Danielle Darrieux (1917 – 2017)

A atriz francesa Danielle Darrieux morreu na terça-feira (17/10) aos 100 anos, depois de participar de mais de uma centena de filmes, com frequência interpretando personagens muito elegantes. Seu estado de saúde […]

A atriz francesa Danielle Darrieux morreu na terça-feira (17/10) aos 100 anos, depois de participar de mais de uma centena de filmes, com frequência interpretando personagens muito elegantes. Seu estado de saúde “havia deteriorado um pouco recentemente após uma queda”, afirmou à agência France Presse (AFP) seu companheiro, Jacques Jenvrin, e ela faleceu em casa, no noroeste da França.

Uma das atrizes mais belas de sua geração, Danielle Darrieux teve um início de carreira precoce, estreando no cinema aos 14 anos. Ela trabalhou em Hollywood e na Broadway nos anos 1930 e entre seus primeiros filmes estão os clássicos “Semente do Mal” (1934), do diretor Billy Wilder, “Mayerling” (1936), de Anatole Litvak, pelo qual venceu prêmios da crítica americana, e “A Sensação de Paris” (1938), de Henry Koster, que lhe rendeu aclamação.

Sua beleza deu vida a amantes históricas, como “Katia, A Tzarina Sem Coroa” (1938), mas também mulheres modernas de sexualidade exuberante. Os títulos de seus filmes eram reveladores de como o cinema francês a considerava sedutora, trazendo adjetivos como “sensação”, “proibida”, “bonita”, “pecadora”, etc.

Não demorou a ter cineastas a seus pés, formando uma parceria duradoura na frente e atrás das câmeras com o diretor Henri Decoin. Os dois se casaram e compartilharam duas décadas de cinema, entre “Mulher Mascarada” (1935) e “As Pecadoras de Paris” (1955).

Mas sua filmografia se tornou ainda mais impressionante quando encontrou outro parceiro artístico, estrelando três clássicos de Max Ophuls, “Conflitos de Amor” (1950), “O Prazer” (1952) e “Desejos Proibidos” (1953), ao mesmo tempo em que brilhava em Hollywood com a comédia “Rica, Bonita e Solteira” (1951), de Norman Taurog, o noir “5 Dedos” (1952), de Joseph L. Mankiewicz, e o épico “Alexandre Magno” (1956), de Robert Rossen.

Sua carreira permaneceu vital durante as décadas seguintes, sendo abraçada por uma nova geração de cineastas, como Claude Chabrol (“A Verdadeira História do Barba Azul”, 1963) e Jacques Demis (“Duas Garotas Românticas”, 1967). E embora tenha enveredado pela TV a partir dos anos 1970, continuou a aparecer em filmes importantes, em especial “Um Quarto na Cidade” (1982), de Demis, e “A Cena do Crime” (1986), de André Téchiné, que lhe renderam indicações ao César (o Oscar francês).

Apesar de sua popularidade, Danielle nunca venceu um César, mas recebeu um prêmio da Academia Francesa por sua carreira, em 1985. Ela foi indicada mais duas vezes depois disso.

Mais recentemente, ela estrelou “8 Mulheres” (2002), de François Ozon, sua última indicação ao César, e dublou a animação “Persepolis” (2007), de Marjane Satrapi, que disputou o Oscar, como a voz da vovó da protagonista.