O ex-produtor de cinema Harvey Westein foi sentenciado nesta quarta (11/3) a 23 anos de prisão, após ser considerado culpado de dois casos de estupro e assédio sexual.
Weinstein foi à corte em Nova York, à frente do juiz James Burke — que anunciou a sentença — e falou durante a audiência de hoje. Em tom baixo, disse estar confuso quanto às acusações e afirmou ter remorso pelas mulheres.
“Eu tenho um grande remorso por todas vocês. Eu tenho grande remorso por todas as mulheres”, afirmou Weinstein.
Entretanto, afirmou que acreditava ter uma “amizade séria” com Miriam Haley e Jessica Mann, suas vítimas. Ele segue negando os abusos e diz que fez sexo consensual com elas.
“Não vou dizer que elas não sejam grandes pessoas. Eu tive tempos ótimos com essas pessoas. Estou genuinamente confuso. Homens estão confusos com essa situação”, afirmou ele.
Weinstein foi condenado por um estupro em um hotel de Nova York ocorrido em 2013 e por ter forçado outra mulher a fazer sexo oral nele, em seu apartamento, em 2006.
Embora a condenação tenha sido sobre esses dois casos, Weinstein também ficou “confuso” com cerca de outra centena de mulheres, que o denunciaram nas redes sociais, dando início ao movimento #MeToo. Por décadas, ele se aproveitou de jovens atrizes, algumas que ficaram, inclusive, bastante famosas, e exerceu seu poder financeiro e de influência social para manter o histórico de abusos em segredo, até que duas reportagens do final de 2017 acabaram com o sigilo, trazendo toda a obscenidade à tona. Quando a verdade se tornou conhecida, 36 mulheres apresentaram acusações contra Weinstein, porém a maioria esmagadora não pôde ser levada à justiça, devido à prescrição, e apenas os dois casos recentes foram julgados em Nova York.
Além dessa condenação, Weinstein também deve enfrentar outro julgamento, por casos acontecidos em Los Angeles, que pode aumentar ainda mais sua pena.
Diante do destino do ex-produtor, sua advogada Donna Rotunno considerou a pena “obscena”. “A sentença que acabou de ser proferida por este tribunal foi obscena. Estou com muita raiva por esse número (de anos de prisão). Eu acho que esse número é um número covarde para dar”, disse Rotunno. “Tem assassinos que vão sair da prisão em menos tempo que Harvey Weinstein”, completou.
Além dos 23 anos, a sentença de Weinstein ainda proferiu que, após ser libertado, ele passará mais cinco sob supervisão da Justiça norte-americana.
A advogada queria pena mínima, de cinco anos. Mas ele poderia ter sido condenado à prisão perpétua, caso também fosse considerado culpado das acusações de ser um predador sexual, os delitos mais graves no processo. Apesar do vasto histórico, não houve consenso entre o júri sobre a denúncia de abusos em série, apenas sobre os casos julgados.
Em seu pronunciamento final, o promotor Cyrus Vance Jr agradeceu às vítimas por contaram suas histórias no tribunal. “Agradecemos às sobreviventes por suas notáveis declarações e coragem indescritível nos últimos dois anos. Harvey Weinstein empregou nada menos que um exército de espiões para mantê-las caladas. Mas elas se recusaram a ficar caladas e foram ouvidas. Suas palavras derrubaram um predador e o colocaram atrás das grades, e deram esperança aos sobreviventes de violência sexual em todo o mundo”, declarou.
Já a defesa pediu ao juiz para aplicar a pena mínima, porque Weinstein é um profissional bem-sucedido que ganhou dezenas de Oscars. “Sua história de vida, suas conquistas, suas lutas são simplesmente notáveis e não devem ser ignoradas, devido ao veredicto do júri”, alegou.
Pai de cinco filhos, o ex-produtor de cinema está com a saúde abalada desde o início do julgamento. Além de ter comparecido ao tribunal de muletas, quando recebeu o veredito de culpado sentiu palpitações e dores no peito, foi levado para um hospital e acabou submetido a uma cirurgia cardíaca de emergência.
Para sua advogada a longa sentença contra ele equivale a uma sentença de morte.