Dani Calabresa explica porque sua denúncia contra Marcius Melhem foi arquivada

A humorista Dani Calabresa veio a público para falar sobre o arquivamento da denúncia feita por ela contra Marcius Melhem, por assédio e importunação sexual. Melhem tornou-se réu por assédio sexual contra […]

Instagram/Dani Calabresa

A humorista Dani Calabresa veio a público para falar sobre o arquivamento da denúncia feita por ela contra Marcius Melhem, por assédio e importunação sexual. Melhem tornou-se réu por assédio sexual contra três vítimas na terça-feira (8), mas o caso envolvendo Calabresa foi arquivado. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), a investigação que tinha a atriz e outras cinco mulheres como vítimas foi arquivada “em razão da prescrição punitiva dos fatos”.

 
Declarações de Calabresa

Calabresa comentou em seu Instagram as decisões da Justiça e expressou que o acusado se tornar réu é um reconhecimento da seriedade das acusações. “A decisão do Ministério Público de denunciar meu ex-chefe por assédio sexual é um reconhecimento da seriedade das acusações apresentadas pelas vítimas. Um segundo reconhecimento, porque a TV Globo já havia demitido-o por conduta inadequada após eu levar o caso ao compliance da emissora no início de 2020”, escreveu.

Ela também lamentou que seu caso e de outras mulheres tenham sido arquivados, mas entendeu os motivos. “É uma pena que alguns casos tenham sido arquivados porque os crimes já prescreveram. No meu caso, eram duas acusações: uma, de assédio sexual e outra de importunação sexual, que é um crime ainda mais grave. Só que a importunação aconteceu em 2017, e isso só passou a ser oficialmente um crime em 2018. E o assédio infelizmente também já prescreveu”, explicou.

A famosa ainda afirmou que o arquivamento das denúncias sempre foi a intenção de Melhem ao atacar a reputação das vítimas nos últimos anos. “Foi por isso, para ganhar tempo e apostar na prescrição, que o assediador passou os últimos anos atacando a reputação de suas vítimas”, contou.

Por fim, Dani expressou sua confiança na Justiça e solidariedade às mulheres envolvidas. “O que importa, para mim e para todas as mulheres que tiveram a coragem de falar, é que o assédio foi reconhecido pelo Ministério Público. Continuo a confiar na Justiça, apoiar essas 3 mulheres tão corajosas e estarei sempre ao lado delas. Nada justifica o assédio!”, finalizou.

 
O início do caso

Melhem é investigado desde dezembro de 2019, quando Dani Calabresa e outras mulheres o denunciaram como “assediador” no compliance da Globo. O caso se tornou público no mesmo mês, numa nota do colunista Leo Dias. Em março de 2020, o comitê de compliance do Grupo Globo absolveu o comediante das denúncias. Mesmo assim, a empresa encerrou o contrato com o então chefe de departamento da emissora, divulgando um texto elogioso sobre o profissional em agosto.

Em outubro de 2020, as acusações contra Melhem deixaram de ser boatos e assumiram o peso de denúncia de uma advogada, Mayra Cotta, que se apresentou como representante das mulheres supostamente assediadas nas páginas do jornal Folha de S. Paulo. Em dezembro, a revista Piauí publicou a primeira reportagem sobre o caso, repleta de informações detalhadas – algumas desmontadas – sobre os casos de assédio de Melhem contra ex-funcionárias, especialmente Dani Calabresa.

A publicação gerou ira nas redes sociais contra Melhem, que entrou na justiça contra a revista, a advogada, Calabresa e vários colegas comediantes que o chamaram de assediador. O caso chama especial atenção por conta desse detalhe. Não foram as supostas vítimas, mas o acusado que decidiu tirar tudo à limpo, ao fazer, em dezembro de 2020, uma interpelação extrajudicial para que Dani Calabresa confirmasse ou desmentisse o teor da reportagem da revista Piauí, que não cita fontes nem usa declarações entre aspas. Foi só depois disso que a advogada entrou com ação criminal por assédio contra o humorista.

Melhem então passou a dar entrevistas e apresentar as mensagens trocadas com Calabresa como prova de sua versão dos fatos. As mensagens apresentadas à Folha e à rede Record demonstravam que os dois mantinham uma relação íntima e amigável entre os anos de 2017 e 2019, época em que, segundo a revista Piauí, ele teria assediado a atriz moral e sexualmente.

Dois dias depois, a defesa de Calabresa entrou na Justiça para impedir a divulgação dos textos e áudios, e com um pedido de indenização por danos morais por Melhem ter revelado conversas privadas. A alegação é que a atriz estava tendo sua “vida íntima devassada”. Além disso, a defesa das atrizes alegou que as peças estavam sendo tiradas do contexto e usadas para tentar constrangê-las.

Passaram-se quase dois anos, mas a Justiça negou o pedido de Calabresa, dando direito a Melhem de se defender na mídia, onde estava sendo atacado.

Apesar do inquérito ter apresentado inicialmente relatos de oito mulheres, uma das envolvidas afirmou que nunca se apresentou como vítima. Suzana Pires declarou ser apenas uma testemunha disposta a continuar colaborando, o que reduziu para sete denúncias. O MP acabou descartando mais acusações, incluindo de Dani Calabresa, antes de denunciar Melhem formalmente por assédio sexual na terça-feira (8/8).