A vida de Maha Mamo, ativista de Direitos Humanos que passou 30 anos como apátrida, será contada em um filme dirigido por Bruno Barreto (“Flores Raras”). Maha é filha de sírios e, por conta da combinação de leis religiosas e de nacionalidade no país árabe que impedem casamentos inter-religiosos, ela não pôde ser registrada lá. Seu pai é cristão e sua mãe, muçulmana. Após uma longa batalha, Maha adquiriu a nacionalidade brasileira em 2018.
Intitulado “The Yellow Passport” (O Passaporte Amarelo), o projeto cinematográfico encontra-se em fase de desenvolvimento pela produtora Fábrica, que teve participação majoritária adquirida recentemente pelo grupo multimídia Banijay, sediado na França.
Uma história de luta pelo direito de existir
A trajetória de Maha foi narrada em detalhes no livro “Maha Mamo – A Luta de uma Apátrida pelo Direito de Existir”, publicado em 2020. Nessa obra, escrita em parceria com o jornalista Darcio Oliveira, Maha relata desde sua infância e juventude em Beirute até a vida no Brasil.
Apátrida é como são chamadas as pessoas sem pátria, que não têm uma nacionalidade e, por consequência, vivem sem os direitos básicos garantidos a qualquer cidadão. Nessa condição, Maha e seus irmãos enfrentaram obstáculos para exercer questões elementares de cidadania, como a frequência escolar, acesso a hospitais ou o simples direito de ir e vir, devido à falta de documentação.
A busca pelo pertencimento
No livro, Maha compartilha sua busca por pertencer ao mundo, descrevendo desde os esforços da mãe para matricular os filhos sem documentos em uma escola — visando a educação como único meio de assegurar um futuro mais digno — até a vida no Brasil, único país que abriu suas portas para que os irmãos Mamo existissem oficialmente. Nessa jornada, Maha contou com o apoio do ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Maha Mamo é hoje um símbolo da campanha I Belong, que pretende acabar com a apatridia no mundo. Sua história se tornou uma inspiração para todos aqueles que foram privados de seus sonhos. Demonstrando força e determinação, ela nunca desistiu, mesmo diante de obstáculos aparentemente intransponíveis. Como destaca Maha, ela é filha de uma mulher chamada Kifah, que significa “luta” em árabe, e este sempre foi o seu lema.