Geração do The Town fomenta nova Música Pop Brasileira

Mais elogiados que muitos artistas internacionais, os shows brasileiros do festival The Town serviram para sacramentar a nova MPB, agora chamada Música Pop Brasileira. Depois de anos de domínio do pagode e […]

Twitter/The Town

Mais elogiados que muitos artistas internacionais, os shows brasileiros do festival The Town serviram para sacramentar a nova MPB, agora chamada Música Pop Brasileira. Depois de anos de domínio do pagode e do sertanejo, o país tem um novo gênero comercial de sucesso, que nasceu derivado do funk e da própria MPB original. E que deixou bem clara sua potência ao reunir alguns dos seus principais representantes no recente evento paulista, encerrado no domingo (10/9).

O Brasil já consumiu muita música pop. A fase áurea aconteceu nos anos 1980, quando a tendência era influenciada pelo rock new wave. Mas já na década seguinte rock e pop se distanciaram completamente, perdendo força e espaço para gêneros regionais.

O resgate não aconteceu de uma hora para outra. A ascensão vem desde a época de “Bang”, o disco de Anitta de 2015, que embalou funk com um visual colorido e sonoridade mais acessível. Entretanto, só veio a se consolidar após 2018, com a chegada de mais artistas com capacidade de fazer crossovers dos bailes funk para o circuito comercial. “Onda Diferente”, que juntou Anitta, Ludmilla e o rapper americano Snoop Dogg em 2019, virou hit internacional.

Ao mesmo tempo, a turma das baladas tristes de violão também percebeu o potencial de aderir à uma linguagem mais moderna, com eletricidade e eletrônica. E IZA buscou criar uma MPB com viés negro, marcada pelo reggae e o R&B.

As diferentes vertentes conviveram paralelamente até que, em agosto passado, Luísa Sonza soltou “Escândalo Íntimo”, disco que chamou atenção por ter pouco funk, mas muitas baladas tristes e até pop rock, combinando tudo sem perder identidade, e quebrando o recorde de streams do Spotify Brasil. Conhecida por hits de funk, Luísa gravou no disco um dueto com Marina Sena, expoente de outra vertente.

Finalmente, em seguida (menos de uma semana) veio o The Town, que colocou no palco Luísa Sonza, Marina Sena, IZA, Ludmilla, Jão, Pabllo Vittar e Gloria Groove, cada um buscando realizar uma apresentação mais marcante que o outro, e com isso eclipsando até o pop americano do evento. Em suas individualidades artísticas, eles são bastante diferentes entre si. Mas nenhum faz apenas um tipo de som, e nisso se convergem, na mistura de estilos que fomenta a nova MPB.

O público percebeu, aplaudiu e cantou junto com todos, sem fazer muita distinção. Jão quebrou o recorde do Spotify, que foi quebrado na sequência por Luísa Sonza. Portanto, para a indústria da música, o pop brasileiro já é uma realidade comercial.

Mas muitos “críticos” de rede social não perceberam a mudança de paradigma, pois continuam a tentar considerar os artistas como nichos separados. Só que nichos nunca serão mainstream como os trabalhos da atual geração conseguem ser.

Toda a crítica costuma virar hate fomentado pelo X e o Facebook. E ao ver Marina Sena atacada após seu show no The Town, Luísa Sonza tomou o partido e sintetizou o momento. “Marina Sena é fod*, Jão é fod*, Pabllo Vittar é fod*, Iza é fod*, Ludmilla é fod*, Anitta é fod*, Gloria Groove fod*, eu sou fod*. Isso independe da opinião de vocês”, ela desabafou no X nesta segunda (11/9). “Estamos criando uma nova geração de novos grandes nomes da música brasileira”.

“A música brasileira tá viva, tá diversificada, tá com referência. Vocês não admitirem isso, por enquanto, não vai impedir todos nós de fazermos história”, ela concluiu.