida a Leonard, o aluno mais veterano da universidade Greendale, que era sempre repreendido pelo grupo de estudos de Jeff (Joel McHale) e cia. Ele apareceu em 53 episódios da série, exibida entre 2009 e 2015. Seu papel final foi como ele mesmo, numa participação de 2017 em “Dr. Ken”, série estrelada por Ken Jeong, seu colega de “Community”.
Laurie Mitchell (1928 – 2018)
Morreu a atriz Laurie Mitchell, que foi rainha do planeta Vênus no clássico “Rebelião dos Planetas” (1958), no qual lutou contra Zsa Zsa Gabor. Ela tinha 90 anos. Ela morreu de causas naturais na quinta-feira (20/9), em uma instituição de saúde em Perris, na Califórnia. A atriz, que nasceu com o nome de Mickey Koren, foi criada em Nova York, mas se mudou com a família para a Califórnia quando era adolescente, o que lhe permitiu estudar atuação com o veterano ator Ben Bard (“O Sétimo Céu”). Loira de corpo escultural, ela se especializou em interpretar mulheres sexy e malvadas. Sua estréia no cinema foi no papel de uma prostituta que acompanha Kirk Douglas no começo de “20.000 Léguas Submarinas” (1954). E ela ainda figurou em dois filmes de presidiárias, “Mulheres Condenadas” (1955) e “As Lobas da Penitenciária” (1956), antes de conseguir seu primeiro destaque. A história de “Rebelião dos Planetas” foi concebida por Ben Hecht, roteirista vencedor do Oscar e responsável pelo clássico “Interlúdio” (1946), de Alfred Hitchcock. A trama se passa no começo da era espacial, em 1985, quando uma nave a caminho de uma estação no espaço perde o controle e acaba em Vênus. Lá, os quatro tripulantes são capturados por mulheres de mini-saias armadas, lideradas por uma rainha que odeia os homens e planeja destruir a Terra. Ela só não prevê a traição de sua cientista Talleah (Zsa Zsa Gabor), que se encanta com os astronautas. O papel da Rainha Yllane deu a Mitchell o status de sex symbol e de figura cultuada, além de convites para participar de convenções de sci-fi por várias décadas. No mesmo ano de 1958, ela apareceu em outras duas ficções científicas de baixo orçamento, “Terríveis Monstros da Lua”, em que voltou a viver uma alienígena sexy, e “Dr. Encolhedor”, consolidando seu status cult. Mas sua filmografia incluiu filmes muito mais famosos, como a comédia clássica “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), na qual interpretou uma integrante da banda feminina de Marilyn Monroe. Ela chegou a dizer que participar desse filme de Billy Wilder tinha sido “a experiência mais emocionante da minha carreira no show business”. Também figurou como showgirl em outra comédia famosa, “Carícias de Luxo” (1962), com Cary Grant e Doris Day, participou do romance “Amor Daquele Jeito” (1963), com Paul Newman, e trabalhou no saloon de “Fúria de Brutos” (1963), com Audie Murphy. Mas os papéis de figurante não lhe abriram novas portas. Com a carreira estagnada no cinema, ela passou a aparecer em inúmeras séries, de “Perry Mason” até “A Família Addams”, coadjuvando por mais de uma década na televisão. Ela quase encerrou a carreira com um papel no cinema, contracenando com o eterno Batman Adam West no suspense “A Garota que Sabia Demais”, em 1969. Mas depois disso ainda fez uma última aparição televisiva, na série “The Bold Ones: The New Doctors”, em 1971. Casada, mãe de família e distante de Hollywood, acabou redescoberta por fãs de seus filmes nos anos 1980, voltando a ser coroada rainha, no circuito das convenções de ficção científica.
Danielle Darrieux (1917 – 2017)
A atriz francesa Danielle Darrieux morreu na terça-feira (17/10) aos 100 anos, depois de participar de mais de uma centena de filmes, com frequência interpretando personagens muito elegantes. Seu estado de saúde “havia deteriorado um pouco recentemente após uma queda”, afirmou à agência France Presse (AFP) seu companheiro, Jacques Jenvrin, e ela faleceu em casa, no noroeste da França. Uma das atrizes mais belas de sua geração, Danielle Darrieux teve um início de carreira precoce, estreando no cinema aos 14 anos. Ela trabalhou em Hollywood e na Broadway nos anos 1930 e entre seus primeiros filmes estão os clássicos “Semente do Mal” (1934), do diretor Billy Wilder, “Mayerling” (1936), de Anatole Litvak, pelo qual venceu prêmios da crítica americana, e “A Sensação de Paris” (1938), de Henry Koster, que lhe rendeu aclamação. Sua beleza deu vida a amantes históricas, como “Katia, A Tzarina Sem Coroa” (1938), mas também mulheres modernas de sexualidade exuberante. Os títulos de seus filmes eram reveladores de como o cinema francês a considerava sedutora, trazendo adjetivos como “sensação”, “proibida”, “bonita”, “pecadora”, etc. Não demorou a ter cineastas a seus pés, formando uma parceria duradoura na frente e atrás das câmeras com o diretor Henri Decoin. Os dois se casaram e compartilharam duas décadas de cinema, entre “Mulher Mascarada” (1935) e “As Pecadoras de Paris” (1955). Mas sua filmografia se tornou ainda mais impressionante quando encontrou outro parceiro artístico, estrelando três clássicos de Max Ophuls, “Conflitos de Amor” (1950), “O Prazer” (1952) e “Desejos Proibidos” (1953), ao mesmo tempo em que brilhava em Hollywood com a comédia “Rica, Bonita e Solteira” (1951), de Norman Taurog, o noir “5 Dedos” (1952), de Joseph L. Mankiewicz, e o épico “Alexandre Magno” (1956), de Robert Rossen. Sua carreira permaneceu vital durante as décadas seguintes, sendo abraçada por uma nova geração de cineastas, como Claude Chabrol (“A Verdadeira História do Barba Azul”, 1963) e Jacques Demis (“Duas Garotas Românticas”, 1967). E embora tenha enveredado pela TV a partir dos anos 1970, continuou a aparecer em filmes importantes, em especial “Um Quarto na Cidade” (1982), de Demis, e “A Cena do Crime” (1986), de André Téchiné, que lhe renderam indicações ao César (o Oscar francês). Apesar de sua popularidade, Danielle nunca venceu um César, mas recebeu um prêmio da Academia Francesa por sua carreira, em 1985. Ela foi indicada mais duas vezes depois disso. Mais recentemente, ela estrelou “8 Mulheres” (2002), de François Ozon, sua última indicação ao César, e dublou a animação “Persepolis” (2007), de Marjane Satrapi, que disputou o Oscar, como a voz da vovó da protagonista.
Quanto Mais Quente Melhor é eleita a Melhor Comédia de todos os tempos
“Quanto Mais Quente Melhor” (1959), de Billy Wilder, foi eleita a melhor comédia de todos os tempos por críticos de todo o mundo, num levantamento publicado no site da rede pública britânica BBC. O site compilou os 100 melhores filmes de comédia na opinião de 253 críticos de cinema de 52 países — incluindo o Brasil. Entre os dez primeiros colocados, a comédia mais recente é “Feitiço do tempo” (1993), de Harold Ramis. No ano passado, a BBC usou o mesmo critério para definir os 100 melhores filmes do século 21. No entanto, como várias comédias ficaram de fora, o site decidiu fazer uma segunda lista focada no gênero. Para chegar à lista, foram ouvidos 118 mulheres e 135 homens que escrevem sobre cinema. Cada um precisou responder a uma única pergunta da pesquisa: “Quais são as 10 melhores comédias da História?”. Entre os filmes lançados neste século, o mais bem colocado é “O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy” (2004), de Adam McKay, estrelado por Will Ferrell. Já o mais recente entre os 100 melhores é o alemão “Toni Erdmann” (2016), de Maren Ade, enquanto “O Homem Mosca” (1923), o grande clássico de Harold Lloyd, é o mais antigo. O Top 10 também inclui um clássico do cinema mudo, em contraste com o filme que originou as paródias modernas e até um falso documentário musical histórico. Mas principalmente grandes astros do humor: Buster Keaton, Jacques Tati, Irmãos Marx, Woody Allen, Peter Sellers, Jack Lemmon, Marilyn Monroe, Bill Murray, Leslie Nielsen e o grupo Monty Python. Confira abaixo. 10. “General” (1926) 9. “Isto é Spinal Tap” (1984) 8. “Playtime: Tempo de Diversão” (1967) 7. “Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu (1980) 6. “A Vida de Brian” (1979) 5. “O Diabo a Quatro” (1933) 4. “Feitiço do Tempo” (1993) 3. “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977) 2. “Dr. Fantástico” (1964) 1. “Quanto Mais Quente Melhor” (1959)
Surgem trechos perdidos da filmagem mítica de Marilyn Monroe em O Pecado Mora ao Lado
Trechos perdidos das filmagens de “O Pecado Mora ao Lado” (1955), que registram a versão original da cena mais famosa da carreira de Marilyn Monroe, foram descobertos depois de mais de 60 anos. Trata-se da mítica cena em que Marilyn tem seu vestido branco erguido pelo vento. O diretor Billy Wilder sempre disse que, embora o estúdio tenha perdido os originais, um dia alguém traria essas imagens à tona, já que inúmeros fotógrafos e cinegrafistas se amontaram para captar o furacão sensual de Marilyn Monroe, na noite de 15 de setembro de 1954 em Nova York. O registro que agora surgiu, revelado pelo jornal The New York Times, foi feito por Jules Schulback, um alemão que tinha como passatempo filmar o cotidiano de sua família com uma câmera Bolex de 16mm. Ele ouviu que Marilyn estaria na cidade para rodar uma cena de sua nova comédia e se juntou ao grande número de curiosos que a produção juntou no local. Nas imagens de Schulback, é possível ver Marilyn Monroe com o sensual vestido branco, erguido no ar em close-up, e também a atriz de roupão, saudando os fãs e a imprensa, antes ou depois das filmagens. Wilder resolveu realizar a cena ao ar livre para causar frisson midiático. E deu certo. “O Pecado Mora ao Lado” se tornou muito falado, meses antes de estrear. O problema é que o público masculino ficou entusiasmadíssimo, gritando para a equipe fazer o vestido subir ainda mais alto. Sem que diretor e estrela soubessem, a multidão também atraiu o jogador de beisebol Joe DiMaggio, então casado com Marilyn, que não gostou nada do que viu. Mais tarde naquela noite, o casal teve uma briga com muita gritaria em seu quarto de hotel e, na manhã seguinte, o maquiador do estúdio foi chamado para cobrir as contusões da estrela. Três semanas depois, ela pediu o divórcio. Pouco se aproveitou das filmagens daquele 15 de setembro. Wilder refilmou a sequência inteira em estúdio, criando um efeito mais controlado do vento sob a saia da atriz, de forma a suavizar a sensualidade da ocasião. Há várias versões para esta decisão. Teria sido um pedido da própria Marilyn, para evitar novas discussões com o marido. Ou as imagens originais mostrariam Marilyn sem calcinha – uma lenda urbana incentivada pela imaginação dos fãs. Ou, ainda, toda a comoção causada pelas filmagens em Nova York não passava mesmo de um golpe publicitário. O alemão adorava contar a história da noite em que viu Marilyn Monroe bem de perto para suas filhas e netas. Mas, durante anos, o filme ficou enterrado sob dezenas de bobinas de imagens da família. Só agora o mundo pôde conhecer o que ele viu na noite em Marilyn Monroe parou Nova York.











