A atriz Alice Braga criticou a entrada de influenciadores no mundo da atuação, como vem acontecendo nas novelas da TV Globo. Em entrevista a um podcast, a artista de “Cidade de Deus” também reclamou da necessidade de ser ativo na internet para conseguir novos trabalhos.
“Você tira a possibilidade de atores incríveis serem descobertos porque eles não têm seguidor. O nível de ansiedade absolutamente desnecessário em uma profissão que basicamente é a exposição, que é o se jogar e viver o presente. Eu sou tímida, por exemplo”, comentou Alice, acrescentando que não se sente confortável com a situação.
“[Ter que] Ficar fazendo vídeo para ganhar seguidor, para você conseguir ser chamado para um teste, é de uma brutalidade com a profissão do ator, de uma agressividade com o que é ser o ator e com o indivíduo, com a pessoa que escolheu essa profissão, muito grande. Eu fico revoltada”, finalizou a atriz.
Apoio dos atores
A entrevista repercutiu positivamente entre outros artistas, que também discordam da alta exposição. “É isso. Ter que se formar em medicina e Instagram, psicologia e Instagram, atuação e Instagram. Loucura”, escreveu a atriz Alice Wegmann (“Justiça 2”). “Exato”, concordou o ator Armando Babaioff (“Segundo Sol”), que já desabafou em outras ocasiões sobre o assunto.
Já a atriz Malu Galli (“Renascer”) compartilhou a entrevista de Alice Braga, questionando a exigência dos profissionais levarem o público para suas obras. “A arte do ator (não esqueçamos que estamos falando disso) não se mede por likes em conteúdos nas redes; a potência criativa, o poder de comunicação com o público não pode ser contabilizado por algoritmos”, afirmou ela.
“Esta nova ‘atribuição’ ao trabalho do ator é motor de ansiedade, frustração, desvio de propósito e de sentido para um fazer antigo que atravessou os séculos e continua movimentando multidões pelo mundo, gerando lucro e fazendo a roda girar.Estou falando de outro tipo de ‘engajamento’. Estou falando de fazer refletir, emocionar, rir, contar belissimamente uma história, ativar a memória, promover uma epifania, uma experiência sensorial. Este é o trabalho do ator”, completou Malu.