José Padilha vai dirigir série sobre os bastidores de “Último Tango em Paris”

José Padilha vai se envolver em nova polêmica. Ele vai dirigir uma série sobre os bastidores de “Último Tango em Paris”, clássico de 1972 do diretor Bernardo Bertolucci. A atração vai cobrir […]

Divulgação/MGM

José Padilha vai se envolver em nova polêmica. Ele vai dirigir uma série sobre os bastidores de “Último Tango em Paris”, clássico de 1972 do diretor Bernardo Bertolucci.

A atração vai cobrir 18 meses entre 1971 e 1972, desde que Bertolucci viajou a Los Angeles (EUA) para convencer o então falido e decadente Marlon Brando a estrelar seu filme erótico, até as cenas controversas filmadas na capital da França, incluindo a iniciativa do ator, com a benção do diretor, de usar manteiga e surpreender sua parceira no filme, Maria Schneider, com uma cena convincente de estupro anal que não estava no roteiro.

A cena acabou se tornando a mais comentada do filme, mas também foi um dos momentos mais famosos de abuso físico, mental e moral cometidos contra uma atriz na história do cinema. Schneider não tinha concordado previamente com a encenação e tanto sua surpresa quanto sua reação ao ato de Brando, eternizados no filme, foram extremamente reais.

O sucesso inesperado do longa, que continua a ser terceiro filme estrangeiro de maior bilheteria nos EUA (US$ 186 milhões), rendeu indicações ao Oscar e lucros fabulosos a Bertolucci e Brando, mas Schneider recebeu apenas US$ 4 mil pelo filme e acabou estigmatizada pelo papel, passando as décadas seguintes lutando contra o vício em narcóticos e problemas de saúde mental.

Em comunicado, Padilha frisou que o objetivo é dar voz a Schneider, que não pôde protestar na época. “’Último Tango em Paris’ conta a história de dois homens abusando de uma jovem inexperiente, não por sexo, mas por uma questão de arte. Eles fizeram isso diante das câmeras, e a cena resultante transformou-se em um grande filme, aclamado pela crítica e pelo público. O diretor e os atores se deleitaram com o sucesso, enquanto a dor de Maria foi negligenciada. Estou emocionado por explorar uma história sobre a ética da arte, um assunto importante, mas muitas vezes negligenciado, em parceria com a diretora Lisa Brühlmann”, explicou, citando a diretora da série “Killing Eve” que trabalhará a seu lado no comando dos episódios.

Escrito por Jeremy Miller e Daniel Cohn (roteiristas-produtores da série “Boston Public”), a produção está sendo produzida pelo CBS Studios e ainda não tem previsão de estreia.

Vale observar que o CBS Studios já está desenvolvendo uma produção semelhante com “The Offer”, que conta os bastidores de outro filme de Brando de 1972, “O Poderoso Chefão”, para a plataforma Paramount+.